Claudia Lundgren: 'Amo-te'
Amo-te
Ainda que, na lápide, cubra-te a mortalha,
mesmo que tua carne esfrie e enrijeça
e com o triste passar dos dias se desfaça,
amo-te; a tua lembrança me trespassa.
Desesperado, toquei tua gélidas mãos;
por nosso último encontro, quanta ânsia.
A terra cobriu-te, e agora estamos
a sete palmos de distância.
Fui poeta, dediquei-me meus versos fúnebres;
sonhei em descer contigo à sepultura.
Atraíram-me teus olhos cerrados;
serias minha no além, porventura?
Mas ainda que tua alma, desligue-se, alada
e mesmo que da minha face te esqueças,
‘Amo-te, oh virgem imaculada!’ –
no ataúde, ouças, e estremeças!
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com