Estado cria Etec em Santa Cruz das Palmeiras

O governador Geraldo Alckmin assinou ontem, dia 7, decreto criando a Escola Técnica Estadual (Etec) de Santa Cruz das Palmeiras, na Região de Campinas.

 

O texto foi publicado hoje no Diário Oficial do Estado. Com isso, o Centro Paula Souza passa a administrar 220 Etecs, distribuídas em 162 municípios paulistas.

A escola recém-criada iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2015 como classe descentralizada da Etec Dr. Francisco Nogueira de Lima. Atualmente,156 alunos estão matriculados nos cursos técnicos de Açúcar e Álcool, Administração, Informática, Logística, Segurança do Trabalho. O processo seletivo para o próximo semestre oferece 80 vagas, divididas entre os cursos de Administração e Logística. A prova do Vestibulinho será no dia 19 de junho.

Com a nova escola técnica de Santa Cruz das Palmeiras, a Região Administrativa de Campinas passa a contar com 33 Etecs e 10 Faculdades de Tecnologia (Fatecs).




Reinaldo Canto: 'A crise hídrica acabou, Alckmin?'

Sustentabilidade Opinião: ‘A crise hídrica acabou, Alckmin?’

Ao alardear uma suposta segurança no abastecimento, governador atrapalha conscientização e contribui para agravar a crise no médio prazo
por Reinaldo Cantopublicado 15/03/2016 11h02
 
Daniel Guimarães / A2
Geraldo Alckmin

Alckmin em inauguração de obra do Sistema Guarapiranga, em julho de 2015: sua declaração foi irresponsável

A temporada de chuvas trouxe um momentâneo alívio sobre a dramática situação do abastecimento de água em São Paulo. Estão aí as tragédias recentes das enchentes e municípios como Francisco Morato para comprovar que sem chuva temos um problema e, com elas, outro.

Fato é que logo as chuvas de março vão fechar o verão e a sua ausência irá provocar, como de praxe, uma estiagem. Ela poderá ser mais fraca do que nos últimos anos ou seguir uma trajetória de poucas precipitações. Em todos os cenários, a cautela e o bom senso deveriam prevalecer, pois o sufoco pelo qual a Região Metropolitana de São Paulo passou deixou muita gente sem água e trouxe, inclusive, sérios prejuízos econômicos.

Temos razões mais do que suficientes para nos mantermos alertas quanto a essa questão, mas eis que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anuncia de maneira esfuziante, o fim da crise do abastecimento de água em São Paulo.

Entre as suas várias afirmações, Alckmin foi categórico. “Essa questão não tem mais risco, mesmo que haja seca”, e foi mais longe: “Teremos a partir do ano que vem uma superestrutura em São Paulo. A região metropolitana estará bem preparada para as mudanças climáticas”.

A declaração é totalmente irresponsável, fora de propósito e mentirosa.

Entre muitas das razões para condenar esse tipo de declaração está a necessidade de engajamento da população para adotar ações de economia de água. Essa é uma das questões levantadas em nota publicada pela Aliança pela Água, movimento de organizações da sociedade civil que acompanha de perto a crise hídrica paulista.

“A declaração feita em 7 de março é prematura, mostra visão equivocada sobre segurança hídrica e pode induzir aumento do consumo”. Outro ponto importante destacado pela nota é de que mesmo reconhecendo a recuperação dos mananciais graças às chuvas de verão, “ainda estamos distantes de atingir um nível seguro”.

Para a Aliança pela Água, a situação de hoje é sim melhor do que a encontrada nesta mesma época em 2014 e 2015, mas ainda muito pior do que era entre 2010 e 2013, período anterior à crise.

Os números levantados pelo movimento não deixam dúvidas. Em 2013, o Sistema Cantareira possuía 57% de sua capacidade, enquanto atualmente está em apenas 28,7% de seu volume operacional. Se comparado a 2010, os números ficam ainda mais preocupantes, pois o Cantareira estava com 97% de sua capacidade no início de março daquele ano. O Sistema Alto Tietê também apresenta dados semelhantes: está hoje com 39,5%, mas estava com 59,7% em 2013 e 93% em 2010.

