Artigo de Celso Lungaretti: 'PASMEM: REINALDO AZEVEDO CHAMOU LULA DE "VELHO REACIONÁRIO"!'

Do blogue Náufrago da utopia

O velho revolucionário que vos escreve considera extremamente grosseiro o tratamento dado por Reinaldo Azevedo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao referir-se a ele, em seu artigo semanal para a Folha de S. Paulo, como “velho reacionário”. A inversão de valores me fez lembrar os golpistas de 1964 tentando colar naquela quartelada infame o rótulo de “revolução”…

Ao mesmo tempo em que rasgava seda para FHC, afirmando que ele “fala a um país nascente”, “com discrição e sem pretensões de exercer alguma forma de liderança”, a versão genérica do corvo Carlos Lacerda pintou Lula como um “chefão petista [que] vaga por aí como alma penada, sem se dar conta de que a sua militância já é coisa do passado”

Quem acompanha meu trabalho sabe muito bem que não me alinho automaticamente com as posições do Lula. Mas, quando RA o ataca por conclamar as bases do PT e a CUT a reagirem ao festival de neoliberalismo que assola o Palácio do Planalto, a coerência me coloca (como sempre, aliás) em posição diametralmente oposta à dele: para mim, ao rechaçar firmemente a capitulação total do Partido dos Trabalhadores à ortodoxia econômica do patronato, Lula vive o seu melhor momento desde que deixou o poder.

E, ao tentar salvar da mais completa descaracterização a agremiação que ele (e não a ex-pedetista Dilma Rousseff) criou, Lula está também evitando que o cidadão comum passe a encarar a esquerda como farinha do mesmo saco do amoralismo, oportunismo e fisiologismo que sempre caracterizaram a política brasileira.

RA está hor-ro-ri-za-do com o ressurgimento do Lula combativo de outrora:

Agora ele anuncia uma cruzada para mobilizar as esquerdas e os movimentos sociais em defesa do PT. A agitação sindical que promove, e não alguma suposta conspiração de Eduardo Cunha, derrotou o governo na votação sobre o fator previdenciário.

Mas, o PT tem mesmo de ser defendido do desespero da presidenta Dilma, que tenta escapar do impeachment tornando-o desnecessário, ao fazer tudo que a direita faria se chegasse ao poder, e ainda mais.

A derrota do governo na votação sobre o fator previdenciário foi, isto sim, uma luz no fim do túnel, abrindo a perspectiva de que as medidas anti-sociais do pacote recessivo não sejam, no frigir dos ovos, aprovadas.

Pois, se aprovadas, farão a atual recessão evoluir para depressão, infligindo sofrimentos inimagináveis aos explorados. Não estamos na Europa, aqui os coitadezas morrem de fome!

E poderão deflagrar uma tempestade que leve de roldão nosso precário e imperfeito estado de Direito –que está longe de ser o ideal, mas será sempre preferível ao arbítrio e à tirania.

DO CHILE DEVERÍAMOS COPIAR A CORAGEM E A COERÊNCIA DO ALLENDE, NÃO A POLÍTICA ECONÔMICA DO PINOCHET.

Do blogue Náufrago da utopia

Os Chicago boys do Pinochet…

O segundo governo de Dilma Rousseff está sendo um pesadelo para a esquerda. Perdemos a supremacia nas ruas, a credibilidade, a superioridade moral, o respeito do povo. Perdemos tudo. Teremos de recomeçar do zero.

Qualquer cidadão com um pingo de discernimento político estará chegando à conclusão de que partidos de esquerda jogam suas mais sagradas bandeiras no lixo e assumem o ideário do inimigo como tábua de salvação, quando ameaçados de perderem o poder.

Se depois de 1964 nos imolamos para provar aos brasileiros que (ao contrário daqueles que haviam se deixado enxotar do governo com um piparote) éramos capazes de sangrar por nossos ideais, o que precisaremos fazer nos próximos anos para provar aos brasileiros que (ao contrário da corrente do PT que apoia o Dilma.2) não fazemos ajustes recessivos à custa dos explorados?

…e o da Dilma (ou será o contrário?).

Do Chile deveríamos copiar a coerência e a coragem de Salvador Allende, não as diretrizes dos Chicago boys.

A referência é aos aproximadamente 25 jovens economistas chilenos, a maioria pós-graduados da Universidade de Chicago, que formularam a política econômica do carrasco Augusto Pinochet, recebendo elogios entusiásticos de Milton Friedman, o pai do neoliberalismo.

