Celso Lungaretti: 'Um maximiza o extermínio, outros dois estão dispostos a pisar em todos os cadáveres necessários para se elegerem'

Tão obcecados quanto o Bolsonaro pela faixa presidencial, o Lula e o Ciro hoje agem como facilitadores do genocídio

Temos:
a) dois problemas gravíssimos (a pandemia e a depressão econômica), que exigem solução ainda em 2021, caso contrário este país explodirá;
b) um presidente provavelmente sem condições mentais para ocupar o cargo e certamente sem condições morais nem intelectuais para tanto, que passa o tempo todo agravando os problemas acima, de forma que sua remoção é condição sine qua non para começarmos a sair do buraco sem fundo em que nos metemos;
c) duas lideranças oposicionistas que, ao invés de cuidarem do absolutamente urgente e necessário neste momento dramático da nossa História, estão desde já em campanha para a eleição de outubro de 2022, na prática desviando a atenção daquela que deveria ser a única preocupação atual dos brasileiros conscientes e ajudando a perpetuar o genocida no cargo (ou seja, a única preocupação de ambos é de que seja até lá mantido um cenário favorável a suas ambições eleitorais, e que se danem todos os brasileiros que morrerem doravante por causa do governo catastrófico).
Precisarmos unir forças para salvar o Brasil hoje da destruição, caso contrário é capaz de nem haver eleição daqui a um ano e meio. E quem, como o Lula, vem há tempos fazendo tudo que pode para que o Bolsonaro continue sangrando no poder mas não seja dele afastado antes da eleição, cumpre, na prática, o papel de facilitador de genocídio.
Infelizmente, agora o Ciro o está secundando nessa faina de iludir o povo, à medida que também incute nos ingênuos a esperança de que a solução seja a eleição. Não é, de jeito nenhum.

 

 

 

 




Celso Lungaretti: 'Matamos a cobra e mostramos o pau: com um presidente de verdade, o Brasil poderia ter uns 100 mil brasileiros a menos mortos pela Covid'

Celso Lungaretti

Celso Lungaretti

Calculamos quantas mortes por Covid poderiam ser evitadas  sem o negacionismo do Bolsonaro. o resultado é chocante

No século passado os economistas gostavam de comparar o Brasil a uma Belíndia: os impostos aqui existentes seriam tão elevados quanto os da rica Bélgica, mas a miséria que suportávamos equivaleria à da paupérrima Índia.

 
Acabo de constatar, numa rápida pesquisa, que a Índia continua pobre (PIB de US$ 2,59 trilhões para uma população de 1,26 trilhão de habitantes) e o Brasil  nem tanto (US$ 1,26 trilhão x 212,77 bilhões), mas vem empobrecendo sistematicamente nas últimas décadas.
 
Chocante, no entanto, é verificarmos que a populosa Índia ocupa o segundo lugar na relação de contaminações pela covid (11,12 milhões de pessoas), tendo 157.248 morrido, enquanto o Brasil ocupa o terceiro lugar nessa lista (10,59 milhões de contaminados) e muitos, muitos óbitos a mais (255.720).   
 
Tais números nos dizem que:
— a Índia, com uma população cinco vezes maior que a do Brasil, teve apenas 5% de contaminações a mais;
— dos contaminados indianos morreram 14,13%, enquanto 24,15% dos contaminados brasileiros acabaram no cemitério.
 
Várias vezes este blog já afirmou que a catastrófica administração da crise da pandemia por parte do governo Bolsonaro maximizou o número de óbitos evitáveis, mas não evitados. 
Como a Índia é também um país populoso e em situação econômica pior ainda que a do Brasil (nosso PIB per capita é o 76º do mundo e o indiano, o 122º), acredito que tais dados nos permitam, a grosso modo e com uma simples regra de três, dimensionarmos quantos mortos devem ser colocadas na conta das lambanças e/ou sabotagens do negacionista Jair Bolsonaro.
 
Pasmem: são CERCA DE 100 MIL!!!
 
