Sônyah Moreira: 'Os segredos do coelho branco'

Sônyah Moreira – sonyah.moreira@gmail.com – ‘Os segredos do coelho branco’

Sonia Moreira
Sonia Moreira

Por mais que eu me esforçasse para não escrever essa crônica, definitivamente não consegui  resistir.

Ao ler sobre a prisão de nosso nobre ex-presidente da ilustre casa dos deputados federais e deverás cassado com quorum altíssimo, me lembrei sobre a analogia que fiz de sua figura com a do coelho branco da fábula de “Alice no país das maravilhas”.

Na época escrevi uma crônica com esse título, e agora vendo as imagens de sua figura sendo conduzido pelos agentes federais, me lembrei da semelhança de nosso “nobre” cidadão.

Vamos juntos analisar a cena! Ele andando correndo com o paletó sempre abotoado, usa seus óculos sempre na ponta do nariz, olhando todos por cima deles, se diz cheio de segredos e artimanhas.

Nosso excelentíssimo distinto possui o poder de amedrontar os seres a sua volta, ou por ocultar suas estratégicas de convencimento ou por desfrutar de uma autoconfiança e um gélido coração.

Mudemos suas falas para tal semelhança, “de estou atrasado” para estou reunindo munições para detonar meus desafetos e traidores, ora vejam! Escreverá uma biografia descrevendo os bastidores do poder de nosso País da maravilhas.

Nunca na história de nosso país se viu tantas prisões de colarinhos brancos, nunca na história de nosso país a polícia teve tal autonomia, opa!  Essas frases são plágio! Não se preocupem, não são de minha autoria admito.O fato é que se a tal biografia realmente sair, não sobrará pedra sobre pedra, pelo pouco que nos é mostrado nos noticiários, todos  os nossos representantes de nossa frágil democracia, estão com seus relógios bem presos ao do coelho branco.

Como a personagem de Lewis Carroll (1832-1898), nossos representantes do povo, cai na toca do coelho, ou por vaidade ou por curiosidade, ou ambição, deixo a vocês a escolha de tamanha estupidez.  Nossos ilustres olham para um estranhíssimo coelho possuidor de um relógio detonador, e dizendo devo estar atrasado…

Gostaria imensamente de participar do chá do Chapeleiro louco que deve estar acontecendo nesse momento nas soberbas instalações de nosso País das maravilhas! É saiu à rainha louca de copas, e sentou-se à cabeceira da mesa para nos servir o chá o ex- amigo do coelho branco.

Aguardem, aguardem, logo sairá nas livrarias um livro de fábulas, Ah! Quase esqueci, estou atrasado, estou atrasado… Que horas são?

 

Sônyah Moreira – sonyah.moreira@gmail.com




José Coutinho de Oliveira: Nobilistica

José Coutinho de Oliveira – Dicotomias Saussureanas

foto-jose-coutinhoadjetivo derivado de Saussure, Ferdinand de Saussure (socir), pai da linguística moderna. Nasceu em Genebra em 26/11/1857 e faleceu em Morges e 22/2/1913. O título deveria ser melhor traduzido para “dualidades”. Em Leipizig, Alemanha, seguiu durante quatro anos cursos de linguística indo-europeia (persa antigo, irlandês antigo, história da língua alemã, eslavo, lituano e grego. Mas vamos então às tais dualidades: sincronia x diacronia. A verdadeira sincronia vemos hoje que está na fala, onde surgem a todo momento neologismos. A diacronia estuda a origem da palavra e sua evolução no tempo, exemplo: os dicionários contemporâneos e os históricos, como por exemplo, o dicionário etimológico de Silveira Bueno de 9 volumes. Na mesma (nova) diacronia estão as gramáticas contemporâneas e as históricas como por exemplo, o de Ismael de Lima Coutinho. Um exemplo de evolução é a palavra bispo que sofreu um metaplasmo por subtração chamado de aférese, ou seja, queda de fonema no início da palavra. A palavra bispo provém portanto de epíscopo, ou seja, aquele que vê do alto. Próxima dualidade: língua x fala= langue x parole. Para ele a língua é uma construção coletiva, um sistema de valores que se opõem uns aos outros e que está depositado, como produto social, na mente de cada falante de uma comunidade. Já a fala (parole) é um ato individual e está sujeito a fatores externos, muitos desses não linguísticos e, portanto, não passíveis de análise científica. A fala é a atividade de falar, em geral, mas também cada ato particular de falar; significante x significado. O signo linguístico então se compõem de significante e significado. O primeiro é uma “imagem acústica” (cadeia de sons), o significado é o conceito, o conventual. Foi estudado por primeiro por Platão, em Crátilo. E por fim, sintagma x paradigma. Sintagma é o mesmo que ordenamento, combinação de palavras, uma frase, por exemplo de sentido completo. Paradigma pode ser o mesmo sintagma servindo de modelo para outros sintagmas, por exemplo, a partir da frase: o cachorro morreu de fome eu posso fazer: o gato morreu de sede; de João ama Teresa eu posso fazer, Raimundo odeia Maria; Joaquim ama Lili, o que nos parece enfim, que é um método para se ensinar língua estrangeira.

