Legião Urbana Cover Brasil neste sábado no Clube Recreativo de Itapetininga

A tão aguardada apresentação da banda deve atrair grande público, entre antigos e novos fãs. Ingressos estão sendo vendidos com antecedência, mas ainda podem ser adquiridos

 

O show com a banda Legião Urbana Cover Brasil acontece neste sábado, 12, a partir das 23h00 no Clube Recreativo de Itapetininga.

O presidente do Clube Recreativo, Alexandre Zanani, está otimista com o sucesso do evento e lembra-se da dificuldade para agendar uma data com a banda: “foram três anos de tentativas, mas felizmente deu certo e Itapetininga ganha este presente especial”, enfatiza.

Zanani ressalta que para este evento e outros já programados, o clube está investindo muito em divulgação, como em jornais, rádios, TV, cartazes, banners, panfletos e Internet, além de promoções, como o sorteio de um tablet, que acontece durante a noite do show.

 

Legião Urbana

Iniciou suas atividades em 1982, só terminando em1996, com a morte do vocalista, Renato Russo, com 16 álbuns lançados, somando mais de 25 milhões de discos vendidos, conquistando premiações importantes e sucesso em todo o mundo.

Mesmo após 20 anos, mantém público fiel, reunindo antigos e novos fãs, que acompanham e cantam os sucessos da banda, como Pais e Filhos, Faroeste Caboclo, Será, Eduardo e Mônica, Índios, Que Pais é Esse?, entre outros hits que marcaram a trajetória dos roqueiros.

 

Para o show no clube

Quem é sócio, tem entrada livre. Ingressos adquiridos com antecedência estão a venda por R$ 10,00 e na hora do evento R$ 20,00.

Mais informações na secretaria do clube, à rua Monsenhor Soares, 438, centro, ou ainda pelo telefone 3271-0241.




Artigo de Hamilton Octavio de Souza: ' Por que Lula não foi preso?'

Hamilton Octavio de Souza: ‘Por que Lula não foi preso?’

Foto Hamilton (2) (1) (Copy)O debate suscitado na 24ª fase da Operação Lava Jato, se houve ou não abuso das autoridades – Polícia Federal, Ministério Público Federal, Judiciário Federal e Receita Federal – na condução coercitiva do ex-presidente da República para prestar depoimento, dia 4 de março, é evidentemente uma dúvida jurídica da maior relevância, não apenas no trato do caso específico do cidadão Lula, mas para esclarecer se o procedimento praticado anteriormente com outros cidadãos e cidadãs suspeitos, investigados e testemunhas seguiu ou não as normas legais vigentes no País.

 

A própria Lava Jato revelou que pelo menos 117 pessoas, inclusive grandes empresários, ricos e poderosos, foram conduzidas de forma coercitiva nas fases anteriores da operação sem que tenha havido o clamor social. Apenas os advogados de boa parte dos investigados protestaram contra o tal procedimento coercitivo, seguido ou não de prisão provisória e preventiva. Se agora se conclui que houve abuso em 4 de março, é preciso que a denúncia do abuso seja estendida para todos os casos anteriores com empreiteiros, doleiros e operadores do esquema Petrobras.

 

Mais do que isso, é preciso denunciar o abuso das demais forças policiais do País que cotidianamente obrigam os brasileiros considerados suspeitos nas periferias e nas comunidades (trabalhadores, estudantes, jovens negros, etc) a prestarem depoimentos coercitivamente nas delegacias de polícia, muitas vezes com consequência trágica como a do pedreiro Amarildo, no Rio de Janeiro. É preciso denunciar o abuso policial contra milhares de cidadãos detidos nos protestos de 2013, nas manifestações contra a Copa em 2014 e nas lutas diárias dos movimentos sociais e populares mais combativos ao longo de 2015.

 

Pode ser que finalmente muita gente se deu conta de que isso é um abuso grave das autoridades, que excede a legislação em vigor, que ameaça a democracia e os direitos individuais e sociais, e que, portanto, não pode mais ser aceito nas investigações criminais. Se ficar comprovado o abuso, evidentemente a força-tarefa deve ser advertida pelas autoridades e ser impedida da prática da condução coercitiva para qualquer cidadão brasileiro, sem exceção. Será que o STF vai mesmo apresentar uma palavra definitiva a essa polêmica? Interessa ao governo que produziu uma “lei antiterrorismo” conter a sanha repressiva do Estado? Quem, entre as diferentes correntes de opinião na sociedade, alimenta a ilusão de que o aparelho de Estado que aí está seja capaz de promover a justiça, a igualdade e construir uma Nação sem explorados nem exploradores?

 

De qualquer maneira, parece razoável entender que a razão do sistema de poder sobre essa questão segue os padrões do chamado “Estado Democrático de Direito”, conforme os interesses das classes dominantes. Isso implica refletir sobre alguns questionamentos: A comprovação do abuso vai invalidar o trabalho realizado pela Operação Lava Jato até agora? Vai reverter a situação a ponto de impedir a sua continuidade? Vai desmoralizar a força-tarefa de tal maneira que ela não tenha mais respaldo legal e social para concluir o que apurou? A Lava Jato terá o mesmo destino de outras tantas operações como a Satiagraha, Castelo de Areia, Opportunity, Banestado? Ou, ao contrário, o fato de a Lava Jato ter sido censurada pela condução coercitiva de Lula não altera em nada o processo em curso e o objeto das investigações?

 

FATO NOVO – Outra coisa que chama a atenção na 24ª fase da Lava Jato é saber exatamente por que o Lula não foi preso nem provisória nem preventivamente como tem acontecido, desde o início da operação, em 2014, com pessoas suspeitas de algum envolvimento no caso de desvio de recursos da Petrobras, que tem sido “oficialmente” declarado o fio condutor de todo esse processo.

