Tese de Doutorado com o tema ‘Capoeira e Diáspora Africana: Uma Manifestação dos Floreios’ será objeto de live nesta sexta-feira (28), às 14h

A live, apresentada pela doutoranda Lívia de Paula Machado Pasqua, poderá ser acessada pela Plataforma Meet: https://google.com/dtz.phph-gqk

Nesta sexta-feira (28), às 14h00, Lívia de Paula Machado Pasqua apresentará uma live com o tema objeto de seu doutorado pela Unicamp ‘Capoeira e Diáspora Africana: Uma Manifestação dos Floreios’.

A live poderá ser acompanhada pela Plataforma Meet (https://google.com/dtz.phph-gqk)

A autora

Lívia de Paula Machado Pasqua cursa o último ano do Doutorado em Educação Física na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), com a temática dos floreios na capoeira, tendo recebido prêmios e indicações, como exemplo, indicação de trabalho para Prêmio de Literatura do XXI Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e VIII Congresso Internacional de Ciências do Esporte, Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte em Natal – RN (2019).

Atua como professora, pesquisadora e artista. Leciona no Ensino Superior e Ensino Fundamental. Possui experiência no ensino de diversas práticas corporais, tais como acrobacias e floreios, capoeira, ginástica para todos, airtrack, roda alemã e rope skipping.

Fez parte do elenco da Unicirco, Marcos Frota Circo Show, Banana Broadway, Grupo Ginástico Unicamp e LAPEGI Unicamp, apresentando-se em várias regiões do Brasil e em mais de 25 países.

É responsável pelas oficinas de Ginástica, Capoeira e Artes da Cena (Circo, Teatro e Dança).

Tem a capoeira como objeto de estudo e inspiração. Acredita que as vivências de práticas corporais podem oportunizar a descoberta de um mundo mágico para as pessoas, bem como desenvolver transformações pessoais e visão crítica do mundo.

Vídeo concepção da Tese de Doutorado

Link para quem quiser acessar o trabalho de Mestrado:
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/275046

vídeo explicativo do Mestrado

Vídeo explicativo da experiência da autora na Universidade em Londres no Doutorado

 

 

 

 




Da ancestral N´Golo às Capoeiradas d´América

Da ancestral N´Golo às Capoeiradas d´América – João Barcellos

 A propósito de

“Notas para a história da Capoeira

em Sorocaba (1850-1930)”

 

É preciso viajar, ver, sentir, para se formular uma Ideia acerca de Algo e, entre noemas essenciais, formular um Método que nos aproxime daquele humanismo crítico tão noético quanto telúrico-cósmico. No caso das Nações que emergiram de processos coloniais, logo, com raízes socioculturais de mamelucagemcontinentais – como Brasil, Cuba, etc., são sítios geossociais marcados por uma africanidade identitária –, pois, a miscigenação fez acontecer, primeiro, a perda da sociedade tribal, segundo, a ascensão de uma raça nova, mas doutrinada e encurralada, social e religiosamente.

No entanto, esse ´curral´ foi lentamente destruído pela essência da mamelucagem ibero-afro-americana, tanto social como religiosa, porque a nova raça não seria escrava por muito tempo e dos terreiros sociorreligiosos emergiu (aproveitando os exemplos…) um Brasil e uma Cuba a demonstrarem, em danças e cantares de sincretismo libertário, um humanismo crítico que transformaria esses sítios geossociais em novas nações e, logo, a influenciar as nações colonizadoras numa torna-viagem sociocultural via Capoeira, Jazz, Fado, Samba, e etc., para uma mundividência de reconstrução. Ou seja: o que a marujada caraveleira deixou na Linha do Equador também, em pouco tempo, levou no retorno como lastro umbilical. Ora, ninguém domina sem um dia provar do mesmo chicote…

Vem isto a propósito do livro “Notas para a história da Capoeira em Sorocaba (1850-1930)”, de Carlos Carvalho Cavalheiro, de 2017.