José Coutinho de Oliveira



Peça ´Obra-Prisma – O Espetáculo` será exibida em Itapetininga

‘OBRA PRISMA – O ESPETÁCULO´ é  1ª peça autoral e documental criada pela Cia. do Ator

 

Trata-se de um documentário musical, que, segundo o diretor e produtos Marclo Mendes de Souza, “através da linguagem cënica, vai relatar ao publico presente tres mitos que marcaram a história da música e do rock mundial no século XX: ‘The Beatles’ na Inglaterra, ‘The Door’s, nos EUA, e ‘Pink Floyd’, na Alemanha.

A peça ainda segundo o diretor,” é baseada em pesquisas antropológicas do povo indígena americano, com adaptação de textos de Mario Quintana, em estudos do dramaturgo Pós-Moderno Anton Tchekov e com base do inicio do Teatro Musical de Tenesse Willians”.

 

DIRETOR E PRODUTOR – MARCELO MENDES DE SOUZA –  DRT 040490/SP

INTÉRPRETE TEATRAL – MARCELLA MENK

PROTAGONISTA – MAÍRA MORAES E DIREÇAO TÉCNICA – MARCELO  MENDES

ASSISTENTE DE DIREÇÃO E COREOGRAFIA – EDSON MARINHO

 

 

 

 

 

Marcelo Mendes de Souza – DRT 040490/SP

Produtor e diretor – cia. do ATOR – amsoft produçoes

E secretario assuntos culturais apeoesp subsede regiao itapetininga

Representante coletivo Cultura – Cut – SP – Regiao  Sorocaba.




Sergio Diniz da Costa: 'Etéreas: meus devaneios poéticos'

Sergio Diniz da Costa Sergio Diniz da Costa – ETÉREAS: MEUS DEVANEIOS POÉTICOS

 

Sergio Diniz da Costa

 

ESPERANÇA

 

Se mil vezes

Meus pés

No lodo afundassem,

Mil vezes

Meus braços emergiriam

E mil vezes

Meu clamor se ouviria.

 

Se mil vezes

A derrota me derrubasse,

Mil vezes

Meu corpo se levantaria

Meus punhos se cerrariam

E meu desafio se ouviria.

 

Se mil vezes

Minha garganta secasse,

E meus olhos inchassem

Minha pele rachasse

E as chagas aumentassem,

Mil vezes

Meus lábios sorririam,

Minhas mãos se uniriam

Minhas preces voltariam

E minh’alma,

Mil vezes,

Se iluminaria.

 

(Poesia classificada em 1.º lugar no Concurso de Contos e Poesias, realizado pela Organização Sorocabana de Ensino – OSE – em 1977)

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FUGA

 

Quisera, ao sol do dia,

Esconder minha presença

Em profundo poço.

Dormir o sono longo

Dos justos, dos cansados.

 

Quisera, ao sol do dia,

Ser apenas uma pedra

Numa gruta distante.

 

Quisera, ao sol do dia,

Ser apenas uma folha

Num livro com folhas

Sem fim.

