Claudia Lundgren: 'Cartão postal'

Claudia Lundgren

Cartão postal

Minha vontade, fraca que sou,
é  – ao menor sinal de fogo –
de correr, desaparecer;
passar a ser só lembrança;
um cartão postal.

 

E ao avistar a tempestade,
entrar na primeira caverna
– por medo ou covardia –
e aguardar o sol voltar;
me distanciar do real.

Naquelas noites sem luar,
o que eu mais quero é esconder-me;
debaixo da cama, driblo meus monstros;
e, ao raiar da aurora,
durmo, afinal.

De longe avisto o leão
e queria ter coragem de enfrentá-lo.
A montanha que está na minha frente,
eu gostaria de escalar,
mas sua altura é surreal.

Quisera eu ficar cara a cara com o gigante,
mas não é sempre que sou como Davi.
E quantas vezes, como criança acuada,
abaixo a cabeça, saindo envergonhada;
fragilidade emocional.

 

Bato a porta, ligo meu carro,
saio pela estrada sem destino
para os problemas não me alcançarem;
e eles me perdem de vista.
Torno-me lembrança; um mero cartão postal.

 

Claudia Lundgren

tiaclaudia05@hotmail.com