LANÇAMENTO DE LIVRO: CASAMENTO BLINDADO – GUIA DE ESTUDO E APLICAÇÃO

PARA SE APROFUNDAR NOS ENSINAMENTOS DE CASAMENTO BLINDADO

Thomas Nelson Brasil lança guia para estudar as lições do casal best-seller Renato e Cristiane Cardoso

Após os sucessos Casamento Blindado e 120 Minutos para blindar seu casamento, com mais de 2,5 milhões de exemplares vendidos juntos, chega às livrarias uma das obras mais esperadas deste ano: Casamento Blindado – Guia de Estudo e Aplicação. O título de Renato e Cristiane Cardoso é lançamento da Editora Thomas Nelson Brasil.

“O objetivo desse guia não é avaliar se você acerta ou não as respostas, mas ajudá-lo a entender melhor o seu casamento e o conteúdo do livro que irá blindá-lo”, escreve o famoso casal de apresentadores da TV Record, complementando os ensinamentos dos títulos anteriores, que melhoraram a vida de vários cônjuges: “Milhares de casais que decidiram praticar os princípios contidos no Casamento Blindado foram beneficiados renovando sua história conjugal”.

No Guia de Estudo e Aplicação, o casal vai encontrar atividades e exercícios que estimularão a reflexão pessoal e ajudarão a fixar na mente e no coração os princípios capazes de blindar qualquer casamento. O conteúdo conta ainda com 21 aulas extras, tudo isso de forma lúdica e ao mesmo tempo bastante consistente.

No decorrer dos 22 capítulos, a obra trata desde como manter a fidelidade, as necessidades básicas do homem e da mulher, e como melhorar o diálogo e o romantismo. A partir de questionários de múltipla escolha, respostas abertas e até cruzadinhas, os cônjuges participam junto do livro ao avaliarem como anda o seu relacionamento. E relendo os valores de como trabalhar a emoção e a razão, alcançarem uma felicidade permanente em seu lar.

Sobre os autores: Renato e Cristiane Cardoso casaram-se em 1991 e logo depois foram morar nos Estados Unidos. Numa jornada de vinte anos, viveram em três países e fizeram palestras em mais de trinta, sempre trabalhando no acompanhamento e aconselhamento de casais.

Construíram um ministério sólido, que trouxeram ao voltar para o Brasil em 2011. Além de ministrarem cursos e palestras sobre relacionamento conjugal, são apresentadores do programaThe Love School – A Escola do Amor, exibido semanalmente na Rede Record, onde Renato e Cristiane Cardoso confrontam os mitos e a desinformação nos relacionamentos, ensinando casais e solteiros sobre o Amor Inteligente.

Renato é educador familiar e matrimonial, certificado pelo National Marriage Centers de New York. Cristiane é autora dos best-sellers A mulher V e Melhor do que comprar sapatos.

Ficha Técnica
ISBN: 9788578605605
Dimensões: 15,5×23
Páginas: 256
Preço: 29,90




SECRETARIA NA PRAÇA COMEÇA DIA 24

Primeira audiência pública já está marcada para o próximo dia 24. Ideia é ouvir sugestão dos moradores

A Prefeitura de Itapetininga irá promover uma série de audiências públicas para discutir um plano de ação conjunto entre as Secretarias de Trânsito e Cidadania, Obras e Serviços e Agricultura e meio Ambiente.  A ideia é somar esforços para melhorar a qualidade de vida da população.

As audiências já começam no próximo dia 24 de janeiro, na Vila Piedade. A Prefeitura quer ouvir todas as sugestões dos munícipes para encontrar soluções eficazes e eficientes.  Depois de realizadas todas as audiências, o plano de ação será executado imediatamente, concentrando esforços e realizando um trabalho planejado.

Como vai funcionar

As equipes das três secretarias envolvidas estão elaborando um plano de ação que unirá equipes e funcionários, trazendo agilidade para realização dos serviços.  A ideia é que a Secretaria de Obras realize toda a parte de pavimentação asfáltica, iluminação, limpeza e obras de infraestrutura. A Secretaria de Meio Ambiente realize o trabalho de poda, plantio de árvores e jardinagem.

