Genealogia: Afranio Mello fornece informações sobre a FAMILIA TRENCH

Afrânio Mello - ATENDIMENTO NÚMERO 510

 

Caro José Luiz,

Demorou um pouco mas foi encontrado algumas informações sobre a origem do sobrenome TRENCH.

Nós temos, aqui em Itapetininga, a Família Trench ( Edmundo, Edmundo Filho, Hely,Huard,Haley entre outros)

e , todos aqui, pensam que a origem é alemã.

Puro engano :  a origem é franco-britânica e o sobrenome inicial é La Tranche. Veja o texto abaixo.

Extraído do texto abaixo a primeira referência do sobrenome Trench, no ano de 1576 na Inglaterra.

Registra-se Frederick de la Tranche, nascido em 1543, Poitou, França e falecido em  Northumberland, Inglaterra;

casou-se em 1576 com Margaret Sutton, Inglaterra. Teve os seguintes filhos: Thomas Trench, nascido em 1578,

Northumberland, Inglaterra e James Trench, nascido em 1580, Northumberland, Inglaterra.  É o início do Sobrenome TRENCH.

Segue a parte dois belos Brasões da família.

 

Não encontrei referências a entrada dessa família no Brasil.

Grande abraço , do amigo e confrade,

Afrânio Franco de Oliveira Mello
IHGGI / ROL – Jornal On Line

 

 

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Trench, Tranche sobrenome de origem franco-britânica.

As famílias de ambas as grafias, tanto na Inglaterra como na França adotaram o mesmo brasão de armas. Os primeiros que adotaram esse apelido vieram da região de Northumberland, Inglaterra. Eles eram franceses oriundos da província de Poitou e tinham o sobrenome La Tranche (a fatia em português), o que pode se referir a uma fatia ou parte de uma propriedade rural, indicando que os primeiros membros dessa família francesa eram agricultores. Essas famílias eram protestantes Huguenotes e fugiram para Inglaterra devido a perseguição Católica na França. A Inglaterra sendo uma nação protestante os acolheu, apesar de diferenças religiosas.

clip_image006Várias famílias de Huguenotes franceses imigraram para a Inglaterra e esses sobrenomes foram modificados para língua inglesa, como por exemplo o sobrenome português Brandão, nas Inglaterra passou-se a ser escrito Brampton e assim aconteceu em outros países. O francês no decorrer dos séculos teve variações ortográficas, sobretudo na Idade Média. O idioma francês foi desenvolvido do Latim vernáculo do Império Romano. Este foi dividido por três históricos e linguísticos períodos. Velho Francês, que se desenvolveu antes do século XIV com extrema influência de línguas germânicas e som das tribos bárbaras que invadiram o atual território francês que era a antiga Gália Romana. O Médio francês que abrange o período dos séculos XIV a XVI com forte influência do italiano, devido a Renascença.  O francês Moderno que se estabeleceu no século XVI é o usado e falado até os dias de hoje. Com isso os sobrenome Huguenotes sofreram diversas variações. Assim há variações no apelido como vemos: Tranch, Tranche, Trench, Trenche.

O primeiro nome de referencia da família na Inglaterra é Frederick de La Tranche ou Trenche que sobreviveu ao massacre de St. Bartolomew (imagem) nos dias 23 e 24 de agosto de 1572 em Paris, França. Frederick chegou na Inglaterra no ano de 1575.

Registra-se Miguel Tranche, nascido em 1780, Sahelices de Mayorga, Valladolid, Espanha; filho de Miguel Tranche, nascido em 1752 e Pasquala Fernández, nascida em 1759 ambos em Valladolid, Espanha.

Registra-se Frederick de la Tranche, nascido em 1543, Poitou, França e falecido em  Northumberland, Inglaterra; casou-se em 1576 com Margaret Sutton, Inglaterra. Teve os seguintes filhos: Thomas Trench, nascido em 1578, Northumberland, Inglaterra e James Trench, nascido em 1580, Northumberland, Inglaterra.  É o início do Sobrenome TRENCH.

Registra-se Antoine Tranche, nascido em 1803, St Louis, Missouri, Estados Unidos; casou-se em 1828 com Charlotte Roy. Tiveram um filho: Antoine Tranche, nascido em 1830 na mesma localidade.

Registra-se John Tranche, nascido em 1580, Prestonpans, East Lothian, Escócia; casou-se em 1604 com Katherine Broun.

Registra-se Francisco Monge Tranche, nascido em 14.12.1841, Villabaruz, Valladolid, Espanha; filho de Prudencio Monge Izquierdo e Vicenta Tranche Alonso, nascida em 21.10.1817, Villabaruz, Valladolid, Espanha. Teve por irmãos: Tibúrcio Monge Tranche, nascido em 11.08.1844; Agueda Monge, nascida em 1840; Francisco Monge Tranche, nascido em 1842; Ambrósio Monge Tranche, nascido em 1846; Bernarda Monge Tranche, nascida em 1848; Saturnino Monge Tranche, nascido em 1850 e Juan Monge Tranche, nascido em 1852; todos nascidos em Villabuz, Valladolid, Espanha.

Registra-se Josette La Tranche Montaque, nascida em 1826 Poitiers, França; filha de Charles La Tranche e Josephine Frances Bonet; casou-se em 1844 com Jean Chrysotome Martelle. Teve os seguintes filhos: Francis Xavier Martelle e Gideon Martelle.