 

Basta verificar que nas fases anteriores da Lava Jato inúmeros empresários, advogados, executivos, doleiros, operadores e beneficiados pelos desvios na Petrobras foram detidos com muita convicção pela força-tarefa, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimento e muitos tiveram suas prisões temporárias transformadas em preventivas, por tempo indeterminado – mesmo com todo o aparato jurídico utilizado pelos mais renomados escritórios de advocacia para livrar os seus preciosos clientes.

 

A operação seguiu firme e confiante para os indiciamentos e julgamentos, com dezenas de condenações nos diferentes regimes prisionais, atrás das grades ou domiciliar. Todas as condenações em 2ª instância agora, após decisão do STF, deverão ser imediatamente cumpridas na cadeia, pelo menos inicialmente. Quem está protestando contra esse processo pelo Brasil afora? Aparentemente só os advogados dos réus e os setores diretamente afetados pelas ações da força-tarefa, além de áreas do governo que falam da importância das empresas envolvidas no assalto à Petrobras para o desenvolvimento econômico do País.

 

Entre os partidos políticos o PT é o que mais protesta, reclama de perseguição institucional e pessoal da força-tarefa, embora tenha menor número de filiados indiciados do que o PP de Paulo Maluf e o PMDB de Michel Temer, Renan Calheiros, Edson Lobão etc. Até agora o STF aceitou uma única denúncia com base nas investigações da Operação Lava Jato: a do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do PMDB. Acontece que os partidos tradicionais tratam as denúncias como fatos de envolvimento individual de seus membros, que cada um deve pagar por conta própria, de maneira que a estrutura partidária não chega a ser tão abalada.

 

Evidentemente a forte reação do PT tem a ver com o enorme desgaste que a Operação Lava Jato tem causado ao governo Dilma Rousseff, já enfraquecido pela prolongada e profunda crise econômica; com o desmonte de um suposto esquema de financiamento do partido em conluio com as empreiteiras que desviaram recursos da Petrobras, via marqueteiros eleitorais; e, principalmente, porque as ações da força-tarefa direcionaram seu foco em cima da maior liderança do partido, acusado de ter sido beneficiado pessoalmente pelos desvios de recursos das empreiteiras na Petrobras. O foco das investigações no PT atinge também o conjunto das forças de esquerda, na medida inclusive que são colocadas na defensiva e ficam impactadas diante do peso das denúncias na sociedade.

 

Então, por que Lula não foi preso no dia 4 de março?

 

Numa primeira hipótese, pode-se considerar que a Operação Lava Jato ainda não tem provas e nem mesmo a convicção de que as suspeitas contra o ex-presidente, tanto nas delações feitas até agora como em toda a documentação analisada pela força-tarefa, tenham fundamento criminal. Neste caso, a verificação dos recursos doados ao Instituto Lula e as obras no sítio de Atibaia e no apartamento do Guarujá, por empresas comprovadamente envolvidas nos desvios da Petrobras, ainda dependem de melhor apuração e de comprovação. Mesmo que se conteste o abuso da condução coercitiva no depoimento de Lula, os demais depoimentos e as ações de busca e apreensão realizadas no dia 4 podem chegar a algum resultado de comprovação da prática de crime. Em caso positivo ele deverá ser preso. Em caso negativo, o ex-presidente e sua família serão excluídos da investigação e deverão receber atestado de idoneidade perante a sociedade.

 

Numa segunda hipótese, pode-se considerar que a Operação Lava Jato já tem provas testemunhais e documentais suficientes para prender, indiciar e levar Lula a julgamento, mas que, por motivos táticos, decidiu primeiro fazer uma espécie de ensaio geral – seja para poder afirmar que colheu previamente o depoimento de Lula, inclusive para confrontar com o material apurado, ou seja para avaliar a amplitude e a intensidade de reação da sociedade que a eventual prisão de Lula poderia acarretar. Quem, onde e como pode protestar contra a prisão de Lula, qual a repercussão nacional e internacional, qual a capacidade real de mobilização do PT e de seus movimentos sociais? Neste caso, a Lava Jato agora já dispõe de informações suficientes para planejar sobre a forma e o momento mais adequado para a prisão provisória ou preventiva de Lula.

 

Numa terceira hipótese, pode-se considerar que a Operação Lava Jato, independentemente de ter ou não provas suficientes para a prisão, o indiciamento e o julgamento de Lula, preferiu conduzir essa parte do processo em sintonia com outras ações relevantes na atual conjuntura, entre as quais o próprio encerramento das fases anteriores da Lava Jato; o desenrolar da cassação de Eduardo Cunha; a atuação do STF nos processos dos políticos da Lava Jato com foro especial; o andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional; a crise econômica e o agravamento do desemprego. Neste caso, fica evidenciado que além de visar os envolvidos mais direta e recentemente no escândalo da Petrobras, a Operação Lava Jato procura cumprir uma agenda política para atingir duramente os setores da esquerda, não apenas o PT, nas eleições de 2018.

 

O rompimento do pacto de setores da burguesia com o PT parece irreversível. O partido está atordoado, sofre com a debandada dos aliados fisiológicos. A correlação de forças do lado da direita, no Congresso Nacional, no STF e no aparelho de Estado, ganha peso diante da crise política e econômica e articula saídas cada vez mais conservadoras e regressivas. As esquerdas precisam urgentemente construir uma alternativa fundamentada na defesa dos trabalhadores e das conquistas sociais e políticas do povo brasileiro. Esse é o grande desafio do momento.

 

Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor.

 




Artigo de Marcelo Paiva Pereira: 'Bauhaus: a unificação das artes'

Marcelo Augusto Paiva Pereira: ‘BAUHAUS: A UNIFICAÇÃO DAS ARTES’

A BAUHAUS surgiu do desenvolvimento tecnológico, científico, artístico, político e cultural experimentado na Alemanha desde o final do século XIX até meados da década de 20 do século XX. O presente texto abordará, mesmo superficialmente, as transformações da Alemanha nesse período até a constituição da mencionada escola germânica.