Quando me debrucei sobre a congada, o moçambique e a capoeira, busquei as minhas anotações de várias conversas, na efervescente Coimbra de 1976, com Céline Abdullah, filha de moçambicana com argelino, que havia participado de várias palestras minhas. “Não existe América sem o sangue e a alma d´África, por isso, a América anglo-saxônica e a latina vivenciam hoje tradições da ancestralidade de Angola e de Ifê (Iorubá/Nigéria); e, a Europa, convive com o olhar mameluco que a perturba, descabela, por não perceber, ainda, que dança e canta e é rica pelo trabalho dessa gente afro-americana que não se anuncia mais com o chocalho no tornozelo…” [dizia ela numa de suas análises; 28 de novembro de 1976]. Conhecedora das tradições de Angola, ela esclareceu: “E sabe, no Brasil falam muito de Capoeira, mas essa dança-guerreira não teve origem no condicionamento bélico, era a celebração da puberdade – uma dança de roda em que os meninos se defrontavam em cabeçadas (a imitar as zebras) para impressionarem as meninas: a dança era a N´Golo (dança da zebra) e a celebração a Efundula. Acontecia entre as gentes angolanas de Mucope…”. Sim, é verdade, a N´Gola virou capoeirada em celebração guerreira mais sofisticada, assim como em Martinica virou Ladva, eem Cuba virou Mani. No caso brasileiro, a mamelucagem transformou a luta Maraná, da tribo Tupi, em Capoeira. Em todos os casos, o ritual do Brasil é único e difere da ancestralidade africana e tupi. Assim, pode-se considerar aCapoeira um ritmo e uma encenação genuinamente mameluca.

Já em Cabo Verde, eu pude verificar o ritmo N´Golo entre jovens nas trilhas e na beira-mar, em meados de 1977; mas, também uma versão cabo-verdiana. Quando observei o Murinque, a dança-guerreira de Madagascar, logo a associei à capoeirada brasileira na função rítmica. No ambiente cubano, o que percebi foi a versão mais aproximada da celebração angolana, até porque é impossível dissociar a Angola ancestral do campo artístico-musical gerado em Cuba.

Em seu livro, Carlos Carvalho Cavalheiro mostra-nos uma historiografia de fôlego na qual se salienta a capoeira como elemento de defesa da gente caipira, que se estende a todo Brasil; e, no interior paulista, em regiões como Sorocaba, a presença da Capoeira é um ´algo´ a ser reprimido diante da cultura ocidental-cristã dominante, cultura que admite o sincretismo, mas não a resistência… Ora, é “… prohibido jogar pelas ruas e lugares públicos qualquer espécie de jogos ou lutas”, alertava uma postura sorocabana, de 1882. Em tal contexto. Carlos C. Cavalheiro vai fundo para exibir uma Sorocaba que, embora envolta no desenvolvimento regional do Brasil, é uma sociedade longe da urbanidade, que em vez da capoeirada estilo bom-baiano (a malandragem que logo toma os cariocas) prefere a capoeirada em ponta de navalha. Isto mostra que, se em dado momento histórico, a capoeira é afro e é tupi, a partir do Séc. 20 ela é brasileira por inteiro e alcança rincões sertanejos como Sorocaba, que a tomam para si e lhe dão adaptações segundo as culturas locais. Entretanto, a repressão a atos públicos de capoeirada é igual em todas as regiões, e pune com prisão. Na farta documentação compilada em “Notas para a história da Capoeira em Sorocaba (1850-1930)”, C. C. Cavalheiro oferece uma aula de investigação historiográfica, pelo que o livro é agora obra de referência sobre o assunto.

O livro pinça da história interiorana paulista personagens que foram mestres em capoeira e sábios impulsionadores da modalidade entre jovens de todas as idades, pois, não se tratava mais de celebrar a puberdade, mas de celebrar a vida pulsante do cotidiano em todos os seus estágios.

Lembro, ao tempo de estudar as manobras político-igrejistas de Manoel da Nóbrega, de ler relatos jesuíticos, dos Sécs 17 e 18 [o Séc. 16 só conhece a N´Gola quando o português Affonso Sardinha, o Velho, arma navio negreiro, em Santos, sob comando do sobrinho Gregório, e vai buscar angolanos aprisionados por sobas-reis locais. Obs.: Sardinha é minerador, preador, político, banqueiro e financiador dos jesuítas], relatos acerca da inquietude rítmica de angolanos que substituíam a mão-de-obra tupi-guarani nas lavouras da Capitania vicentina, que virou Capitania paulista ao tempo do Morgado de Mateus, nos anos 70 do Séc. 18, já o Fado (dança-canção d´umbigada nos terreiros cariocas) e a Capoeira eram emblema de nacionalidade, apesar de Portugal. E assim, C. C. Cavalheiro, ao pinçar o painel de personagens sertanejas paulistas da capoeira, exibe um Brasil genuíno no espaço republicano, um tempo-espaço que raro é mostrado na Academia e na Igreja, pior, que a Educação oficial teima em desconhecer. Ora, a molecagem sorocabana da capoeirada é tão importante quanto a tropeirada, pois, esta transportou aquela entre víveres e muitos causos Brasil afora…

