Livro reúne obras do artista plástico Pablo Bernasconi

baixar em alta resolução

‘Retratos’, lançamento da Catapulta Editores, reúne noventa dos melhores retratos que o artista plástico, Pablo Bernasconi produziu nos últimos anos

Sutileza, carisma e humor são algumas das características que o artista plástico argentino, Pablo Bernasconi, traz em suas obras. Com um estilo marcante, Pablo desconstrói imagens de personagens mundialmente famosos, como Madonna e Vinícius de Moraes, para reconstruí-los de uma maneira simbólica e peculiar. O lançamento da Editora CatapultaRetratos, reúne noventa de suas principais obras dos últimos anos.

Segundo o artista, os retratos ilustrados no livro são chamados “conceituais”. “Retrato conceitual é um retrato que descreve o personagem e descreve, sobretudo, a opinião que eu tenho sobre ele”, comenta Pablo, que usa objetos para representar figuras humanas, como cadeira, almofada e até mesmo diversos tipos de alimentos. Dessa forma, Retratos propõe ao leitor que descubra os sinais e os códigos que, posteriormente, lhe permitirá decifrar todo o conteúdo proposto pelo artista.

Junto das ilustrações, o lançamento também traz frases ditas por cada uma das personalidades, em português e na língua original do personagem. Além disso, Retratos também conta um pouco sobre a biografia de Pablo, o que aproxima o leitor das propostas do artista e do conceito utilizado em suas obras.

Ao longo de 208 páginas, o leitor vai se deparar com uma obra diferente em cada folha cheia de detalhes, que começam já na capa do livro, emoldurada e ilustrada com um dos retratos do artista. “Tento alcançar um equilíbrio, e que esses detalhes não deixem a imagem hermética. Se coloco algo muito conhecido, deposito: afasto a possibilidade do leitor entender o que quis dizer. Nem enigmático nem sofisticado o suficiente para que não se entenda nada”, comenta o artista sobre suas ilustrações e os detalhes que as formam.

O livro já está disponível e à venda nas principais livrarias do país, além do site da editora https://www.catapultalivros.com.br/. O preço sugerido é de R$ 180,00




Artista plástico Andrey Guaianá Zignnatto apresenta 'CO YBY ORÉ RETAMA' no Museu da Cidade de São Paulo

baixar em alta resolução

Exposição começa no dia 25 de setembro em cartaz no Museu da Cidade de São Paulo

A construção do lar, a partir de memórias afetivas, é tema constantemente presente na vida e trabalho do artista plástico Andrey Guaianá Zignnatto. Para a exposição CO YBY ORE RETAMA (Esta Terra é Nosso Lugar), em cartaz a partir de 25 de setembro, no Museu da Cidade de São Paulo – Solar da Marquesa de Santos, ele equilibra forças de universos distintos – vida urbana e ancestralidade indígena – para reconstruir um Tekoa (lar) de fôlego em tempos de sufocamento.

Com curadoria assinada por Sandra Ará Reté Benites e produção de Ellen Navarro serão exibidas obras em diversos suportes, como escultura, instalação, performance, vídeoarte, objetos, pintura e fotografia, que se utilizam de materiais como concreto, cerâmica, saco de cimento, jenipapo, carvão e livros, misturando a vida urbana com o universo das aldeias.

A escolha do Solar da Marquesa não aconteceu por acaso: o centro cultural está localizado onde antes do período colonial paulista foi Inhapuambaçu, aldeia Tupinaky’ia da qual Zignatto é descendente por parte de pai e que sofreu apagamento total de seu universo ancestral. O artista também possui ancestralidade indígena por parte de mãe, dos Guarani Mby’a, povo que o auxilia num processo pessoal de retomada como aba (homem) indígena.

“Apoiado sobre essas poucas memórias que me sobram como herança, na arte e suas muitas potências, me esforço para desenvolver um processo de reflorestamento do universo ancestral de minha família, onde este esforço se inicia no território de meu próprio pensamento e espírito e toma forma em meu trabalho”, afirma o artista.