Dos Antecedentes Históricos

Historicamente, a Guerra dos Trinta Anos ocorrida no século XVII (1618 a 1648), vencida pela França contra a Santa Liga, Áustria, Espanha e os Estados Germânicos, causou sérios gravames a estes últimos, dentre os quais reduziu a população de 16 milhões para 6 milhões de habitantes.

O empobrecimento retardou o desenvolvimento tecnológico e industrial dos Estados Germânicos, que tinham a produção baseada na manufatura, e assim foi até o período da Unificação Alemã (1864 a 1871), promovida pelo chanceler Otto von Bismarck.

O interesse pela unificação motivou os germânicos protestantes a se unir e combater a Áustria (país germânico e católico) e a França (país também católico). Era preciso, contudo, incentivar a produção industrial e assim fizeram durante essas guerras e nos trinta anos após, para assegurar ao país um parque industrial que fosse mais do que competitivo aos da Inglaterra e França.

Após o consolidaram e a produção dele decorrente, passaram a se preocupar com o desenvolvimento das artes. Isto ocorreu no início dos anos de 1900, quando surgia o século XX.

A rapidez com que a sociedade industrial se transformou não foi acompanhada pela arquitetura nas técnicas de construção, cuja distância entre ambas se expôs na razão das transformações sociais e urbanas experimentadas, que reclamavam novas soluções para incorporar as tecnologias que surgiam e beneficiar o indivíduo e a sociedade.

A cultura da vanguarda arquitetônica carecia de conhecimento suficiente para solucionar os gravames urbanos, inoperante à esta finalidade. Os arquitetos de vanguarda somente acolheram a importância da máquina e sua utilidade nas artes e na arquitetura ao fim da última década do século XIX.

No início do século XX os alemães se uniram para desenvolver as artes como nunca fizeram antes: abriram as portas aos melhores arquitetos e artistas do mundo da época e com eles aprenderam as técnicas artísticas que desconheciam.

Em 1907 criaram, na cidade de Munique, uma instituição de direito privado chamada Deutscher Werkbund – associação alemã para o trabalho – que pretendia renovar a arquitetura e o mobiliário, cujas primeiras realizações surpreenderam no Salão de Outono de 1910, em Paris. Visava desenvolver as artes com fulcro nos ensinamentos dos estrangeiros, mas não havia uma escola arquitetônica ou artística definida, pois o amálgama artístico era vigente nesse período.

À Deutscher Werkbund artistas, artesãos e industriais deveriam colaborar na confecção de produtos de verdadeiro valor artístico. Seu objetivo era enaltecer o trabalho artesanal à arte e à indústria, escolhendo o melhor do artesanato, arte, indústria e das forças criativas. Aludida instituição, porém, não possuía método único para planejar as obras, criando divergências internas sobre a padronização ou a liberdade de projetos.

Peter Behrens (1868 a 1940) teve o mais importante ateliê dessa época, no qual trabalharam, em 1908, Walter Gropius, Ludwig Mies van der Rohe e Le Corbusier (este por cinco meses). Projetou o edifício da Fábrica de Turbinas da AEG em Berlim, no ano de 1909. O edifício tinha paredes colossais, muito volumosas, mas utilizou aço e vidro como componentes arquitetônicos fundamentais para dar ao espaço industrial sua finalidade. Ele tratou a indústria como um espaço digno para o trabalho.

Walter Gropius (1883-1969) era filho de um abastado arquiteto e funcionário berlinense, trabalhou no ateliê de Peter Behrens. Em 1906 projetou um grupo de casas agrícolas em Janikov. Em 1911 desenvolveu uma arquitetura mais leve, com mais ênfase ao aço e ao vidro no projeto da fábrica para sapatos Fagus ad Alfeld an der Leine: sua arquitetura transmitiu segurança e simplicidade sem destacar os elementos volumétricos (salvo a chaminé); ele desenvolveu um discurso arquitetônico harmonioso que traduziu todas as funções nos diversos corpos.

Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969) era filho de um mestre-canteiro, trabalhou como desenhista para B. Paul de 1901 a 1907, em 1908 esteve ao lado de Peter Behrens e em 1911 junto a Berlage, na Holanda. No ano de 1913 abriu em Berlim um ateliê de arquitetura, mas a Primeira Guerra Mundial interrompeu seus trabalhos. Ele, porém, não definiu sua linha arquitetônica no início da carreira e projetou obras de estilos variados. Neste período ele não se interessava por novidades, mas pelo estudo dos materiais e pela funcionalidade dos espaços internos dos edifícios.

Essa euforia artística assim transcorreu até o período da Primeira Guerra Mundial – 1914 a 1918 – a qual obscureceu os campos de trabalho na Europa em geral e na Alemanha em especial, bem como as iniciativas da então bem sucedida Deutscher Werkbund.

Após a Primeira Guerra Mundial e durante a hiperinflação que assolou a Alemanha durante toda a década de 20 do século XX, as atividades civis foram paulatinamente retomadas, dentre as quais as atividades da Deutscher Werkbund e as atividades artísticas e arquitetônicas, mas com novos entendimentos:

  1. Em relação ao aspecto psicológico, a sociedade europeia questionou a tecnologia, a qual inicialmente desenvolvida para o bem-estar individual e social, tornou-se belicosa e desenvolvida para a destruição e morte;
  2. Em relação ao aspecto político, o posicionamento dos Estados beligerantes pelos mesmos ideais, mas por fins opostos, revelou que muitas fórmulas ideológicas aceitas como universais eram meras convenções entre Estados;
  3. Em relação ao efeito social e político, entre os fins (ideais) e meios (tecnologia) surgiu um vazio porque as atrocidades cometidas na guerra mostraram o quão tênue é a linha entre civilização e barbárie e, ainda, que o progresso (meios) não é suficiente para a paz social (fins) ser garantida.

Das Correntes Artísticas

No período entre 1905 a 1914 os pintores de vanguarda concluíram que deviam propor uma reforma radical nos princípios que orientavam os hábitos visuais comuns. Estes tinham origem no naturalismo renascentista e perduraram enquanto se admitiu formas apriorísticas (a priori) para conduzir o conhecimento humano.