As obras de infraestrutura apontadas como redentoras pelo governador também devem ser questionadas, pois se referem a uma série de transposições em bacias cujas consequências, como a retirada significativa de grandes volumes de água, são desconhecidas e que, portanto, poderão acarretar em importantes impactos socioambientais, principalmente nas áreas e regiões originárias afetadas por essas obras.

A resposta sempre esteve na mudança de hábitos e no melhor uso dos recursos naturais, a questão da falta d´água só deixou isso mais claro para os milhões de moradores de São Paulo e região.

Um trabalho gradual sobre o compartilhamento das responsabilidades e o exercício pleno da cidadania, pressupostos básicos da sustentabilidade, seguia seu caminho de maneira mais lenta que o ideal, mas surtiu até aqui seus efeitos conscientizando as pessoas, as empresas e o setor público.

Essa declaração do governador paulista tem um forte potencial desmobilizador. Ela retira da sociedade seu protagonismo ao transmitir a falsa onipotência de sua administração para resolver isoladamente uma questão tão séria e preocupante como essa.

A visão paternalista e autocrática de tomar decisões deveria ter sido sepultada em definitivo no século passado, mas infelizmente somos ainda obrigados a conviver com dirigentes públicos que acreditam ser capazes de, unilateralmente, agir em nome de todos e para todos. A gestão da água é apenas um exemplo dessa visão limítrofe e antiquada.




Artigo de Celso Lungaretti: 'Menos, Alckmin!'

Celso Lungaretti: APOLLO NATALI – MENOS, ALCKMIN!

Todo escoteiro faz uma boa ação por dia. Parabéns por ajudar uma velhinha  a atravessar a rua, disse o chefe para um deles. Mas, por que você está todo arranhado? –estranhou. Senhor, a velhinha não queria vir de jeito nenhum!

O governador Geraldo Alckmin vai sair todo arranhado politicamente se obrigar sua velhinha a atravessar a rua contra a vontade dela. Ou seja, se impuser contra a vontade de milhares de estudantes, suas famílias, professores, o que ele batiza de reorganização escolar. Ele teima em manter as mudanças neste ano novo de 2016 e implantá-las em 2017. Insiste, mas não convence, de que a reorganização melhora o ensino.

Melhorar a Educação e fazer um país forte é isto aqui: pagar melhor os professores do que os políticos. Qualquer estúpido, como eu, vê que ele quer é gastar menos com  a Educação.

Despoticamente alheio ao pânico e aos contratempos mil que sua medíocre reengenharia vai causar a milhares de famílias e seus filhotes, e também aos sempre desconsiderados professores, ele trama o fechamento de 93 escolas. E transformar 754 delas em unidades de ciclo único.  Fechar uma centena de escolas melhora o ensino?

Alguns minutos de navegação nos arquivos do espaço cibernético são suficientes para se constatar o espírito de tirania até agora manifestado por Alckmin em episódios marcantes da vida dos cidadãos paulistas.  Num deles, interpretou como ação de baderneiros as super-democráticas manifestações de rua de 2012 em todo o país.  Quantos movimentos de professores por melhores salários foram reprimidos com violência por Alckmin em seus três governos autoritários? Pesquisem.

O governador, do PSDB, partido que em duas décadas no poder não fez prosperar nada no Estado mais promissor e rico do país, proclama que são políticos os movimentos contra a sua enganosa reestruturação escolar.

Ora, governador, cada suspiro de um ser humano neste planeta azul é um ato político, seja ele cadastrado ou não a um partido. Nunca ouviu falar, em seus tempos de estudante, que o homem é um animal político?  Pelo amor de Deus, não sabia? Quem falou que apenas o PSDB pode fazer ato político e para o resto do mundo é crime?

Mudando de assunto. Me respondam, vocês que me ouvem: que governador paulista em todos os tempos deixou de pisotear com cavalos e baixar o cassetete nos professores em suas manifestações?

Voltando ao assunto. Escolas depredadas, e lá vem Geraldo Alckmin considerar criminosos os estudantes, no caso todos crianças, apesar da estatura física.  Só um toque, governador: as escolas foram depredadas quando já tinham sido desocupadas e  por baderneiros usando máscaras. O que os alunos têm é feito melhorias nas escolas. Entre outras, pintá-las por conta própria. Não sabia?