 

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Região de Origem do Sobrenome

Poitou – França

A região de Poitou foi chamado Thiafália (ou Theiphalia) no século VI.

Há um pântano chamado de Poitevin Marsh (francês  Marais Poitevin) no Golfo do Poitou , na costa oeste da França, ao norte de La Rochelle e oeste de Niort.

Pelo Tratado de Paris de 1259, o rei Henrique III de Inglaterra reconheceu sua perda de continental território Plantaganet para a França (incluindo Normandia, Maine, Anjou e Poitou).

Durante os séculos XIV e início do XVI Poitou era um viveiro de Huguenotes (franceses calvinista) atividade entre a nobreza e burguesia e foi severamente impactada pelas Guerras das Religiões na França  (1562-1598).

Muitos dos Acadianos que se estabeleceram no que hoje é Nova Scotia no início em 1604 e mais tarde para New Brunswikc,  veio da região de Poitou. Depois que os acadianos foram deportados pelo britânico em 1755, alguns deles eventualmente se refugiaram em Québec, Canadá. Uma grande parte desses refugiados também migraram para a Louisiana em 1785 e se tornou conhecido como Cajuns.

Após a revogação do Édito de Nantes , em 1685, um forte ataque contra a Reforma no esforço feito pela Igreja Católica francesa. Em 1793, este foi parcialmente responsável pela revolta de três anos de duração aberta contra o governo revolucionário francês no Bas-Poitou (Departamento de Vendée). De fato, durante os Cem dias do Governo de Napoleão em 1815, a provincia de Vendée permaneceu leal à Restauração Monarquia de Rei Luís XVIII e Napoleão despachou 10.000 tropas sob General Lamarque para pacificar a região.

 

Poitiers – França

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From: José Luiz

Sent: Wednesday, July 29, 2015 4:21 PM

To: afranio@tintaspig.com.br

Subject: Família Trench

 

Obrigado seu Afrânio.

Vamos aguardar e torcer para que se tenha alguma informação nesses novos arquivos.

Eu tenho interesse em atualizar esse sobrenome.

Abraços

José Luiz Nogueira

 

—– Original Message —–

From: mailto:pcvicentini@gmail.com [GenealBr]

To: GenealBr@yahoogrupos.com.br

Sent: Wednesday, July 29, 2015 10:41 AM

Subject: Re: (GBr) Família Trench

 

Oi, José Luis. Obrigado pela dica.

Edmundo Trench era irmão de minha tetravó, Virginia Augusta de Souza. Eles nasceram no Rio de Janeiro, mas se mudaram para a região de Sorocaba em 1867, pois Edmundo e o marido de Virginia foram trabalhar juntos na Fábrica de Ferro de Ipanema. Sei o nome dos pais de Edmundo e Virginia, que se chamavam Joaquim José Augusto de Souza, um português, e Maria Angélica da Piedade, possivelmente pernambucana. Veja que nenhum dos dois, tampouco Virginia, usava o sobrenome Trench. Se nessa publicação que você falou houver referências a ancestrais mais distantes ou sobre de onde teria vindo o sobrenome, me interessa. Você conseguiria tirar  fotos das páginas citadas e mandar para mim?

Um abraço.

Pedro Vicentini

Em 29 de julho de 2015 10:19, José Luiz jlnogueira@bol.com.br [GenealBr] <GenealBr@yahoogrupos.com.br> escreveu:

 

 

Bom dia.

Saúde para todos.

Em Itapetininga tem um ramo da família Trench.

Quando fiz o curso ginasial no Instituto de Educação Peixoto Gomide, tinha um professor de Educação Fìsica que se chamava Átila Trench.

Era filho de Edmund Trench e Maria do Monte Ayres, descendente dos fundadores de Itapetininga e que constam da GP de Silva Leme.

A genealogia dele está em nosso livro GENEALOGIA DE UMA CIDADE – Volume I – Itapetininga nas páginas 55 e 56.

 

José Luiz Nogueira de Itapetininga-SP

 

 

—– Original Message —–

From: mailto:rcbotelho@yahoo.com+[GenealBr]

To: GenealBr@yahoogrupos.com.br

Sent: Tuesday, July 28, 2015 11:53 AM

Subject: Re: (GBr) Família Trench – ligações com Campos (RJ), Pernambuco, Irlanda e Portugal.

 

 

Pedro,

Se for inglês, recomendo uma busca no FamilySearch, pois indexaram todos os registros que microfilmaram da Igreja Anglicana em Portugal. Foi assim que puxei o nó dos meus Bakers, ingleses de Portugal (!), com início documentado em Charles Baker e Elizabeth Randall na década de 1770 e cujo filho passou ao Brasil no início do século XIX. Nunca consegui passar disso, pois os registros anglicanos são muito sucintos e não tive oportunidade de vasculhar arquivos portugueses com esse objetivo.

Para o Brasil, especificamente o Rio de Janeiro, meu caminho foi o fichário do CBG, Cúria e a própria Igreja Anglicana (na Real Grandeza, em Botafogo). No Brasil, eles viraram católicos e segui o caminho padrão.