 

Quisera viver somente à noite:

Hora mágica do dia!

Que ventura ao espírito!

Quão liberta e suave

A vida noturna,

Em que a alma se despoja

Dos grilhões da rotina diária

Em que nossos sentimentos se abrandam

Ao contato de outros seres.

 

Hora mágica,

Dos cantores de poesia

Dos suspiros românticos

Dos aromas de mel

Da lua irradiando saudades!

 

Triste dia que chega

Ao canto do arauto emplumado!

Triste vida luminosa

E, também, escura

Que clareia o inimigo

Que, à noite, era irmão!

 

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DIVAGAÇÕES

 

De janela aberta

Em plena madrugada,

Ouço a chuva amena

Que me traz recordações:

Recordações de hoje

De ontem

Da infância

Do ventre materno

De outras vidas.

 

São tantas e tão confusas

Que já não sei

Se são minhas só;

Ora sou um menino,

A correr descalço

Pelas ruas da infância;

Ora sou um romano

Das conquistas galenas;

Ora sou um velho

Curvado sobre o cajado,

Contando aventuras

Que já viveu;

Ora sou um animal selvagem

A dominar seu reino;

Ora sou um penhasco

Avançado sobre o mar;

Ora sou o próprio mar,

A multiplicar mil vidas.

Pelos três reinos me vejo passar:

Como uma semente,

Uma flor,

Um cetáceo;

Como um menino,

Um homem,

Um deus.

Como uma chama a iluminar

A noite que se acabou!

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MINHA  SINGELA  POESIA

Escrevo frases soltas

Sem sentido oculto;

Versos livres

Sem atavismos literários;

Impressões fugazes

Sem intento definido.

 

Minha poesia não deve ser interpretada;

Deve ser sentida!

Meus versos simples

Não propõem discussões:

Falam de sentimentos simples

Que um pequenino raio de sol

Reflete na multidão!

 

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INSPIRAÇÃO SINTÉTICA

 

Noite,

Sentimentos,

Labaredas!

 

Mãos ágeis,

Febre poética!

 

Noite,

Sentimentos,

Criação!

 

(Poema classificado para a antologia publicada pela Universidade São Francisco (Bragança Paulista/SP), em 1990)

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O  CERNE  E  O  ROSTO

 

Velho rosto

Vetusto cerne;

Há em ambos

Linhas do tempo.

 

Na vida vegetativa

O tempo sulca a inconsciência;

Na vida humana

Sulca o tempo a consciência.

 

Em cada face

As linhas contam anos:

No cerne resplandece a Terra;

No rosto resplandece Deus!

 

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REVELAÇÃO

 

Quis um dia palpar nuvens

Represar lágrimas do céu

Prender raios de sol;

As nuvens se desfizeram

As lágrimas o chão secou

Os raios a noite levou.

 

Quis um dia cantar a liberdade

Ensaiar o bailado dos pássaros

Voar o voo do condor;

A liberdade bailou com os pássaros

O condor voou com as nuvens.

 

Quis um dia sonhar com Deus;

Acordei e vi somente o homem,

Mas, vendo apenas o homem,

Vi também a mão de Deus!

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ESTRADAS

 

Sou viajante peregrino

Em terra de todos

E de ninguém;

Viandante do pó

Andarilho da esperança

Caminheiro das estradas

Buscando…

 

Ao acalento do sol

Ao frescor das chuvas

Ao canto da natureza

Caminho entre hinos da vida.

 

Romeiro dos templos humanos

Contemplo maravilhas

E misérias,

Na confusa amálgama

Dos pensamentos.

 

As estradas as conquisto

Com minhas pegadas ocres.

Deixo em cada curva

Pedaços de histórias:

Planto cruzes

Colho dúvidas

Recolho restos

Junto fragmentos.

 

Sou viajante peregrino

Apoiado no bastão

De minha vivência.

Andante solitário,

Buscando…

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O  CHAMADO

 

Quando a Morte me encarar

Face a face

E sorrindo

Invocar meu nome

E o Destino me disser:

– Eis seu último minuto!