Menos, governador, sua velhinha não quer atravessar a rua. Deixe-a em paz. As crianças-estudantes, seus pais e muito menos os professores não querem a sua abrupta, policialesca, inconveniente e nem um pouquinho democrática reestruturação. Ouça a voz das ruas. Fique de bem com a democracia.

E eu incito a não-violência da PM contra crianças. Exorcize esse seu pesadelo de que está enfrentando crianças criminosas, governador. O senhor jogou bombas de gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, gás de pimenta, cassetetes, até contra meninas! Que horror! E se fosse uma filha sua?

Na hora da onça beber água, agora em 2016 e 2017, novas manifestações poderão acontecer, quem sabe. Então, reconheça isto, governador Geraldo Alckmin: já não tem mais nenhum cabimento o povo brasileiro ser pisoteado pela bota de ferro da repressão. Este é outro entulho autoritário de que deveríamos ter-nos livrado em 1985, quando voltamos à civilização.

É paradoxal que se arvore em reorganizador da rede escolar quem mostra tamanho desconhecimento de nossa História: a ditadura acabou em 1985!

A truculência como regra no trato das questões sociais virou uma excrescência na sociedade brasileira. A cidadania a estranha. A cidadania a rejeita. A cidadania a abomina.

Passou da hora desta obviedade ser reconhecida também  no Palácio dos Bandeirantes. Caia em si, governador, pelo amor de Deus! (por Apollo Natali, jornalista e cronista)

 

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Artigo de Celso Lungaretti: 'Celso Lungaretti e a fase terminal do capitalismo. Apollo Natali e a fase monstruosa de Alckmin'

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia: “A GRANDE CRISE DO CAPITALISMO VIRÁ QUANDO CHEGAR A CATÁSTROFE AMBIENTAL”

 

 
Os pesadelos da ficção-científica virarão realidade?

A grande crise do capitalismo virá quando chegar a catástrofe ambiental. Penso que haverá desastres cada vez mais frequentes e profundos. Haverá um momento de virada na história, uma espécie de barbárie ou alguma forma de regulação global dos mercados. (…)

Não sei quando isso acontecerá, mas essa será a crise de fundo do capitalismo: destruir as condições de sua própria existência, destruindo o ambiente, modificando condições que nunca deveriam ter sido modificadas.

A previsão é de Michael Burawoy, presidente da Associação Internacional de Sociologia.

Fez-me lembrar a tese soturna de Friedrich Engels: se uma classe dominante consegue perpetuar relações de produção condenadas, que estão travando o desenvolvimento das forças produtivas, acaba ensejando o advento da barbárie.

Assim, quando a escravidão se tornou anacrônica e contraproducente, era Spartacus e seus gladiadores que encarnavam a possibilidade de, mediante sua erradicação, o Império Romano ascender a um degrau superior de civilização. Ao derrotá-los, Roma tirou de cena os únicos sujeitos históricos capazes de darem uma resposta positiva à contradição existente.

 
A estagnação ensejou a barbárie

Detida a revolução que a transformaria  por dentro, fazendo-a evoluir, sobreveio a estagnação, o enfraquecimento e, finalmente, a destruição por parte dos que vinham  de fora  e expressavam um estágio de desenvolvimento há muito superado por Roma. O relógio da História andou para trás.

Agora, podemos estar diante de uma situação semelhante. O capitalismo se torna cada vez mais pernicioso e destrutivo, porque esgotou seu papel histórico e tem sobrevida parasitária.

Desenvolveu enormemente as forças produtivas, permitindo que a humanidade finalmente ultrapassasse a barreira da necessidade; hoje estão dadas as condições para a produção de tudo aquilo de que cada habitante do planeta necessita para uma existência digna.

Mas, tendo como prioridade máxima o lucro e não o atendimento das necessidades humanas, desperdiça criminosamente tal potencial, impõe uma desnecessária e embrutecedora penúria a parcela considerável da humanidade, provoca turbulências econômicas cada vez mais frequentes, multiplica as agressões ambientais e malbarata os recursos naturais finitos dos quais depende a sobrevivência de nossa espécie.

 
Sopa dos pobres na Grande Depressão

Por enquanto, graças aos mimos que proporciona aos que participam do sistema (ao preço da exclusão de tantos outros seres humanos), à avassaladora eficiência tecnológica e à manipulação científica das consciências por parte de sua nefanda indústria cultural, tem conseguido evitar a revolução — cada vez mais necessária e premente. Até quando?