É ou não é um genocídio? Ele é ou não é um genocida? (por Celso Lungaretti)

 

 

 

 

 

 

 




Celso Lungaretti: 'O novo pacto dos poderosos não tirará o Titanic da economia brasileira do rumo que a encaminha diretamente ao encontro do iceberg'

Celso Lungaretti

celso lungaretti

Resumo da ópera: o Centrão dá demonstração de força, o Bozo sai diminuído e o STF obtém seu desagravo

Em junho de 2020 o Bozo se rendeu ao Centrão, trocando a quimera do autogolpe pelo fortalecimento de suas defesas contra o impeachment e os processos que rondam a ele e seus filhos por cometimento de crimes nos quais a culpa deles todos é indiscutível.

A recente derrota eleitoral de Donald Trump confirmou que a onda ultradireitista morreu mesmo na praia, pulverizando quaisquer esperanças que o genocida ainda pudesse ter de adiante poder exumar a pauta golpista.

E, em 21 de fevereiro de 2021, ao negar apoio ao deputado bolsonarista (um louco furioso!) num episódio que poderia inclusive desembocar no novo AI-5 que ele sempre defendeu, o palhaço sinistro arrancou de vez a máscara, assumindo-se como a rainha da Inglaterra que será daqui em diante, com permissão para praticar suas bufonarias em áreas tidas como secundárias pelos poderosos, mas tendo de submeter-se a eles, sem chiar nem bufar, naquilo que para os donos do PIB realmente importa.

Centrão deu formidável demonstração de força, pois dele dependeu que o episódio do vídeo de esgoto  não terminasse num conflito entre Poderes, mas sim no apaziguamento geral, com a Câmara Federal aceitando entregar a cabeça do deputado bolsonarista.

Com isto, o Supremo pôde recuperar um pouco de sua desgastada imagem, que piorara ainda mais por ter vindo a público que ele amarelara vergonhosamente em 2016, curvando-se às pressões e ao blefe dos fardados.
 
Então, o jogo termina com o Centrão dominante, o Bozo dominado (uma megera domada!), o STF dependendo da boa vontade de corruptos com carteirinha assinada para ganhar uma parada crucial para um mínimo resgate de sua credibilidade e os bolsonaristas-raiz, órfãos inconsoláveis e incontroláveis, prometendo provocar muitas encrencas daqui para a frente.
 
Mas, o novo pacto dos poderosos não os tirará do rumo que os encaminha diretamente ao choque com o iceberg: a pandemia acabará sendo controlada, embora com enorme atraso e um excesso monumental de mortes evitáveis que não terão sido evitadas; mas, da depressão econômica que nos castigará impiedosamente, devendo atingir o auge lá pela metade deste ano, não há saída possível ou imaginável sem o apoio das economias mais avançadas.
 
Parece-me bem  difícil que EUA, Europa e China perdoem para valer o amadorismo delirante com que foram conduzidas nossas relações exteriores em 2019 e 2020. Então, para um país que necessitará desesperadamente de boias para não ir a pique, só uma rápida substituição do maluco sem beleza por um presidente de verdade garantirá que o socorro chegue em tempo de evitar o pior.    
Por último, a esquerda tem de se dar conta de que, no jogo de cartas marcadas da democracia burguesa, perderá sempre, pois, de um jeito ou de outro, o poder econômico invariavelmente fará prevalecer sua vontade, instrumentalizando para tanto os outros Poderes, a grande mídia, as Forças Armadas, etc. É o que acaba de ser mais uma vez comprovado.
 
Então, ou reaprende que sua força não está nas urnas, mas sim no povo na rua e na disposição de lutar por uma nova ordem econômica e social, ou se tornará cada vez mais impotente e irrelevante, como vem sucedendo desde 2016.
(por Celso Lungaretti)

 

 




Celso Lungaretti: 'Será Lula o Petain brasileiro?'

Celso Lungaretti

Será o Lula o Pétain brasileiro?

Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain, mais conhecido como Marechal Pétain, foi um herói francês da 1ª Guerra Mundial, aclamado principalmente por sua liderança militar excepcional na Batalha de Verdun, mas que se tornaria colaboracionista com o nazismo no conflito mundial seguinte.
 
