Celso Lungaretti: 'Besteirol feminista'
CELSO LUNGARETTI: ‘BESTEIROL FEMINISTA: O SEXO SIMULADO DO CINEMA VIROU ESTUPRO…’
Eblogue de cinema inflamada discussão sobre o incrível, fantástico e extraordinário estupro que a atriz Maria Schneider teria sofrido durante as filmagens de O último tango em Paris (1972), a obra-prima de Bernardo Bertolucci.
Comecemos pelo que realmente importa no filme, a história (pois as controvérsias que ele desde o início despertou se ativeram a um trecho ínfimo no contexto da obra).
Logo após o suicídio da esposa, viúvo (Marlon Brando) procura onde ficar por uns tempos, pois no antigo domicílio do casal as lembranças dolorosas o deprimem ainda mais. Ao visitar um apartamento disponível, cruza com uma jovem (Maria Schneider) que também o está avaliando. Depois de trocarem umas poucas palavras, fazem amor furiosamente.
Brando: no auge da depressão. |
Paul (Brando) aluga o apê e Jeanne (Schneider) passa a frequentá-lo para transarem e curtirem suas fantasias. Ele lhe impõe a regra de não revelarem seus nomes, nem falarem sobre suas vidas.
Ela, portanto, não tem consciência do quanto a relação entre ambos está sendo determinada pelos remorsos e tormentos de Paul. Ser viúvo(a) de suicida é atroz para qualquer ser humano sensível.
Como na época ainda havia muita hipocrisia com relação ao sexo, produziu-se um sucesso de escândalo. E quem fez de tudo para surfar nessa onda foi Maria, atriz francesa que estava com 20 anos e nada fizera de importante na carreira.
Ela passou, nas entrevistas que concedia e nas frases enviadas à imprensa por seus divulgadores, a dar declarações próprias de uma piranhinha, ou seja, nelas havia sempre uma intenção evidente de chocar leitores e espectadores com espalhafato sexual .
Que, p. ex., trombeteasse toda hora haver transado com mulheres, vá lá, embora fosse oportunismo utilizar relações homoeróticas (verdadeiras ou inventadas) como um trunfo para seu marketing artístico.
Bertolucci dirigindo o par central |
O tempo passou, a moeda que caiu em pé não se repetiu na carreira de Maria (depois do Tango, só foi atriz principal de mais um filme importante, o Profissão: repórter de Michelangelo Antonioni, o qual, contudo, obteve sucesso artístico mas não comercial) e ela foi ficando cada vez mais esquecida.
Em 2007, quando só lhe restavam esporádicos papéis secundários em produções de segunda linha, foi entrevistada pelo jornal britânico Daily Mail e saiu-se com esta:
““.
Trocando em miúdos, propuseram-lhe que filmasse uma cena inicialmente não prevista, na hora ela aceitou, não passou de sexo simulado como tantos que atores e atrizes rotineiramente interpretam, mas, 35 anos depois, veio lamuriar-se de haver sido humilhada.
As pessoas vão estranhar? É o que queremos! |
Por que não disse isto antes? Porque, naquele tempo, a imagem que o público tinha dela ( e seus agentes se esforçavam ao máximo para projetar) era de uma moça sem pudor, desbocada a ponto de fazer comentários grosseiros sobre o pênis do ator famoso com o qual contracenara. Seu chororô de humilhada, naquela época, teria sido recebido com gargalhadas.
Maria morreu de câncer em 2011. Dois anos depois, Bertolucci comentou o episódio na Cinemateca Francesa, com a franqueza de quem falava com outros artistas, não adivinhando que sua declaração impactaria fortemente nos patetas do inferno pamonha, se dela tomassem conhecimento.
““.
Mas, nestes tempos bicudos, a indústria cultural está sempre atenta às oportunidades para fazer com que seus produtos bombem entre os patetas, alavancando o faturamento. Então, coube à revista Elle dar enorme quilometragem a tal besteirinha.
Mas que, confundidas pela picaretagem e desonestidade intelectual, muitas pessoas crédulas acabaram tomando como real.
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e aqui para baixá-lo com legendas em português..
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