Já a Secretaria de Trânsito e Cidadania fará a sinalização vertical e horizontal, implantação de redutor de velocidade, definição de rotas e colocação de pontos de ônibus.

Fique ligado!

Dia 24/01

Horário: das 10:00 horas às 12:00 horas

Local: Praça da Vila Piedade

Grupo I

– Vila Mazzei

– Conjunto Habitacional Nina Piedade

– Jardim Maria Luiza

– Vila Garrido

– Vila Santa Isabel

– Jardim Daisy

– Vila Piedade




LANÇAMENTO: DE VOLTA A ESCURIDÃO

Em tempos de ambição e vaidade, escritora lança livro sobre a inversão de valores na sociedade

A autora Ana Maria Santos autografará seu livro De volta a escuridão, publicado pela Editora Pandorga, na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi de Salvador, no dia 21 de dezembro às 19 horas. A obra convida, de maneira sútil, o leitor a refletir sobre o valor dos relacionamentos da vida contemporânea. A intenção é mostrar que o ambiente corporativo, as relações de amizade e, até mesmo, o contexto familiar oferecem exemplos abundantes de pessoas dispostas a maltratar umas às outras por ambição, vaidade e, muitas vezes, sem motivo algum.

O livro captura esta ausência de compaixão, como, também, o viver e agir sem limites em que muitos se habituaram. Na trama, a personagem Sofia Alves luta por justiça após o assassinato de sua irmã. Para ela, somente isso pode encerrar seu luto. Em uma luta desigual, ela enfrentará homens poderosos. Mas, eles cometeram um erro: subestimaram a força de superação de uma mulher.

Ficha técnica:
Autor: Ana Maria Santos
ISBN13: 978858440223
ISBN10: 8584402233
Número de Páginas: 392
Número Edição: 1
Ano Edição: 2014

Serviço:
Sessão de autógrafos: De volta a escuridão
Onde? Shopping Iguatemi
Endereço: Av. Tancredo Neves, 148 – Lojas 5 e 6 quadras
Quando? 21 de janeiro, quarta-feira
Horário: 19 horas




LANÇAMENTO: O MELHOR AMIGO DO HOMEM AGORA EM HQ

Por meio de quadrinhos divertidos e cheios de identidade, livro que fala sobre o Pastor Alemão inaugura novo selo da Pólen Livros

A terceira raça canina mais inteligente do mundo acaba de ganhar uma homenagem em HQ. O livro Eu sou um pastor alemão, do quadrinista Murilo Martins – ganhador do prêmio Angelo Agostini de melhor lançamento independente em 2012, pela HQ Love Hurts – foi escrito originalmente em inglês e lançado de maneira independente na Toronto Comics Arts Festival, no Canadá. Agora em português, a obra é uma das apostas da Pólen HQ, novo selo da Pólen Livros.

Eles são fiéis, inteligentes e considerados os melhores amigos do homem! Claro que são os cachorros. E o livro Eu sou um Pastor Alemão, do quadrinista Murilo Martins, brinca com a raça, que é considerada a terceira mais inteligente do mundo. A trama, publicada pela Pólen Livros, em seu novo selo, o Pólen HQ, é verdadeiramente bem humorada e traz quadrinhos excepcionais que contam um pouco da história dessa espécie que é uma das mais populares em todo o mundo.

A obra, além de trazer sarcásticos diálogos entre os personagens, se destaca pelas ilustrações que fogem do que geralmente se vê no universo dos quadrinhos e dão a história um tom ainda mais especial. Outro ponto a ser ressaltado é que o livro tem a costura lateral aparente, o que dá um charme inovador à publicação e tem tudo a ver com o conceito que o novo selo da editora quer inserir no mercado editorial e no mundo dos HQs.

Desde os primórdios, o Pastor Alemão é uma das raças mais escolhidas para serem cães-de-guarda e é exatamente em torno dessas características que gira todo o enredo do livro. Extremamente seguro, leal e compenetrado, o protagonista, que é responsável por cuidar de um rebanho de ovelhas, se gaba o tempo todo de sua inteligência, enquanto é sempre questionado pela “ovelha negra” do grupo.

