A palavra da era da imagem

Francisco Evandro de Oliveira: ‘A palavra na era da imagem’

Francisco Evandro Farick
Francisco Evandro Farick
A palavra na era da imagem
A palavra na era da imagem
Microsoft Bing. Imagem criada pelo Designer

Desde os tempos mais remotos, a palavra é, sem sombra de dúvida, a maior e melhor forma de os povos se comunicarem; entretanto, nos dias atuais, em face da imensa facilidade de riqueza tecnológica existente, a palavra, bem como as diferentes formas de imagens, caminham lado a lado como forma de expressar pensamentos fatos e ações.

As imagens dizem tudo e substituem qualquer palavra e elas servem de comprovação para elucidar qualquer espécie de crime e podem ser utilizadas nos tribunais como defesa ou como acusação em qualquer processo.

 No entanto, quem tem o dom da retórica ou simplesmente oratória, pode reunir milhões a sua volta e fazê-los caminhar pelas ações dos seus pensamentos, como por exemplo, o nazismo e o fascismo, que só obtiveram sucesso devido ao grande poder de persuasão que os seus líderes tinham. Eles faziam de suas falas a principal arma que cativaram e arrastaram milhões de pessoas para a derrocada e destruição.

 Embora as imagens sejam quase sempre fortes, fracas, belas, enigmáticas, encantadoras e, às vezes, cruciais, no entanto, a palavra sempre cativa, faz a pessoa pensar ou refletir sobre o que se ver ou o que podemos ouvir sem nos prejudicar.

 Imagens e palavras são formas poderosas de o ser humano expressar o pensamento e, no momento atual, a globalização faz cada dia as pessoas criarem novas invenções que levam as civilizações a se aprofundarem em busca de novas tecnologias, ela faz aproximar os comércios e indústrias internacionais, e logicamente reduziu as distâncias entre as nações, através de possantes aeronaves ou a utilização de meios de comunicações, que cujas mensagens atravessam o mundo em frações de segundos e com utilização da tecnologia que proporcionou o surgimento da internet fez o mundo estar on-line.

E o homem, ser mais inteligente do planeta Terra, busca sempre uma forma de caminhar em largos passos e escala ao encontro de novos ideais que tornará sua fonte de felicidade. Isso faz abrilhantar um caminho que a tríade anda e cresce paralelamente.

O homem, as imagens e as palavras. O homem racional cresce no sentido de se aperfeiçoar, estando evoluindo a cada dia buscando inúmeras formas de ser feliz e, por causa disso, novas palavras surgem face às guerras que eclodem no cotidiano das civilizações e as sinergias existentes entre vencedores e vencidos fazem surgir novas palavras as quais são incorporadas aos respectivos dicionários dos países em estado beligerante, como por exemplo, as palavras de uso corriqueiro da internet, (deletar, print e outras centenas delas) são palavras que já se encorparam ao linguajar de nosso povo.

 Ao mesmo tempo, as imagens também têm seu espaço em constante mutação e, no momento atual, é uma riqueza inigualável! Porque elas estão em todas as partes e em todos os lugares: nos livros, nos cinemas, nos teatros e, principalmente, nas televisões diariamente e são as imagens expostas que nos alegram ou nos agridem de acordo com as ações que elas exprimem. Elas têm praticamente o mesmo peso e fazem o mesmo efeito. Como por exemplo, uma simples foto colocada em primeira página de um jornal de grande circulação pode causar um efeito muito forte na população.

As imagens que são expostas como propaganda à beira das principais estradas ou nas paredes dos bares e restaurantes, ou simplesmente em qualquer lugar. Sabemos que algumas delas são estilos de propagandas subliminares e que fazem as pessoas ficarem com elas em seus pensamentos e, como consequência, compram o produto, mesmo sem estarem deles necessitado.

  As imagens, assim como as palavras nos fazem chorar, sorrir, nos entristecer e nos alegrar; como por exemplo, um filme de tragédia pode deixar uma plateia a ter depressão, haja vista ‘Titanic’ e outros do mesmo estilo que fizeram milhões de telespectadores ficarem com lágrimas nos olhos devido as fortes imagens retratadas do sinistro.

  A era da imagem é forte e tende a sobrepujar as palavras. contudo, devemos refletir que as palavras são pontos principais de comunicação do ser humano e ele aprende desde a tenra infância e sendo ela seu instrumento principal de comunicação é um fato notório que por mais que as imagens tenham poder, jamais irão torna-se ou suplantar as palavras, porque, estando o ser humano em constante estado de evolução, haverá o momento que outras formas de comunicação superarão as imagens.

 No entanto, nós humanos, que somos os seres mais inteligentes, estaremos sempre a utilizar as palavras como nossa principal fonte de comunicação em qualquer época de nossa existência.