Rompendo esses paradigmas surgiram várias correntes artísticas, das quais se destacaram:

  1. 1905: os fauvistas se apresentaram no Salon d’Automne, dos quais Matisse era um deles; examinavam a forma, a cor e a influência desta sobre aquela;
  2. 1906: Die Brücke, grupo fundado em Dresden com a mesma orientação dos fauvistas, ao qual aderiram Nolde e outros artistas;
  3. 1907 e 1908: apresentação das primeiras obras cubistas de Picasso e de Braque; o cubismo resultou da dispersão do fauvismo e é o momento máximo do exame da forma e da cor;
  4. 1909: Neue Münchner Künstlervereiningung, grupo fundado por Kandinsky e outros artistas alemães; pintou em 1910 a primeira aquarela abstrata;
  5. 1910: futurismo, grupo criado por Boccioni e outros, na esteira do manifesto futurista de Marinetti, escrito em 1909; era a única corrente artística que se relacionava com a arquitetura, mas conservava paradigmas que as outras afastaram;
  6. 1911: Der Blaue Reiter; grupo abstracionista místico (separava a arte da vida), criado por Kandinsky junto com Kubin e ao qual se uniu Paul Klee em 1912.

Essas correntes artísticas se preocuparam com a representação dos objetos e tinham como elementar a negação das bases da perspectiva, com o fim de eliminar os referenciais. Esta discussão desenvolveu-se no campo teórico das artes entre 1904 a 1912 (influíram os conceitos de espaço e tempo apresentados por Albert Einstein em 1905).

Em relação às correntes artísticas em geral, todas liberaram o objeto das ligações habituais e o ligaram a outras, porque a pintura renunciou à imitação das coisas e permitiu inventar e construir coisas novas. Todas tinham o escopo de modificar o conceito tradicional de arte enquanto atividade representativa, contraposta ao mundo dos processos técnicos. Neste novo panorama artístico a arte é um dos componentes da arquitetura.

Após o fim da Primeira Guerra Mundial o novo panorama resultante influiu em cada movimento artístico, como abaixo segue:

  1. Futurismo: na pessoa de Marinetti, convergiu para o comunismo;
  2. Dadaísmo: surgiu em 1916 na Suíça e absorveu todas as experiências artísticas mais destruidoras, surgidas em reação à guerra; desse movimento participaram Duchamp, Picabia, Ernst e Ray, além de outros;
  3. Surrealismo: Ernst, Ray e outros migraram em 1924 para este movimento – suscitado por Breton – o qual se exauriu durante os anos 30 do século XX após uma tentativa frustrada de ingressar no comunismo;
  4. Purismo: de 1915 a 1917 o pintor A. Ozenfant elaborou os princípios desse movimento na revista Élan; posteriormente, encontrou-se com Le Corbusier e ambos publicaram, em 1918, o manifesto do novo movimento, intitulado Aprés lê cubisme; a ambos o cubismo recuperou a capacidade de aprender as formas simples e “puras”, as quais são a fonte primária das sensações estéticas. O purismo prestigiou o cubismo;
  5. Suprematismo: em 1915 o manifesto desse movimento artístico foi publicado por Maliévitch junto com Maiakovski, Larionov e outros escritores revolucionários; queriam abandonar toda a referência imitativa e partir do zero para construir uma nova realidade autônoma; em 1926 ele vai à BAUHAUS para tratar da publicação do seu livro Die gegestandlose;
  6. Neoplasticismo: foi fundado em 1917 pelos pintores Theo Van Doesburg, P. Mondrian e outros; entre 1913 e 1917 Mondrian elaborou os conceitos fundamentais desse movimento, os quais percorriam o itinerário do cubismo e seguiam à abstração completa, propondo um método para tornar sistemática essa operação e construir um mundo de formas coerentes e organizadas. Após a Primeira Guerra Mundial redundou no cubismo ao afirmar que a decomposição das formas é absorvida pela integridade dos blocos de edificação.

Dessas correntes a que mais se destacou para compor a BAUHAUS foi o cubismo.

Da BAUHAUS

Em 1919 surgiu a BAUHAUS na cidade de Weimar, escola de artes e ofícios baseada na Deutscher Werkbund, mas com o compromisso de firmar uma identidade estética às suas obras e preencher o vazio então existente na seara artística alemã do início do século XX.

Criada por Walter Gropius, resultou da unificação da Escola Superior de Belas Artes (Sächsische Hochschule für Bildende Kunst) e da Escola de Arte e Artesanato (Sächsische Kunstgewerbeschule), esta última de van de Velde.

A BAUHAUS teve o propósito de unir arte e indústria fazendo uso da arquitetura para essa finalidade. A arquitetura foi o instrumento operacional dessa escola germânica para dar azo à sua identidade técnica e artística.

Na arquitetura a linha de pensamento teve origem nas obras de Peter Behrens, com quem Walter Gropius trabalhou. Mas, diferente daquele mestre, Gropius desenvolveu uma arquitetura mais leve, com mais ênfase ao aço e ao vidro desde seu primeiro projeto (a Fábrica Fagus, de 1911). Esta foi a linha estética e arquitetônica abraçada pela BAUHAUS desde seu surgimento.

Em seu primeiro programa Gropius apresentou as diretrizes da sua didática, com a qual pretendia orientar a mencionada escola:

  1. Leis naturais e da natureza humana;
  2. Pensamento e ação;
  3. Exigências espirituais e materiais.

Referidas diretrizes deviam ir além dos debates teóricos e pretendiam o trabalho em grupo, no qual cada trabalhador devia ter pleno conhecimento do todo. O trabalho artístico, inclusive as pesquisas, deviam ter finalidade social e econômica, deixando de ser arte pela arte e sê-la para a sociedade.

Em 1923 Gropius reescreveu sua didática à BAUHAUS, entendendo a máquina como meio para o espírito humano realizar-se na execução da obra. A coisa (obra) e sua aparência deveriam coexistir em equilíbrio, obtido pela harmonia entre homem, natureza e meio ambiente.