Memórias afetivas

Os trabalhos são frutos das memórias afetivas da época em que o artista atuou como pedreiro, dos 10 aos 14 anos de idade, e das memórias ancestrais de sua família indígena Tupinaky’ia e Guarani. “A arte é o meio possível que encontrei para equalizar as memórias afetivas de minha vida urbana e de minha experiência como pedreiro participante da construção de cidades com minhas memórias ancestrais indígenas”, comenta.

Embyra

Até 5 de dezembro, no Museu Afro Brasil (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Vila Mariana, São Paulo) , Zignnatto segue apresentando “Embyra”, ou “restos” na língua Tupi, um conjunto de sete obras, entre escultura, instalação, videoarte e objetos, criados a partir das memórias afetivas e ancestrais de sua família indígena Tupinaky’ia e Guarani. A exposição “Embyra”, na visão do artista, é um esforço para equalizar os elementos de dois universos muitos distintos: o urbano e o dos povos originários, de forma a reconstruir seu universo ancestral indígena.

“Embyra” está em cartaz no Museu simultaneamente à mostra “Heranças de um Brasil Profundo”, que reúne mais de 500 objetos entre obras de arte e utensílios da cultura material indígena de raiz brasileira. A exposição encerra a trilogia do Museu Afro Brasil que visa iluminar as contribuições artísticas e culturais dos povos que deram origem ao Brasil, que teve início com Africa Africans, em 2015, e foi seguida por Portugal, Portugueses – Arte contemporânea, em 2016.

Quem é Andrey Guaianá Zignnatto

Eu sou artista descendente por pai dos povos Tupinaky’ia Guaianás que habitaram os territórios onde hoje é chamado São Paulo, etnia indígena que sofreu apagamento total de seu universo ancestral. O que restou deste povo e seu universo são alguns relatos em textos produzidos por seus colonizadores. Por parte de minha mãe, descendo dos Guarani Mby’a, povo que me tem auxiliado num processo pessoal de retomada como aba (homem) indígena. Apoiado sobre essas poucas memórias que me sobram como herança, na arte e suas muitas potências, me esforço para desenvolver um processo de reflorestamento do universo ancestral de minha família, esforço que se inicia no território de meu próprio pensamento e espírito. A reconstrução desse Tekoa* toma forma em cada trabalho produzido durante estas pesquisas e pode se expandir para muitas dimensões durante cada exposição, na experiência do contato entre o público e cada trabalho.

*Tekoa- A literalmente, significa o lugar do modo de ser guarani, sendo esta categoria modo de ser (tekó) entendida como um conjunto de preceitos para a vida, em consonância com os regramentos cosmológicos herdados pelos antigos guaranis.

Serviço:

Nome: CO YBY ORÉ RETAMA (Essa Terra é o Nosso Lugar)

Curadoria: Sandra Ará Reté Benites

Produtora: Ellen Navarro

Local: Museu da Cidade de São Paulo – Solar da Marquesa de Santos

Abertura: 25 de setembro, sábado

Endereço: R. Roberto Simonsen, 136, Sé, Centro Histórico de São Paulo

Dias e horários: terça a domingo, das 11h às 15h

Entrada: Gratuita




Carreira artística e crescente valorização da arte brasileira: Rapha Masí abre o jogo sobre abordagens importantes para quem está na profissão

Visualizar todas as imagens em alta resolução

O artista plástico revela se sentir em uma geração privilegiada pelas oportunidades do meio. Entre as inseguranças do sucesso, os primeiros passos são sempre os mais difíceis para a profissionalização e o principal deles: conquistar o seu espaço!

Convidamos o artista Rapha Masí para dissertar sobre início de carreira, conquistas e barreiras da arte no Brasil.

