Marcio Castilho: 'Dos Jetsons aos Flintstones'
Dos Jetsons aos Flintstones
Pane global! As redes sociais inoperantes! Voltamos aos primórdios dos tempos onde não podíamos nos comunicar de forma instantânea e aí percebo o quanto a internet está presente em nossas vidas, atrelada a nós como se fosse uma parte do corpo, pois toda o nosso mundo está confinado num aparelho eletrônico desde nossa agenda, nossos amigos, nossa família, nosso trabalho, nossos estudos até nossa diversão. Antes das redes falharem, estava vendo uma postagem de Rita Lee e compartilhando a mesma com os amigos. Neste post Rita dizia “era para a gente estar nos Jetsons e voltamos aos Flinstones”. Porém, apesar de toda essa problemática com os aplicativos, pensei que poderia ser uma oportunidade de olhar melhor o mundo ao redor já que, enquanto estamos conectados somos tão desatentos e até mesmo tão negligentes com o que ou quem está próximo de nós, que o céu pode estar desabando e você nem se dá conta. Ficamos tão absorvidos e presos ao fascínio do mundo virtual que mal percebemos as necessidades dos que estão bem ao lado de nós. O gato mia pedindo atenção; a criança berra, pois está carente de calor humano; seu irmão te chama para conversar e compartilhar as vitórias do dia; seus parentes, reunidos na mesa, falam sobre coisas da vida material e você continua preso ao fascínio na tela do celular. Tudo parece invisível ao seu entorno: as pessoas dormindo nas ruas, sem comida, sem família, sem ter onde morar; o cachorro faminto que late e te acompanha pedindo as sobras do sanduíche que você joga na lixeira; o garoto que faz malabarismos ao fechar o sinal pedindo alguns trocados após apresentar seu talento no meio da rua; a menina sentada em frente ao banco com o filho no colo vendendo os seus panos de prato; o tempo que corre às pressas e ponteiros que não irão mais retroceder. Enquanto digito essa crônica, imagino quanto tempo a gente gasta com o mundo impalpável das redes virtuais. Tempo este que poderia ser aproveitado olhando as belas paisagens que são invisíveis aos olhos hipnotizados na tela do celular. Quantas vezes, durante viagens, deixei de prestar atenção no belo enquanto era conduzido ao meu destino! Quanta gente deixei de admirar por estar preso à tecnologia! Virei um autômato sem empatia! Pois assim somos quando deixamos a realidade ao entorno para nos ensimesmar no fantástico mundo virtual. Bem, hoje estou off line, sem facebook, sem instagram, sem whatsapp, quase sem CEP, mas para mim, hoje está sendo uma boa oportunidade de ver o mundo lá fora tal qual ele realmente é.
Márcio Castilho
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