Marcuse acreditava numa resposta provinda de quem estivesse fora do sistema, não submetido à sua lógica unidimensional, que exclui alternativas e veda o espírito crítico.

É exatamente o que começa a suceder, como, aliás, está bem caracterizado nestas outras afirmações do sociólogo Burawoy:

Estive em Barcelona e vi os indignados. Agora também em Wall Street. São muito similares. Resistem a se engajar no sistema político, em levantar temas políticos…

 
Burawoy: momento de virada da História.

Todos esses movimentos refletem uma era de exclusão. (…) O centro de gravidade desses movimentos são os excluídos, os desempregados, estudantes semi-empregados, juventude desempregada, até membros precários da classe média. É um conglomerado de grupos diferentes todos vivendo um estado de precariedade porque foram excluídos da possibilidade de ter uma posição estável [dentro do sistema, pois esta se tornou] um privilégio para poucos.

…É um movimento muito fluido e flexível. (…) Há espontaneidade, flexibilidade. É fascinante. Aparecer, desaparecer. É parte de sua força e de sua fraqueza.

…os participantes são de esquerda, são radicais democratas participativos, que preferem estruturas horizontais a verticais. Protestam contra o capitalismo que enxergam ao seu redor.

Mas, esses pequenos Davis serão suficientes para derrotar o terrível Golias dos dias atuais? Provavelmente, não.

 
Catástrofes levarão seres humanos a se unirem

No entanto, a barbárie também ronda as fronteiras do império –não mais na forma de contingentes humanos, mas sim das forças de destruição que o capitalismo engendrou contra si, mas se abaterão sobre nós todos.

As catástrofes ambientais que assolarão o planeta nas próximas décadas certamente levarão os seres humanos a unirem-se na luta pela sobrevivência.

Isto para não citarmos outros pesadelos, como os terroristas islâmicos, que em tudo e por tudo lembram as invasões bárbaras, pois corporificam o retrocesso histórico, a volta a um estágio inferior da evolução da humanidade. E poderão causar imenso dano se, p. ex., voltarem seus ataques suicidas contra instalações nucleares. Em se tratando de fanáticos religiosos, tudo é possível.

O certo é que, se escaparmos da destruição total, será o momento em que os seres humanos remanescentes, obrigados a tomar seu destino nas mãos, poderão dar um novo rumo à economia e à sociedade, que vão ser obrigados a reconstruir.

Por enquanto, o futuro é uma completa incógnita –inclusive a existência ou não de um futuro para a humanidade. A única certeza: assim como na canção célebre de Neil Young, estamos saindo do azul e entrando nas trevas.

Quiçá saiamos delas regenerados.

 

 

 

CRIANÇADA ILUMINADA

 

Por Apollo Natali

Que instantâneo emocionante de uma democracia!

Meninas estudantes nas ruas de São Paulo -meninas!-, que coragem a de vocês, enfrentando de peito aberto temíveis policiais militares encarregados de desencorajarem com brutalidade sua luta pacífica pelo não fechamento de suas escolas. Do alto dos meus 80 anos nunca fui assim iluminado e proclamoque inveja dessa coragem que eu nunca tive! Confessar covardia, esta coragem eu tenho…

Gatinha, olha essa bomba de efeito moral que explodiu ao seu lado! Essa bomba de gás lacrimogênio! Esse gás de pimenta nos seus olhinhos! Você não tem medo, garotinha?

(Não tem medo não, a danadinha!)

Que inveja da coragem daqueles meninos e meninas a teimar que uma democracia não é lugar para posturas autoritárias. Que lição de democracia essa, dos pequeninos e pequeninas! São de boa estatura, alguns, mas na idade e na cabeça são estudantes crianças. A polícia já constata que foram bandidos, alguns até mascarados, que aproveitaram a oportunidade para depredar escolas e furtar bens. E tem de concordar que só em democracia se faz festas.

 
Trajetória negativa: de médico bonachão a aprendiz de ditador.

Na história de Alice no Pais das Maravilhas, a menininha enfrenta uma rainha ditatorial que esbraveja repetidamente durante toda a historinha infantil de terror sua deixa de morte: cortem-lhe a cabeça!