Murilo Martins é um desenhista versátil, graduado em Publicidade pela Escola de Comunicações e Artes da USP. O livro foi escrito originalmente em inglês e lançado de maneira independente na Toronto Comics Arts Festival, no Canadá. Com traços únicos e roteiro inteligente, Murilo recebeu o prêmio Angelo Agostini de melhor lançamento independente em 2012, pela HQ Love Hurts.

O lançamento oficial do livro acontece no dia 24 de janeiro na tradicional loja de quadrinhos Monkix, em São Paulo, a partir das 16 horas. No mesmo dia, também será lançado o livro Cidade das águas, adaptação da peça de teatro Origem Destino, escrita por Marcos Gomes e dirigida por Andrea Tedesco. As duas obras inauguram o selo Pólen HQ.

Sobre o autor

Murilo Martins vive em São Paulo, é diretor de arte e faz zines e histórias em quadrinhos. Seu primeiro livro, Love Hurts, recebeu o prêmio Angelo Agostini de melhor lançamento independente em 2012.




APOLLO NATALI: "NÃO SOU CHARLIE"

Foto closeAPOLLO NATALI: “NÃO SOU CHARLIE” – Artigo de Celso Lungaretti

Com toda a razão, católicos de todo o mundo se sentiram agredidos em sua fé com a depreciação da figura de Jesus no filme A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorcese.  Sou espírita, o espiritismo é cristão, não vou me converter ao islamismo e muito menos assino embaixo de qualquer atentado. Mas a pergunta que não cala é se mulçumanos de todo o mundo igualmente não se sentem agora agredidos em sua fé com o jornalismo panfletário praticado mediante a já antiga produção semanal de cartuns a depreciar humoristicamente o fundador de sua religião.

É honesto, sou repetitivo, sim, o mundo se perguntar agora a que ponto se sentem agredidos em sua fé mulçumanos de todo o planeta, acreditados como pacíficos, vendo o criador de sua religião ridicularizado persistentemente diante da produção semanal de cartuns de uma imprensa merecedora de ser chamada panfletária, do tipo do primeiro império no Brasil, de liberdade total para injuriar, caluniar, difamar, provocar e a liberar violência física e mortes entre ofensores e ofendidos.

A liberdade de expressão tem limite, evidentemente que tem. Numa democracia, esse orgulho do Ocidente e profissão de fé dos visionárias da liberdade, da justiça, da paz , sabemos todos, esse limite é não ultrapassar as fronteiras da lei, da ordem, da ética. O limite da liberdade de imprensa é o respeito ao próximo. Simples assim.

Mas é ingenuidade delirar preceitos jornalísticos universais sabendo-se que por trás da produção de cartuns ignominiosos a Maomé, se trava um confronto entre povos. Os cartuns panfletários do semanário Charlie Hebdo configuram uma prática de guerra destinada a desmoralizar inimigos e não se resguardam em qualquer valor ético para reclamar atentado à liberdade de imprensa. Com o fim de desmoralizar inimigos, Charlie desfere injúria contra amigos, inimigos, religião, seres humanos.

É hora de separar: de um lado, a imprensa. Do outro, essa guerra contemporânea, ideológica e econômica, cuja gênese pode ser encontrada na natureza tenebrosa da espécie humana. Reclamar que o injustificável, embora explicável, atentado à revista Charlie Hebdo  foi um tranco na liberdade de expressão, como fazem até alguns  considerados ícones entre os jornalistas, é jogar no lixo o que a humanidade aprendeu até agora sobre imprensa.

Pois é o que está em jogo, o papel da imprensa.

As palavras que a seguir saem da minha boca não são uma vaidosa aula de jornalismo e sim meu modo de dizer porque não sou Charlie, essa expressão que assume ao mesmo tempo a conotação de cooptação a atentados psicológicos à pessoa humana praticados por um semanário e de condenação, justificável, de atentados terroristas com mortes. Hebdomadário quer dizer semanal, explica a já minha presunçosa aula.