Abraço,

 

Rafael de Castro Baker Botelho.
São Paulo, SP
E-mail: rcbotelho@yahoo.com

Pesquisando no século XIX:
Baker ou Backer – Lisboa, Porto e ilhas atlânticas, em Portugal / Rio de Janeiro, RJ
Graham, Grant, Hastings, Smith – Lisboa, Porto e ilhas atlânticas, em Portugal
Andrade – Triângulo Mineiro e Lavras; região de Franca, SP
Azevedo – Carrancas e Lavras, MG; Rio de Janeiro, RJ
Arruda de Freitas – São Paulo, SP
Botelho – Aiuruoca, Araxá, Campanha, Carrancas, Lavras e Zona da Mata, MG
Dias Ferraz – Desterro do Mello, Baependi, Carmo de Minas, Cristina e região, MG
Quadros Bittencourt – SP e MG
Sá – BA
Vilela – Aiuruoca, Lavras, Triângulo Mineiro e Zona da Mata, MG; Franca e Ribeirão Preto, SP; Rio de Janeiro, RJ
No Triângulo Mineiro (cerca de 1880):
– Andrade;
– Vilela;
– José Martins;
– José Flauzino Ribeiro;
– Francisco de Paula Ferreira;
– Carlos Martins Marques;
– Francisco de Souza;
– Evaristo de Andrade e Souza;
– Antônio Martins Ferreira

 

De: “Pedro Vicentini pcvicentini@gmail.com [GenealBr]” <GenealBr@yahoogrupos.com.br>
Para: GenealBR@yahoogrupos.com.br
Enviadas: Terça-feira, 28 de Julho de 2015 11:33
Assunto: (GBr) Família Trench – ligações com Campos (RJ), Pernambuco, Irlanda e Portugal.

 

 

Prezados colegas,

Estou investigando um ramo da minha família que tem por sobrenome TRENCH. Há pistas que apontam para a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), para Pernambuco (nesse caso poderia ser de ascendência holandesa), para a Irlanda e, por estranho que pareça, até para Portugal. Algum de vocês já viu esse sobrenome ligado a um desses lugares?

Pedro C. Vicentini




JORI 2015 começou hoje em Itapetininga

Abertura oficial foi no Ginásio Ayrton Senna da Silva, com apresentação da coreografia dos municípios. 

O cerimonial oficial teve início às 9h com a concentração dos municípios, às 10h, pronunciamento das autoridades, e às 11h, apresentação da coreografia.

A primeira-dama do Estado e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Lu Alckmin, confirmaram presença na data festiva para receber centenas de atletas que disputarão os 19º JORI-Jogos Regionais do Idoso de itapetininga. Mais informações pelo site www.jori2015.itapetininga.sp.gov.br.

Programação de abertura

Local – Ginásio de Esportes “Ayrton Senna da Silva”

End – Rua Jacira Ayres Holtz  – s/nº  –  Vila Barth

9h – Concentração dos Municípios

10h – Cerimonial de Abertura

10h30 – Apresentação das Credenciais

11h – Início

Vôlei abre disputas 

 

As primeiras disputas no 19º JORI-Jogos Regionais do Idoso já começa na quinta-feira, no período da tarde, com seis jogos de Vôlei Adaptado, feminino e masculino, nas quadras do Ginásio de Esportes da Escola Municipal Profa. Rosa Badin Vieira e no Ginásio Esportivo do SESI

Pelo feminino, teremos o clássico regional entre Angatuba e São Miguel Arcanjo, enquanto Tietê pega Itu no masculino. Confira a primeira rodada completa pelo link “programação”  do site oficial :www.jori2015.itapetininga.sp.gov.br  e  na página www.facebook.com/secretariadeesporteelazerdeitapetininga

 

Modalidades

Atletismo, Bocha, Buraco, Coreografia, Damas, Dança de Salão, Dominó, Malha, Natação, Tênis, Tênis de Mesa, Truco, Voleibol Adaptado e Xadrez.

Número de Atletas

1500




Estudantes de Capão Bonito participaram de festival de dança em Joinville/SC

PROJETO DE DANÇA LEVOU JOVENS DE CAPÃO BONITO AO FESTIVAL DE DANÇA DE JOINVILLE

 

Os bailarinos do núcleo de dança ‘Energia em Movimento’, patrocinado pela Elektro, voltaram confiantes do Festival de Dança de Joinville.

O grupo, formado por dezesseis dançarinos, participou de quatro apresentações de hip hop em palcos abertos durante o maior festival de dança do mundo. “ O grupo voltou muito animado e  já está  ensaiando para o Festival de Salto, em setembro e, desta vez, irá participar da competição “, conta Felipe Saito, responsável pelo projeto da Elektro.

O projeto Energia em Movimento está no município de Capão Bonito desde 2012 e todos os anos beneficia 50 jovens carentes com aulas de dança nos estilos:  ballet, hip-hop e dança contemporânea. Para participar do projeto, o jovem precisa estar estudando. As aulas ocorrem três vezes por semana e têm duração de duas aulas cada.

“O que a Elektro tem proporcionado para nós de Capão Bonito vai muito além da dança, são memórias que vamos carregar para o resto das nossas vidas”. conta Lediane Mendes, que iniciou no projeto em 2013 com 15 anos e hoje além de aluna é monitora do projeto.

