Segundo o organizador do ‘Cine Clube’, uma iniciativa do Instituto Julio Prestes, “o debate sobre o filme pode privilegiar as noções de modernidade e preservação cultural, sobre burgueses e não burgueses, formas de arquitetura, relação sobrinho e tio e industrialização moderna”, entre outros.
‘Mon Oncle’ (‘Meu Tio’) ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Cannes e o Oscar de melhor filme estrangeiro.
O roteiro conta a história do ‘Senhor Hulot’ ( vivido pelo próprio Jacques Tati), que vive em um bairro pobre e antigo de Paris, enquanto sua irmã e seu cunhado vivem em uma casa supermoderna, onde tudo é automático. O ‘Senhor Arpel’ (Jean-Pierre Zola) é dono de uma fábrica de plástico, que o tornou rico, e onde o humilde Sr. Hulot começa a trabalhar. O emprego foi arranjado pelo próprio cunhado que não deseja que o seu sobrinho cresça sob a má influência de Hulot, um sujeito bom e bem desengonçado.
Georges Sadoul, um estudioso do cinema francês, também conta em seu ‘Dicionário de Filmes’, do que trata o filme que tanto sucesso fez no mundo inteiro: “Hulot mora num velho apartamento e seu sobrinho, com os pais, os Arpel, numa casa ultramoderna. O filme revela o contraste entre os ricos burgueses e um bom rapaz boêmio, a quem querem fazer trabalhar numa fábrica. É uma sátira, não ao modernismo, mas aos costumes burgueses, considerados modernos.
Sobre seu filme o próprio, Tati diz: ‘O que me irrita não é o fato de se construírem imóveis novos, que são necessários, mas casernas. Não gosto de ser mobilizado, não gosto da mecanização. No filme defendi o bairro pequeno, um local tranquilo, contra as autoestradas, os aeroportos, a organização, enfim, de uma forma da vida moderna, pois não creio que as linhas geométricas tornem as pessoas mais amáveis. Para mim, deve se revalorizar a gentileza pela defesa do indivíduo, numa ótica finalmente otimista”.
Segundo o critico cinematográfico Jean Tulard, o interesse de Jacques Tati, a partir da criação do personagem ‘Monsieur Hulot’, “é mostrar a situação do indivíduo perante a multidão, as reações espontâneas das crianças diante da padronização do mundo moderno e a inocência do simples abalada por costumes cada vez mais sofisticados”. Para o crítico, há nas obras do realizador Jacques Tati uma postura de fé na infância, e, além da amargura, uma espécie de confiança final no homem.

‘Mon Oncle’ (‘Meu Tio’, no Brasil) é um filme ítalo-francês de 1958, do gênero comédia, dirigido pelo cineasta francês Jacques Tati.
Charles Arpel, rico industrial e orgulhoso de sua casa futurista eriçado com gadgets tecnológicos com uma utilidade improvável, quer evitar que o cunhado dele, o senhor Hulot com caráter sonhador e livre, influências o filho dele. Ele vai tentar atribuir-lhe um emprego em sua fábrica antes de afastá-lo. O filme é uma sátira à mecanização e à modernidade tecnológica.