Portanto, crianças, imaginemo-nos em sala de aula sobre comunicação. Diz-nos no Brasil o professor José Marques de Mello que a charge é gênero jornalístico opinativo. Há também, ensina ele, os informativos – notas e notícias, e os interpretativos – a entrevista, a reportagem, o livro-reportagem.

Pois bem, charge é gênero jornalístico e, como tal, necessariamente impregnado de seus limites morais. O que surpreende, e o quanto surpreende, é que mesmo jornalistas-mito, escudados numa desvairada liberdade de imprensa tipo lesa-humanidade, defendam a afronta que o manuseio de um lápis comete contra todo um imenso povo, sua religião, seu líder.

Não sou Charlie. 

(Apollo Natali, especial p/ o blogue Náufrago da Utopia)

LUNGARETTI: “SER OU NÃO SER CHARLIE? SER OU NÃO SER CIVILIZADO?”

“…assim, mal dividido,

esse mundo anda errado:

que a Terra é do homem,

não é de Deus nem do diabo”

(Sérgio Ricardo, sertão vai virar mar)

Apollo Natali, meu amigo há décadas e ex-colega de redação na Agência Estado, é um dos grandes jornalistas e dos melhores seres humanos que conheço. Sua opinião terá sempre lugar e vai ser sempre respeitada nos meus espaços virtuais, daí eu ter imediatamente concordado com seu pedido de publicação do artigo Não sou Charlie (acesse aqui), expressando seu descontentamento, como religioso, com filmes e publicações que lhe parecem inconvenientes.

Também tenho, claro, algumas palavras a dizer. Não se nega aos crentes o direito de sentirem-se ofendidos, mas vale lembrar que nenhum deles é obrigado a ler o Charlie Hebdo ou ver A última tentação de Cristo. Os que o fizeram, provavelmente, foi em função do falatório e das polêmicas, para verificarem se era ou não verdade o que se dizia a respeito de ambos –já predispostos, portanto, à indignação.

No Ocidente, com a separação entre Igreja e estado, sua única iniciativa possível contra a fita era recorrerem aos tribunais. Felizmente, países contemporâneos à própria época não censuram filmes por atentarem contra a imagem de personagens históricos que alguns consideram sagrados, outros não. E já vão longe os tempos em que católicos queimavam bruxas e lançavam cruzadas sanguinárias contra os infiéis, então nenhuma besta-fera foi encher de balas o diretor Martin Scorcese ou o ator Willem Dafoe (que interpretou Cristo)

Os responsáveis pelo semanário, por sua vez, jamais fizeram o que seria, realmente, uma provocação: providenciar traduções e lançar edições direcionadas para países e contingentes humanos que vivem no século 21, mas continuam com a cabeça no século 6.

A quais maometanos antes incomodavam, de verdade, os 60 mil exemplares do Charlie Hebdo comercializados semanalmente na Europa? Pouquíssimos, decerto. O que houve não foi nenhuma reação furibunda de indivíduos emocionalmente primitivos que estariam sentindo-se agredidos em sua fé, mas sim uma sanguinária e calculista demonstração de força de terroristas clássicos (aqueles que, como francos-atiradores dissociados das massas e sem estarem contribuindo para nenhum ascenso revolucionário, utilizam a violência apenas para punirem e intimidarem seus inimigos), os quais garimparam diligentemente, até encontrarem, um alvo condizente com a mensagem que queriam passar.

Terroristas clássicos obtêm muitos holofotes, mas sua pirotecnia quase sempre levanta a bola para o inimigo marcar pontos, além de eventualmente ter consequências catastróficas. No primeiro caso está, p. ex., a tentativa de matarem o czar Alexandre III em 1897, que redundou na execução do irmão do Lênin, Alexandre Ulianov, e de quatro de seus companheiros, além, é claro, de um previsível agravamento da repressão política.

E no segundo, tanto o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando por parte do mão negra Gravilo Princip em 1914, que conduziu aos horrores da 1ª Guerra  Mundial; quanto o atentado ao WTC em 2011, responsável pela pior escalada global de estupro dos direitos humanos e perseguição a inocentes que os cidadãos de origem árabe já sofreram.