E torno à amiga Céline Abdullah para fazer eco: “Ao conhecer o Brasil, com o amigo e mestre João Barcellos, conheci uma africanidade que não está na Capoeira, mas na alma da gente brasileira que faz dançar na capoeirada regionalizada o jeito universal de ser África” [Rio de Janeiro, 2014). E assim celebro o livro “Notas para a história da Capoeira em Sorocaba (1850-1930)”, que Carlos Carvalho Cavalheiro me enviou para leitura, e ora agradeço, encantado.

 

João Barcellos

Cotia/SP, Ag., 2019

 




Luta, música, dança, ginga, toques e floreios: as várias faces da Capoeira! 1ª Parte: origem da capoeira

A capoeira é praticada por 6 milhões de brasileiros. No mundo, são 8 milhões de capoeiristas espalhados por mais de 160 países

 

Etimologia

Existem duas possibilidades comumente aventadas para se explicar a origem do termo “capoeira”: derivaria do cesto homônimo utilizado pelos escravos para transportar as aves capadas até os mercados onde elas seriam comercializadas: os escravos, no caminho até os mercados, se distrairiam com movimentos de luta, originando, assim, a denominação “capoeira” para os movimentos praticados; derivaria do termo tupi kapu’era, que significa “o que foi mata”, através da junção dos termos ka’a (“mata”) e pûera (“que foi”). Refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil onde era praticada agricultura indígena. Acredita-se que a capoeira tenha obtido o nome a partir destas áreas que cercavam as grandes propriedades rurais de base escravocrata. Capoeiristas fugitivos da escravidão e desconhecedores do ambiente ao seu redor frequentemente usavam a vegetação rasteira para se esconderem da perseguição dos capitães do mato.

História 

Origem

No século XVII, era costume dos povos pastores do sul da atual Angola, na África, comemorar a iniciação dos jovens à vida adulta com uma cerimônia chamada n’golo (que significa “zebra” em quimbundo). Durante a cerimônia, os homens competiam numa luta animada pelo toque de atabaques em que ganhava quem conseguisse encostar o pé na cabeça do adversário. O vencedor tinha o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens que estavam sendo iniciadas à vida adulta. Com a chegada dos invasores portugueses e a escravização dos povos africanos, a capoeira foi introduzida no Brasil.

No Brasil, assim como no restante da América, os escravos africanos eram submetidos a um regime de trabalho forçado. Eram também forçados a adotar a língua portuguesa e a religião católica. Como expressão da revolta contra o tratamento violento a que eram submetidos, os escravos passaram a praticar a luta tradicional do sul de Angola nos terrenos de mata mais rala conhecidos como “capoeiras” (termo que vem do tupi kapu’era, que significa “mata que foi”, se referindo aos trechos de mata que eram queimados ou cortados para abrir terreno para plantações dos índios).

A partir do século XVI, Portugal começou a enviar escravos para o Brasil, provenientes primariamente da África Ocidental. Os povos mais frequentemente vendidos no Brasil faziam parte dos povos iorubás e Daomé, guineo-sudanês, dos povos Malesi e hauçás e do grupo banto (incluindo os congos, os quimbundos e os Kasanjes), provenientes dos territórios localizados atualmente em Angola e Congo.

A capoeira ainda é motivo de controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento e o início do século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis com descrições sobre sua prática. No século XVI, Portugal tinha um dos maiores impérios coloniais da Europa, mas carecia de mão de obra para efetivamente colonizá-lo. Para suprir este déficit, os colonos portugueses, no Brasil, tentaram, no início, capturar e escravizar os povos indígenas, algo que logo se demonstrou impraticável. A solução foi o tráfico de escravos africanos.

