Pedro Novaes: 'Fim de linha'
Pedro Israel Novaes de Almeida – FIM DE LINHA
Nossos políticos exageraram na incompetência, desonestidade e absoluta falta de ética.
Desde 1.500, temos sido roubados e enganados, mas, aos poucos, fomos construindo um país, engrandecendo a agricultura, indústria, comércio e o setor de serviços. Edificamos centros e instituições de excelência, em todas as áreas.
Mentes brilhantes nunca faltaram, sejam artistas, autores, cientistas ou empreendedores, em todos os setores da atividade humana. Alguns se transformaram em celebridades, e outros permaneceram no anonimato, produzindo apesar dos desdéns e interferências.
Nunca tivemos saúde, e pouco ouvimos falar em saneamento básico. A segurança sempre atentou à bandidagem pobre.
A educação pública não chegava a ser uma joia da coroa, mas os profissionais gozavam de maior prestígio social. O ambiente escolar era mais respeitoso, e o próprio aprendizado era maior.
Ingênuos, aplaudimos a construção de Brasília, nosso Éden em pleno cerrado. Pagamos, até hoje, pelos tijolos transportados por aviões. Construímos uma cidadela de sonhos, isolando ainda mais os poderosos.
Atravessamos guerras, ditaduras e insurgências, sofremos pestes e desastres naturais, mas sempre conseguimos sobreviver, retomando a normalidade e tratando cicatrizes.
Politicamente, jamais fomos pródigos, e nossos melhores homens não conseguiram qualquer longevidade nos cargos, abatidos pelo populismo e pouca ética que há séculos imperam nos gabinetes. As eleições sempre foram marcadas por clientelismo, fisiologias, populismos baratos e muito abuso do poder econômico.
Nossa luta de opiniões foi amesquinhada ao embate entre marqueteiros, apimentada pela baixa formação cultural da maioria da população. Politicamente, baixamos o nível a cada eleição, de vereador a presidente.
Reelegemos, seguidamente, os mesmos de sempre, ou aqueles que apadrinham. Partidos viraram cartórios, com direito a verba pública, cargos e tempo de exposição na mídia.
Séculos e séculos de desastres políticos nos conduziram ao atual cenário de terra arrasada. Os que juravam amor aos pobres e desamparados se amasiaram aos mais fétidos redutos políticos e empresariais, revivendo o prestígio dos que acreditávamos em fim de carreira.
Nossa memória de bons políticos estacionou há décadas, com Itamar Franco. De lá para cá, mudaram os discursos, não os hábitos do poder.
O apodrecimento político, enfim, gerou a atual tragédia, com desemprego, retração, pouca saúde, muita insegurança, e generalizado descrédito em homens e instituições. Unidades de atendimento fecham as portas, e funcionários públicos sequer recebem salários.
Com os eleitores que temos, é impossível sugerir qualquer solução.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.