  As palavras, a bem da verdade, são códigos que previamente explicitados aos seus significados e quando reunidos formam palavras, frases e orações e no momento atual podemos perceber a avalanche de livros que formam escritos nos nossos presídios, os quais muitos críticos consideram como sendo os maiores autores de nossa literatura atual e os conteúdos neles escritos que são verdadeiras denúncias, porém em termos de códigos, não são mais que palavras e aí temos novamente o poder da palavra escrita como forma de denunciar uma situação existencial e a lógica narrativa dos manuscritos são as vivências próximas à escrita, algo que quase não se verifica no mundo fora das grades.

  No atual momento que a violência é uma das maiores preocupações de nossa sociedade, as denúncias através das palavras, sejam elas escritas, faladas ou televisada tornam cada vez maior o poder de seu uso, seja para fins benéficos ou maléficos para sociedade.

  As imagens arrastam multidões, porque seu efeito é imediato motivado pelo bombardeio das retinas que influenciam o cérebro.

  Se considerarmos que bom senso é um fator de bonança e que deve ser partilhado para o bem comum, então devemos usar tanto as palavras quanto as imagens equitativamente, a fim de que não haja o predomínio de um, em prol da outra.

  Palavras e imagens têm o seu devido e forte valor e somente nós saberemos o momento certo de utilizá-las na melhor forma possível e devemos também tirar.

Francisco Evandro de Oliveira

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Quem Conta um Conto, Aumenta um Sonho leva teatro para dentro das comunidades de São Paulo

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As próximas ações acontecem na região do Jabaquara no dia 26, 27 e 28 de maio  e 150 famílias serão contempladas

Adaptado por conta do isolamento social, o projeto idealizado por Plínio Meirelles entrega um kit para as famílias na porta de suas casas: comida para estimular sabores, cheiros para estimular sensações… tudo para facilitar o processo afetivo ao contar uma história pela tela do celular

O projeto Quem Conta um Conto, Aumenta um Sonho tem como objetivo levar a arte do teatro dentro da residência de pessoas com pouco ou nenhum acesso cultural e, para isso, conta com 6 atores profissionais que interpretam contos dentro da casa de moradores de comunidades de São Paulo.

Adaptado por conta da pandemia, o projeto idealizado e produzido por Plínio Meirelles consistia no seguinte formato: cada ator visitava 50 famílias mensalmente no período de 6 meses, totalizando 300 famílias atendidas pelo projeto. A cada mês, um novo conto era ensaiado pelos atores para a representação pensado de forma integrada com um figurino e um cenário que podia ser instalado na casa desses moradores, em sua maior parte barracos ou construções irregulares.

Depois de cada apresentação na casa dessas famílias, os atores entregavam uma caneca do projeto e propunham um café juntos para baterem papo. Todo o material utilizado era oferecido gratuitamente para a família. O objetivo era  conversar sobre a experiência, jogar conversa fora, rir e construir juntos uma série de significados. E, claro, estimular que as famílias compartilhassem suas histórias, pois elas revelam nossa força e nossa potência.

O projeto teve início em novembro de 2019 e os três primeiros meses foram de intensa pesquisa no território do Jabaquara, escolhido para iniciar o projeto em parceria com a ONG AME. Os atores conheceram a comunidade junto com profissionais dessa instituição, além das lideranças locais, os morros e as histórias do bairro. Depois, os próximos dois meses de 2020 (fevereiro e março) tiveram seus contos realizados, “Olhos D’água” de Conceição Evaristo e “Eu Vi” de Fall Vitielo de Azevedo. “As visitas revelaram-se muito emocionantes, com algumas famílias arrumando sua casa para receber os artistas e chamando a vizinhança para compartilhar a experiência”, conta Plínio.

Com a pandemia de COVID 19, o projeto precisou parar para se reinventar

Em janeiro de 2021, sob nova pesquisa, o projeto resolveu seguir no formato online com um “delivery sensorial”. O novo formato tem um conto filmado para ser enviado pelo celular e um kit sensorial para ser entregue para as famílias na porta de suas casas. Esse kit busca dialogar com a história contada e ajuda a transformar a experiência de uma forma mais imersiva, mais sensível.

Em fevereiro e março, as famílias receberam o vídeo no mesmo dia em que, na porta de suas casas, um kit era entregue: comida para estimular os sabores, cheiros para estimular as sensações… tudo para facilitar o processo afetivo e contar uma história. Após esta entrega, os atores realizaram chamadas de vídeos para as famílias no objetivo de conversar e continuar a experiência de uma forma que os afetos e os veículos não se percam.

O próximo envio de kits e contos filmados será feito nos dias 26, 27 e 28 de maio de 2021 na região do Jabaquara.

O projeto “Quem Conta um Conto, Aumenta um Sonho” é financiado pelo edital CONDECA de 2019 e realizado pela Cia. dos Afetos em parceria com a ONG AME.

Acompanhe o projeto no Instagram: @aumentaumsonho