Em 1940, com a queda iminente da França, o presidente Lebrun o nomeou primeiro-ministro da França. Pétain logo retiraria o que restava do seu governo para uma região que ainda não havia sido invadida pelas tropas alemãs: a cidade de Vichy e seu entorno. 
 
Solicitou o armistício a Hitler, conformando-se com que a República da França ficasse sob a ocupação direta do inimigo histórico, com exceção do regime de Vichy, que permaneceria como um Estado teoricamente autônomo, mas, na verdade, uma miniatura do nazismo, incluindo a perseguição aos judeus.
 
Condenado à degradação militar e à morte depois da Libertação, Pétain teve sua pena comutada para prisão perpétua em função de seus méritos anteriores e de sua idade avançada (89 anos).
 
É o exemplo histórico mais emblemático do qual me recordo de um grande homem numa fase tornar-se o oposto noutra. Embora Pétain provavelmente acreditasse estar prestando serviço aos franceses ao evitar que uma parte deles ficasse sob a dominação direta de Hitler, o fato é que seu regime fantoche só se diferenciava do das nações ocupadas pela terceirização da tirania nazista, já que os locais se incumbiram do serviço sujo.
 
Não especularei sobre os motivos que levam o ex-presidente Lula a estar agindo de forma parecida desde que foi libertado em novembro de 2019. O certo é que ele tudo tem feito para evitar que a esquerda brasileira assuma firmemente a bandeira do impeachment de Jair Bolsonaro:

— quando, mais do que nunca, deveria pacificar e unir a dita cuja, continuou insistindo em manter a postura imperial e arrogante do PT que é um enorme estorvo para qualquer tentativa de formação de uma frente abrangente de todos que estão contra o pior presidente do Brasil de todos os tempos;

— boicotou as manifestações de secundaristas e torcedores de futebol que reconquistaram as ruas para o nosso lado, contribuindo para que o mentecapto decidisse moderar seu golpismo e voltar para os braços do Centrão, com o ônus de ter sido obrigado a abrir mão de bandeiras que ainda lhe davam alguma aura de idealismo, como o combate à corrupção e à velha política
— explicita ou veladamente, Lula tem sempre desestimulado o impeachment do genocida e favorecido a inconcebível permanência do dito cujo no cargo até janeiro de 2023 (como se a explosão social que ele está incubando não fosse ocorrer muito antes disso!);
— acaba de unir forças com o bolsonarismo na eleição para presidente do Senado.
Não vou embarcar em teorias da conspiração incomprováveis, mas a mim parece bem claro que Lula voltou à cena política para salvar o PT e não para livrar o Brasil do celerado que o está destruindo.
É possível que Lula não tenha pactuado com o inimigo e que suas decisões deploráveis e aparentemente incompreensíveis se devam ao fato de ter como aspirações máximas as que convém ao seu futuro político, mas não, necessariamente, ao do Brasil: sua reabilitação judicial e conquista do 3º mandato. E, seja o que for que as inspire, a consequência prática de suas posturas acaba sendo o pior possível.
Assim, o Lula pavimentou o caminho para a vitória do demente em 2018, puxando o tapete de Ciro Gomes (o que detonou as chances de união da esquerda em torno de uma candidatura única) e desperdiçando tempo precioso com a palhaçada da candidatura fantasma, que até as pedras das ruas sabiam ser insuficiente para mudar a decisão do TSE.
 
E agora chega ao ponto mais baixo de sua trajetória, exatamente num ano em que são enormes as possibilidades de salvarmos brasileiros da infinidade de mortes inúteis causadas: 
— pela administração catastrófica da pandemia de covid-19 (pois, apesar da vacinação enfim ter começado, a forma caótica como está sendo feita retardará por vários meses a imunidade de rebanho); e 
— pela devastação econômica decorrente da adoção de políticas simplesmente insanas, que tende a acentuar-se cada vez mais ao longo de 2021. 
Ou seja, fazendo exatamente o jogo desse sórdido inimigo a quem convém magnificar o pleito distante para desviar a atenção das desgraças atuais, Lula incumbe Fernando carisma zero Haddad de sair pelo Brasil trombeteando a candidatura petista para a eleição de 2022.
 