1. Ter sucesso na carreira artística nunca é fácil, muitas pessoas passam anos sonhando… Como acha que conseguiu atingir o sucesso tão rápido?

– Acredito que quando a gente foca muito em algo a ponto de passar uma segurança e convicção daquilo que se busca, naturalmente você vai se tornando esse alguém, pois dedica sua atenção e seu tempo para melhorar e ter mais conhecimento sobre o assunto. Assim foi comigo na arte, não foi de fato um sucesso rápido, ainda estou em construção, estudo bastante e busco sempre mais autoridade no meu trabalho.

2. Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou até conseguir visibilidade?

– Acho que foi firmar para mim mesmo que meu hobby podia ter uma qualidade de entrega melhor e consequentemente virar uma profissão. Quando eu acreditei na minha própria razão criativa, naturalmente as coisas começaram a andar.

3. Acredita a arte no Brasil ainda não tenha a valorização que merece?

– Acredito que hoje o mercado está em uma crescente, onde antigamente não se tinha o fácil acesso a uma peça de arte. Posso dizer que eu faço parte de uma geração de artistas que tem o privilégio de ter muitas oportunidades nesse meio, graças a modernização e de muitos outros artistas da velha escola que já trilharam na arte Brasileira.

4. Qual dica tem para quem está começando busca oportunidades?

– Ter convicção naquilo que você cria, sem medo de arriscar, buscar estudar, ter referencias e confiar no seu próprio processo.

 




Raphael Masi fala sobre processo criativo, arte no Brasil e autoconhecimento

Visualizar todas as imagens em alta resolução

O artista plástico se destacou no cenário das artes visuais. Para muitos, a arte no Brasil ainda não é tão valorizada e Rapha abre o jogo sobre o assunto

A arte é um oceano de possibilidades e pouco importa onde é projetada. Raphael Masi foi um adolescente apaixonado por skate onde circulava pelas ruas de São Paulo, as ruas grafitadas despertaram o seu interesse pela arte.

“Eu falo que esse processo de autoconhecimento nunca acaba, um artista sempre ta se descobrindo, estudando e se recriando. Desde novo eu era curioso em descobrir esse universo, testar materiais e de alguma forma reproduzir o que brilhava tanto meus olhos, que era a arte! Já pensei em desistir, temos dias bons e dias ruins, faz parte, acho que pra um artista é até mais sensível esse lado, mas quando você acredita na sua razão criativa acaba fluindo naturalmente.”

A proposta de Masi é perpetuar arte para pessoas de todos os interesses e em todos os locais possíveis. De peças de roupas até um disco de vinyl, o importante, no fim das contas, é divertir, compartilhar criatividade e levar alegria.

“A arte amplia sua visão sobre as coisas, acho que uma das principais qualidades de um artistas é enxergar arte onde não tem. Sempre vou buscar isso, inovar a maneira que aplico meu trabalho. Sempre que mostro algo, é como se tivesse mostrando um gosto meu, ou uma referência minha que gostaria de ecoar na arte, então além da pesquisa prática de testar materiais e aplicações, eu busco o conceito por trás da ideia.

Para muitos, a arte no Brasil ainda não é tão valorizada e Rapha abre o jogo sobre o assunto

“A arte no Brasil é algo volátil, mas acho que o mercado vem melhorando, eu tive acesso a muito estudo sobre o que eu queria seguir, isso facilitou a entender alguns processos.”

Criar não é para amadores e se destacar como revelação numa grande cidade como São Paulo é para poucos…

“Meu processo criativo não é algo que eu planejo muito, mas gosto de ouvir uma música, quando preciso de um insight maior, um vinho talvez. Anoto muito o que penso, então meu bloco de notas é cheio de observações minhas que pego para lapidar depois.”

