Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo: 'Acidentes de trabalho: alcoolismo'
Acidentes do trabalho: alcoolismo
Acidentes de Trabalho. Com demasiada frequência acontecem os denominados acidentes de trabalho, pelas mais diversificadas causas: seja pela não observância das regras estabelecidas na regulamentação aplicável; seja por falta de formação; seja porque não existem, devidamente atualizados os equipamentos de proteção individual, seja por outros “mil e um motivos”.
As consequências dos acidentes de trabalho, por vezes, são irreparáveis e conduzem à morte física do colaborador, ficando a família e seus dependentes, em casos muito específicos, na completa miséria, porque algumas das entidades, competentes na matéria, nem sempre assumem as responsabilidades que lhes são atribuídas, nomeadamente, se verificarem que houve, por exemplo, negligência, por parte da vítima e/ou, eventualmente, da entidade patronal.
As estatísticas oficiais, relativas a acidentes de trabalho, que provocam vítimas mortais e/ou invalidez total e definitiva, são assustadoras e para além do sofrimento das/os sinistradas/os, familiares e pessoas verdadeiramente amigas, também se poderia invocar, evidentemente, num plano secundário e economicista, os gastos resultantes destes acontecimentos.
Grande parte das disfuncionalidades que se verificam nos locais de trabalho, têm alguma relação entre si. Por exemplo: o alcoolismo pode ter a sua origem no stresse, este por sua vez pode ter as suas causas nos estímulos do meio, e assim sucessivamente. No mesmo trabalhador podem existir várias anomalias, havendo que corrigi-las, sempre que possível, de forma pedagógica, porque estará provado que não é com autoritarismos, com represálias e com o despedimento que se recuperam as pessoas para o trabalho, para a família e para a sociedade.
Alcoolismo. É sabido que o consumo de álcool é uma prática ancestral, seja por razões pessoais, seja em contextos sociais, seja ainda porque se ficou viciado a partir do consumo permanente, cada vez em maiores quantidades e, em alguns casos, diversidade de bebidas. Existe, também, alguma predisposição para o consumo, por parte de muitos jovens que, imbuídos de uma mentalidade malformada, pensam que pelo facto de consumirem álcool em excesso, (ou tabaco) se tornam mais adultos, mais respeitados.
No contexto deste trabalho, pode-se definir o alcoolismo como: «Uma doença crónica caracterizada por uma tendência a beber mais do que o devido, por tentativas infrutíferas de deixar a bebida e pela manutenção do hábito, apesar das consequências sociais e laborais adversas (…). é difícil estimar a dimensão do problema em Portugal, admitindo-se que existam actualmente no país cerca de um milhão de bebedores excessivos, e mais de meio milhão de dependentes (o país ocupava em 2005 o 8º lugar no consumo mundial de álcool). (Manual Merck, online, (2007); Barrias, (2005); in: CUNHA, et. al. 2010:805-06.
Naturalmente que, tal como noutras situações, todos os excessos originam consequências, e no que respeita ao alcoolismo, elas são diversas: «Ao nível Psicológico e Psicomotor: (a) diminuição dos reflexos; (b) alterações dos sentidos e dos equilíbrios; (c) modificação da percepção do espaço e do movimento (distâncias, alturas, velocidades); (d) redução da memória; (e) envelhecimento prematuro. Na Saúde: (a) patologias físicas como o cancro esofágico ou cirrose; (b) patologias neuromusculares, como perda de força muscular; (c) problemas sexuais, como impotência e infertilidade; (d) problemas cardiovasculares como hipertensão; (e) problemas mentais, como a demência de Korsakoff ou o delirium tremens. No plano pessoal, social e familiar ocorre uma desintegração das relações e dos laços: (a) afastamento das outras pessoas; (b) aumento das falhas ao trabalho; (c) demissão; (d) aumento da agressividade e do conflito; (e) diminuição do envolvimento com a organização; (f) diminuição das prestações no trabalho.» (Ibid.)
Como se pode verificar, as consequências do alcoolismo são dramaticamente destruidoras das condições e qualidade de vida da pessoa humana, da sua própria autoestima, reputação socioprofissional e da sua dignidade, no limite, da aniquilação da própria vida, porque ainda paira o estigma pejorativo sobre quem abusa do álcool, ao contrário do que acontece com outros vícios, por exemplo, o tabaco, cujo consumo ainda é considerado como uma prática social, embora extremamente nociva para os fumadores, basta analisar as estatísticas relativas às pessoas que morrem com cancro do pulmão, laringe, faringe ou boca, devido ao excesso tabágico, a que acrescem problemas respiratórios, bronquites, enfisemas e dificuldades no sistema cardiovascular.
Bibliografia
CUNHA, Miguel Pina, et. al., (2010). Manual de Gestão de Pessoas e do Capital Humano. 2ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Ldª.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
NALAP.ORG
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http://diamantinobartolo.blogspot.com