Capitão do mato

A principal atividade econômica colonial do período era o cultivo da cana-de-açúcar. Os colonos portugueses estabeleciam grandes fazendas, cuja mão de obra era primariamente escrava. O escravo, vivendo em condições humilhantes e desumanas, era forçado a trabalhar à exaustão, frequentemente sofrendo castigos e punições físicas. Mesmo sendo em maior número, a falta de armas, a lei vigente, a discordância entre escravos de etnias rivais e o completo desconhecimento da terra em que se encontravam desencorajavam os escravos a rebelar-se. Neste meio, começou a nascer a capoeira. Mais do que uma técnica de combate, surgiu como uma esperança de liberdade e de sobrevivência, uma ferramenta para que o negro foragido, totalmente desequipado, pudesse sobreviver ao ambiente hostil e enfrentar a caça dos capitães do mato, sempre armados e montados a cavalo.

Nos quilombos

Não tardou para que grupos de escravos fugitivos começassem a estabelecer assentamentos em áreas remotas da colônia, conhecidos como quilombos. Inicialmente assentamentos simples, alguns quilombos evoluíam atraindo mais escravos fugitivos, indígenas ou até mesmo europeus que fugiam da lei ou da repressão religiosa católica, até tornarem-se verdadeiros estados multiétnicos independentes. A vida nos quilombos oferecia liberdade e a oportunidade do resgate das culturas perdidas à causa da opressão colonial. Neste tipo de comunidade formada por diversas etnias, constantemente ameaçada pelas invasões portuguesas, a capoeira passou de uma ferramenta para a sobrevivência individual a uma arte marcial com escopo militar.

O maior dos quilombos, o Quilombo dos Palmares, resistiu por mais de cem anos aos ataques das tropas coloniais. Mesmo possuindo material bélico muito aquém dos utilizados pelas tropas coloniais e, geralmente, combatendo em menor número, resistiram a pelo menos 24 ataques de grupos com até 3 000 integrantes comandados por capitães do mato. Foram necessários dezoito grandes ataques de tropas militares do governo colonial para derrotar os quilombolas. Soldados portugueses relataram ser necessário mais de um dragão (militar) para capturar um quilombola, porque se defendiam com estranha técnica de ginga e luta. O governador-geral da Capitania de Pernambuco declarou ser mais difícil derrotar os quilombolas do que os invasores holandeses.

A urbanização

Com a transferência do então príncipe regente dom João VI e de toda a corte portuguesa para o Brasil em 1808, devido à invasão de Portugal por tropas napoleônicas, a colônia deixou de ser uma mera fonte de produtos primários e começou finalmente a se desenvolver como nação. Com a subsequente abertura dos portos a todas as nações amigas, o monopólio português do comércio colonial efetivamente terminou. As cidades cresceram em importância e os brasileiros finalmente receberam permissões para fabricar no Brasil produtos antes importados, como o vidro.

Já existiam registros da prática da capoeira nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Recife desde o século XVIII, mas o grande aumento do número de escravos urbanos e da própria vida social nas cidades brasileiras deu à capoeira maior facilidade de difusão e maior notoriedade. No Rio de Janeiro, as aventuras dos capoeiristas eram de tal jeito que o governo, através das portarias como a de 31 de outubro de 1821, estabeleceu castigos corporais severos e outras medidas de repressão à prática de capoeira.

Libertação dos escravos e proibição

No fim do século XIX, a escravidão no Brasil era basicamente impraticável por diversos motivos, entre eles o sempre crescente número das fugas dos escravos e os incessantes ataques das milícias quilombolas às propriedades escravocratas. O império Brasileiro tentou amenizar os diversos problemas com medidas como a lei dos Sexagenários e a lei do Ventre Livre, mas o Brasil inevitavelmente reconheceria o fim da escravidão em 13 de maio de 1888 com a lei Áurea, sancionada pelo parlamento e assinada pela princesa Isabel.

Livres, os negros viram-se abandonados à própria sorte. Em sua grande maioria, não tinham onde viver, onde trabalhar e eram desprezados pela sociedade, que os via como vagabundos. O aumento da oferta de mão de obra europeia e asiática do período diminuía ainda mais as oportunidades e logo grande parte dos negros foi marginalizada e, naturalmente, com eles a capoeira.

