Célio Pezza – Crônica # 352 – Jornalismo – um resumo histórico – parte 1 (em homenagem ao aniversário do ROL)
Célio Pezza – Crônica # 352 – Jornalismo – um resumo histórico – parte 1
A curiosidade do público sempre suscitou a vocação dos contadores de histórias, desde os “aedos” gregos, passando pelos trovadores da Idade Média, até aos jornalistas de hoje. O ser humano vem utilizando escritos para divulgar notícias desde antes de Cristo. O mais antigo jornal conhecido é o Acta Diurna, de 59 AC. O imperador romano Júlio César ordenou que os eventos principais da corte romana fossem divulgados através de escritos em grandes placas e expostas nos locais públicos, como as Termas (sala de banhos). Nelas, os romanos eram informados das principais notícias como campanhas militares, julgamentos, execuções e fofocas da corte.
Em 1447, na Alemanha, Gutenberg aperfeiçoou uma prensa gráfica inspirado nas prensas utilizadas para espremer uvas na fabricação do vinho e deu início à era do jornal. Um destes panfletos mostrou os abusos sofridos por alemães na Transilvânia, nas mãos do conde Vlad Drakul, que foi mais adiante imortalizado como o conde Drácula, o pai dos vampiros. Em 1501 o papa Alexandre VI decretou que todos os jornais tinham que passar pela autoridade da Igreja antes de sua publicação. O descumprimento deste decreto custaria desde uma excomunhão até a vida. Em 1556, em Veneza, na Itália, os leitores pagavam os jornais com uma pequena moeda chamada de “gazetta”. Daí veio o nome de Gazeta para centenas de jornais. Em 1690, é publicado em Boston o primeiro jornal das Américas, chamado de “Publick Occurrences”, com a proposta de circular uma vez por mês. As autoridades reais, receosas de publicações sem sua autorização, proíbem o jornal após o primeiro número. No início do século XVII na Europa, os jornais surgiram como publicações periódicas, como o jornal Gazette na França em 1631 e outros. A censura era normal na época e os jornais nunca podiam publicar alguma notícia que pudesse colocar o povo contra o regime. Em 1704, Daniel Defoe, o famoso escritor de Robinson Crusoe, inicia a publicação de Review, periódico com notícias da Europa. Em 1812, na Alemanha, Koenig inventa a prensa por cilindro a vapor e em 1814 o editor do The Times de Londres, começa a montar a primeira prensa em segredo, com medo que seus gráficos se rebelassem contra a nova ideia. Essas prensas a vapor permitiam uma velocidade de 1.000 folhas por hora.
No século XIX os jornais se tornaram o principal veículo noticioso e na época, um dos poderosos da mídia foi Joseph Pulitzer, aquele que até hoje tem um grande prêmio de jornalismo com seu nome. Pulitzer era o dono do New York World e disputava o mercado com Randolph Hearst, dono do New York Journal. A briga entre os dois era tão acirrada a ponto de contratarem gângsteres para explodir caminhões de distribuição do rival.
Em 1880 aparecem as primeiras fotos em jornais e em 1890 foi inventada a máquina de 4 cores. Logo em seguida, Pulitzer lança em seu jornal um quadrinho com um garoto que falava, não na forma de balões como é hoje, mas com os escritos em sua grande camisola amarela. Ficou famoso como o “yellow kid” (garoto amarelo) e passou a ser a bandeira do New York World. A briga entre os dois jornais continuou de forma tão agressiva, que a imprensa sensacionalista e de escândalos nos EUA passou a ser chamada de imprensa amarela.
Na época, aqui no Brasil, o dono do jornal Diário da Noite, do Rio de Janeiro, Alberto Dines, quis colocar uma manchete na cor amarela sobre o suicídio de um cineasta que estava sendo chantageado. O seu chefe de redação, Calazans Fernandes, protestou dizendo que no Brasil o amarelo é cor bonita e não queria ver esta cor ligada a fatos deste tipo. Ele disse na época: “põe marrom que é cor de merda”. Dines tirou o amarelo e colocou o marrom. Daí ficar conhecida no Brasil a imprensa sensacionalista como “marrom”, diferente da “amarela” nos EUA.
Continua na parte 2 – Jornalismo no Brasil
Célio Pezza
Abril, 2017