As menininhas e menininhos nos protestos da Avenida Paulista enfrentam um duque absolutista que, durante toda essa sua historinha adulta de terror, dá vazão à sua sanha ditatorial contra crianças, a esbravejar, espumando de ódio: reprima-se!

A rainha ordena, sem mais nem menos, que um tal gatinho, bichinho querido das crianças, seja decapitado, por pertencer à Duquesa, que ela odeia. O governador Geraldo Alckmin, com seu ódio a uma duquesa chamada democracia, põe na rua policiais militares para derrubar, algemar crianças e levá-las para a delegacia.

Crianças! Que instantâneo nauseante das sobras da última ditadura brasileira! Mais algumas lufadas de despotismo como esse e a nossa esganada democracia vai perder o fôlego de vez.

Para justificar a suspensão do seu projeto de alcance medíocre em favor da educação Alckmin se escudou nas palavras do papa Francisco que recomenda diálogo para resolver diferenças.  Para dizer o nada que disse, Alckmin fez um  solene, espetaculoso discurso de meio minuto diante de uma selva de microfones. Falou pouco, virou as costas e fugiu de perguntas dos jornalistas.

Ora, governador Geraldo Alckmin, faz tempo, faz 6 mil anos, surgiu na região onde se situa hoje o Irã, a Síria e o Iraque, o movimento para opor o diálogo à opinião única dos tiranos, movimento esse então chamado de democracia de assembleia. Não precisava esperar tanto tempo e se agarrar em Francisco para deixar sua ficha cair. [Não, a democracia não surgiu na Grécia. Lá ela se fanatizou.]

Até agora só deu PM de Alckmin em cima de estudantes que protestam na USP,  PM de Alckmin em cima de professores grevistas,  PM de Alckmin em cima de qualquer um que protesta nas ruas. Tudo bem, dá-lhe, PM! é a rotina do governo Alckmin. Mas agora, o que acontece?

Tudo bem, todos sabem que o PSDB, há 21 anos no governo, é o responsável pelo fracasso da educação em São Paulo; e também já se tornou de domínio público que os estudantes não aceitam agora a falácia de sua chamada reestruturação do ensino. No entanto, encurralado, fingindo-se de democrata, Alckmin se oferece para o diálogo com os estudantes e seus pais durante todo 2016.

Cuidado, o inimigo da Duquesa nos dá o direito de suspeitar que ele vá desferir sem dó em 2017 o golpe de misericórdia para executar ditatorialmente, sem a concordância dos alunos, seu insignificante e predador projeto de reduzir custos para a educação.

Ou antes até, passo a passo, em doses homeopáticas em meio às férias escolares, um pouco aqui, outro ali. De grão em grão a galinha acaba na panela. Alerta!

Em todo caso, quando vocês, menininhos e menininhas iluminados, e seu papais, não vislumbrarem a mínima possibilidade de salvação e a vontade absoluta de Geraldo Alckmin vencer, aí é que vocês deverão apelar para todas as suas forças, erguer a cabeça orgulhosamente e gritar bem alto, com voz possante, segura, para que o mundo inteiro os escute: socooooooooorrrrrrooo!!!

 

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É ASSIM QUE ACABA O GOVERNO: NÃO COM ESTRONDO, MAS COM UM SUSPIRO.

DENÚNCIA GRAVÍSSIMA: EMBUTIRAM NO AJUSTE FISCAL A LAVAGEM DE DINHEIRO DE ORIGEM CRIMINOSA!!!

A “TRANSPOSIÇÃO” ATINGIU SUA META: AS VERBAS FORAM TRANSPOSTAS PARA AS CONTAS BANCÁRIAS DE PILANTRAS.

VISÕES DA CRISE: ESTAMOS EM CONTAGEM REGRESSIVA PARA O CAOS.

VISÕES DA CRISE: DILMA HOJE NÃO PASSA DE UM HOLOGRAMA DE SI MESMA.

VISÕES DA CRISE: “GOVERNO FAZ PIOR GESTÃO ECONÔMICA DESDE COLLOR”.