Foi inevitável que diversos capoeiristas começassem a utilizar suas habilidades de formas pouco convencionais. Muitos começaram a utilizar a capoeira como guardas de corpo, mercenários, assassinos de aluguel, capangas. Grupos de capoeiristas conhecidos como maltas aterrorizavam o Rio de Janeiro. Em pouco tempo, mais especificamente em 1890, a República Brasileira decretou a proibição da capoeira em todo o território nacional, vista a situação caótica da capital brasileira e a notável vantagem que um capoeirista levava no confronto corporal contra um policial.

Devido à proibição, qualquer cidadão pego praticando capoeira era preso, torturado e muitas vezes mutilado pela polícia. A capoeira, após um breve período de liberdade, via-se mais uma vez malvista e perseguida. Expressões culturais como a roda de capoeira eram praticadas em locais afastados ou escondidos e, geralmente, os capoeiristas deixavam alguém de sentinela para avisar de uma eventual chegada da polícia.

Atualmente

Hoje em dia, a capoeira se tornou não apenas uma arte ou um aspecto cultural, mas uma verdadeira exportadora da cultura brasileira para o exterior. Presente em dezenas de países em todos os continentes, todo ano a capoeira atrai ao Brasil milhares de alunos estrangeiros e, frequentemente, capoeiristas estrangeiros se esforçam em aprender a língua portuguesa em um esforço para melhor se envolver com a arte. Mestres e contra-mestres respeitados são constantemente convidados a dar aulas especiais no exterior ou até mesmo a estabelecer seu próprio grupo. Apresentações de capoeira, geralmente administradas em forma de espetáculo, acrobáticas e com pouca marcialidade, são realizadas no mundo inteiro.

O aspecto marcial ainda se faz muito presente e, como nos tempos antigos, ainda é sutil e disfarçado. A malandragem é sempre presente, capoeiristas experientes raramente tiram os olhos de seus oponentes em um jogo de capoeira, já que uma queda pode chegar disfarçada até mesmo em um gesto amigável. Símbolo da cultura afro-brasileira, símbolo da miscigenação de etnias, símbolo de resistência à opressão, a capoeira mudou definitivamente sua imagem e se tornou fonte de orgulho para o povo brasileiro. Atualmente, é considerada patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Em 24 de novembro de 2014, durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda, que é realizada na sede da Unesco, em Paris, teve a inscrição para recebimento do título aprovada. Em 26 de novembro, a Unesco declara que a Roda de Capoeira é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

 

Fonte de pesquisa:

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

(Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira>. Acesso em: 19 fev.2018)




Sorocaba sai à frente no mapeamento da capoeira paulista

No começo do mês de novembro, um coletivo de capoeiristas de São Paulo, em articulação com a secretaria de Cultura do Estado, iniciou os trabalhos de pesquisa para abertura de processo de reconhecimento como bem imaterial da capoeira paulista pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)

 

No começo do mês de novembro, um coletivo de capoeiristas de São Paulo, em articulação com a secretaria de Cultura do Estado, iniciou os trabalhos de pesquisa para abertura de processo de reconhecimento como bem imaterial da capoeira paulista pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Tendo a frente dessa proposta os mestres Wellington (da Associação Berimbrasil) e Catitu (da Herança Cultural), o processo deverá conter informações da capoeira desenvolvida no estado de São Paulo – desde os primórdios – até o desenvolvimento das academias com o modelo baiano de capoeira implantado no final da década de 1940 em diante.
O reconhecimento da capoeira paulista como patrimônio imaterial deverá, por outro lado, trazer benefícios para mestres e pesquisadores que terão seus conhecimentos valorizados e viabilizados por meio de leis de incentivo.

Carlos Cavalheiro

Nesse sentido, Sorocaba, cidade do interior paulista saiu à frente. Desde o final da década de 1990 o pesquisador e historiador Carlos Carvalho Cavalheiro vem publicando artigos e pesquisas voltadas para a história da capoeira, o que culminou com a publicação do livro “Notas para a História da Capoeira em Sorocaba”, lançado em meados de 2017.