A ele a arte (arquitetura e desenho industrial) devia abastecer a indústria e o comércio na qualidade e quantidade adequadas à demanda e devia modificar a vida quotidiana através da coisa criada e sua aparência. Este era o racionalismo de Walter Gropius desde a criação da BAUHAUS e que a orientou por todo o período em que existiu.

O racionalismo dele compunha-se das relações entre homem e máquina, cérebro e mão, espírito e matéria, pensamento e ação, concentrava-se na arquitetura, no desenho e na indústria e era um meio para modificar a vida quotidiana das pessoas.

Em sua formação a BAUHAUS recebeu influência dos movimentos artísticos:

  1. Expressionismo: o desenho apresentava formas acentuadas e com efeito ameaçador;
  2. Abstracionismo: neste movimento se incluiu o Der Blaue Reiter e foi o que mais a desenvolveu em sua primeira fase, quando instalada em Weimar;
  3. Cubismo: foi o movimento de maior influência, fixou a identidade arquitetônica não encontrada nos anteriores movimentos artísticos e permitiu a industrialização dos materiais utilizados para as obras arquitetônicas. A este movimento artístico também aderiram o purismo e o suprematismo, que o endossaram.

Durante sua existência a BAUHAUS teve três fases de formação estética:

  1. Expressionista: quando essa escola surgiu, o expressionismo estava no auge nas artes, mas revelou-se improdutivo à arquitetura;
  2. Abstracionista: apesar de ter influído muito na formação acadêmica, teórica, não foi suficiente para atribuir à mencionada escola a identidade vanguardista que reclamava;
  3. Industrial: esta fase surgiu quando da mudança da escola para Dessau em 1925, onde foi erguido um grande complexo arquitetônico. Influenciada pelo cubismo, a BAUHAUS adquiriu a identidade almejada, atribuindo linha própria de discurso artístico e arquitetônico potencialmente viável à indústria e às artes.

Em nove foram as elementares da BAUHAUS:

  1. Uso do ferro e vidro: ambos são utilizados para compor paredes de vidro sustentadas por caixilhos de ferro (ou aço);
  2. Cantos justapostos: os cantos das paredes de vidro são arrematados pelos próprios caixilhos, dispensando estruturas de alvenaria à essa finalidade;
  3. Paredes não portantes: as paredes de ferro e vidro não sustentam o edifício; servem de anteparo contra as intempéries da natureza;
  4. Relação cheio e vazio: as cortinas – ou paredes – de vidro fazem dessa relação a essência estética e conceitual, limitando os espaços cheios e enfatizar os vazios;
  5. Relação interior e exterior: as cortinas de vidro fazem o contato entre o mundo exterior com o interior do edifício, aproximando-os e ao mesmo tempo os separando sem criar a ideia de barreira intransponível;
  6. Pilares recuados: para dar espaço às paredes de vidro os pilares de sustentação do edifício foram recuados, posicionados atrás delas;
  7. Ambientes conversíveis: os ambientes internos do edifício podem ser convertidos em outros, bastando remover paredes e posicioná-las em outros trechos, na medida do novo espaço;
  8. Formas geométricas simples: os edifícios devem ser concebidos com formas espaciais – geométricas – simples, como o cubo, a pirâmide e o cone, com vistas à multiplicidade de pontos de observação;
  9. A concepção espaço-tempo: esta elementar, muito subjetiva, resulta das anteriores e pretende oferecer ao observador todos os caminhos que o olhar pode ter da obra, em razão do espaço que a obra contém e o tempo que ela representa.

CONCLUSÃO

A BAUHAUS surgiu do resultado da experimentações artísticas que tiveram os alemães desde o final do século XIX até o início da década de 20 do século XX, momento em que Walter Gropius viu a importância da máquina – e da indústria – para solucionar a defasagem tecnológica entre a arquitetura e as transformações sociais e tecnológicas que ocorriam na Alemanha.

A Primeira Guerra Mundial serviu para a sociedade entender que a ciência e a tecnologia não solucionavam todos os gravames, ainda que servissem à realização de muitos benefícios. A BAUHAUS surgiu após o final dessa guerra e visava favorecer a sociedade com bens de consumo inovadores, que pudessem ser úteis e modificar para melhor o “modus vivendi” das pessoas.

À essa finalidade era preciso atribuir uma linha estética e arquitetônica e uma linha ideológica à BAUHAUS:

  1. em relação à linha estética e arquitetônica, o uso do ferro e vidro para criar paredes de vidro não portantes e que integrassem os ambientes internos aos externos do edifício;
  2. em relação à linha ideológica, o cubismo foi a fonte, pugnando pela decomposição das partes e as rearranjando em conformidade com novas ideias. Serviu para justificar o uso da máquina, que transformou cada componente do projeto em objeto de produção em série, permitiu projetos inovadores, a redução dos custos e a construção de edifícios para as classes econômicas mais baixas.

O racionalismo de Walter Gropius sempre pretendeu a arte para a sociedade. Mas, na primeira fase da BAUHAUS (1919), deveria sê-la com técnicas unificadas de produção (diferenciando-se da Deutscher Werkbund), enquanto que na segunda fase (1925) deveria sê-la através da indústria.

Ele acreditava que a arquitetura e a arte modificavam a sociedade na razão da ideia (inovação) e do projeto (estética) da coisa ou bem de consumo: não adiantava fazer um objeto bonito; era preciso que também inovasse no “modus vivendi” das pessoas.

Finalmente, a BAUHAUS é a unificação das artes porque resultou das experimentações anteriores e as unificou. Assemelhou-se à Deutscher Werkbund porque na primeira fase era ainda artesanal, sem cunho industrial. Ao acolher a indústria como instrumento para a finalidade almejada (arte para a sociedade), potencializou a arquitetura e as artes, atribuindo a elas a opção por melhor qualidade de vida e inovação no “modus vivendi” das pessoas. Nada a mais.

Marcelo Augusto Paiva Pereira.