 




'Chico', um bem cultural para futuras gerações

 Homenagem ao artista plástico e cineasta brasileiro Chico Liberato, que ganhará uma plataforma bilíngue e com audiodescrição no próximo dia 28/05, com direito a um tour virtual pelas memórias da “Casa Chico e Alba Liberato

Com uma linha do tempo em curso, Chico Liberato celebra 85 anos de vida e seis décadas de produção ininterrupta, com 57 anos de carreira profissional dedicada à arte e à cultura, como artista plástico e cineasta soteropolitano premiado nacional e internacionalmente e reconhecido mundialmente. Ele integra a segunda geração de artistas modernos da década de 70, que representou o período mais rico e efervescente de todas as artes no Brasil, sendo o único representante baiano das artes plásticas na Tropicália. Se destacou ainda pela essência autodidata e multimídia e como uma referência do pioneirismo do cinema de animação. Sua contribuição artística é tão ampla quanto diversa, na discussão e produção de arte, com trabalhos de desenho, pintura, escultura, xilogravura, cinema de animação e instalações, além de ser um grande pesquisador de regionalidades. Motivo das suas obras terem uma forte presença do sertanejo, do indígena e da negritude que marcaram a colonização do país.

Todos esses elementos revelam a importância histórica do seu legado e trajetória de vida e justificaram reunir uma coletânea do seu rico acervo com a organização da sua obra para o Brasil e o mundo em uma plataforma digital bilíngue (português e inglês), e com audiodescrição, acessível internacionalmente e voltada para o público de todas as idades e classes sociais: o site “CHICO”. O lançamento será no dia 28/05, disponibilizando todo o acervo documental sobre o artista e tudo o que ele produziu no site http://www.chicoliberato.com.br, incluindo um tour virtual na “Casa Chico e Alba Liberato”, pelo link https://www.chicoliberato.com.br/site/casachicoealbaliberato.

O site foi contemplado no Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal, para eternizar suas memórias como um bem cultural. As futuras gerações terão acesso às especificidades da trajetória do artista, sua vida e obra, exposições, casa onde vive com sua esposa até hoje, inclusive apresentando a rotina e vivências de sua história pessoal, além de obras, documentos, manuscritos, fotos e vídeos garimpados e catalogados para serem transformados em valiosos registros culturais e educacionais. Haverá, ainda, espaço para a comercialização de reproduções de suas obras e, em breve, agendamento de visitas presenciais à casa da família, onde também funciona o seu atelier, seguindo todos os protocolos de segurança.

 Vida, obra e história

“O site vem atender a uma lacuna que há tempos merecia ser preenchida sobre a vida de Chico Liberato dedicada à arte e ainda vai contar um pouco da história das artes na Bahia dos últimos 50 anos, pois também vai apresentar registros dos movimentos artísticos na Bahia nesse período, com centenas de mídias de jornal, catálogos de exposições individuais e coletivas que ele participou, homenagens que recebeu, fotografias que registraram seus trabalhos, pessoas que conviveu, viagens pelo mundo e a presença de sua família nas artes”, revela a coordenadora e produtora executiva do projeto, Candida-Luz Liberato, também filha do artista.

Alba Liberato, pesquisadora do site e esposa do artista, completa. “Em plena ditadura militar e repressão, aconteceram as manifestações culturais mais marcantes e determinantes da nossa geração. E a importância histórica de Chico é comprovada pela sua participação na realização de duas Bienais da Bahia, que trouxeram reconhecimento aos artistas locais e interatividade com os nacionais, fazendo de Salvador centro do Nordeste nas discussões e produção de arte; nas exposições e acontecimentos no Instituto Goethe e no MAM; e nos encontros com artistas na área do cinema, dança e música. Mas sua projeção inicial se deu a partir de 1963, como único baiano convidado a participar do movimento Nova Figuração, no Rio de Janeiro, com consagrados artistas do eixo Rio-São Paulo, e convite para expor na Bienal dos Jovens de Paris (1967). Tudo isso nos deu mais um viés para trabalhar os mesmos conceitos na contemporaneidade, através desse site, com o objetivo de fomentar, promover e difundir a produção cultural de Salvador para o mundo”.