O VINHO FICOU ESCORRENDO DA CARA DO NOSFERATU. E AINDA LEVOU UMA ESCULHAMBAÇÃO DA MULA-SEM-CABEÇA…

CLÓVIS ROSSI E SUA CRÔNICA DE UMA AGONIA INTERMINÁVEL

DELFIM NETTO ENXERGA UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL. OU SERÁ UM TREM QUE CHEGA EM SENTIDO CONTRÁRIO?




Artigo de Celso Lungaretti: 'Os cofres estaduais estão vazios? Fechemos as escolas!'

GERALDO ALCKMIN, O EXTERMINADOR DO PRESENTE E DO FUTURO

EM 2012 ELE BARBARIZOU O PINHEIRO. EM 2015 ESTÁ BARBARIZANDO A EDUCAÇÃO.

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

Desocupação do Pinheirinho: bestialidade sem limite.

Detestei cada minuto dos quase quatro anos em que trabalhei no serviço de imprensa de um governador, na década retrasada. Ficara desempregado num momento de crise no mercado jornalístico e o meu antigo diretor de redação, que também estava na olho da rua, investiu na conquista de um cargo público, fazendo campanha de graça para o candidato.

Ganhou a aposta e recebeu a contrapartida: passou a coordenar a redação que trombeteava os feitos e justificava os malfeitos de Sua Excelência.

Alguns meses depois me fez uma oferta irrecusável, para ser seu redator de confiança na equipe que herdara.

Aluguei minha competência profissional, mas não as minhas convicções. Não me filiei ao partido do governador nem procurei aproximar-me do seu esquema político, o que teria sido muito fácil nas circunstâncias. Encarava aquilo tão somente como ganha-pão.

O que não me impediu de simpatizar com uma política daquele governo: a colocação do ensino como prioridade primeira.

Logo no início, foram convidados cem luminares para fazerem um diagnóstico em profundidade da educação, formulando um programa para sanar as grandes deficiências existentes.

O resultado foi o projeto das escolas-padrão, que procurava fazer com que algumas escolas estaduais se tornassem ilhas de excelência, com equipamento adequado, autonomia para gerir seus gastos e incentivos aos professores.

As primeiras a serem transformadas serviriam como cartões de visita e teste na prática. Todas as outras, com o passar do tempo, as seguiriam.

Deu tudo errado.

Os professores não mostraram o mínimo interesse em participar da gestão dos recursos no que seriam, digamos, associações de pais e mestres com poderes ampliados e recursos para investir. Isto foi encarado por eles, apenas, como mais trabalho.

Também recusaram, indignados, a proposta de terem aumentos salariais desde que fizessem cursos de aprimoramento didático. Queriam receber aumentos salariais sem se obrigarem a nada.

E fizeram uma interminável greve que, no desempenho das minhas funções, acabei acompanhando passo a passo.

 
Reestruturação do ensino: iniquidade sem limite.

Mesmo assim, era impossível não notarmos que a greve, a partir de certo ponto, foi prolongada unicamente para criar constrangimentos políticos ao governo.

Chegou o momento em que foi colocada a proposta definitiva e última do governador. Mesmo assim, os líderes do magistério mantiveram a paralisação por mais duas ou três semanas, o que não fazia nenhum sentido em termos reivindicatórios. Os motivos eram outros.

Depois recuaram, aceitando integralmente a proposta que haviam rechaçado de pronto.

O governador amaldiçoou o dia em que pensou em fazer do ensino a vitrine do seu governo. Adotou outras prioridades e para elas canalizou os recursos adicionais que iria utilizar em educação.

Os professores perderam o poder de barganha e, portanto, a chance de obter melhor remuneração. Não se deram conta de que, jogando o jogo com mais sutileza, teriam alcançado patamares salariais bem mais condizentes com sua nobre função.

Os estudantes foram sensivelmente prejudicados, pela não concretização das melhoras e também pela perda de dias letivos.

Eu mesmo, acreditando nas belas promessas das escolas-padrão, transferi minha filha para uma delas. No final de um ano praticamente perdido, tive de levá-la de volta para o colégio de freiras, com o rabo entre as pernas.

Fiquei decepcionadíssimo por constatar que raríssimos professores levavam em conta seu papel na formação dos cidadãos, seu acesso privilegiado aos corações e mentes dos jovens brasileiros e, por extensão, de suas famílias.