(o autor é aluno de graduação da FAUUSP).

FONTES DE PESQUISA

HISTÓRIA DA ARQUITETURA MODERNA. O Movimento Moderno. Leonardo Benévolo, Editora Perspectiva, São Paulo, 1976, p. 371 a 402;

ESPAÇO, TEMPO E ARQUITETURA, de S. Gideon, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2004, p. 505 a 525;

GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE, editora Delta S.A., Rio de Janeiro, 1971, volume 1, p. 209;

GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE, editora Delta S.A., Rio de Janeiro, 1971, volume 7, p.3232 a 3235;

GRANDE ENCICLOPÉDIA DELTA LAROUSSE, editora Delta S.A., Rio de Janeiro, 1971, volume 15, p. 7106.

 

 




Artigo de Pedro Novaes: 'Falando sério'

 Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘FALANDO SÉRIO’

colunista do ROL
Pedro Novaes

É preocupante a crise brasileira.

Diminuem os empregos, cai a produção, experimentamos de novo o amargo sabor da inflação, sucateiam os serviços públicos e rareiam os investimentos, fábricas de riquezas e empregos futuros. Estamos empobrecendo.

A crise econômica, por si só, acaba sendo contornável, e já o fizemos uma dezena de vezes, desde 1.500. Contudo, a crise econômica, e todas as outras que com ela convivem, é consequência, e não causa de nosso desastre.

Nossa crise é política e moral. Vivemos sob o constante impacto da descoberta de novos e intermináveis antros de corrupção, agora bilionários.

Instituições são maculadas em nome da governabilidade, com nomeações barganhadas por apoios legislativos. O legislativo, já pouco prestigiado no entendimento popular, entrega-se de corpo e alma ao fisiologismo e vazio ideológico.

Altas personalidades da república encontram-se sob suspeição, dividindo cárceres com antigos ícones da iniciativa privada. Grandes empreiteiras aliam-se a políticos pequenos, assaltando bens públicos.

Existe um vazio de lideranças, e um contínuo esforço para ridicularizar a imprensa livre e plural, quando impossível colonizá-la. Legiões de militantes assumem ares de radicais religiosos, negando o óbvio e pregando providências desastrosas.

Andamos, pobres que somos, prestigiando e financiando obras e obras em países cujos governantes apresentam alguma familiaridade ideológica. Tentamos apagar a história, censurando até Monteiro Lobato, com seu Sítio da Pica Pau Amarelo.

Nossas grandes obras, lançadas com forte impacto midiático, como milagreiras, jazem inacabadas ou escandalosas. O paraíso, na visão simplista e eleitoreira de nossos dias, repousa no consumo sem estrutura e sem alicerce no aumento da produção e capacidade de adquirir via ganhos pessoais, não benesses oficiais.

Governantes sem credibilidade e sem qualquer liderança fora dos locais de culto partidário, revelam-se incapazes de remediar a crise por eles criada, e seguem aos soquinhos, buscando preservar o mando conquistado sabe-se lá como. A ordem não é corrigir rumos, mas desacreditar os que ousam apontar as distorções e desonestidades do poder.

O país vem sendo dividido, mas não está sendo fácil incutir o ódio racial, econômico, ideológico e até religioso, entre os brasileiros. Como em toda crise, líderes natos começam a sair das sombras, e culturas e tradições revivem, como que buscando a sobrevivência.

O governo já não governa, e aumenta a cada dia o fosso que separa os palácios da população. A última batalha será impedir o aparelhamento de nossa Justiça e o sufocamento da Polícia Federal e Ministério Público. Aí será o caos !

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 

 




Fatecs iniciam período para pedir isenção e redução da taxa do Vestibular

Começa dia 8 de março e termina em 8 de abril o período para pedido de isenção total e redução de 50% na taxa de inscrição do Vestibular das Fatecs

Começa dia 8 de março, e termina em 8 de abril o período para pedido de isenção total e redução de 50% na taxa de inscrição do Vestibular das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) do Estado de São Paulo para o segundo semestre de 2016. No último dia, o prazo vai até as 15 horas. São oferecidas seis mil isenções.

Os candidatos podem pleitear os dois benefícios, desde que atendam aos requisitos determinados para cada finalidade. Neste caso, é preciso efetuar duas inscrições.

Os interessados devem preencher o formulário específico, disponível no site www.vestibular.fatec.com.br. Após o preenchimento do formulário, é preciso guardar o número do protocolo, que deve constar do envelope que vai conter os documentos comprobatórios.

Nesse mesmo período – 8 de março a 8 de abril – das 9 às 20 horas (somente nos dias úteis), o candidato deve entregar os documentos comprobatórios, relacionados abaixo, em envelope lacrado, na secretaria da Fatec em que pretende estudar.

No momento da entrega do envelope – em que deve constar o número do protocolo –, o candidato precisa preencher, assinar e entregar o formulário de solicitação do benefício, disponível no site, na seção “isenção/redução”. A resposta à solicitação será divulgada no dia 3 de maio somente pela internet.

Requisitos para isenção

O candidato precisa ter concluído integralmente o Ensino Médio ou a Educação de Jovens e Adultos – EJA (supletivo) em escolas da rede pública (municipal, estadual ou federal) ou em instituição particular com concessão de bolsa de estudo integral, no País. É necessário também ter renda familiar bruta mensal máxima de R$ 1.320, por pessoa. Se for independente, sua renda bruta máxima deverá ser nesse mesmo valor.

Documentos necessários: comprovante de escolaridade e de renda. Candidatos desempregados, autônomos e aposentados devem seguir as instruções descritas na portaria, disponível no site.

Requisitos para redução da taxa

É preciso ser estudante regularmente matriculado em curso pré-vestibular ou em curso superior de graduação ou de pós-graduação. O interessado deve, também, ter uma remuneração mensal inferior a dois salários mínimos (R$ 1.760) ou estar desempregado.

Documentos necessários: comprovante de escolaridade e de renda. Candidatos desempregados, autônomos e aposentados devem seguir as instruções descritas na portaria, disponível na internet.