“Acreditamos  que a cultura  traz perspectivas que impactam diretamente no futuro das crianças e comunidades em que atendemos”, ressalta Marcela Ramos, Gerente de Sustentabilidade da Elektro.




Artigo de Celso Lungaretti: 'Os bancos surfam na recessão. Alguém se surpreende?'

Celso Lungaretti – OS BANCOS SURFAM NA RECESSÃO. ALGUÉM SE SURPREENDE?

O BRADESCO CRESCE. OS BRASILEIROS EMPOBRECEM.
Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia
Quando eles riem…

Os brasileiros estão aflitos, sentindo-se empobrecer dia a dia, fazendo contas e mais contas para não se afundarem em dívidas, angustiados pelo medo de perderem seus empregos, adiando compras maiores para um futuro que têm dificuldades cada vez maiores para vislumbrarem. “A recuperação começará neste semestre? Nem a pau, Juvenal!” “Em 2016? Fala sério!” “Em 2017? Pode até ser, mas que está com cheiro de 2018, lá isto está. Ainda mais sendo ano de eleição presidencial…”

Uma exceção entre tantas feições preocupadas e sisudas é o sorriso escancarado de Luís Carlos Trabuco Cappi, o presidente do Bradesco. Não só acaba de engolir o tentáculo brasileiro do HSBC, como mostrou ter dinheiro sobrando para bancar os projetos mais onerosos que lhe derem na telha. Só não sei com quem compará-lo, se com o Tio Patinhas ou com o Cidadão Kane…

…nós choramos.

Para o homem chamado Trabuco (parece título de spaghetti western!), 17,9 bilhões de reais não são nada. Aumentando o número de casas de agiotagem (ôps, ia esquecendo, o eufemismo é agências…), num instante recuperará o investimento, mesmo tendo desembolsado bem mais do que o HSBC valia, segundo o tal do mercado (esse ente sem face nem compaixão que rege nossos destinos sob o capitalismo!).

Mas, qual o significado maior da aposta biliardária do Trabuco? É o de que, como sempre, enquanto a crise estiver fustigando e desgraçando nosso povo, os bancos lucrarão como nunca, aproveitando a alta dos já estratosféricos juros a pretexto de conter a inflação e outros negócios de ocasião que surgem quando os cidadãos encontram-se desesperados.

A política econômica do ministro Joaquim Levy dá a Trabuco a certeza de que não perderá um centavo dos US$ 5,2 bilhões. Provavelmente, em pouco tempo ganhará o dobro. Ufana-se de que vai crescer em um ano o que cresceria numa década. Alguém duvida?

Para este também US$ 5,2 bilhões não eram nada

E quem é o Levy? Ninguém menos do que o empregadinho que o Trabuco indicou para nossa presidenta, quando ele próprio declinou o convite para assumir o Ministério da Fazenda. Ao que Dilma deve ter respondido: “Não tem tu? Vai tu mesmo…”

Hoje se percebe que o Trabuco sabia muito bem o que estava fazendo.

Eu nem preciso dizer quem não sabia.

Quem entregou o ouro pro bandido.

Quem botou a raposa para tomar conta do galinheiro.

Quem fez o injustificável, engoliu o inaceitável, esqueceu sua identidade, perdeu o rumo e cedo perceberá que a capitulação ao inimigo não garante o cargo de ninguém.

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Faleceu dia 2 o desembargador Nereu Cesar de Moraes

Nereu Cesar de Moraes
Nereu Cesar de Moraes

Nereu César de Moraes, era, pelo lado materno, parente de Júlio Prestes de Albuquerque. O corpo foi velado no Velório do Hospital Albert Einstein, de onde seguiu para o Cemitério Gethsêmani Morumbi, na Praça da Ressureição, 1 – Morumbi, São Paulo/SP, onde será sepul

 

Eis o comunicado oficial do Tribunal de Justiça:

O Tribunal de Justiça de São Paulo comunica o falecimento, ocorrido ontem (2), do desembargador Nereu Cesar de Moraes, presidente do TJSP no biênio 1988/1989 e diretor da Escola Paulista da Magistratura no biênio 1992/1994.

        O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Renato Nalini, decretou três dias de luto oficial no Poder Judiciário paulista (domingo, segunda e terça-feira).

Leia o que escreveu o presidente José Renato Nalini:

NEREU CESAR DE MORAES (1924-2015)

A Humanidade produz, de quando em vez, um exemplar raríssimo: um ser humano que alia conhecimento, sabedoria, erudição despida de arrogância, a um conjunto de virtudes essenciais. Generosidade, partilha, solidariedade, candura no amor ao próximo, tudo isso corporificava NEREU CESAR DE MORAES.

Orgulhava-se de sua heráldica Itapetininga, onde nasceu em 24.4.1924, filho de um casal de Mestres: Professor ROMEU DE MORAES e Professora FLORA PRESTES CESAR DE MORAES. Descendia, portanto, pelo lado materno, do grande paulista JÚLIO PRESTES.

O estudo era um compromisso permanente. Sempre foi um dos melhores aprendizes. Garboso, posava uniformizado em 1936, aluno do Colégio Arquidiocesano de São Paulo. Já em 23.9.1943 ingressou no serviço público, na função de Escriturário da Secretaria do Tribunal de Justiça, Corte que viria a presidir quarenta e cinco anos depois.