O público terá acesso a mais de 500 documentos, como manuscritos; fotografias; storyboards; filmes de curta e longa metragens; vinhetas; cartazes; marcas; convites; catálogos; e folders; além de experimentos de arte e audiovisual e depoimentos de outros artistas. Tudo com textos explicativos em português, inglês e audiodescrição. A programação de dados é de Daniel Machado Pamplona Ribeiro; a programação visual, de Jonathas Sousa de Medeiros; a pesquisa, de Alba Liberato; fotografia e edição de vídeo de Marcio Albuquerque; tratamento de fotografias de Maria de Fatima Barboza; textos de Leila Midlej; e tradução e revisão de Lynne Reay Pereira.

O internauta também vai encontrar uma exposição virtual da capela do MAM Bahia, museu que Chico Liberato dirigiu por 12 anos, numa gestão considerada a mais inovadora e que abriu as portas da cultura para artistas de baixa renda e para a comunidade, sendo um polo de arte no contexto da formação, criação, estruturação de políticas públicas, apresentação de arte de qualidade e realização de oficinas gratuitas, bem como licitações públicas para promover e financiar obras de arte.

“Chico é um daqueles artistas que tem a arte como sacerdócio, como estilo de vida”, explica Candida-Luz. “A mais qualificada manifestação do homem na terra, a mais refinada expressão do espírito humano”, define Chico Liberato. “Com esta crença, ele sempre demonstrou, por meio da sua arte, o carinho, o amor, o cuidado e o sentimento pelo ser humano. Seja apresentando suas inquietações mais íntimas através dos seus filmes ou apresentando a beleza de tudo o que o ser humano faz com amor, manifesto nas texturas, grafismos e concepção de arte que os povos formadores da cultura brasileira nos trouxe”, revela a produtora.

Esse homem humanista e agregador tem a família como um dos seus maiores exemplos. O contexto da sua casa, do seu lar e do seu casamento sempre foi pautado pela manifestação da arte, em suas diversas linguagens, inclusive de forma pioneira e criativa: artes plásticas, gráficas, cinema, cenários, escultura, instalações e assemblagens. “Sempre com uma leitura pessoal e singular de trazer o que é mais expressivo, nem sempre o mais perfeito. E o seu jeito colaborador e compartilhador faz com que Chico transite, com muito respeito e admiração, nas artes do Brasil e do mundo”, pontua a filha.

De fato, muitos amigos fizeram questão de homenagear Chico Liberato participando do site enviando alguns depoimentos. Entre eles, o artista plástico e crítico de arte César Romero, que costuma dividir Chico em dois, o ser humano e o artista plástico. “Como pessoa, Chico é uma maravilha, educado, de fino trato, sempre tem uma palavra de carinho, de estímulo. Ele é um dos artistas mais significativos do nosso Brasil e tem um grande amor pelo Nordeste. É um artista profundo, de uma simplicidade muito grande e isso é o que o faz, o talento e a simplicidade”.

O diretor de cinema e roteirista José Araripe é outro admirador. “Chico é uma inspiração para mim, para minha geração, para os fãs, artistas, desenhistas e animadores. Eu amo animação, adoro colocar animação nos meus trabalhos, dirigir animação, escrever animação e Chico é a nossa maior inspiração e nos orgulha bastante”.

O diretor e animador Marcelo Marão concorda. “Apesar do meu estilo ser aparentemente muito diferente do de Chico, o trabalho dele sempre foi uma referência e uma inspiração pra mim, porque tudo o que ele fez sempre teve muita verdade, era muito próprio e pessoal. Sempre tinha a voz dele em tudo o que ele fazia, era sempre muito honesto e sincero e isso é essencial no trabalho de um artista”.