Abrirei meus olhos

Levantarei meu corpo

E, encarando a Morte

E o Destino,

Direi:

Meu último minuto

Pertence ao Senhor;

Quem vem me buscar

Não é a Morte…

Mas a Vida!

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Pedro Novaes: 'Tempo das cavernas'

  Pedro Israel Novaes de Almeida – TEMPO DAS CAVERNAS

 

colunista do ROL
Pedro Novaes

A humanidade caminha por entre avanços e recuos.

Alguns avanços, como o respeito aos animais e novos comportamentos no trânsito, não admitem recuos, e os infratores acabam punidos na forma da lei, sempre severa.  Tais avanços acabam incorporados aos hábitos e valores de todos.

Pouco ou nada avançamos justamente no quesito respeito humano, recordista em omissões e erros de autoridades as mais diversas, de todos os âmbitos.

Qualquer cidadão pode equipar seu veículo com o mais potente dos equipamentos sonoros, e sair demonstrando sua idiotia fazendo tremer calçadas, de locais de comércio ou residências.  Pode conduzir seu inferno volante a loteamentos às margens de represas ou regiões de chácaras, onde a calmaria é sempre esperada.

Tal cidadão dificilmente será obstado em seu percurso, ainda que passe por legiões de autoridades. É tamanha a sensação de impunidade que a caçamba de grandes caminhonetes mal consegue conter o enorme equipamento sonoro.

Se algum vizinho pouco civilizado locar seu imóvel a festeiros de fim de semana, ou juntar os próprios amigos, terá adquirido o direito de produzir som alto a qualquer hora, inclusive madrugada adentro, impedindo o sono e perturbando o sossego de toda a vizinhança. Ao prejudicado, que ingenuamente julga habitar um país civilizado, com o aparato estatal sempre defensor de direitos básicos, resta o apelo à Polícia Militar, que nem sempre comparece ao local dos fatos.

Quando comparece, a Polícia Militar solicita ao incomodante que diminua o som, e nem sempre é atendida. O incomodante, via de regra, não é conduzido ao plantão policial, e nada acontece  com o equipamento sonoro causador do crime ou contravenção.

O cidadão, que ainda crê e respeita a PM, aprende que a repressão, no sentido de obrigar a cessação da violência sonora, que os próprios policiais testemunharam, não mais existe. Resta procurar uma delegacia de polícia, registrar um boletim de ocorrência, e aguardar, aguardar e aguardar alguma consequência punitiva ou inibidora da falta de educação e pouca civilidade de alguns.

Botecos escandalosos seguem importunando vizinhanças, e prédios inteiros são atormentados por um ou vários animais, com som alto. Em Itapetininga, dezenas e dezenas de veículos adentram a área da Lagoa da Chapadinha, aos fins de semana, para a produção do inferno sonoro. Sequer a Guarda Municipal comparece, fazendo valer a norma que proíbe o acesso de veículos, naquele local.

Vivemos em plena idade da pedra, apesar do fato de constituir, o incômodo sonoro, uma questão de saúde pública.   Até quando ???

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.




Celso Lungaretti: 'COMÉDIA DE ERROS OU BATALHA DE ITARARÉ?'

Celso Lungaretti: ‘LULA CONTINUA LIVRE COMO UM PASSARINHO: A SUA PRISÃO

IMINENTE ERA SÓ BOATO’

 ‘

Causou surpresa entre os leitores assíduos do meu blogue a decisão de reproduzir, na 6ª feira passada (14), o alerta do jornalista e blogueiro Eduardo Guimarães sobre a prisão iminente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

O David Emanuel de Souza Coelho, que faz doutorado em Filosofia na UFMG, expressou no Facebook sua estupefação: “Eduardo Guimarães não é fonte confiável para nada”.

Lembrei-lhe de que eu deixara bem claro inexistir qualquer elemento de comprovação, que nos permitisse fazer uma avaliação própria do que tinha sido exposto de forma tão dramática; o Guimarães apenas alegava terem chegado ao seu conhecimento “informações fidedignas e verossímeis de que Lula pode ser preso a qualquer momento”, que “toda grande imprensa já tem os detalhes da operação” e que “os acertos todos já foram feitos”. 