Novamente Haddad é escolhido como candidato-estepe, pois Lula também deve estar ciente de que sua candidatura nem desta vez será consentida, como antecipou a Mônica Bergamo e eu reproduzi. Se acontecer o improvável, Lula é quem vai ser o candidato e o Haddad ficará chupando o dedo.

 
Então, quando muitos contingentes de esquerda se mostram dispostos a não trair seus princípios e travar o bom combate que ora se impõe, Lula faz uma verdadeira chantagem com todos partidos e forças do nosso lado, contando com que, por medo de perder o trem da História, eles adiram à candidatura petista ou lancem desde já outro candidato.
 
Nos dois casos, isso contribuirá para mudar o foco da esquerda, do flagrantemente imperativo (o afastamento do sociopata com a máxima urgência) para o absolutamente irrelevante neste momento (a eleição que, se não for levada de roldão pela explosão social, ocorrerá daqui a 20 intermináveis meses).
 
De minha parte, não tenho mais nenhuma dúvida de que as prioridades máximas da esquerda, no curto prazo, sejam derrubar Bolsonaro e superar Lula, as duas faces da moeda do populismo que é uma âncora do atraso nos impedindo de avançar para estágios superiores de civilização. (por Celso Lungaretti)

 

 

 

 

 

 

 




Celso Lungaretti: 'O EXÉRCITO NACIONAL NÃO HAVERÁ DE SER O LEÃO DE CHÁCARA DE UM PRESIDENTE QUE TENTA VIRAR A MESA PARA CONTINUAR DESTRUINDO O PAÍS'

Celso Lungaretti

celso lungaretti
QUATRO MENTIRAS & UMA CONFISSÃO INVOLUNTÁRIA DO BOLSONARO

Nós militares jamais aceitaríamos um julgamento político para destruir um presidente. 

Desta vez o Jair Bolsonaro se superou: conseguiu colocar quatro mentiras cabeludas e um patético ato falho em apenas 11 palavras. Se não, vejamos:

1Ele mente ao se incluir-se entre os militares, pois, após ser preso e condenado por insubordinação, indisciplina e planos terroristas, acabou revertendo a decisão e se salvando da expulsão na bacia das almas, pois os altos comandantes temeram a má repercussão pública. 


Pediu afastamento temporário para candidatar-se a vereador, conquistou uma vaga e, ao assumi-la em 1988, foi reformado ex-officio como capitão da reserva. 

Finalmente, em março de 2015, deixou de ser um militar da reserva, tornando-se apenas mais um capitão reformado e não tendo nenhum direito de falar em nome dos militares da ativa, assim como os pijamados que disparam manifestos golpistas às dúzias também não o têm. 

2Ele mente ao pretender que os militares da ativa atentarão contra as instituições para evitarem que ele perca o mandato por ter sido beneficiário da maior fraude eleitoral da História deste país ou para impedirem que seja impichado pelo rosário de crimes de responsabilidade que cometeu para evitar variadas condenações a ele e aos seus filhos.

3Ele mente ao apresentar-se como um coitadinho que sofrerá julgamento político por parte do TSE, pois o crime eleitoral do qual resultou seu catastrófico mandato saltou aos olhos e clamou aos céus. 


Daí ele estar blefando com tamanha insistência, como se realmente pudesse dar um autogolpe agora, quando está no auge da desmoralização e impopularidade: sabe muito bem que sua chapa jamais deveria ter sequer disputado o 2º turno após o esquema fraudador do pleito ter sido exposto pelo principal jornal do país.

4Ele mente ao dizer que o TSE pretende destruir um presidente. O que a Justiça Eleitoral certamente fará é destituir um candidato que encontrou uma nova e desconhecida gazua para arrombar o cofre, mas cujos artifícios ilegais foram totalmente desmascarados desde então. Quanto a destruir Bolsonaro, ninguém jamais conseguirá fazê-lo com tanta eficiência quanto ele mesmo.