Vestibular – 2º semestre de 2016

A partir do resultado da solicitação da isenção/redução da taxa do Vestibular, no dia 3 de maio, o candidato que receber um dos benefícios deve fazer sua inscrição, exclusivamente pela internet, em um único curso de graduação na Fatec de sua escolha, até o dia 9 de junho. O Manual do Candidato estará disponível para download gratuito no site. O valor da taxa de inscrição para este processo seletivo é R$ 75.

Outras informações pelos telefones (11) 3471-4103 (Capital e Grande São Paulo) e 0800-596 9696 (demais localidades) ou pelo site www.vestibularfatec.com.br




Artigo de Sônyah Moreira: 'Regalias Vitalicias' (coluna do leitor)

Sônyah Moreira: ‘Regalias vitalicias’

 

O que vemos nesses dias tão tumultuados é uma doença contagiosa se espalhar entre aqueles que foram presenteados com um emprego e um salário digno de pessoas de alto nível intelectual, gestores de multinacional, pessoas que trabalham no mínimo 12 horas por dia, quando não mais.

A doença é a “Síndrome de imortal”, essas pessoas esquecem que são seres mortais, pessoas comuns, passíveis de erros, sentem-se intocáveis. Na antiga Roma, existiu um imperador chamado Cesar, sempre tinha um escravo acompanhando-o para lembrar a ele ser mortal, será, que o Brasil gastando bilhões com jatinhos, secretários, assessores, e diversos serviços que não cabe colocarmos aqui, visto a vergonha que poderia causar a quem ler! Será teria ainda fôlego pra essa despesa? Poderíamos colocar na Constituição mais essa emenda, mesmo por que, existem tantas que mais uma não faria a menor diferença, nem ao país e muito menos aos nossos bolsos.

Essas pessoas entram nos serviços públicos, seja por pleito eleitoral, concurso que parecem mais jogo com cartas marcadas, ou mesmo por nomeação a cargos “pseudo” de confiança, e começam a se contagiar com a síndrome. Vejam o senado e câmara dos deputados, começa o expediente ás terças e termina ás quintas-feiras, ou seja, apenas três dias na semana, os concursados também têm sua jornada de trabalho bem menor que a maioria dos cidadãos, sim! Esses mesmo que lhe pagam o salário, e tem ainda um detalhe importantíssimo, não podem ser demitidos, é vitalício. E a aposentadoria, essa é melhor ainda, integral, sem essa de fator “Prejudiciário”, não escrevi errado não, inventei um verbete, pois deriva de “prejudicial”, para o mero contribuinte é claro, o monstro chamado “fator previdenciário”, porém, nossos funcionários públicos nem se preocupem, não há esse tipo de conta a ser feita. Nossos senadores gozam aposentadoria após três mandatos, ou seja, 24 anos apenas, e com salário também integral, bom, com todas essas regalias, há de se entender o porquê, de se acharem seres superiores.

Voltando ao nosso tema, perceba a próxima ida a algum órgão público, atente-se para os avisos nas paredes, alertando para que o contribuinte não desacate o funcionário, sob pena de prisão, sim, eles se valem do corporativismo arraigado existente em nosso país para intimidar os meros mortais, que na verdade são os patrões. Não estou justificando nenhum ato de falta de educação, e que por inúmeras vezes o atendimento é tão precário, que algumas pessoas estouram os ânimos, extrapolam os limites, nesse caso a lei existe e funciona muito bem, portanto, mudemos o rumo da prosa! Vamos adiante a nosso tema.

Partindo do princípio, “todos são iguais perante a lei”, nos choca ver pessoas comuns, querendo fórum privilegiado, se fazendo de vitima, dizendo-se perseguidos pelas instituições. Ora essa, que discurso as avessas é esse? Uma doença nefasta que acomete certos políticos profissionais e funcionários públicos, que vivem nos palanques da vida, como a um justiceiro com espada em riste, e quando a coisa é com sua pessoa, ou seus familiares a musica desagrada? Que massada diria meu avô! E a carteirada, sim, você foi, porém, quer continuar sendo, exigem regalias antes, durante e depois de ocuparem certos cargos, é a diferença do “ser” e do “estar” em alguma posição é constantemente esquecida por algumas pessoas.

Digamos em alto e bom som a esses senhores que nada é eterno, que grandes líderes, grandes figuras, ilustres barões, imperadores e seus imensos impérios, todos sem exceção, um dia findaram , querendo ou não serão iguais a todos, senão pela “Magna Carta” de um país, mas pela lei imutável da natureza. A todos sem nenhuma distinção ou insígnia e nenhum fórum privilegiado, será feita a justiça e esta pode tardar, porém não falha! Creio que teoricamente falando, em outra dimensão seremos todos igualmente… mortais!

 

Sônyah Moreira

 

 

 




Artigo de Celso Lungaretti: 'DOMINGO PODERÃO SER ABERTAS AS PORTAS DO INFERNO'

MOVIMENTOS SOCIAIS COGITAM MARCAR MANIFESTAÇÕES EM ROTA DE COLISÃO COM AS PRÓ-IMPEACHMENT. A AV. PAULISTA PODERÁ VIRAR CAMPO DE BATALHA NESTE DOMINGO


De um lado, a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, informa que insensatos estão tramando batalhas campais capazes de acender o pavio que mandaria pelos ares o paiol da democracia brasileira:

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

Movimentos sociais estudam convocar para o dia 13 de março uma manifestação pró-Lula na avenida Paulista.

O evento seria no mesmo dia e hora em que movimentos contra o governo (…) marcaram protestos contra o ex-presidente e a favor do impeachment de Dilma Rousseff.

O partido [PT] vê risco e já decidiu não se envolver na organização nem na divulgação dela.

‘Essa ideia está muito forte’, diz João Paulo, dirigente do MST. ‘Em alguns estados já está praticamente decidido, como Brasília e Rio Grande do Sul’, afirma.

