Elcio Mario Pinto: Ócio na rua, ócio na escola'

ÉLCIO MÁRIO PINTO: ‘ÓCIO NA RUA, ÓCIO NA ESCOLA’

 

Em qualquer dia da semana, especialmente, nos chamados dias úteis, observo crianças e adolescentes entediados. Penso na vida que têm e nas razões para aquele desânimo e apatia que nada têm a ver com cansaço ou calor. Não é a alta temperatura que os faz se sentirem assim. Mas, então, o que seria?

Muito diferente da Academia de Platão e do Liceu de Aristóteles, já ouvi gente especializada em Educação dizer: a escola é o lugar onde não se estuda. Se no passado estudava-se até em praça pública, por que a escola, da nossa atualidade, não consegue cumprir com seu dever e sua missão?

Quem pode nos responder, além dos professores e gestores escolares, em todos os níveis, são os próprios estudantes.

Mas, quando vejo crianças e jovens chateados com o dia que não termina e a noite que não acaba, com manhã ou tarde sem nada para fazer, também me pergunto: será que na escola fazem muito e fora dela, nada? Tenho algumas desconfianças.

Não me convence que os estudantes sejam aplicados na escola e sintam-se desmotivados fora dela. Não me convence que leitura e escrita aconteçam com dedicação dos estudantes na escola e nada delas fora daquele ambiente, que deveria ser de estudo. Arrisco-me dizendo que os estudantes entediados na rua, pouco ou nada fazem na escola. Nossa espécie não é assim: dedico-me completamente lá e nada aqui. Mais ainda, tratando-se de estudar, ler e escrever.

Com isso, penso em Aristóteles, que talvez concluísse: não estudam lá, não estudam aqui. Vivem um ócio chato e que nada produz aqui, porque fazem quase nada lá, lá na escola.

E se a escola conseguisse prolongar, ao menos uma parte dela, para fora dos seus ambientes e chegasse às casas de seus estudantes? E se os estudantes conversassem mais sobre os conteúdos estudados? Ou não é o que fazem na escola?

Para fazer uma pausa, gostaria de dizer desta frase atribuída ao filósofo Platão: “Meninos, entrai. Aqui se ensina a pensar”. Assim era aquela escola.

Então, professores e famílias, em parceria, precisam abraçar seus estudantes e filhos de um modo diferente. Eles mesmos podem ajudar. Tudo para que descubram juntos, um jeito melhor de estudar e afastar o triste ócio que me parece ser um ódio por não se ter o que fazer.

 

ÉLCIO MÁRIO PINTO

18/02/2017