Marxistas e anarquistas há muito descartaram e se dissociaram do terrorismo clássico. Nos últimos tempos, contudo, contingentes desnorteados de esquerda, trocando a coerência com seu amadurecimento político que já haviam atingido pela mais tacanha realpolotik, vêm cometendo uma dupla heresia (este termo retrô cai como uma luva no atual contexto…):

  • a de defenderem fundamentalistas religiosos que não querem, de maneira nenhuma, fazer a humanidade avançar para além do capitalismo, mas sim fazê-la retroceder para antes do capitalismo, ou seja, para as trevas medievais; e
  • a de defenderem terroristas clássicos e seus monumentais tiros pela culatra, tornando-se parceiros dessas derrotas e associando estupidamente sua imagem a carnificinas que qualquer cidadão isento repudia.

Caem no vazio suas tentativas de relativização de um episódio que foi, isto sim, totalmente bestial e absolutamente condenável. Quando alguém é chacinado por dá-lá-aquela-palha, buscar justificativas para o crime soa hipócrita e aberrante. Uma das diferenças entre nós e os animais é que, ao contrário dos touros, não temos nenhuma compulsão irresistível de destruir um semelhante apenas porque veste vermelho.

Reconheço e até admiro a boa fé de religiosos como o Apollo Natali, mas não perdoo os esquerdistas que abdicam do seu compromisso fundamental com a civilização, passando a raciocinar como simplórios torcedores de futebol (“Se é contra os EUA, a Europa e Israel, vale tudo, até gol de mão nos acréscimos, em posição de impedimento”…).

Por último: religiosos de ocasião e por conveniência à parte, como fica a questão das pessoas devotas que, sinceramente, sentirem-se insultadas em sua fé?

Ora, sendo nosso estado laico, homens tidos como santos são encarados, por quem não é religioso, como personagens históricos (ou fictícios) iguais a quaisquer outros. Não cabe nenhuma forma de censura ou perseguição dos poderes públicos a quem trata Cristo ou Maomé da mesma forma que, digamos, Vlad Dracul e Hitler (os quais, aliás, têm lá seus defensores, mas 99,9% do que aparece sobre eles em filmes e semanários é extremamente negativo).

E, como a ninguém é dado o direito de fazer justiça com as próprias mãos no Brasil do século 21, só resta aos ofendidos o caminho dos tribunais e de iniciativas visando ao convencimento da opinião pública (desde anúncios pagos até campanhas virtuais incentivando o boicote aos blasfemos).

No fundo, o que os religiosos pretendem é que se conceda um tratamento diferenciado para quem eles consideram diferente. Mas, agnósticos, ateus e mesmo religiosos de outras confissões podem discordar (um neopentecostal admitiria, p. ex., Oxalá como similar a Jesus Cristo?). Então, não faz nenhum sentido, em termos legais ou morais, pretender que a imprensa não os ridicularize como ridiculariza outros personagens históricos do passado e do presente.

Podemos até achar que a irreverência é exagerada no seu todo, que a nossa imprensa pega pesado demais com Paulo Maluf e Jair Bolsonaro, ou que a francesa pega pesado demais com Jean-Marie Le Pen e Maomé. O que não podemos é aceitar como válidos os piores achincalhes a Bolsonaro, Maluf e Le Pen e, ao mesmo tempo, não admitir a mais inofensiva irreverência com Maomé.

Caso contrário, para que terão servido, afinal, 1945 e 1985 aqui, o iluminismo e a grande revolução lá? E de que valeu tantos resistentes morrerem lutando contra os nazistóides daqui e contra os nazistas de lá? Pois eram todos expressões da intolerância, fanatismo e autoritarismo inseparáveis da tese da intocabilidade dos homens santos

Além do mau humor e dos maus bofes, claro!

(Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia)




A OPINIÃO DE LUIZ FERNANDO VERISSIMO: BLASFÊMIA

Foto closeTem gente dizendo que cartunistas foram longe demais, o que equivale a afirmar que mereceram. É o mesmo raciocínio de quem diz que mulher estuprada estava pedindo

Vamos combinar que não existe nada mais ofensivo do que um tiro na cabeça. Não posso imaginar uma blasfêmia maior do que espalhar os miolos de alguém com um AK-47. Porque tem gente dizendo que os cartunistas do “Charlie Hebdo” foram longe demais, o que equivale a dizer que mereceram o que lhes aconteceu. É o mesmo raciocínio de quem diz que mulher estuprada geralmente estava pedindo.

“Blasfêmia” quer dizer uma afronta ao sagrado. Assim, a verdadeira discussão não é sobre o que as pessoas consideram blasfêmia, mas sobre o que consideram sagrado. A descrença em qualquer divindade é uma blasfêmia perene — ou, visto de outra forma, quem não crê em nenhum deus não pode, por definição, ser um blasfemo.

Muitas vezes o que se faz em nome de uma crença ou de uma divindade é que é blasfêmia: uma ofensa a quem acha que sagrado deve ser a vida humana, o direito de pensar livremente e o direito de descrer. Não se está falando só do islamismo radical. Já houve tempo em que não acreditar no Deus da Igreja Romana era razão suficiente para ser queimado vivo. Levava mais tempo do que um tiro de AK-47.

Mudando de assunto, mas não muito. A reação do George W. Bush aos ataques ao World Trade Center foi da catatonia, quando recebeu a notícia, à hiperatividade impensada que resultou na transformação da base americana de Guantánamo em campo de concentração para “terroristas” que, na sua maioria, não tinham nada a ver com o atentado e, mais tarde, na invasão do Iraque para pegar o Saddam, que também não tinha nada a ver com o Onze de Setembro, e as suas armas de destruição em massa, que não existiam. Mas, faça-se justiça: num dos seus primeiros pronunciamentos depois dos ataques, quando já se sabia quem eram os responsáveis, Bush fez questão de alertar contra perseguições aos muçulmanos no país, que não tinham culpa da ação radical de uma minoria.

Na França pós-Sete de Janeiro, com sua imensa população muçulmana, vítima do ressentimento de boa parte da maioria francesa e da crescente reação a imigrantes em toda a Europa, vai ser difícil seguir um conselho como o do Bush. A direita inchou do Sete de Janeiro para cá, na França. Se sua pregação racista vai prevalecer contra a tradição libertária da terra dos direitos humanos, é o que se verá nas próximas eleições. Os AK-47 podem ter matado muito mais do que 17 pessoas.




UM BOM ARTIGO SOBRE O ATENTADO AO JORNAL CHARLIE

Atendendo a pedido de leitor, reprodução de um texto de Rosa Guerreiro

“The times, they’re changing…quem nao conhece esta musica emblématica do Bob Dylan, nos ja sexagenarios, e outros mais jovens. Ah época, acreditávamos em mudanças apesar de também serem tempos de guerras. Aspirávamos à paz. O século mudou, no momento do ataque às torres gêmeas. Senti que mudávamos de época. Os franceses, neste momento, sentem que o 11 de setembro deles foi o 7 de Janeiro deste ano. Conhecia pessoalmente dois dos cartunistas, Wolinski e Cabu. Foi há tempos, após os cartoons dinamarqueses do Jyllands Posten, organizamos um seminário “Humor e religiões”, quando era encarregada do programa de dialogo interreligioso na UNESCO. Vieram pessoas de vários lugares, inclusive do mundo árabe – muçulmano, israelenses, crentes e não-crentes. Rimos muito, debatemos demais e no fim houve 2 conclusões marcantes: o homem que não consegue ri da sua religião não é “religioso”, e rir é o melhor remédio, que é quase um lema universal, sobretudo em tempos bicudos. Pude apreciar o quanto homens e mulheres “não ocidentais” achavam um “privilégio” poder exercer uma total liberdade de expressão sem levar chibatadas (o que ocorre hoje amiúde nesses países) nem serem presos ou até desaparecer por se declararem não crentes.Pode-se ser Charlie ou não-Charlie, o diálogo deve também implicar em não estar de acordo com todos e com tudo. Ha muita gente que acha que os cartunistas do Charlie Hebdo faziam “too much” no sentido de caricaturar religiões, ainda que também caricaturavam políticos, porem no contexto da sociedade francesa, desde 68 quando surgiu esse hebdomadário, era uma válvula de escape. E difícil entender quando não se mora la e se vivencia uma sociedade se alquebrando porque não consegue integrar alguns das suas comunidades mais visíveis e numerosas – 6 milhões de muçulmanos. Friso a palavra muçulmano porque nao têm eles nada a ver com grupúsculos islâmicos radicais para não dizer psicopatas, muitos deles jovens delinquentes convertidos nas prisões aliciados por imas falaciosos. Tenho muitos amigos muçulmanos, alguns deles imas e sempre digo-lhes, vocês têm que demonstrar, sair às ruas e proclamar que o Isla não é isso, que esses malucos não lhes representam, que ha uma pedagogia a ser seguida, de contextualizar o Alcorão, a Sunna, e virar as costas para interpretações literais como a da escola hanbalita (idade média) ou wahhabita (século XVIII).

