Melancolitonia
Ella Dominici: Poema ‘Melancolitonia’


é tão monótona a tardezinha que não me aplaca
e ingentil o sol que minha natureza despedaça
quando parte dando aleivosamente sinais de fim
é melancólica a onda rasteira e larga que recua
deixando areia molhada e meio nua
nauseada do dourado, sal-choro me flagra
chegando lua indo o másculo sol sem pena
contrita venho alada engatinhando agachada
joelhos arranhados de grãos-passado ainda
a tarde é longa como o piscar lânguido
as energias ficaram na travessia trêmula
na boca o gosto-nostalgia da língua sôfrega
tarde do domingo domina alma do desejo
beija-me na praia de suaves grãos finos prateados
até que chumbo-noite faça-nos marejados
de mar enfim