Bacharelou-se em 1946 pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e integrou o Ministério Público de 1948 a 1967. Como Promotor Público Substituto passou por Araras, Serra Negra, Igarapava, Santa Adélia e Ituverava. Foi Promotor Público titular de Santa Cruz das Palmeiras, Itatiba, Pirajuí, Avaré, Limeira e São Bernardo do Campo. Em São Paulo, foi o 33º Promotor da Capital e 1º Curador Fiscal de Massas Falidas. Em 1965 foi promovido a Procurador de Justiça e em 1967, eleito para o Conselho Superior do Ministério Público.

Personalidade polivalente, de 1955 a 1963 foi chamado a participar do Governo do Estado como Oficial de Gabinete do Secretário da Segurança Pública, Diretor-Geral da Secretaria da Segurança Pública, Diretor-Geral do Departamento dos Institutos Penais do Estado, Chefe do Serviço de Cooperação com os Municípios do Palácio do Governo e Secretário Particular do Governador Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto de 1959 a 1963.

Em 1967 foi nomeado Juiz do Tribunal de Alçada de São Paulo, pelo critério do Quinto Constitucional, classe Ministério Público. E aí perseverou na senda gloriosa de uma carreira fulgurante. Eleito Presidente da 3ª Câmara do 1º Tribunal de Alçada Civil, promovido a Desembargador em 1977, eleito 3º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça em 1984, finalmente Presidente do Tribunal de Justiça no período emblemático de 1988/1989, quando o Brasil recebeu nova ordem fundante, com a Constituição Cidadã de 5.10.1988.

Tudo o que de mais relevante dentro do sistema Justiça podia caber a um magistrado, essa atribuição teve em NEREU CESAR DE MORAES um ousado, combativo e dinâmico protagonista. Presidiu a Comissão do 154º Concurso de Ingresso à Magistratura, elaborou o Regimento Interno do Tribunal de Justiça, designado por seus pares em Sessão Plenária, Inspetor da Biblioteca do Tribunal de Justiça em 1990, Presidente da Subcomissão de Organização Judiciária para reorganizar a estrutura da Justiça bandeirante em 1990, Vice-Diretor e Diretor da Escola Paulista da Magistratura em 1992, Presidente da Subcomissão de Organização Judiciária em 1994. Nesse ano, por imperativo constitucional, aposentou-se em 15 de abril, poucos dias antes de completar setenta anos.

A breve síntese dos cargos e funções pouco significa para quem não foi premiado com o convívio diuturno propiciado aos que ele elegeu para auxiliá-lo. Mercê da Providência, permaneci dois anos contínuos a seu lado, o que significou consistente aprendizado e crescente admiração.

NEREU CESAR DE MORAES foi o homem mais culto que já conheci. Entendo cultura como via de aperfeiçoamento da mentalidade e do espírito humano, como algo a ser alcançado por meio de um esforço deliberado. O Desembargador NEREU aprofundava-se no autodesenvolvimento de sua capacidade de compreender a vida e o semelhante, e isso contrastava com a cultura do grupo e da sociedade em que imerso.

Não apenas dominava temas e assuntos que refugiam à mesmice da área jurídica, mas revestia a sua sedutora conversação com urbanidade e civilidade incomuns. Era um indivíduo superior, como representativo da mais elevada qualidade humana disponível. Sabia que erudição sem boas maneiras ou sensibilidade é pedantismo, que a habilidade intelectual desprovida de atributos mais humanos é insuficiente para tipificar uma primícia suscetível de despertar uma disposição emocional que produz respeito e veneração.

Perfeito intérprete da sabedoria acumulada do passado, era habilidoso para lidar com ideias abstratas, tanto como com propostas pragmáticas. Seus sortilégios verbais eram inteligentes, seu fino humor contagiava. Era um desafio e uma verdadeira pós-graduação estar a seu lado e receber suas lúcidas impressões sobre os fatos do cotidiano. Aprender com ele o significado de verbetes até então ignorados. Acompanhar o prazer com que redigia seus discursos, todos prenhes de espírito, de prazerosa oitiva, a suscitar a vontade de reler posteriormente e extrair novas impressões.

Sua precoce fascinação literária o proveu de um tesouro incalculável. Conhecia obras e autores, sabia encontrar textos de efeitos para todas as situações. Convivia com todas as literaturas e seu acervo memorialístico encontrava liames que a superficialidade generalizada nunca poderia detectar.

Conforme exprimiu o Desembargador MARINO EMILIO FALCÃO LOPES, no prefácio do livro “Entre Palavras”, que resultou de quatro décadas de trabalho do Desembargador NEREU CESAR DE MORAES, este “é uma dessas criaturas exponenciais a quem a Providência recusa o favor perigoso de acender entusiasmos mais ou menos fugazes, e concede a graça maior de suscitar amizades perduráveis, sólidas, sinceras e unânimes”.

Num estágio da nacionalidade em que o caráter, a honra e a probidade fazem tanta falta, o modelo de postura de NEREU CESAR DE MORAES representa segura senda para os que pretendem uma Pátria expungida de reiteradas máculas morais. Concordo com o Desembargador MARINO EMILIO FALCÃO LOPES quando asseverou: “Se alguém tivesse que descrever com um único vocábulo a impressão transmitida pela individualidade forte e altaneira de NEREU, penso que a palavra certa seria esta: DIGNIDADE. Ele ressuma dignidade sem afetação, sem artifícios, cristalina e transparente”.