Na impossibilidade de perguntar aos barões da mídia se confirmavam isso (eles me bateriam com a porta na cara!), só me restava publicar o alerta, acrescentando uma ressalva logo no 1º parágrafo. Pois:

Muita gente que diz saber muita coisa passa a vida relatando-as a jornalistas. Se você descartar tudo que lhe chega dessa maneira, jogará fora algumas pepitas junto com o montão de cascalho.Se você acreditar em tudo, será manipulado por esses caras. É no contato com eles que você pode avaliar se são confiáveis ou não. 

Como o alerta do Guimarães diz respeito a algo muito sério, pelo sim, pelo não, eu achei importante o meu público tomar conhecimento. Por outro lado, eu não falei com os informantes do Guimarães, então não tenho como afiançar que eles sejam confiáveis e que o Guimarães haja tido razão em confiar neles (…). Levando tudo isto em conta, coloquei seu alerta no ar, mas não me responsabilizei por ele, pois, no meu caso, seria como assinar um cheque em branco.

No dia seguinte, a Folha de S. Paulo noticiou que, por causa de tal informação ou boato, “movimentos de esquerda estão a postos para protestar contra uma eventual prisão do ex-presidente”. Como continuassem ausentes quaisquer elementos de comprovação, isto reforçou minha suspeita de que “tal onda” não passasse, afinal, “de mera suposição e um tanto de teoria da conspiração”. 

Por um motivo muito simples: as autoridades que podem ordenar a prisão do Lula já deram mostras cabais de não serem imbecis. Então, por que o encarcerariam nas proximidades do Natal, fornecendo um forte trunfo de ordem emocional para o proselitismo petista? 

Bem vistas as coisas, se decidirem mesmo prendê-lo, a ocasião mais propícia será após ele sofrer alguma condenação; neste exato momento o Lula não está fazendo nada que justifique uma prisão provisória. 
E mesmo que, por algum motivo nebuloso, quisessem precipitar as coisas, ainda assim lhes conviria agir no período morno entre o Natal e o carnaval, aproveitando a desmobilização geral. Como estão com a faca e o queijo na mão, não têm necessidade nenhuma de serem açodados.

Como Lula continuasse livre como um passarinho, o Guimarães  publicou na 2ª feira (17) um estranho post. Por um lado, o título (Mobilização pró Lula no fim de semana surpreendeu Lava Jatodá a entender que foi graças ao seu alerta que as intenções malignas não se consumaram.

Por outro, tenta convencer os leitores que fazia sentido, sim, lançar aquele alerta, mesmo sabendo que “haveria reações negativas à minha iniciativa porque (…) eu só tinha a minha palavra, sem provas ou documentos”.

O mais significativo, contudo, está neste parágrafo:

Não foi fácil a decisão de divulgar informação confiável que obtive, de que o núcleo duro da Operação Lava Jato já se decidiu pela prisão do ex-presidente Lula por conta simplesmente de timing – ou seja: se não prenderem Lula agora que ele e o PT estariam ‘muito fracos’, depois não iria dar porque, devido ao espancamento de pobres que Temer está promovendo, o ex-presidente deve se fortalecer politicamente em 2017.

Um dos meus princípios é nunca duvidar da boa fé de ninguém, a menos que tenha fortes razões para tanto. Não é o caso.

Então, acredito que os boatos acerca da prisão imediata do Lula tenham surgido em função de ele haver se tornado réu num terceiro processo. E, como quem conta um conto, acrescenta um ponto, a coisa cresceu como uma bola de neve, virando um roteiro completo de supostas ações inimigas futuras. 
O prato já deveria estar feito quando o Guimarães o recebeu, tendo ele se convencido de que era tudo verdade até por uma questão de afinidade com a narrativa: ela vinha exatamente ao encontro de suas convicções e crenças.