Queriam mesmo é números diferentes nos holerites. Que acabaram não conseguindo.

Senti-me muito velho ao compará-los com meus veneráveis mestres de outrora, que se viam sobretudo como formadores das novas gerações, difusores do saber e responsáveis pelo aperfeiçoamento das instituições.

Meus pais e avós diziam a mesmíssima coisa, que os professores haviam piorado desde seus tempos de escola. Ou todos estávamos com a sensação errada, ou nosso ensino vem há muito descendo a ladeira.

Quem parece ter entendido bem tal lição é o governador atual, Geraldo Alckmin, que escolheu o ensino como alvo prioritário do corte de despesas nestes tempos bicudos de recessão. Decerto prefere poupar programas que lhe rendem mais dividendos eleitorais. E que se dane o futuro do Estado e do País, condenados a terem, adiante, cidadãos e profissionais de poucas luzes!

Mas, como todos sabemos, o horizonte dos políticos vai apenas até o último mandato que poderão exercer antes de descerem ao inferno; se depois vier o dilúvio, que lhes importa?

Assim, Alckmin está fechando 25 escolas estaduais na capital paulista –nove nas regiões centrais onde as famílias geralmente podem bancar ensino pago e 16 nos bairros mais pobres, em que talvez isso fulmine a chance de jovens promissores virem a ser alguém na vida.

Em todo o Estado, serão 94 escolas assassinadas e 754 que passarão a ter apenas uma etapa de ensino (ou Fundamental 1, ou Fundamental 2, ou médio).

O governador alega que há espaços ociosos na rede. Eu diria que há espaços vazios nos cofres estaduais e que para preenchê-los vale tudo, até dificultar o acesso dos carentes, que não têm carro próprio nem podem pagar kombis escolares, sendo obrigados a juntar-se às outras sardinhas que se espremem nas latas do dantesco transporte coletivo de São Paulo.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico divulgou há alguns meses um novo ranking mundial de qualidade da educação. Entre os 76 países avaliados, o Brasil ficou num melancólico 60º lugar.

Se depender dos Alckmins da vida, dias piores virão.

 

APOLLO NATALI: “PROPOSTAS SENSATAS E INSENSATAS PARA A EDUCAÇÃO”.

 
Por Apollo Natali

“Se os Estados Unidos realmente se empenharem na criação de um novo sistema educacional para o século 21, a primeira medida a ser tomada é levar a profissão de professor a sério” (Barack Obama). “Viverás melhor quando fizeres os professores dos teus filhos serem mais bem pagos do que os políticos” (Wilhelm Reich). “Tratar com o mesmo rigor a responsabilidade fiscal e a responsabilidade educacional do País” (senador Cristovam Buarque).

Sugestões sensatas essas, de cabeças privilegiadas, na defesa da educação. Igualmente sensatas propostas de Cristovam Buarque serão listadas no final destas linhas. Foram consideradas insensatas pela classe política.

A reestruturação da educação no estado de São Paulo anunciada pelo governador Geraldo Alckmin, aparentemente nem sensata nem insensata, pode ser uma mexida na contabilidade para diminuir gastos com a educação dos pobres. Em 1998 a rede estadual de ensino tinha 6 milhões de alunos. Atualmente são 3,8 milhões.  Motivos alegados: municipalização do ensino básico, menor taxa de natalidade, transferência de alunos para a rede privada.

O estado de São Paulo tem 645 municípios, 162 são alcançados pelas inovações. Sem alteração em 519 municípios. Ao todo, 311 mil alunos da rede serão transferidos de suas escolas em todo o Estado: 94 escolas serão fechadas, 66 delas funcionarão como creches; 28 que vão parar de funcionar não têm destinação.

O secretário da Educação, Herman Voorwald, justifica que a intenção é transformar as escolas em locais com apenas alunos de um ciclo –1 a 5 anos, 6 a 9 anos– e ensino médio. Ele defende que o objetivo é melhorar a qualidade do ensino. As transformações começam no início do ano letivo de 2016, para serem concluídas dentro de dois anos. Pais de alunos esperam o dia 14 de novembro, batizado de Dia E (de “ensino”) para saberem que escolas vão fechar.