Friedman chegou a falar em milagre do Chile. Mas, se era para recorrer a um milagreiro dessa laia, por que Dilma foi buscar um de segunda categoria? O Delfim Netto, que joga na divisão principal e prestou o mesmíssimo serviço aos ditadores brasileiros, não teria sido uma escolha melhor? Certamente, mas era preciso salvar as aparências…

Quando igualo Joaquim Levy aos serviçais chilenos de Pinochet, não estou exagerando. Leiam alguns trechos do interessante artigo desta 5ª feira, 14, de Fernando Canzian (detentor de dois prêmios Esso de jornalismo) e me digam se Levy, cria da mesmíssima universidade estadunidense e do FMI, não pertence à mesmíssima corrente:

A série de ajustes conduzida neste momento por Joaquim Levy é pura prescrição do FMI, instituição na qual o ministro da Fazenda trabalhou por sete anos.

Ele é o 007 do FMI, com licença para matar-nos… 

Na terça (12), o Fundo fez elogios às ações de Levy. No mesmo dia, o [jornal] britânico Financial Times o chamou de ‘falcão fiscal treinado na Universidade de Chicago’.

O receituário do FMI é sempre previsível e clássico, destinado a países que chegam ao fundo do poço, como o Brasil sob Dilma.

Corte de despesas e aumento de receitas quando há crises fiscais, mais a implosão de programas insustentáveis do ponto de vista atuarial. Os cortes no seguro desemprego e pensões por mortes são parte dessas medidas.

De saída, o FMI também impõe a seus endividados forte elevação dos juros para conter a inflação e tentar amenizar os efeitos de outro instrumento do receituário: um ‘tarifaço’ a fim de corrigir preços defasados e equilibrar o caixa de empresas fornecedoras de energia, combustíveis etc. para que possam perpetuar investimentos.

…O objetivo é aproximar ao máximo o país da economia de mercado.

…Se olharmos para todos os países que precisaram de dinheiro do Fundo para se manter à tona, veremos que a base do receituário é sempre a mesma…

O Brasil segue mais uma vez o mesmo caminho…

Não há absolutamente nada em comum entre homens de esquerda e os falcões fiscais treinados na Universidade de Chicago, com estágio no FMI, para ministrarem os remédios amargos da ortodoxia capitalista. Quando são companheiros de viagem, é porque alguém está traindo suas convicções.

Temo que não seja o Levy.

ELEGEMOS A DRA. JECKYLL, UMA REFORMISTA. QUEM NOS GOVERNA É A SRA. HYDE, UMA NEOLIBERAL.

Do blogue Náufrago da utopia

Furo do blogue: com a leitura labial, descobri  que a Merkel lhe disse “eu sou você amanhã”.

Está na Folha de S. Paulo deste sábado (2) e o autor é André Singer, um dos analistas mais simpáticos ao petismo no jornal da ditabranda:

…os olhares se voltarão para a votação do ajuste fiscal, que aparecerá logo mais no plenário sob a forma das Medidas Provisórias 664 e 665. Dissolvida a inusual contenda direita-esquerda, que se verificou no tema da terceirização, voltará a prevalecer a luta entre a base de apoio governista e a oposição.

Para Dilma, a aprovação das MPs é fundamental. Goste-se ou não (e eu não gosto), a escolha de Sofia em favor do ajuste recessivo foi feita por inteiro. O cálculo parece ser de que, depois de um período agudo -que pode durar mais um semestre ou até o fim de 2016-, ocorrerá crescimento em 2017.

E para os esquerdistas que a salvaram da derrota em 2014…

Assim, haveria tempo para entrar no ano eleitoral de 2018 com a economia em alta. Trata-se, portanto, de aguentar o tranco agora, de maneira a terminar o mandato em condições ao menos razoáveis.

Dada a aposta acima, o PT será obrigado a cerrar fileiras em favor das MPs, de modo a garantir que os demais partidos da base, a começar pelo PMDB, sustentem a estratégia da presidente. O projeto da terceirização veio em boa hora, pois deu oportunidade ao PT de mostrar serviço à classe trabalhadora antes de sacramentar no Parlamento a opção neoliberal

Ou seja, enquanto os blogueiros chapa branca alimentavam ilusões de que logo sairíamos da penúria atual, a Angela Merkel brazuca (eu poderia também chamá-la de Margaret Thatcher, mas deixemos as mortas em paz…) sabia muito bem que comeremos o pão que o diabo amassou por muito tempo ainda. E, agindo como a tecnoburocrata que vem sendo de coração nas últimas décadas (embora lhe convenha esconder que nada tem mais a ver com a saudosa Wanda), ela está prontinha para atirar o Brasil e os brasileiros no mesmo buraco sem fundo do qual a Grécia tenta desesperadamente escapar.