Depois de amanhã (4ª feira, 9) os movimentos sociais decidirão se vão manter a data originalmente fixada para sua saída às ruas (18/03) ou antecipá-la em cinco dias.

Do outro lado, Vinícius Mota, também colunista da Folha de S. Paulo, desdenha do alarmismo que a rede chapa branca dissemina na internet:

A Presidência Dilma Rousseff está irremediavelmente destruída. O PT definha em praça pública. Lula vai dedicar os próximos meses, assim como tem feito nos anteriores, exclusivamente a salvar a própria pele e a de seus familiares.

As expectativas de ressurgimento do velho Lula e do PT -com sua base movida a fundos públicos a atemorizar incautos com pesadelos de conflagração- são ilusões aprisionadas no simulacro das redes sociais.

No país real não há nenhum estímulo para defender o status quo encarnado por Dilma, Lula e o PT. O desemprego se espalha, a inflação corrói o salário e a política federal só produz horrores. Se uma nova maioria ainda não surgiu, da velha não se espere nada além de apodrecimento.

Para deixar ainda mais confuso o quadro, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto lançará nesta 2ª feira (07/03) um manifesto de ruptura com o Governo Dilma, argumentando que não a presidente tem encampado as “reivindicações da elite” a ponto de não existir mais a expectativa de uma guinada à esquerda. Eis alguns trechos do documento:

Iniciativas como a reforma da Previdência, a reforma fiscal, o acordo com o PSDB em relação ao pré-sal e a lei antiterrorismo são expressões de um governo que parece não ter mais limites na entrega de direitos sociais.

Por causa dessa guinada [à direita] o governo viu evaporar a sua base social. Ficou com o ônus e não recebeu o bônus. Perdeu a base, o rumo político e ainda assim ficou sem a dita governabilidade.

As pautas da direita serão enfrentadas nas ruas, sem tréguas e com radicalidade.

Resta saber se Dilma vai ficar mesmo sob ataque simultâneo da direita e da esquerda. Vale lembrar que o MTST é responsável pela execução em São Paulo de uma das modalidades do Minha Casa, Minha Vida e não se conforma com o corte de investimentos na faixa 1, voltada para as famílias mais pobres. Más línguas insinuam que os sem-teto estariam pedindo muito para conseguirem o pouco que os afeta diretamente.

Mas, algo assim desmoralizaria irremediavelmente o movimento. Torço para que não seja outro afeto que se encerra, pois já sofremos decepções demais nos últimos tempos.

ROTA DE COLISÃO

 
Isto é tudo que a militância de esquerda não deve ser. 

O certo é que há, sim, motivos para recearmos derramamento de sangue e um desfecho autoritário da crise de ingovernabilidade.

Vinícius Mota está certo quanto aos arranhões que a mística do PT e de Lula sofreram, mas parece não levar em conta que se trata de um partido bem diferente daquele que a esquerda idealizou no final da década de 1970.

Já nos anos 80, com o expurgo das tendências e a desideologização decorrente do inchaço (ingresso indiscriminado de ambiciosos e carreiristas), a qualidade da militância começou a mudar para pior.

O processo atingiu o auge de 2002 para cá, quando brotaram boquinhas como cogumelos. Fala-se que, só nas tetas do governo federal, haveria mais de 40 mil petistas pendurados (não direi profissionalizados, pois nunca gostei de eufemismos…).

E o que dizer das tribunas virtuais que sobrevivem principalmente em função de anúncios de empresas vinculadas à União?!

Então, quando começou aquela virulenta campanha de satanização da Marina Silva na última campanha presidencial, fiquei chocado com o abandono da tradição esquerdista de tratarmos cordialmente, como adversárias, as forças pertencentes ao nosso campo; e agressivamente, como inimigos, apenas os representantes do capital e os liberticidas.

Eu percebia que o PT estava exaurido, a ponto de não ter mais esperanças a oferecer, optando por uma campanha eminentemente negativa. E não tinha dúvidas de que, para um partido dito dos trabalhadores, estar à frente do governo entre 2015 e 2018 seria a maior roubada, já que a economia brasileira começava a fazer água e o grande capital exigia um impopular ajuste recessivo.

 

Isto é tudo de que não precisamos neste momento

Por que, então, não competir lealmente com Marina Silva, filha pródiga do petismo e que a ele agregara preocupações ecológicas importantíssimas em nosso tempo? Sua vitória não seria nenhum fim do mundo e deixaria intacta a possibilidade de Lula voltar triunfalmente em 2018.

No entanto, o PT lançou contra ela uma verdadeira guerra de extermínio. Ocorreu-me que, como politicamente isto beirava a irracionalidade, deveria estar pesando muito nesta decisão o desespero daqueles que haviam transformado a militância em profissão e modo de vida.

E é aí que mora o perigo. O desespero dessa gente deve ser maior ainda agora, a ponto de já haver registros de enfrentamentos nas ruas com contingentes pró-impeachment. A intimidação talvez se constitua na sua derradeira cartada. E eu temo que domingo sejam abertas as portas do inferno.

Exorto a esquerda movida pelos ideais (e não por interesses) a ficar fora dessa temerária aventura.

A refletir sobre se vale a pena irmos tão longe para tentarmos salvar um governo desacreditado e que abandonou pelo caminho suas bandeiras de transformação da sociedade, hoje nada mais significando em termos revolucionários.

E se, num momento em que nossas forças são nitidamente inferiores, compensa travarmos batalhas que poderão pôr a pique uma democracia que, embora imperfeita, sempre será melhor do que outra ditadura. Da última vez, perdemos muito dos melhores cidadãos que este país já produziu e penamos 21 anos para nos livrarmos do arbítrio. Não podemos repetir os mesmos erros!

Quem tem verdadeiro compromisso com a causa dos explorados deve pressionar para que não sejam marcadas manifestações em rota de colisão com as da direita, nem buscados confrontos que alimentarão uma espiral de violência cujo resultado previsível é a saída dos quartéis dos efetivos mais treinados e melhor equipados para exercer a violência.

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