Então, não lhe ocorreu que se atribuía ao outro lado uma inverossímil obtusidade, como se não tivesse nada melhor para fazer do que levantar a bola para o PT marcar o ponto. E, exageros propagandísticos à parte, a hipótese de que Lula se fortaleça politicamente em 2017, alegado motivo da urgência em prendê-lo, está mais para sonho de uma noite de verão… 

Pelo contrário, indícios de recuperação econômica já surgem e tendem a avolumar-se daqui para a frente. Se o povo (com uma ajudazinha da grande mídia…) tiver a sensação de que começamos a sair da pindaíba, Temer estará, isto sim, mais forte no ano que vem. E o Lula, coitado, soterrado sob uma montanha de processos, não despertará nenhuma grande comoção popular em caso de infortúnio. 

A realidade é cruel, mas eu sempre preferi encará-la de frente e confrontá-la em toda sua extensão do que me consolar com ilusões ingênuas. A decepção que eu tinha para sofrer, já sofri quando vi o carrasco Médici sendo ovacionado pelos torcedores no Maracanã lotado de um domingo de Fla-Flu, quando fazia encenação demagógica com um radiozinho de pilha colado ao ouvido. 

Como diria o velho barbudo, os trabalhadores por enquanto constituem uma classe em si e pensam com a  carteira; em algum momento do seu processo de libertação, vão se tornar uma classe para si; e depois, as classes serão afinal abolidas, juntamente com a desigualdade econômica e social.

Devemos, sim, ter compaixão pelo Lula, fazendo o que estiver ao nosso alcance para que ele não sofra, septuagenário, os rigores e a humilhação do cárcere (sem esquecermos que o mesmo se aplica ao Zé Dirceu, outro septuagenário que deveria ser afastado da vida pública, mas não do lar e da família).

O que não faz mais sentido é utilizá-lo como bandeira política, fazendo de sua vitimização um trunfo para dar sobrevida à hegemonia do PT sobre a esquerda brasileira. 

Sebastianismo é coisa do século XVI. E, se preferir as bravatas à discrição e às tratativas de bastidores, buscando um confronto que não tem a mínima possibilidade de ganhar neste momento, Lula terminará mofando longamente atrás das grades. Trata-se de um preço alto demais para ele pagar, até porque seu sacrifício acabará sendo inútil: o PT não tem mais como dar a volta por cima, já está rolando ladeira abaixo.

A esquerda precisa aprender a viver sem o Lula, sem o populismo, sem o reformismo, sem a estatolatria, sem os mandatos eletivos nos podres Poderes, sem os palácios do governo, sem as maracutaias, sem as mordomias e boquinhas

Precisa voltar a ser revolucionária, lutando para reconquistar as ruas e sendo encabeçada por personagens que não tenham nada a ver com os escândalos e descaminhos recentes.

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VI Festi de Itapetininga realiza cerimônia de premiação

 

Evento contou com grande participação de público

 

festi1O VI Festival de Teatro de Itapetininga teve o encerramento na última sexta-feira, dia 14, e contou com a presença do corpo de jurados, de representantes dos grupos que se apresentaram e de grande público. O Grupo Teatral Tapanaraca abriu o evento, com a encenação do musical O Rei dos Judeus, peça que esteve presente em diversas cidades e que conquistou vários prêmios.

“O festival alcançou o objetivo: contribuir para a formação de público e valorizar espetáculos de grupos amadores de qualidade. O retorno do Festi representa um importante passo na ratificação de políticas públicas para a Cultura”, declara Mauricio Hermann, secretário de Cultura e Turismo.

Os vencedores levaram para a casa um troféu em forma de ferradura, confeccionado pelo artesão itapetiningano Antonio Carlos Estanagel. Na abertura da premiação, ele destacou que o objeto tem a cara do interior. “Nada melhor do que uma ferradura de mula para retratar a nossa cultura tropeira. É identidade de Itapetininga”.