            Sou profundamente grato por haver participado, modestamente, de sua memorável gestão. A imagem antiga ainda serve para descrever essa experiência: somos anões nos ombros de gigantes. NEREU CESAR DE MORAES foi um gigante e me permitiu enxergar longe, que de minha própria estatura, nunca vislumbraria. Posso repetir, portanto, com PAULO BOMFIM: “Convivendo diariamente com o Desembargador NEREU CESAR DE MORAES, nós, de seu Gabinete, tivemos a oportunidade de encontrar no Presidente do Poder Judiciário o jurista e o administrador, o orador e o intelectual apaixonado pela rosa dos ventos do conhecimento. Sua cultura fascina pela diversidade. Caminha com desenvoltura nas estradas do Direito e da Filosofia, das Religiões e da Antropologia, da Literatura e da História”.

            Nós, herdeiros pobres dessa riqueza, temos o compromisso de preservá-la para as futuras gerações, fazendo votos de que a posteridade dela saiba usufruir.

Comunicação Social TJSP – RS (texto) / AC (arte)
imprensatj@tjsp.jus.br




Artigo de Celso Lungaretti

NÃO ADIANTA TENTAR VENCER NO FRONT DA COMUNICAÇÃO UMA GUERRA QUE ESTÁ SENDO PERDIDA NO FRONT ECONÔMICO

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

Meu artigo deste sábado (01/08), previsivelmente, foi mal recebido em espaços petistas, pois não entrou no espírito da autêntica tempestade em copo d’água que eles estão fazendo a partir de um episódio menor –principalmente se comparado ao terrorismo que já grassou por aqui.

Nos anos de chumbo, a direita executou atos de terrorismo duros, que chegaram a causar danos de monta e a ferir/assassinar pessoas. Houve sequestros e torturas praticados por paramilitares, houve invasão de teatro para espancar atores, houve envio de cartas-bombas para instituições e figuras notórias de esquerda (uma delas matou  Lyda Monteiro da Silva, senhora de 59 anos, funcionária da OAB/RJ), houve incêndios de bancas de jornais em plena luz do dia, etc. O pior de todos, se não malograsse, teria sido o do Riocentro, pois pessoas em pânico, num recinto com as portas trancadas, morreriam pisoteadas aos milhares.

Os atentados de então partiam de ferrabrases organizados. Na década de 1960, principalmente do CCC, cujos quadros não integravam oficialmente o esquema de repressão, mas tinham suas atividades toleradas e até estimuladas pela ditadura. Na de 1970, dos agentes do DOI-Codi que, por baixo do pano, sabotavam a abertura  política do déspota esclarecido Ernesto Geisel.

Já os atentados ao Instituto Lula e ao Sintusp não provieram necessariamente de profissionais; o contrário é bem mais plausível.

Bombas caseiras, até as torcidas organizadas de futebol sabem fabricar. E os que invadiram o Sintusp podem haver sido meros fascistinhas da USP à cata de documentos comprometedores, que na saída teriam aberto as torneiras do gás sem se darem conta dos riscos inerentes.

Nunca devemos magnificar episódios desse tipo sem termos certeza de que sejam parte de uma verdadeira escalada terrorista e não ações isoladas de aloprados de direita. Lembremo-nos da fábula do menino que gritava lobo!

O chocante é que o atentado ao Instituto Lula esteja sendo tão superdimensionado (inclusive pela Dilma) e o do Sintusp haja sido totalmente ignorado (inclusive pela Dilma). Ambos se equivalem quanto aos resultados (poucos danos, ninguém ferido), mas no da USP o prédio poderia ter ido pelos ares exatamente quando os funcionários estivessem entrando para mais um dia de trabalho. Qualquer cidadão imparcial haverá de convir que a periculosidade foi imensamente maior em 2012.

Os petistas então não deram a mínima, como de costume. Se não houvessem sistematicamente negado solidariedade aos outros agrupamentos de esquerda em tais situações, estariam recebendo mais solidariedade agora, quando tentam desesperadamente evitar o impeachment presidencial. A empáfia é péssima conselheira.

De resto, torno a repetir, chegou a hora de os governistas desistirem de tentar romper o isolamento político tirando da cartola os mesmos coelhos de sempre: encontros engana-trouxas com governadores, alarmismo para poderem posar novamente de mal menor, promessas enganosas de que a recuperação econômica começará já neste semestre quando até as pedras sabem que a coisa vai piorar muito antes de melhorar, etc.

Não adianta tentar vencer no front da comunicação, com factoides e retórica fantasiosa, uma guerra que está sendo perdida no front econômico, por um motivo bem concreto, o péssimo momento da nossa economia. Nem mesmo Goebbels conseguiria…

O que está afundando cada vez mais o Governo Dilma é o empobrecimento dos brasileiros. E não será a partir de uma posição de absoluta fragilidade que ele conseguirá implantar pra valer o arrocho fiscal –o qual, aliás, não tem dado certo ultimamente em lugar nenhum do mundo, mas sim destruído as nações que caem nessa arapuca.