5Ele cometeu ato falho ao deixar nitidamente perceptível que sua insistência em bajular militares sempre se deveu à intenção de usá-los para proteger-se das consequências das ilegalidades e estupros da Constituição que planejava cometer como presidente. Assim como garotinhos chorões se escondem embaixo da saia da mãe, ele pretende esconder-se por trás das fardas dos militares.

Resta saber se os fardados se prestarão a papel tão infame e vexatório. Eu não só tenho fundadas esperanças de que se recusem a desonrar o juramento que fizeram à nação, como minhas análises e as informações de bastidores que obtenho indicam que não o farão. 

O Exército Nacional não haverá de ser o leão-de-chácara de um presidente que sabota medidas sanitárias e se torna responsável direto por milhares e milhares de mortes evitáveis; que tudo faz menos arregaçar as mangas e trabalhar a sério; e que tenta agora virar a mesa para continuar não governando até a destruição total do nosso país. (por Celso Lungaretti)

 

 

 

 

 

 

 




Celso Lungaretti: 'CESAR BENJAMIN ALERTA PARA ENXURRADA DE NOMEAÇÕES NA POLÍCIA FEDERAL; A CRISE ATINGE OUTRO PATAMAR'

Celso Lungaretti

CESAR BENJAMIN ALERTA PARA ENXURRADA DE NOMEAÇÕES NA POLÍCIA FEDERAL; A CRISE ATINGE OUTRO PATAMAR

Está no Diário do Centro do Mundo:

O novo chefe da Polícia Federal publicou nesta 4ª feira (26), poucos dias depois de assumir, 99 portarias de uma só vez, preenchendo 16 páginas do Diário Oficial.  

Cada portaria muda de um a cinquenta ocupantes de cargos, modificando a composição da PF de alto a baixo em todo o país. São centenas de alterações de uma só vez. 

Este projeto não pode ter sido concebido em alguns dias. Já estava pronto. 

Bolsonaro pode ter transformado a PF em polícia particular(por Cesar Benjamin)

Com o Governo Bolsonaro marchando inexoravelmente para o fim pelas vias democráticas, uma tentativa desesperada de golpe é a última cartada que lhe resta. E ela, percebe-se pela intervenção descarada na Polícia Federal, está em plena execução.

Não tenho dúvida de que tal virada de mesa, em meio à pandemia e à depressão econômica, geraria um governo efêmero, insustentável em médio prazo. Mas, o dano que causaria nos poucos meses que durasse seria devastador.

Só o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional podem cortar a cabeça da víbora com a presteza necessária. É preciso que finalmente decidam fazê-lo, caso contrário teremos centenas de milhares de mortos pelo vírus sanitário e sabe lá quantos outros pelo vírus fascista. 

Quanto às Forças Armadas, há sempre a esperança de que os militares da ativa não embarquem numa aventura que terá consequências terríveis para a Nação e as vai desmoralizar como jamais o foram em sua história. 

Têm é de agir como em 1938, quando frustraram tentativa assemelhada, proveniente dos integralistas de Plínio Salgado.  

Isto, claro, se os generais brasileiros não quiserem bater continência para a ralé miliciana. Eu quero crer que não se prestarão a tal indignidade! (por Celso Lungaretti)

 

 

 

 

 

 

 




Celso Lungaretti: 'BOLSONARO ALEGA QUERER ARMAR A POPULAÇÃO PARA RESISTIR A DITADORES, MAS O ÚNICO ASPIRANTE A DITADOR EM ATIVIDADE É ELE MESMO'

Celso Lungaretti

CONSCIENTE DE QUE SEU MANDATO TEM OS DIAS CONTADOS, BOLSONARO VAI ARMANDO MAIS AINDA SUAS HORDAS; OS MILITARES SE OMITEM

Por maiores que fossem as minhas restrições ao Reinaldo Azevedo que, na década passada, disputava com Diogo Mainardi a liderança do ranking de articulistas reacionários da veja, sou honesto em reconhecer que, desde 2016, seu trabalho tem sido impecável. 