Outro importante livro é o de Pedro Cunha, “Capoeiras e Valentões de São Paulo”, resultado da dissertação de Mestrado e que teve a inspiração nas pesquisas de Cavalheiro. Por isso, o livro de Pedro Cunha também traz diversas informações sobre a capoeira sorocabana.
Por iniciativa dos mestres sorocabanos Pulga (Igi Ye Capoeira) e Jaime Balbino (Associação de Capoeira Angola Bem Brasil), o livro do professor Carlos Carvalho Cavalheiro deverá ser estudado por mestres e alunos de capoeira da cidade com a finalidade de promover um amplo debate.
No sábado, dia 9 de dezembro de 2017, durante a realização da 17ª Roda de Confraternização da Associação de Capoeira Angola Bem Brasil foi anunciado aos participantes, pelo trenel Eron Pereira de Barros a iniciativa do estudo da capoeira sorocabana que deverá iniciar-se em 2018. Durante o almoço da confraternização o pesquisador e autor do livro Carlos Carvalho Cavalheiro foi chamado a explanar os pilares principais de seu livro.
Cavalheiro discorreu sobre a ancestralidade da capoeira paulista e do momento importante para a mesma, tendo em vista a possibilidade de vir a se tornar reconhecida pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial. Lembrou que pesquisadores como Paulo Coelho de Araújo já haviam dito na década de 1990 sobre a importância de Sorocaba na história da capoeira. O pesquisador evidenciou ainda que, de acordo com Paulo Coelho de Araújo, a cidade de Sorocaba foi a primeira do interior da província de São Paulo a emitir uma lei repressiva à prática da capoeira no ano de 1850.
Carlos Cavalheiro discorreu sobre relatos de pessoas que praticam hoje a capoeira e que tiveram em sua família praticantes da capoeira paulista, justificando o interesse do sorocabano por essa luta.
Manoel Troiano dos Santos, o Mestre Cuco, manifestou elogios ao trabalho do pesquisador sorocabano, e concordou com a importância do reconhecimento da capoeira paulista como forma de evidenciar a ancestralidade da luta, bem como para enaltecer o trabalho dos mestres nos dias atuais.
Após a fala de Carlos Carvalho Cavalheiro, foi por este dada a palavra ao pesquisador Mestre Miltinho Astronauta, um dos primeiros pesquisadores a se interessar pela história da capoeira em São Paulo e que produziu um jornal on line onde reunia artigos e pesquisas de diversas partes do Brasil sobre a capoeira.
Miltinho também referenciou a importância da pesquisa sobre a capoeira paulista e lembrou episódios como a vinda de “desterrados” capoeiras do Rio de Janeiro que eram trazidos até a linha final da Estrada de Ferro Sorocabana, em Botucatu. Recordou que em suas pesquisas encontrou algo sobre a prática da capoeira entre os estudantes da Academia de Direito de São Paulo, em 1854. As aulas eram dadas por um estudante que pertencia a uma malta carioca.
Ao encerramento das falas, os pesquisadores receberam os aplausos e o apoio dos assistentes que se manifestaram dispostos a participar dos estudos do livro de Cavalheiro para ampliação do debate sobre a História da capoeira em Sorocaba.
 



Palestras-debates revelam a capoeira no mês da Consciência Negra

Os escritores e pesquisadores Abner Laurindo e Carlos Carvalho Cavalheiro participam de uma mesa redonda em que debaterão o fenômeno da capoeira enquanto expressão de luta e resistência no próximo dia 13 de novembro

 

Os escritores e pesquisadores Abner Laurindo e Carlos Carvalho Cavalheiro participam de uma mesa redonda em que debaterão o fenômeno da capoeira enquanto expressão de luta e resistência no próximo dia 13 de novembro. O evento faz parte do calendário do mês da Consciência Negra em Sorocaba.
Coincidentemente, ambos escritores lançaram livros com o esse tema em 2017. Abner Laurindo lançou em março o seu “Mata rasteira — A origem da resistência”, um romance que trata da criação da capoeira. O livro, editado pela Essencial, foi contemplado pela LINC (Lei de Incentivo à cultura) e é uma ficção que traz como mote o surgimento da capoeira.

Carlos Cavalheiro

Por sua vez, o historiador Carlos Carvalho Cavalheiro lançou em junho o livro “Notas para a História da Capoeira em Sorocaba”, resultado de quase 20 anos de pesquisa sobre as raízes históricas da capoeira numa cidade do interior paulista. Trata-se de um estudo inédito e que traz novas luzes para a pesquisa sobre a capoeira. O trabalho de Carlos Cavalheiro serviu de inspiração para pesquisadores como Pedro Cunha, que publicou a sua dissertação de mestrado “Capoeiras e valentões em São Paulo”.