O jurado Marco Gianfferi se surpreendeu positivamente com o festival e manifestou o desejo de que se repita. “Vejo um belo atrevimento da cidade organizar um festival de teatro, já que a tendência de muitos municípios é cortar eventos culturais, como este”, afirma.

fest-3Para o Grupo Teatral Tapanaraca, que foi parceiro na Secretaria de Cultura e Turismo no VI Festi, foi a realização de um sonho. “Temos uma longa vivência em festivais, foi maravilhoso trazer essa experiência para o público de Itapetininga e não imaginávamos uma presença tão maciça da população.”, afirma Lucy Villar, uma das diretoras do grupo.

Ainda segundo Lucy, participar de um festival faz toda a diferença na carreira de um grupo amador. “Já participamos há mais de 10 anos, nas mais diversas cidades do Estado e podemos dizer que existe o Tapanaraca antes e depois disso. Ouvir opiniões técnicas, de pessoas não envolvidas diretamente na concepção de um espetáculo nos ajuda muito”, explica.

Outro jurado, Rildo Goulart, destaca que é notório que entre os grupos haviam diferentes níveis de experiência, o que é típico de um festival amador. “Alguns atores de destacaram de forma fantástica. Os grupos nos deram muito trabalho. Foram cerca de cinco horas para determinarmos os vencedores”, confessa Goulart.

festi-6Ele ainda ressalta a importância da realização de festivais de teatro. “Neste mundo tão tecnológico, é encantador e muito importante vivenciar o contato humano que só o teatro proporciona. O teatro transforma o ator, transforma a plateia, contamina e pode mudar uma sociedade toda. Por isso eu digo que façam teatro, estudem teatro, levem o teatro para todos os cantos e sejam agentes transformadores”.

 

 

 

Confira os vencedores do VI Festi:

Melhor Figurino: A Velha Amorosa – Cia da Boca/Cia Ai dos Dois, de São José do Rio Preto

Melhor Maquiagem: A Velha Amorosa – Cia da Boca/Cia Ai dos Dois, de São José do Rio Preto

Melhor Cenografia: Cia da Boca/Cia Ai dos Dois, de São José do Rio Preto

Melhor Iluminação: O Pequeno Príncipe –  Cia de Teatro Quatro Cantos, de Quadra

Melhor Sonoplastia: Vestido de Chita – Grupo Engenhoca Teatral, de Sorocaba

Melhor Atriz Coadjuvante: Jennifer Alves – Manifesto do Subconsciente – Cia 8 Studio Encena, de Itapevi

Melhor Ator Coadjuvante: Gabriel Ricanelli – Manifesto do Subconsciente – Cia 8 Studio Encena, de Itapevi

Melhor Atriz: Gisele Lançoni – Velha Amorosa – Cia da Boca/Cia Ai dos Dois, de São José do Rio Preto

Melhor Ator: Juliano Brito Martinez Brochers – Vestido de Chita Grupo Engenhoca Teatral, de Sorocaba

Atriz Revelação: Juliana Ap. Assis Almeida – Vestido de Chita Grupo Engenhoca Teatral, de Sorocaba

Ator Revelação: Mateus Willian Caruso – Vestido de Chita Grupo Engenhoca Teatral, de Sorocaba

Melhor Direção: Hélton Lima – Manifesto do Subconsciente Cia 8 Studio Encena, de Itapevi

Melhor Espetáculo: A Velha Amorosa – Cia da Boca/Cia Ai dos Dois, de São José do Rio Preto

O vencedor do prêmio de melhor direção, Hélton Lima, com o espetáculo Manifesto do Subconsciente, conta que ficou muito feliz com o prêmio. “Este é um trabalho novo, feito em um processo colaborativo entre todos os atores”. Lima, que alia teatro e educação em seu trabalho, lembra a importância das artes cênicas na vida dos jovens: “O teatro não envolve apenas o ator. Envolve também sua família e é capaz de transformar uma realidade. Por menor que seja, qualquer mudança já é significativa para termos uma sociedade melhor”, finaliza.

Marcos Clovis Fogaça, diretor do espetáculo Vestido de Chita, que venceu em quatro categorias também manifestou sua felicidade. “Os alunos não puderam estar aqui, mas vai ser lindo chegar lá e entregar os prêmios a eles. Espero que eles continuem se dedicando e que possamos estar aqui ano que vem novamente”.