Tão logo percebeu que a consumação do impeachment de Dilma Rousseff, para o qual tanto trabalhou, não faria dele o guru de uma direita civilizada que voltaria a ser a força dominante da política brasileira, tendo servido, isto sim, para alavancar a direita selvagem que prefere se nortear pelos delírios do astrólogo da Virgínia, o RA deu uma guinada de 180 graus.

Entrincheirando-se na letra da Constituição, passou a combater a trupe fascista do Bozo e o tenentismo togado do Moro com o mesmo furor e competência antes utilizado contra os que ele batizara de petralhas.

Mas, como talentoso indiscutivelmente ele é, tem feito muito mais do que boa parte dos articulistas de esquerda para barrar a escalada ultradireitista. Se ela agora está morrendo na praia e o Bozo em vias de ser apeado do poder, o RA, sem dúvida, merece parte dos louros da vitória que, não temo afirmar, há de ser tornar definitiva ainda em 2020.

Aliás, o RA é outro que, como eu, ousa correr riscos, não se escondendo embaixo da cama como muitos heróis de tempos amenos. 

Então, aplaudo e me associo à sua denúncia de um dos maiores crimes de responsabilidade confessados pelo Bozo no vídeo incriminador de 22 de abril: o estímulo a suas hordas de celerados para se armarem até os dentes, sem nenhum controle por parte das Forças Armadas.

Cauteloso mas canhestro, o Bozo fingiu na reunião que o objetivo seria dar à população meios para se defender de ditadores, mas o único aspirante a ditador em franca atividade hoje em dia é ele mesmo. Não colou.

 

E aqui vale repetir as advertências do RA e seu alerta às Forças Armadas, de que, com sua ultrajante omissão, não só estão semeando uma tempestade que atingirá em cheio a elas mesmas, como se deixando desmoralizar num grau inimaginável, sem precedentes em toda a sua história:

…isso nada tem a ver com o enfrentamento de bandidos ou com a defesa pessoal. Raramente, ou nunca, as Forças Armadas passaram por tamanha humilhação.

…o presidente havia exonerado o general Eugênio Pacelli, do Comando de Logística do Exército. Ele teve de deixar a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército porque Bolsonaro se zangou com o militar. Seu erro: ter criado regras para rastrear armamentos e munições nacionais e importados. Seu erro: ter feito a coisa certa.

Bolsonaro não quer rastrear nada. Ele revogou as portarias. Assim, desaparece o controle de armas e munições no país. 

Mais: (…) o presidente dá ordem a Sergio Moro e a Fernando Azevedo e Silva para que baixem outra portaria multiplicando por 33 a quantidade de munição que pode ser comprada por um civil: de 200 unidades por ano para 55 POR MÊS. E, com efeito, no dia 23 [de abril, o dia seguinte], a portaria veio à luz.

Generais conhecem muito bem a implicação de um eventual armamento generalizado da população, ao arrepio de qualquer controle. (…) Braga Netto [que estava ao lado do Bozo na micareta de 22 de abril] sabe mais do que outros: foi ele o interventor na segurança púbica do Rio de Janeiro. 

Já hoje, com algum controle, as milícias e o narcotráfico dão uma sova no Estado brasileiro — e não deixa de ser uma humilhação às Forças Armadas também, convenham — porque armados até os dentes. Imaginem sem controle nenhum. 

Mas Bolsonaro considera ser esse o caminho para preservar a liberdade… 

Duvido que haja qualquer estudo na biblioteca das Três Forças que justifique esse ponto de vista. Duvido que algum militar responsável consiga defendê-lo à luz da segurança interna. 

De combatentes contra a subversão, as Forças Armadas do Brasil se transformaram em promotoras passivas da guerra civil

Repito: nesta questão específica, junto a minha voz à do RA, pois tudo de que não precisamos é de uma guerra civil, na qual as incríveis milícias Brancaleone certamente sairiam derrotadas, mas a um custo com o qual o Brasil não pode arcar neste momento, por si só delicado ao extremo. 

Que as Forças Armadas desta vez façam a coisa certa e cortem o quanto antes o mal pela raiz (por Celso Lungaretti)