Os muçulmanos vieram à Franca porque chamados a trabalhar nas grandes fabricas montadoras de automóveis durante as “30 glorieuses” na França. Nos anos 70, iniciou-se a politica do reagrupamento familiar, construíram-se edifícios horrendos nos subúrbios, começou um fenômeno de “ghetoisazao”, o trabalho industrial foi minguando, a crise instalou-se de maneira durável. é o que vivemos. Hoje, os jovens já são franceses enquanto seus pais e avos ainda pensavam em retornar para o”bled”, as cidadezinhas de onde eram oriundos sobretudo da Argélia. Essa juventude tomou vários caminhos, pois diferentemente do que se pensa, muitos puderam aproveitar o sistema francês de ensino e se tornaram personalidades em diversos campos, inclusive, no Charlie, trabalhavam muçulmanos. Outros, de fato, ficaram em ambientes desfavorecidos e com o tempo, se sentiram marginalizados, psicologicamente fragilizados.

Nosso mundo moderno, globalizado, “virtualizado” foi paradoxalmente uma ferramenta para eles acessarem essas imagens violentíssimas do Jihad que ao mesmo tempo, lhes oferecia uma “nova fraternidade” na “Umma” comunidade só deles, com suas regras de vida e alimentando em mentes frágeis o sentimento de pode virar herói, de assumir uma “identidade” que para eles, era-lhes negada pelo “Ocidente”. Esse ocidente que lhes acolheu e bem ou mal, tentou integra-los, como conseguiu fazer com os inúmeros asiáticos franceses. Então, os “cartoons” só são a ponta de um iceberg, a pergunta que não quer calar é que modelo de integração com politicas inovadoras pode-se conceber para que essa radicalização seque?

Ai esta o grande desafio tanto da Franca como da Europa e dos Estados Unidos. Cada um terá um resposta em função da realidade que enfrentam. A primeira resposta é acabar com essa expansão do EI que é um verdadeiro chamariz para jovens europeus muçulmanos e convertidos, estes às vezes os piores. Segundo: repressão é importante, é poder antecipar, escrutar onde e como estes grupos se movem para que não haja negligências. Mas terceiro: informação e educação, tanto dos imas que têm um papel predominante em guiarem os jovens muçulmanos para que se tornem cidadãos e não assassinos, sobretudo em nome da sua religião mal compreendida e usada para aniquilar inocentes, na Europa mas sobretudo no próprio mundo muçulmano (incluo aqui a Nigéria com forte maioria muçulmana) onde minorias cristas de todas denominações, Yezidis e também ateus são chacinados, mulheres estupradas.

Poderia dizer muito mais como historiadora das religiões, tendo visitado subúrbios “quentes” nos arredores de Paris. Veremos como a situação evolui. Estou no Rio, mas se estivesse em Paris seria uma pequena Charlie desfilando junto com amigos e colegas e bradando: isto nunca mais.

E aqui da praia, do meu posto, gargalhando “in petto”, pois como disse : rir é o melhor remédio, esses selvagens “no pasaran”…

ROSA GUERREIRO”