Ou seja, certo mesmo está o FMI, ao projetar queda do PIB brasileiro em 2015 (-1%) e insignificante melhora em 2016 (+0,9%), o que equivale a dois anos de recessão. No mínimo.

Se o Lula aprovou o cartaz, bravíssimo! Ele nos deve isto.

E certo mesmo também estava eu, ao dar um sacode nas ilusões falaciosas que tentam impingir ao nosso pobre povo: Por enquanto, estamos f… e mal pagos. Adiante, continuaremos f… e nos pagarão um tantinho mais.

Quem se vê como pertencente à esquerda mas concorda com a aplicação à risca do receituário neoliberal no Brasil, acumpliciando-se com a sangria dos explorados, deveria procurar um analista especializado em dupla personalidade. Ou ir confessar seus pecados a um padre bem indulgente.

Face à opção que os golpistas lhe ofereceram, de abandonar o Chile juntamente com todos os companheiros que escolhesse e coubessem no avião, sem obrigação nenhuma de virar a casaca, o grande Salvador Allende preferiu a morte. A pequena Dilma Rousseff tomou a decisão diametralmente oposta, deixando-se cooptar escancaradamente pela burguesia; e não para salvar a vida, mas tão somente para preservar o mandato.

Não sou fã incondicional do Lula, mas ele é, atualmente, o único ator político que pode livrar o PT do total desvirtuamento e os brasileiros, do pior pesadelo neoliberal. É, aliás, sua obrigação moral, por nos ter imposto a dra. Jeckyll como presidenta; cabe-lhe agora, mais do que a qualquer um, conter a sra. Hyde.

E, antes que me esqueça: delenda est Levy.

OUTROS TEXTOS RECENTES DO BLOGUE NÁUFRAGO DA UTOPIA (clique p/ abrir):

  1. B. KING (1925-2015): SEUS BLUES VIVERÃO PARA SEMPRE.

“FALCÃO FISCAL TREINADO NA UNIVERSIDADE DE CHICAGO” É O SUPERMINISTRO DA DILMA

O EXÉRCITO O EXECUTOU. OS CLUBES MILITARES TORTURAM SUA FAMÍLIA.

O QUE É ROUBAR UM BANCO COMPARADO A FUNDAR UM BANCO?

OS BRASILEIROS SOFREM E OS BANCOS SURFAM NA RECESSÃO. ATÉ QUANDO?

ELEGEMOS A DRA. JECKYLL, UMA REFORMISTA. QUEM NOS GOVERNA É A SRA. HYDE, UMA NEOLIBERAL.




Artigo de Guaçu Piteri: 'IDÉIAS LUMINOSAS'

Ideias luminosas

by Guaçu Piteri

 

Emidio  “Quando o PT pode achar que sua situação melhorou, inventa uma nova encrenca.

O presidente do diretório paulista, comissário Emídio Souza, quer ir à Justiça para apreender os cartazes de “Procurados”, com retratos de Lula e da doutora Dilma. Grande ideia. Quem tiver uma impressora poderá fabricar seus cartazes, assim como quem tem uma panela consegue fazer barulho.” Elio Gaspari; (Folha de S. P. 10/05/2015) p. A9

A senhora que me acompanha na leitura deste blog, não deve se surpreender se o ex-prefeito de Osasco decidir recorrer à Justiça para confiscar suas panelas com o intuito de coibir os panelaços. Nós, os osasquenses, que temos sido vítimas de suas ideias luminosas, sabemos do que o homem é capaz.




PALAVRA DE MULHER, NO SESI DE ITAPETININGA

Espetáculo musical com importantes atrizes que cantam músicas de Chico Buarque

Palavra
O Teatro do SESI traz a Itapetininga mais umk grande um espetáculo musical: ‘Palavra de Mulher’. 

As cantora Lucinha Lins e Tania Alves encantam a plateia cantando músicas de Chico Buarque. A cantora Virginia Rosa, que integra a equipe inicial, não poderá estar presente porque estará gravando cenas da novela ‘Babilonia’, no Rio de Janeiro. Ela será substituida pela cantor Aretha.

