Sonia Moreira: 'Breve jornada'
Sônyah Moreira – sonyah.moreira@gmail.com – ‘Breve jornada!’
O ano não importa, pra ser mais exato é irrelevante, o início da jornada é cheia de surpresas, somos surpreendidos por uma luz muito forte, afinal é a primeira vez que enxergamos o mundo.
Não conhecemos o nosso destino, qual caminho irá seguir, o mais intrigante é não saber quanto tempo essa jornada vai durar.
Passamos parte da jornada sem muito que pensar, sem imaginar que podemos retroceder ou avançar, sem compromisso, os dias sãos preenchidos por brincadeiras e risos, ao menor sinal de incomodo alguém nos socorre prontamente, satisfazendo nossas necessidades mínimas para a continuação de nossa viagem.
O tempo passa já com nossos anseios satisfeitos por nós mesmos, só que no decorrer da jornada vamos mudando, não nos contentamos com qualquer coisa, ficamos exigentes, parece que um novo ser surgi de nosso interior, mas complicado, menos compreensivo.
Pela lógica e o tempo que passou, digamos que estamos no meio de nossa jornada, e no auge de nossa força física, agora podemos dizer que somos senhor de si, imaginamos ter um poder inabalável, podemos tudo.
Porém, como toda jornada, essa tem um início, meio e com certeza terá um fim, não sabemos quando, nem onde e quiçá por que terá um fim, tudo é muito vago, engraçado que com o passar dos anos, começamos a querer entender o objetivo da jornada.
Nossos desejos ficam pelo caminho, começamos a ter uma percepção que nada faz sentido, que algo é eminente, mas o quê? Começamos a perceber que as necessidades que tínhamos satisfeitas tão prontamente, agora não há quem faça isso com a mesma rapidez e desprendimento e sem nenhum ônus.
Que estupidez a minha, eu poderia ter aproveitado mais essa viagem, puxa e não consigo voltar atrás, desperdicei tempo com coisas bobas, desviei o caminho inúmeras vezes. Agora sinto que minha jornada está chegando ao fim!
Começo a ter visões do passado, lembranças boas e na maioria ruins, que estúpido!
Começo a lembrar de muitos companheiros de jornada, a viagem deles terminou mais cedo, o destino os levou rápido demais. Poderíamos ter aproveitado mais nosso trajeto juntos, agora é tarde, não conheço o destino deles nem o meu.
Que breve jornada, passou muito rápido, não percebi, estava tão ocupado em satisfazer meus desejos, que deixei de lado o que me era mais caro, amigos, sorrir mais, perdi tempo, e não consigo nem por um minuto voltar atrás.
Penso nas teorias que li ao longo da vida, poderia ter levado a sério, que não éramos eternos, que a vida é uma só, ou que somos imortais no tocante de nossa centelha divina, agora é tarde.
Que breve jornada a nossa, mesmo que vivamos um século, que breve jornada, e por mais poderoso que possamos nos tornar ao longo da vida, chegará uma hora que teremos que chegar ao nosso destino.
Pense um pouco, de repente você esteja no meio de sua viagem teoricamente falando, pois não sabemos ao certo quando terminaremos, essa incerteza é um presente para que usemos o tempo com sabedoria, terminar o dia com a certeza de não saber se haverá amanhã.
Comece hoje a pensar que sua jornada é de sua inteira responsabilidade, porém, o seu termino, está nas mãos de um arquiteto, e ele por sua imensa sabedoria não nos informa até quando e onde poderemos chegar.
Faça do hoje seu último dia, diga que ama como se fosse à última vez, deixe de lado o que pesa demais na bagagem, siga pela jornada leve, largue pelo caminho o que não te faz bem.
Que breve jornada a nossa! Que breve jornada da humanidade.
Sônyah Moreira – sonyah.moreira@gmail.com