Num lance de insensatez democrática, Geraldo Alckmin decidiu unilateralmente pelas modificações. Não consultou nem avisou pais e alunos. O sindicato dos professores da rede estadual de ensino, Apeoesp, que representa a categoria, nem sequer foi comunicado.

O governador garante que professores, merendeiras e funcionários da limpeza não serão demitidos. Não se sabe com que mágica isso vai ser feito.  A presidente da Apeosp, Maria Izabel Azevedo Noronha, lembra que apenas professores concursados não podem ser demitidos. Outras categorias de professores vão ter a carga horária drasticamente reduzidas, podendo chegar ao cúmulo de 12 horas-aula por semana, com a correspondente redução do salário.

“O professor mal vai conseguir se sustentar. Com o tempo,  a secretaria da Educação vai anunciar a necessidade de fechamento de mais escolas. A educação vai piorar, com certeza. A rede já não está organizada. Vai virar uma bagunça geral”, diz Izabel, que como Bebel é conhecida.

O nível educacional do Brasil poderia estar hoje igual ao de países como Costa Rica, Argentina, Chile e Coreia do Sul, tivessem sido levadas a sério propostas de Cristovam Buarque, doutor em economia, senador pelo PT-DF, ex-reitor da UnB de 1985 a 1989, governador do Distrito Federal de 1995 a 1998 e ministro da Educação de 2003 a 2004. Quando governava o Distrito Federal criou o Bolsa Escola, atual Bolsa Família.

Cristovam, no último mês de janeiro, garantia que em 15 anos suas propostas colocariam o Brasil no mesmo estágio educacional daqueles países. Suas idéias foram consideradas insensatas pelo ministro da Educação da época.

 

Só um cego político ou um infeliz omisso quanto às necessidades educacionais do País vê insensatez nas idéias de Cristovam Buarque. Quem enxerga o Brasil com nitidez considera que suas propostas nada têm de insensatas. Vejam:

  • estabelecimento de um piso salarial mínimo para todos os professores, vinculado a exigências mínimas de conhecimento;
  • tratar com o mesmo rigor a responsabilidade fiscal e a responsabilidade educacional do País;
  • aprovação de uma lei de responsabilidade educacional que obrigue a cada prefeito cumprir as metas traçadas para a educação das crianças que vivem em sua cidade;
  • o governo federal, que financia totalmente as universidades e as escolas técnicas federais –e financia também com isenções fiscais federais parte das universidades e escolas privadas– que assuma a responsabilidade pela educação básica dos filhos dos pobres;
  • redução das despesas do governo federal em apenas 1% em favor da educação não abala os pilares da política econômica;
  • definição de três principais destinações de recursos, ou seja, três pisos, obrigatórios, para todas as escolas brasileiras: um piso de salário e formação do professor, um piso de instalações e equipamentos pedagógicos e um piso de conteúdo para cada disciplina em cada série;
  • federalização da educação básica. Considerando a realidade da desigualdade nas rendas das cidades brasileiras e o desinteresse pela educação por parte de grande número de prefeitos, a igualdade de oportunidade educacional só será possível se a educação básica for uma preocupação federal, não apenas municipal ou estadual;
  • combinar a responsabilidade federal com a manutenção da descentralização gerencial das escolas a cargo dos municípios e até mesmo dos pais e da sociedade;
  • dar a cada criança brasileira uma escola com o mesmo padrão de qualidade, independentemente da cidade onde nasceu e vive. Que uma criança do município maranhense de Centro do Guilherme, p. ex., onde a renda per capita é de R$ 28 por mês, tenha o direito a uma escola com o mesmo padrão de uma criança de Águas de São Pedro, no estado de São Paulo, cuja renda média per capita é de R$ 955 mensais. Neste país desigual as crianças devem ser tratadas como brasileiras, com direitos iguais e não como municipais, com direitos diferenciados;
  • toda escola deve ter banheiro e luz elétrica, chão de cimento, paredes de tijolo, teto de telha e um mínimo de equipamentos modernos disponíveis no Brasil;
  • assegurar vaga na escola a partir dos quatro anos de idade. O berço da desigualdade na idade adulta está na desigualdade do berço da criança. A porta da igualdade é a educação que complementa o berço e não a fábrica que complementa a renda; e
  • que toda criança pobre tenha conhecimento básico da língua portuguesa equivalente aos filhos da elite.

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