Maria Dolores Tucunduva: 'Penso, Logo Existo'
Maria Dolores Tucunduva: ‘Penso, Logo Existo’
“Penso, Logo Existo”
A frase “Penso, logo existo” (em latim “Cogito ergo sum”) é uma das mais conhecidas expressões filosóficas. Entretanto, qual é seu significado? Trata-se da conclusão do “argumento do cogito”, em que o filósofo pretende encontrar um fundamento seguro para a construção do “edifício do conhecimento”.
Descartes procurava uma certeza que não pudesse ser contestada pelos céticos, através de um método seguro, reconstruindo seu conhecimento com uma base sólida, racional.
Descartes, é considerado o pai da filosofia moderna!
Para isso, é necessário colocar em questionamento tudo aquilo que parece ser uma verdade absoluta, já que, caso haja o menor motivo para a dúvida, toda e qualquer sentença deve ser rejeitada. Dessa forma, a dúvida torna-se um estimulo à certeza, à verdade.
Descartes chegou a essa conclusão levando a dúvida “as suas últimas conseqüências”: ele afirma que não podemos confiar em nossos sentidos, já que não podemos saber se vivemos na realidade ou em um eterno sonho. O filósofo argumenta que poderíamos ter sido criados por um “gênio maligno”, que nos engana sobre a existência de todas as coisas.
Contudo, Descartes afirmava que “por mais que eu seja enganado, ele jamais poderá fazer com que eu não seja nada, enquanto eu pensar ser alguma coisa”. Ou seja, “eu penso, eu existo”, a verdade necessária do cogito. Assim, Descartes chegou a conclusão de que se ele estava pensando num certo momento, então sua existência era, naquele momento, certa e real.
Assim , Descartes mostrou que a mente é composta por ideias, que ter uma ideia é pensar sobre algo, ou seja, existir. O filósofo argumentava que “As idéias são em mim como quadros ou imagens”. Ele identificou três tipos de ideias:
-as idéias inatas, que não precisam de uma experiência anterior, mas se encontram na pessoa desde o momento de seu nascimento, como as idéias de infinito e perfeição;
-as idéias adventícias, que formamos a partir de nossa experiência e que dependem de nosso modo de sentir o mundo ao nosso redor sensível, podendo levar ao engano ou à dúvida (cada um sente de uma maneira diferente);
-e as idéias factícias, que formamos em nossa mente a partir dos elementos de nossa experiência, como por exemplo a idéia de seres fantásticos que aprendemos nas histórias.
O raciocínio cartesiano, com base nesses diferentes tipos de ideias pode ser explicado a partir da concepção da existência de Deus, que funciona como a garantia do conhecimento do mundo.
O filósofo aponta que:
“Esse raciocínio parte do reconhecimento da idéia de Deus como um ser perfeito em minha mente, mostrando que essa idéia só pode acontecer porque eu sei que Deus é o símbolo da perfeição, já que não somos perfeitos. Isso, portanto, é uma idéia inata, colocada em mim por Deus, possuindo clareza e distinção, como uma ‘marca do artista’ impressa em sua obra”.