“Casa Chico e Alba Liberato”

Outra grande surpresa do site é o passeio virtual na “Casa Chico e Alba Liberato”, que recebeu o Prêmio Anselmo Serrat e foi elaborado por Henrique Muccini, da Bahia View 360º. O tour será na casa que Chico mora há 45 anos e onde recebeu e acolheu amigos e artistas, promovendo diversos encontros, casamentos, e movimentos artísticos, como encerramentos das jornadas de cinema da Bahia, gravação de trilhas de diversos filmes, produção de curtas metragens e do longa metragem “Boi Aruá”, que levou três anos para ser realizado.

“Chico foi o primeiro, em Salvador, a realizar instalações performáticas. A temática do Boi Aruá promoveu um encontro perceptual de artistas como Ernest Widmer, Lia Robatto e Elomar, resultando em filme, sinfonia, espetáculo de dança e instalação. O filme, muito premiado, foi totalmente produzido de forma artesanal, com a realização de 25 mil desenhos inspirados no cordel”, relembra a esposa Alba Liberato.

“Hoje, a casa guarda a memória desses acontecimentos, e de vários outros, no pensamento e no coração de muitas pessoas que passaram por lá, mas, sobretudo, preserva um verdadeiro museu de sua obra, conservando, na sua coleção particular, os quadros mais queridos, de diversas fases e técnicas. E o internauta poderá conhecer cada cantinho dessa casa no tour virtual, do atelier de Chico ao jardim de Alba”, comenta a filha.

Segundo ela, quando a família escolheu o lugar para morar, a casa também representava uma filosofia de vida do casal Chico e Alba Liberato. Um retiro da cidade, dedicado à criação das artes, ao convívio mais próximo da natureza. Onde se comia o que se plantava e onde se afastavam de alguns elementos da civilização.

“Não tinha televisão em casa, só música. Líamos livros, comíamos frutas do quintal, bebíamos leite da vaca. Nosso lazer era o exercício da arte e de sua experimentação. Quando os amigos chegavam, sempre tinha alguma atividade artística acontecendo. Era um meio de comungar, de viver e descobrir os valores do espírito humano. Ainda hoje o lugar permanece como um oásis e a natureza se mantém resguardada com seus ruídos acolhedores e sua fauna e flora naturais”, ressalta Candida-Luz.

“Esta casa fala pelo vento que entra e sai livremente por suas portas e janelas, abertas quando o sol nasce até a hora de deitar. Nasceu casa de roça. Fala direto ao coração, qualquer um que nela circula sente, não é fala secreta, é clara, direta. Fala de sua vocação, acolher com alegria a vibrátil presença de cada um. Torna-se inevitável, portanto, aqui, perceber, crescer, expandir, prosperar, dar frutos. Tem sido assim. Celebrações na grande mangueira ao redor da fogueira, torés e poesias, cirandas e conversas. Tardes quietas aos domingos, o quintal pulsando secretamente o ritmo da natureza. O topo das árvores colhendo frutos e horizonte de mar ao longe. E todos esses dons a casa os aflora preparando o sentimento para o que destaca sua alma. A nobre roupagem que cobre as paredes em cores de mestre que a construiu e desde sempre a adorna em novos significados com sua companheira. A casa de Chico e Alba e a família gerada em abraço de natureza”, descreve Alba, poeticamente.

 Ela conta que a “Casa Chico e Alba Liberato” foi nomeada recentemente, mas que ganhou nome logo após nascida, firmada em sua identidade e vocação de atender à necessidade de titular projetos, onde ela é registrada, fotografada e historiada, transmitindo o sentimento que desde sempre fluiu para quem a habita, visita ou nela trabalha, se tornando, literalmente, nome próprio.

