Ivete Rosa de Souza: 'As mãos'
As mãos
Mãos nos foram dadas
Pela graça de Deus
Mãos que levam ao colo o bebê
Mãos de carícias e delícias
Mãos que ensinam e guiam
Mãos que libertam, que protegem
Essas mãos que se unem em preces
Que pedem graças e as recebem
Mãos de artista que dão cores a sentimentos
Mãos que escrevem, que constroem
Mãos que se levantam em protestos
Que se unem em prol da vida
Mãos que curam, e que descobrem caminhos
Mãos calejadas da labuta, mãos que abençoam os filhos
Mãos que estão sempre prontas a ajudar
Mãos que abençoam num altar
Num hospital até no final de existir
Mãos que comovem, que dançam no ar
Mãos que plantam e colhem
Mãos que estão sempre prontas a doar
Essas mesmas mãos, destroem
Maltratam, matam, guerreiam
Mãos de caos e destruição
Mãos que roubam, enganam, desfazem
Os caminhos, amordaçam, escravizam
Mas todas as mãos hão de ser pesadas
Na medida, da bondade ou da ira
Quando foram julgadas, por estarmos
Todos na justiça perene das mãos de Deus.
Na vida
O desenrolar de dias, meses, e anos
Passou tão depressa e agora vejo
Não foram poucos os risos, os prantos os enganos
Não foram demasiados a espera e o desejo.
Ivete Rosa de Souza
iveterosad@gmail.com