A mesa redonda entre Abner e Cavalheiro deverá trazer informações gerais do uso da capoeira como estratégia de luta e sobrevivência, culminando no caso específico de Sorocaba.
“Mais importante do que reconhecer que a capoeira existiu em Sorocaba no passado é entender o porquê dela ter existido”, argumenta Carlos Carvalho Cavalheiro.
O evento
 A Palestra/Debate “Capoeira: Luta e Resistência”, que terá como debatedores Carlos Carvalho Cavalheiro e Abner Laurindo, ocorrerá no dia 13 de novembro de 2017, às 19 horas, no Auditório da SIAS Rua Santa Cruz, 116 – Sorocaba – Centro. A entrada é franca.
O debate contará com a mediação de José Marcos de Oliveira, um dos membros da comissão organizadora da programação do Mês da Consciência Negra.
Durante o evento serão homenageados os mestres de capoeira que realizam o trabalho de difusão dessa luta e arte, profundamente enraizada na cultura afrobrasileira, na cidade de Sorocaba. Entre os mestres homenageados estarão Mestre Jaime, Mestre Fálcon, Mestre Cuco, Mestre Baiano, Mestre Pulga, Mestre Cupim entre outros.
O mês da Consciência Negra
 Neste ano, a Consciência Negra será comemorada durante todo o mês de novembro e não somente na semana do dia 20.
Da união entre comunidade, o Conselho Negro e as Secretarias de Cultura e Turismo, Abastecimento e Nutrição e Assistência Social, por meio da Coordenadoria da Igualdade Racial, chegou-se a uma vasta programação que começou na sexta-feira (03) e segue até o dia 30 de novembro.
Durante o mês todo ocorrerão espetáculos artísticos, seminários, debates, rodas de conversa, exposições entre outras atividades.
A programação completa pode ser conferida na página: http://agencia.sorocaba.sp.gov.br/consciencia-negra-programacao-comeca-com-apresentacoes-artisticas/



17ª Roda de Confraternização Anual da Capoeira Angola Bem Brasil, no dia 09 de dezembro (sábado), das 10h00 às 13h00, na Praça Cel. Fernando Prestes, em Sorocaba




Livro sobre a capoeira em Sorocaba, do historiador e colunista do ROL, Carlos Carvalho Cavalheiro, foi lançado!

 Livro sobre a capoeira em Sorocaba, do historiador e colunista do ROL, Carlos Carvalho Cavalheiro, foi lançado!

 

O livro “Notas para a História da Capoeira em Sorocaba (1850 – 1930)”, de autoria do escritor e historiador Carlos Carvalho Cavalheiro foi lançado no último sábado, dia 10 de junho na Biblioteca Municipal Infantil de Sorocaba.
Durante o evento, ocorreu a leitura dramática de texto referente à história da capoeira na cidade, bem como apresentação de grupo de capoeira.
A leitura dramática será feita pela atriz Clarice Santos e o grupo de capoeira será liderado pelo Mestre Jaime Balbino, que realiza um trabalho de divulgação da capoeira Angola em Sorocaba.
Com a presença de público interessado no assunto, o lançamento contou ainda com uma breve palestra do autor.

Resultado de quase 20 anos de pesquisa, a obra trata do desenvolvimento da luta capoeira numa cidade do interior de São Paulo.

O livro foi editado pela Crearte Editora e recebeu apoio institucional do PROAC (Programa de Ação Cultural) do Estado de São Paulo. 
Na ocasião o autor discorreu sobre as bases teóricas e metodológicas de sua pesquisa, bem como sobre o panorama da capoeira na cidade de Sorocaba.
Em sua breve palestra, Carlos Carvalho Cavalheiro evidenciou o contexto de Sorocaba do século XIX e início do XX para mostrar como esse panorama foi importante para o desenvolvimento da luta da capoeira enquanto elemento primordial na resolução dos conflitos e tensões.
O estudo, considerado inovador por ser praticamente único a debater com rigor historiográfico o fenômeno da capoeira em cidade do interior paulista, foi muito bem recebido por estudiosos do assunto, como André Luiz Lacé Lopes e Pedro Figueiredo Alves da Cunha que fizeram a apresentação e o prefácio, respectivamente.
O livro poderá ser adquirido com o autor pelo preço de R$ 20,00. Para lugares fora de Sorocaba, além desse preço, será cobrado o frete.
Momentos do lançamento: