Menino feliz

Ceiça Rocha Cruz: Poema ‘Menino feliz’

Ceiça Rocha Cruz
Ceiça Rocha Cruz
O dia passava e o brincalhão menino andava de bicicleta
O dia passava e o brincalhão menino andava de bicicleta
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Ao amanhecer,

nas cercanias da foz do rio,

uma casinha despertava a sorrir

com a chegada do menino,

que ali desfrutava das brincadeiras,

embaladas em sua meninice.

O dia passava

e o brincalhão menino,

soltava pipa,

jogava pinhão, bola,

brincava de pega-varetas, adedonha,

bolinha de gude, xeba,

estátua, pique-pega, queimada,

andava de bicicleta,

e às margens do rio

sobre seus braços nadava,

corria e pulava em cambalhotas

ao espreitar de um coqueiro solitário

que sorria.

No mundo de sonhos dourados

resvalava sobre as águas em sua canoa à remo,

e com os olhos voltados para o poente,

prosseguia a pescar.

Na tarde crepuscular,

vagueava em suas andanças,

e curioso nas descobertas

seguia estrada afora,

cercada de brejos, várzeas,

e à sombra de manguezais,

conversava com os pássaros.

Na solidão do seu pensar

ouvia o canto de sabiás e bem-te-vis,

que ao ressoo o embevecia.

Absorto, encantava-se

com serenas garças e marrecos

que ao ruflar das asas, sacodiam suas penas

colorindo a paisagem

e em revoada voltavam em bando

para seus ninhos.

O sol fenecia,

e na quietude, rasgo do entardecer,

o menino enveredava feliz,

trazendo uma doce alegria

das inquirições,

enquanto a casinha encolhida

debaixo do cimo da janela do ocaso,

aguardava o anoitecer.

Veio enfim a noite

e o céu bordado de estrelas reluzia 

sobre o rio, a casinha e o menino.

O vento cantava canções de ninar

debruçado sobre seu leito, lindos versos

esculpidos nas asas de sonhos reais,

da infância do menino feliz.

Ceiça Rocha Cruz

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Criança em tempo integral

Amanda Quintão: Poema ‘Criança em tempo integral’

Amanda Quintão
Amanda Quintão
Menina pulando Amarelinha
Menina pulando Amarelinha
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Ei, criança!

Vem aqui , vou te contar, 

quando eu era pequena, 

eu não tinha celular. 

Isso aí nem existia ,

nada substituía ,

nossa arte de brincar.

pulávamos amarelinha,

rodávamos bambolê e

a melhor tecnologia,

era pegar um livro e ler.

Sim, eu tinha telefone,

mas era só para falar,

com quem estava bem longe, 

e não era para brincar.

Existia pelas ruas:

um tal de orelhão ,

colocávamos nele ficha

ou usávamos um cartão.

Era um telefone público

Utilizado pra conversar 

com amigos e vizinhos 

ou algum familiar.

Se você não sabia disso ,

você pode pesquisar, 

hoje você tem o mundo,

dentro do seu celular.

Mas não se esqueça criancinha, 

do seu lindo mundo real,

brinque, pule, ande de bicicleta, 

seja sempre criança ,

criança em tempo integral. 

Amanda Quintão

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