José Duarte,  da Capital, viu a peça musical e gostou: “trata-se de um excelente espetáculo, com ótimo repertório e intérpretes fantásticas, que nos envolvem em cada canção! Recomendo a todos, principalmente aos fãs do Chico Buarque!”.

Outro que assistiu e aplaudiu,Diego Alexandre dos Reis Tashima, disse: “É isso que podemos dizer deste espetáculo que exalta a obra de Chico Buarque no máximo de seu esplendor. A ‘mestre das artes’: Lucinha Lins, a diva da canção passional Tânia Alves e a surpreendente Virgínia Rosa levam o público a uma deliciosa viagem por clássicos ‘buarquianos’ que permeiam nossa memória afetiva. A concepção cênica é fabulosa e o espetáculo tem um ritmo que nos faz dizer ao fim da apresentação: Ah ! já acabou…”.

Em Itapetininga serão apenas duas apresentações: uma no sábado, 16 e a outro domingo, 17.

 

As apresentações serão gratuitas e reservas podem ser feitas pela internet.




PREFEITURA DE ITAPETININGA INICIA RECUPERAÇÃO DA MARGINAL DOS CAVALOS

Trecho da Marginal dos Cavalos, em Itapetininga, é interditado para obras

(publicada pela TV Tem)
 Tráfego está paralisado na altura da Rua Antônio de Almeida Leme.
Construção de implantação da rede de galerias pluviais será realizada.

Do G1 Itapetininga e Região

A Marginal dos Cavalos, em Itapetininga (SP), está interditada na altura da Rua Antônio de Almeida Leme a partir desta quarta-feira (13), segundo a prefeitura. O Executivo fará obras de implantação da rede de galeria pluvial no local. Já a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) realiza reparos de esgoto no local.

A paralisação do tráfego vai até sexta-feira (15) por parte da Prefeitura, mas a Sabesp não informou quando irá finalizar os trabalhos no local.

Via está interditada para implantação de galerias pluviais (Foto: Reprodução/ TV TEM)Via está interditada para implantação de galerias pluviais (Foto: Reprodução/ TV TEM)



INSTITUTO JULIO PRESTES INICIA NOVO GRUPO DE ESTUDOS

10 anos estudando Morin

Após 10 anos de leituras e debates dos textos do pensador francês Edgar Morin sobre o paradigma e o pensamento complexo, o Instituto Julio Prestes, de Itapetininga deu inicio agora a uma nova fase de estudos.

Segundo o coordenador do grupo de estudos, “estamos agora abrindo vagas para quem se interessar pela prática de análise de dados com base na complexidade”.

Os interessados devem se comunicar com Angelo Lourival Ricchetti, pelo celular 15 9 9171 7672 ou pelo telefone 15/3272-7525 ou ainda pelo endereçol aricchetti@yahoo.com.

As reuniões de estudo são normalmente realizadas aos sábados à tarde, em Itapetininga.




Artigo de Pedro Novaes: 'CAOS  POLÍTICO'

Pedro Israel Novaes de Almeida   

 

Não convém nFoto closeutrir grandes esperanças na tal reforma política.

Uma reforma política séria deveria começar pela obediência ao postulado de que a cada cidadão corresponde um voto, de igual valor. O voto de um eleitor de Roraima, para deputado federal, vale 15 vezes o voto do eleitor paulista.

Em 2014, Roraima elegeu um senador com 97.000 votos, com os mesmos poderes e prerrogativas do senador paulista, eleito com 11.000.000 de votos. Na verdade, a representação é mais geográfica que populacional.

Tal situação gera guetos de poder, e núcleos de pressão com pouca representatividade popular. Não é raro representantes de regiões pouco povoadas terem sotaques diferentes dos que os elegeram.

Cidadãos probos, quando eleitos, não militam somente por melhorias em suas regiões de origem, mas por todos os rincões do país. É preconceituosa a ideia de que a representação populacional agravaria as diferenças entre as diversas regiões do país.

A situação é mais grave no senado, onde cada estado tem direito a 3 vagas, tenha centenas ou milhões de habitantes. Na verdade, estamos submetidos a minorias.

Existe, ainda, o tabu do voto distrital, cuja imagem acabou associada ao maior contato e acompanhamento, entre eleitor e eleito. As decepções, tão comuns, do eleitorado, no tocante à maioria dos vereadores eleitos, é prova de que tal proximidade não rende frutos na melhoria da qualidade das escolhas eleitorais.

O voto distrital amesquinha a atuação dos eleitos, tendendo a voltar-se unicamente aos interesses de seu distrito. Deputados são chamados a opinar sobre temas mais abrangentes. Devem representar parcela da população de todo o estado, e não moradores de determinada região.

O voto distrital tende a arrasar minorias e gerar feudos, abençoados pelo direcionamento de recursos, sempre ridiculamente vinculados à atuação dos preferidos pelo poder Executivo. Candidatos ambientalistas, por exemplo, possuem votos dispersos pelo estado, e dificilmente conseguirão o necessário sufrágio, em um único distrito.

As famosas listas partidárias, em país onde a diferença entre as agremiações vão pouco ou nada além das letras, soa como piada ou império de cúpulas. Nas listas partidárias, o eleitor somente ratifica a escolha feita pelos controladores dos partidos, e, na prática, ocorre o engessamento das representações, em detrimento da necessária alternância.

Na verdade, a reforma política não vai além do entendimento e conveniência dos atuais legisladores, que dificilmente legislarão contra si próprios. As reformas que temos vivenciado acabam confinadas a mudanças periféricas e perfumarias.

O país tem resistido, desde 1.500, ao desenrolar de administrações e desempenhos sofríveis, e nossos melhores momentos são breves e descontinuados. Não há representação política de verdade, e o desempenho da maioria dos eleitos é sofrível, de Brasília ao menor dos municípios.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.




Artigo de Celso Lungaretti: 'FALCÃO FISCAL TREINADO NA UNIVERSIDADE DE CHICAGO' É O SUPERMINISTRO DA DILMA'

Celso Lungaretti – Do blogue Náufrago da utopia

Os Chicago boys do Pinochet…

O segundo governo de Dilma Rousseff está sendo um pesadelo para a esquerda. Perdemos a supremacia nas ruas, a credibilidade, a superioridade moral, o respeito do povo. Perdemos tudo. Teremos de recomeçar do zero.

Qualquer cidadão com um pingo de discernimento político estará chegando à conclusão de que partidos de esquerda jogam suas mais sagradas bandeiras no lixo e assumem o ideário do inimigo como tábua de salvação, quando ameaçados de perderem o poder.

Se depois de 1964 nos imolamos para provar aos brasileiros que (ao contrário daqueles que haviam se deixado enxotar do governo com um piparote) éramos capazes de sangrar por nossos ideais, o que precisaremos fazer nos próximos anos para provar aos brasileiros que (ao contrário da corrente do PT que apoia o Dilma.2) não fazemos ajustes recessivos à custa dos explorados?

…e o da Dilma (ou será o contrário?).

Do Chile deveríamos copiar a coerência e a coragem de Salvador Allende, não as diretrizes dos Chicago boys.

A referência é aos aproximadamente 25 jovens economistas chilenos, a maioria pós-graduados da Universidade de Chicago, que formularam a política econômica do carrasco Augusto Pinochet, recebendo elogios entusiásticos de Milton Friedman, o pai do neoliberalismo.

Friedman chegou a falar em milagre do Chile. Mas, se era para recorrer a um milagreiro dessa laia, por que Dilma foi buscar um de segunda categoria? O Delfim Netto, que joga na divisão principal e prestou o mesmíssimo serviço aos ditadores brasileiros, não teria sido uma escolha melhor? Certamente, mas era preciso salvar as aparências…

Quando igualo Joaquim Levy aos serviçais chilenos de Pinochet, não estou exagerando. Leiam alguns trechos do interessante artigo desta 5ª feira, 14, de Fernando Canzian (detentor de dois prêmios Esso de jornalismo) e me digam se Levy, cria da mesmíssima universidade estadunidense e do FMI, não pertence à mesmíssima corrente:

A série de ajustes conduzida neste momento por Joaquim Levy é pura prescrição do FMI, instituição na qual o ministro da Fazenda trabalhou por sete anos.

Ele é o 007 do FMI, com licença para matar…nos! 

 Na terça (12), o Fundo fez elogios às ações de Levy. No mesmo dia, o [jornal] britânico Financial Times o chamou de ‘falcão fiscal treinado na Universidade de Chicago’.

“O receituário do FMI é sempre previsível e clássico, destinado a países que chegam ao fundo do poço, como o Brasil sob Dilma.

Corte de despesas e aumento de receitas quando há crises fiscais, mais a implosão de programas insustentáveis do ponto de vista atuarial. Os cortes no seguro desemprego e pensões por mortes são parte dessas medidas.

De saída, o FMI também impõe a seus endividados forte elevação dos juros para conter a inflação e tentar amenizar os efeitos de outro instrumento do receituário: um ‘tarifaço’ a fim de corrigir preços defasados e equilibrar o caixa de empresas fornecedoras de energia, combustíveis etc. para que possam perpetuar investimentos.

…O objetivo é aproximar ao máximo o país da economia de mercado.

 …Se olharmos para todos os países que precisaram de dinheiro do Fundo para se manter à tona, veremos que a base do receituário é sempre a mesma…

O Brasil segue mais uma vez o mesmo caminho…

Não há absolutamente nada em comum entre homens de esquerda e os falcões fiscais treinados na Universidade de Chicago, com estágio no FMI, para ministrarem os remédios amargos da ortodoxia capitalista. Quando são companheiros de viagem, é porque alguém está traindo suas convicções.

Temo que não seja o Levy.

O EXÉRCITO O EXECUTOU. OS CLUBES MILITARES TORTURAM SUA FAMÍLIA.
 

Assim como uma juíza de 1ª instância do DF tentou alterar o que o Supremo Tribunal Federal e o presidente da República decidiram com relação ao escritor Cesare Battisti, recebendo um enfático puxão de orelhas de autoridade judiciária superior, agora é a vez de um juiz substituto da 1ª instância do RJ querer, com uma penada, anular todo o entendimento dos povos civilizados e do Estado brasileiro sobre o direito de resistência à tirania.

Carlos Lamarca e quaisquer outros que pegaram em armas quando usurpadores do poder submetiam o povo brasileiro ao arbítrio e à truculência têm todo direito de receberem tratamentos de heróis e vítimas; e de serem (ou seus herdeiros) indenizados pelos danos físicos, psicológicos, morais e profissionais que lhes foram infligidos pelos tiranos e seus esbirros.

Em termos morais, aliás, é inacreditável que se questione exatamente a reparação de um brasileiro capturado com vida e executado a sangue-frio por forças ajagunçadas do Estado. O ignóbil e covarde assassinato de Lamarca manchará para sempre a farda do Exército Nacional.

Vale lembrar que até mesmo o cabo Anselmo, uma das figuras históricas mais deploráveis dos anos de chumbo, teria direito à reparação. caso sua colaboração com as forças repressivas datasse de depois do golpe.

Ou seja, seria mais uma vítima  da quebra da ordem institucional no nefando 1º de abril de 1964, embora houvesse, em seguida, se tornado um dos piores vilões do período.

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, contudo, negou-lhe o benefício porque conseguiu provar que ele era um agente duplo desde bem antes, quando liderava movimentos de marinheiros e, na verdade, agia como provocador, estimulando uma radicalização que convinha ao esquema golpista.

Enfim, a ação movida pelos clubes militares tem endereço certo, a lata de lixo. Lamentavelmente, o pagamento de reparações aos herdeiros de Lamarca continuará suspenso enquanto a sentença iníqua não for corrigida por instância superior, como inevitavelmente será.

É vergonhoso que esta situação perdure 43 anos após o bestial homicídio de um dos maiores heróis e mártires do povo brasileiro. Os verdadeiros democratas não podem continuar omitindo-se, como muitos têm feito até agora.

(clique aqui para acessar o vídeo do filme Lamarca)

COMANDANTE CARLOS LAMARCA 
(1937-1971): VENCER OU MORRER!
 

Já lá se vão 43 anos e oito meses desde que o comandante Carlos Lamarca, debilitado e indefeso, foi covardemente executado pela repressão ditatorial no sertão baiano, em setembro de 1971, numa típica  vendetta  de gangstêres.

O que há, ainda, para se dizer sobre Lamarca, o personagem brasileiro mais próximo de Che Guevara, por história de vida e pela forma como encontrou a morte?

Foi, acima de tudo, um homem que não se conformou com as injustiças do seu tempo e considerou ter o dever pessoal de lutar contra elas, arriscando tudo e pagando um preço altíssimo pela opção que fez.

Teve enormes acertos e também cometeu graves erros, praticamente inevitáveis numa luta travada com tamanha desigualdade de forças e em circunstâncias tão dramáticas.

Mas, nunca impôs a ninguém sacrifícios que ele mesmo não fizesse. Chegava a ser comovente seu zelo com os companheiros –via-se como responsável pelo destino de cada um dos quadros da Organização e, quando ocorria uma baixa, deixava transparecer pesar comparável ao de quem acaba de perder um ente querido.

Dos seus melhores momentos, dois me sensibilizaram particularmente.

Logo depois do Congresso de Mongaguá (abril/1969), quando a VPR saía de uma temporada de luta interna e de  quedas  em cascata, o caixa estava a zero e a rede de militantes, clandestinos em sua maioria, carecia desesperadamente de dinheiro para manter as respectivas  fachadas — qualquer anomalia, mesmo um atraso no pagamento de aluguel, poderia atrair atenções indesejáveis.

Mas, o chamado  grupo tático  fora o setor mais duramente golpeado pelas investidas repressivas.

Então, quando se planejou a expropriação simultânea de dois bancos vizinhos, na zona Leste paulistana, o pessoal experiente que sobrara não bastava para levá-la a cabo.

Eu e os sete companheiros secundaristas que acabáramos de ingressar na Organização fomos todos escalados –na enésima hora, entretanto, chegou a decisão do Comando,  designando-me para criar e coordenar um setor de Inteligência, então fiquei de fora.

Lamarca, procuradíssimo pelos órgãos repressivos, fez questão de estar lá para proteger os recrutas no seu  batismo de fogo. Os outros quatro comandantes tudo fizeram para demovê-lo, em nome da sua importância para a revolução. Em vão. A lealdade para com a  tropa  nele falava mais alto.

Depois de muita discussão, chegou-se a uma solução de compromisso: ele não entraria nas agências, mas ficaria observando à distância, pronto para intervir caso houvesse necessidade.

Houve: um guarda de trânsito, alertado por transeunte, postou-se na porta de um dos bancos, arma na mão, pronto para atingir o primeiro que saísse.

Lamarca, que tomava café num bar a 40 metros de distância, só teve tempo de apanhar seu .38 cano longo de competição, mirar e desferir um tiro dificílimo –tão prodigioso que, no mesmo dia, a ditadura já percebeu quem fora o autor. Só um atirador de elite seria capaz de acertar.

Como resultado, a repressão teve pretexto para fazer de Lamarca o  inimigo público nº 1 –e, claro, o fez. A imagem dele foi difundida à exaustão, obrigando-o a redobrar cuidados e até a submeter-se a uma cirurgia plástica.

Também teve de brigar muito com os demais dirigentes e militantes, para salvar a vida do embaixador suíço Giovanni Butcher, quando a ditadura se recusou a libertar alguns dos prisioneiros pedidos em troca dele e ainda anunciou que o Eduardo Leite (Bacuri) morrera ao tentar fugir.

Dá para qualquer um imaginar a indignação resultante –afinal, as dantescas circunstâncias reais da morte do  Bacuri (vide aqui) ficaram conhecidas na Organização.

Mesmo assim Lamarca não arredou pé, usando até o limite sua autoridade para evitar que a VPR desse aos inimigos o monumental trunfo que as Brigadas Vermelhas mais tarde dariam, ao executarem Aldo Moro. Sua posição prevaleceu, mas o episódio acabou tendo grande peso na decisão de deixar a VPR.

E, no MR-8, novamente divergiu da maioria dos companheiros –quanto à sua salvação.

Pressionaram-no muito para que saísse do Brasil, preservando-se para etapas posteriores da luta, pois em 1971 nada mais havia a se fazer. Aquilo virara um matadouro.

Conhecendo-o como conheci, tenho a certeza absoluta de que não perseverou por acreditar numa reviravolta milagrosa. Em termos militares, suas análises eram as mais realistas e acuradas. Nunca iludia a si próprio.

O motivo certamente foi a incapacidade de conciliar a ideia de  fuga  com todos os horrores já ocorridos, a morte e os terríveis sofrimentos infligidos a tantos seres humanos idealistas e valorosos. Fez questão de compartilhar até o fim o destino dos companheiros, honrando a promessa, tantas vezes repetida, de vencer ou morrer.

Doeu –e como!– vermos os militares exibindo seu cadáver como troféu, da forma mais selvagem e repulsiva.

Mas, ele havia conquistado plenamente o direito de desconsiderar fatores políticos e decidir apenas como homem se preferia viver ou morrer.

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