O alvo correto: MST protesta no Ministério da Fazenda.

A contagem regressiva está em curso e a única forma de Dilma conservar o mandato é começando a acertar, depois de tantos erros cometidos.  Antes de mais nada, há um bode óbvio a ser retirado da sala. Exonerando Joaquim Levy e descartando o receituário neoliberal, Dilma teria, pelo menos, o apoio da esquerda, ponto de partida para uma reversão do quadro atual, adverso ao extremo.

Se a teimosia e a arrogância a continuarem cegando, morrerá abraçada com ele.

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Artigo de Celso Lungaretti: O ATENTADÃO QUE FEZ BARULHO HOJE E O ATENTADINHO QUE QUASE MANDOU UM PRÉDIO PELOS ARES EM 2012 + O LIBELO MAIS CANDENTE CONTRA A CENSURA EM TODOS OS TEMPOS

LEMBREM-SE DO ATENTADO AO SINTUSP: INDIGNAÇÃO DE DILMA COM O TERRORISMO É SELETIVA!

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

 
Bomba caseira no Instituto Lula é ameaça à democracia

A presidenta Dilma Rousseff repudiou com firmeza o atentado ao Instituto Lula, independentemente de as imagens das câmeras de segurança evidenciarem que se tratava de mera intimidação. Os criminosos queriam apenas fazer barulho, não causar verdadeiros estragos ou ferir alguém.

Mas, o ato em si tem de ser repudiado, qualquer que haja sido a periculosidade. Portanto, ela está certíssima na sua avaliação:

A intolerância é o caminho mais curto para destruir a democracia. Jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de respeito à diversidade do povo brasileiro.

Assim como estava erradíssima em  janeiro de 2012, quando ignorou olimpicamente um episódio muito mais grave, conforme qualquer um depreende deste alerta que lancei na ocasião:

 
Tentativa de explodir o Sintusp era uma irrelevância

… ecos do frustrado atentado ao Riocentro ressoam na denúncia do Sindicato dos Trabalhadores da USP, de que acaba de ocorrer uma ‘criminosa tentativa de sabotagem no Sintusp’: quando os funcionários chegaram para trabalhar no dia 12, encontraram pastas e documentos revirados e todos os botões do fogão industrial abertos, sem que tivessem sido violados os cadeados de entrada nem as fechaduras das portas que dão acesso à entidade e salas internas.

Funcionários e estudantes se recordam de terem visto, na véspera, vigilantes da empresa Evik e policiais à paisana rondando o sindicato.

…Este é o último capitulo de (…) uma verdadeira ofensiva repressiva feita por parte da reitoria e do governo, que se dá através de processos administrativos, criminais e ações de espionagem contra os diretores e ativistas do sindicato e estudantes que lutam em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos.

 
Dercy Gonçalves explica

Ou seja, daquela vez uma simples faísca poderia ter mandado o Sintusp pelos ares, mas a presidenta da República enterrou a cabeça na areia, como costuma fazer quando é atingida a esquerda autêntica. Chegou ao cúmulo de esparramar copiosas lágrimas retóricas por um oficial da PM agredido nos protestos de rua, num momento em que manifestantes e repórteres eram simplesmente barbarizados pela corporação.

Adota postura diametralmente oposta quando a vítima é boa companheira, ou seja, pertence à fatia da esquerda que antes qualificávamos de reformista e agora está mais desvirtuada ainda (a ala governista do PT,  p. ex., se tornou verdadeira contradição em termos, uma esquerda neoliberal).

Também não me lembro de ter ouvido então a maioria das vozes hoje erguidas exaltadamente contra o terrorismo, numa overdose de indignação democrática. Por que será?

ESTAÇÃO CENSURA

Apollo Natali (*)

Em pleno século 21, dentre 179 países pesquisados, apenas três deles (Finlândia, Holanda e Noruega), não enfrentam as dores da censura, informa a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteira .

No dia-a-dia das canseiras dos mortais, bocas são emudecidas por variados matizes de tirania: a da política, da economia, a doméstica, aquela de indivíduo para indivíduo. Qual o limite para a liberdade de expressão?

Vivemos nos limites da lei e da ordem, eis a resposta — insuficiente — do Estado democrático. Em meio a deslumbrados arroubos retóricos sobre como não consentir que nos calem a boca, encontramos o personagem considerado o campeão mundial da liberdade de expressão, um inglês.

Garimpamos um primeiro diamante dele, precioso xarope a nos liberar a garganta. O que ele diz pode ser considerado hoje um elementar ovo de Colombo, mas é tido por renomados pensadores como o supra-sumo do ideal de liberdade:

“Acima de todas as liberdades está a liberdade de saber, de proferir e discutir livremente de acordo  com a consciência”.

Está em Areopagítica, do inglês John Milton, da Top Books, datada da metade do século 17 – quatro séculos antes de a Declaração de Windohek, em 1991, apontar a liberdade, a independência e o pluralismo da imprensa como princípios essenciais para a democracia e os direitos humanos.

Pouco lembrada hoje em dia, tal obra seiscentista é, no entanto, considerada um dos mais importantes documentos da história da liberdade. O panfleto, conhecido como Discurso pela liberdade de imprensa ao Parlamento da Inglaterra, tencionava obter a anulação dos Ordenamentos de 1643, que impuseram a censura prévia na forma de obrigatoriedade de autorização e registro para publicação de qualquer material escrito.