“Ancorada qual arca noelina, ela traz eras na arquitetura moura, entrada larga, pátio para gentes e animais, na destinação de ser traço de união entre o campo e a cidade, entre mitos campesinos e crenças urbanas. Uma casa propícia à imaginação, que trazemos a público pela sua história e madura existência, juntando quem escrevia com quem desenhava, dando prosseguimento ao pioneiro trabalho de olhar em torno apreciando a luminosa cultura popular do nordeste brasileiro, lendas indígenas, africanas, ibéricas, o povo novo miscigenado que se é. Se valendo das câmeras 16mm e super8, o desenho animado aqui nesta casa se robustecia em seguidas produções de diversas natureza. Roteiros, filmes longa metragem em 35mm, vôos autônomos, do Boi Aruá a Ritos de Passagem, telas de cinema aberto ao público, a cultura brasileira se firmando no imaginário em formação. A Casa Liberato sempre recebeu cineastas, intelectuais, crianças curiosas, aprendizes de animação e muitos amigos. Platéia garantida para todas as idades, pronta para prosperar qualquer empreendimento. Viva e dinâmica, a Casa Liberato é isso. Simplesmente Casa Liberato”, conceitua Alba.

 O site

A pesquisadora do site “CHICO”, Alba Liberato, afirma que o artista marca lugar de convergência de matrizes culturais brasileiras, formas e conteúdos, de maneira absolutamente singular. “Mitos, símbolos e linguagens encontram nele lugar de miscigenação inequívoca. O estudo da rica imagética vem encontrando crescente interesse pelo artista múltiplo que ele é, na medida em que sua poética vigorosa expressa gentes e costumes que aqui aportaram, formando o povo novo que somos, culturas diversas que dialogam ancoradas na civilização que o fascina como projeto aos 85 anos, a civilização indígena”, destaca.

O texto do site traz definições sobre o artista que passou a integrar o mundo da arte desde que entendeu o seu lugar no mundo, abrindo e explorando caminhos próprios de expressão, completamente identificado com as mais autênticas referências do nordeste brasileiro, justiça social, integração com a natureza, idiossincrasias e sentimentos humanos que pautaram e até hoje compõem sua vida e o universo da sua criação.

Sua trajetória é narrada desde a infância, marcada por muita liberdade e aventuras no Recôncavo Baiano, até os tempos em que frequentava galerias e ateliês, alimentando o interesse por traços, formas e cores. Há, ainda, um relato sobre seu intenso contato com a natureza e convivência com indígenas e como foi o seu seu caminho de expressão pela arte, o encontro com a linguagem própria, dando forma a materiais diversos que passaram a transmitir seus talentos e inquietações, assim como as manifestações de denúncia, chamando a atenção para o problema da fome no Nordeste.

Também revela o trânsito no meio artístico nacional, que facilitou articulações com nomes consagrados da época e o êxito de eventos que ajudaram a tirar Salvador do provincianismo cultural. Os tempos da ditadura militar também não foram esquecidos, uma vez que o regime dificultou as atividades artísticas no país, levando Chico Liberato a se dedicar às artes gráficas, sem deixar de criar formas alternativas de expressão e resistência nem suas ideias de acessibilidade às artes, com um talento que já havia se expandido para a tridimensionalidade. Foram décadas de uma rica produção que renderam reconhecimento ao artista, em seguidas e justas homenagens.

Seu legado é marcado por experimentações com desenho, pintura, recorte e colagem, que lhe projetaram no mundo da arte rompendo todos os limites, numa busca incessante pela expressão que o conduziu a pesquisas resultando em um rico acervo, em diferentes formatos, sempre em diálogo com o que trazia impregnado à alma: a natureza como fonte inesgotável de beleza, a relação do homem com o que lhe transcende, a dor de existir em meio a tantas desigualdades e a plenitude de viver em sintonia com o seu sagrado. A harmoniosa convivência entre os seres e a expansão de seus sentidos, expressa na explosão de cores que sua obra veio a incorporar. Seja em abstrações ou na concretude das imagens, sua temática é plena de brasilidades e imbuída de sentido universal, contando um modo particular de viver que cabe o mundo inteiro.

Nas artes plásticas, a produção de Chico Liberato transita entre o plano e o espaço, ganhando expressão no movimento de corpos e fundindo-se à música, em instalações artísticas. Sua obra, fragmentada em quadros, objetos e esculturas, possui coesão e organicidade e traduz a constante insatisfação e busca por novos materiais e formas de expressão, que deem conta do seu ver, sentir e compreender o mundo com uma carga de dramaticidade e lirismo na plasticidade de seu trabalho, sempre fiel a seu estilo.

As linhas, relevos, tintas e cores trazem a essência sertaneja, com a qual sempre se identificou, e evocam sua memória visual e afetiva. A fauna e a flora também são reverenciados no seu trabalho, cuja estética é quase cênica, carregada de conteúdos e uma grande riqueza de histórias, quase todas documentadas no site.

 Após 68, a ditadura instaurada no país estancou investimentos e censurou obras de arte, fazendo estagnar a produção, principalmente a exploração de temáticas ousadas, da chamada arte engajada. Espaços de exposição foram fechados, obras destruídas, artistas perseguidos. Mas Chico Liberato manteve sua força resistente, criativa e realizadora. Para sobreviver, se dedicou às artes gráficas, atividade que lhe possibilitou novas buscas de expressão, ampliadas com o surgimento de recursos de impressão. Da serigrafia para o offset, ele acompanhou com interesse as inovações da indústria gráfica e enriqueceu os materiais de apresentação dos clientes, do universo público e privado. Em paralelo a projetos que desenvolvia por conta própria, em seu ateliê, criou a identidade visual de um sem número de empresas, fez a arte de cartazes promocionais e de publicações diversas, além de dirigir vídeos institucionais. Tudo registrado no site.

Já as experiências de Chico Liberato com animação remontam à 1972, ano de realização da I Jornada de Cinema da Bahia. O interesse surgiu de um encontro casual com Guido Araújo, seu realizador, que lhe incutiu a ideia. Foi o suficiente para a alma irrequieta do artista despertar para a possibilidade de animar seus traços e roteirizar seus personagens. Os primeiros curtas foram produzidos com equipamento improvisado: mesa de luz construída por ele mesmo e câmera fotográfica utilizada como filmadora. Retratos, recortes, desenhos, tudo se prestou às montagens, extraídas de histórias familiares, memórias da cidade do Salvador, lendas ou literatura também documentadas na plataforma digital.

Navegando pelo site “CHICO”, é possível perceber que as temáticas trilhavam o mesmo percurso da sua obra, enredando por questões sociais, existenciais e místicas. Assim, foram produzidos sucessivos curtas metragens, que chamaram a atenção pela estética, conteúdo e pioneirismo em fazer cinema de animação no Nordeste. A experimentação o levou ao premiado longa metragem Boi Aruá, projeto inspirado na mais genuína cultura popular do sertão nordestino. A partir de 1984, a atividade de produção audiovisual é descontinuada, mas não interrompida. Chico Liberato produz alguns curtas e o segundo longa, Ritos de Passagem, que inaugura nova fase de produção, com a utilização de recursos tecnológicos de computação.

Esse é o espírito educador que revelou o artista como oficineiro, levando-o a compartilhar saberes com diferentes públicos, em especial na área de cinema de animação, em que se tornou referência internacional e, agora, também virtualmente.

 

 SERVIÇO

“O projeto foi contemplado no Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural e Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundos da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal”.

O quê:

Lançamento do site “CHICO” 

Quando:

21/05, sexta-feira

Site oficial: 

http://www.chicoliberato.com.br

Link tour virtual “Casa Chico e Alba Liberato”:

https://www.chicoliberato.com.br/site/casachicoealbaliberato

Instagram:

@chicoliberatoarte

Facebook:

Chico Liberato

Coordenação e produção executiva:

Candida-Luz Liberato

Assessoria de Imprensa:

Adriana Nogueira (71) 99118-7870