O termo Areopagítica é emprestado do orador Isócrates,  355 a.C, que pedia a restauração do Conselho do Areópago na democracia ateniense. Entre suas bravatas naquele trevoso tempo em que se proibia até a Bíblia e o destino dos livros e seus autores eram a fogueira, John Milton, contemporâneo de Shakespeare (sobre quem, aliás, escreveu), visitava o gênio Galileu Galileu em sua prisão domiciliar, numa época em que a Inglaterra ”gemia sob a censura espanhola”.

Atreveu-se a fazer um retrato grotesco dos censores e a demonstrar que a censura não passava de um monstruoso equívoco, sempre associado à tirania. Como se São Pedro tivesse dado aos censores as chaves da imprensa juntamente com as do Paraíso, zombava. Mais dia, menos dia, seria preso. Foi encarcerado em 1759.

O diplomata, crítico e poeta Felipe Fortuna, em sua nota explicativa sobre Areopagítica, indica que a obra é estruturada em quatro partes e seu principal objetivo é a defesa da total liberdade de imprensa, a fim de tornar possível o maior avanço do conhecimento da verdadeAs quatro partes:

A inquisição queimava livros na Idade Média…
  • demonstração histórica de que a censura é um produto da Inquisição católica e, como tal, contrária ao pensamento da Inglaterra protestante, o que tornava contraditória sua admissão pelo status quo inglês. O autor demonstra que a censura esteve sempre associada à tirania e, nos tempos modernos, ao reacionarismo católico do Concílio de Trento, na Contra-Reforma.
  • sustentação de que o bem e o mal estão inextricavelmente ligados, não sendo possível coibir apenas um deles sem atingir profundamente o outro. Defesa do benefício da liberdade de imprensa, uma vez que o conhecimento e a verdade surgem do contato com o que existe de bom e de mau nos livros, cabendo ao leitor buscar o que neles mais lhe agradar. Mesmo autores ímpios, argumenta, tinham sido lidos com proveito por apóstolos e teólogos, ao longo do tempo. Cita a pérola anti-censura do apóstolo Paulo: Discerni tudo e ficai com o que é bom.
  • condenação da censura prévia de qualquer livro, em nome da razão e da liberdade, fundadoras da virtude. Ressalta o aspecto da inutilidade da censura, uma vez que os maus livros são verdadeiramente combatidos quando suas ideias ficam expostas e não quando permanecem ignoradas. A censura, diz, jamais conseguirá ser completa ou eficiente.
  • demonstra que é impossível tornar as pessoas virtuosas pela coerção externa, já que o combate à corrupção moral se faz com o poder da escolha racional. A censura impede que se exerça a faculdade do juízo e da escolha, desestimula todo tipo de estudo, humilha a nação, cria um ambiente de perene estupidez.
 
…a Juventude Hitlerista no século passado…

Advoga que antes “do mais anticristão Concílio”, o de Trento, da Contra-Reforma, e da Inquisição “a mais tirânica de quantas houve”, os livros foram sempre admitidos livremente no mundo como qualquer outro nascimento. Nunca se ouvira dizer que um livro, em pior situação do que uma alma pecadora, devesse ficar postado diante de um júri antes de vir ao mundo. Há limites do poder estatal em questões de conduta privada, reclamava. Confinar os livros, encarcerá-los e submetê-los à mais rigorosa justiça é como tê-los  como malfeitores.

Aplica a todos os meios de expressão esta sua universalmente conhecida defesa do livro

porque os livros não são coisas absolutamente mortas; contêm uma espécie de vida em potência, tão prolífica quanto a alma que os engendrou. E mais: eles preservam, como num frasco, o mais puro e eficaz extrato do intelecto que os produziu.

Estou convencido de que eles são tão vivos e tão vigorosamente fecundos quanto aqueles dentes de dragão da fábula citada por Camões, os dentes de Cádmio, que se reproduziam ao mesmo tempo em que uns aos outros se davam à morte dura.

 
…e alguns grupos radicais ainda hoje.

Muitos homens não passam de um fardo sobre a Terra mas um bom livro é o precioso sangue de um espírito superior, conservado e guardado com vistas a uma vida para além da vida”.

A censura é equiparada a um massacre:

Deveríamos refletir sobre o tipo de perseguição que desencadeamos contra as obras vivas dos homens públicos, para não causarmos a perda de uma vida humana, amadurecida, preservada e acumulada em livros; vemos logo que se pode cometer assim uma espécie de homicídio, às vezes até mesmo um martírio e se isso se estende a toda impressão, corresponde a um verdadeiro massacre, pois que a execução, no caso, não se esgota no aniquilamento de uma vida rudimentar, mas alcança aquela etérea quintessência, que é o sopro de vida da própria razão. E isso atenta contra a imortalidade e não simplesmente contra a vida”.

Finalmente, John Milton apontou o mais temível desastre provocado pela censura:

O passar do tempo raramente recupera a perda de uma verdade rejeitada, cuja falta faz nações inteiras esperarem pelo pior”.

* atuou durante quase quatro décadas na imprensa paulista, especialmente na Agência Estado. É exímio cronista.

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