O leitor participa: Cassiano Ricardo Miranda, com o poema 'Desabafo poético'

Posso ser considerado bruto, como também delicado./ Amo competir em braço de ferro, vencer,/ Mas amo ainda mais escrever e compartilhar Poesias…”

DESABAFO POÉTICO

Posso ser considerado bruto, como também delicado.

Amo competir em braço de ferro, vencer,

Mas amo ainda mais escrever e compartilhar Poesias…

Sou de carne, osso e sangue,

Sou forte, ao mesmo tempo sou fraco.

No braço de ferro eu venço algumas pessoas

O que, na verdade, tento resolver dentro de mim mesmo…

E a minha destra vencedora do braço de ferro

De repente se derrete empunhando uma caneta

A escrever e desabafar tudo o que minha alma poeta

Tem a dizer. E assim escrevo, com a leveza do cansaço,

Com a dureza da vida prática, mas com a inspiração

Que sempre brota da minha alma e me acompanha!!!

Força, firmeza e delicadeza sempre fazem parte de mim.

Só não sei se a linda e majestosa Matemática me permite

Ser um pouquinho mais exato em meus sentimentos e escritas…

Todavia, resolvo pegar carona ali na esquina dos 2+2=4…

Para poder viajar de novo nas palavras, no espaço e no tempo,

Inclusive nos oceanos das estrofes incertas e da Poesia,

Que debruçam suas ondas em minha mais humilde praia…

Cassiano Ricardo Miranda




O leitor participa: Cassiano Ricardo Miranda, de Sorocaba (SP), com o poema: 'Lavorando de clássico a clássico…'

“Plantei uma muda de poesia/ E, ao mesmo tempo e bem perto dela,/ Plantei uma semente de mudança…”

 

Lavorando de clássico a clássico…

Plantei uma muda de poesia

E, ao mesmo tempo e bem perto dela,

Plantei uma semente de mudança…

.

Depois de alguns dias,

A primeira, claro que um pouco mais viçosa,

Começou a poetizar e a crescer…

A segunda, ainda sob os mantos da terra,

Começou a crescer e a se revelar uma nova muda…

.

A primeira muda (poesia), já adolescente,

E a segunda muda (mudança), já saltando da infância

Para uma nova adolescência que alcança

Uma das últimas fases da adolescência da primeira…

.

 

De repente a segunda muda abraça a anterior e atual,

A adolescência mais jovem alcança

E abraça a adolescência menos jovem,

E ambas descobrem que, de mudas em comum,

Tinham apenas a biologia terrena,

Mas, de mudas, caladas, não tinham nada,

Pois eram e ainda são inquietas, pulsantes,

Comunicativas e sempre atuais, derradeiras e jovens:

Percebem que nem toda poesia é absoluta ou eterna,

Que nem todo passado é retrógrado ou estéril,

E que nem toda atualização ou mudança

São uma proposta daninha…

.

Assim a poesia e a mudança

Encontram-se e caminham juntas,

Ora unindo e confrontando tradições,

Ora produzindo e conciliando resultados clássicos,

Abertos e ávidos a novas plantações e interações!!!

.

Assim brota, primeiro, a poesia singela,

E brota, em seguida, a mudança…

E ambas se abraçam e se confrontam,

Dão sempre um jeito de se realinharem

E tornarem o solo sempre fértil

Para as gerações artísticas atuais,

Ora meio experientes, ora recém-nascidas,

E para a posteridade poética, sempre mutável,

Passo a passo, de interação em interação,

De revolução em revolução,

De clássico a clássico…

.

Cassiano Ricardo Miranda (Sorocaba/SP, 30/03/2018).




O leitor participa: Cassiano Ricardo Miranda, de Sorocaba (SP), com suas 'Divagações Poéticas'!

O leitor participa: 

Cassiano Ricardo Miranda, de Sorocaba (SP), com suas ‘Divagações Poéticas’!

 

Ah se uma mera vírgula caísse daquela árvore tão frondosa e nebulosa, tão espontânea, silábica, matemática, musical e poética, tão repleta de idéias, sensações e sentimentos, tão permeada por números, verbos, predicados, notas e sons musicais, tão física, espiritual e química, tão real e imaginária, tão generosa, tão generosa que sempre emana ou inspira sentimentos, raciocínios, palavras, redações, poemas, canções e tantas outras especiarias, tudo para uma vida melhor ou menos sofrível, e mais rica em sensibilidade, inteligência, expressividade, comunicação e fraterna união!

Com o gancho de uma interrogação (?), eu içaria essa vírgula, fecharia meus olhos e exclamaria nas reticências do suspiro de um pensamento talvez inexprimível… Iria então para o quintal das letras e plantaria o fugidio sinal de pontuação no solo sempre fértil da inspiração, que faz de cada ponto final uma súbita vírgula e, de cada vírgula, repentinos dois pontos: para oxigenar, renovar e fazer evoluírem as culturas, em qualquer contexto, época e lugar!

Irromperia então mais uma surpresa, saboreada bem devagar, como um relâmpago em câmera lenta desde o poente, passando pela noite, até um amanhecer que desperta sob os badalos de sinos eclesiásticos e o sinal sonoro de uma escola.

No mesmo dia ou depois, numa linda e sedutora noite, que traz em seu ventre a misteriosa madrugada, eu tento desenhar, com tinta solar fosforescente que brilha na escuridão da inconsciência, a dança dos meus sentidos, ainda tímidos, com um pouco de filosofia, geometria, música e poesia, tentando esquecer um pouquinho das ânsias que costumam agitar, castigar e transcender as mentes e os corações dos poetas, os quais já vivem cercados de tantas flores, mares e rochas, ora reais, ora imaginários, e vivem presos a uma liberdade sem fim, com fins!!!

Mesmo assim o autor se pergunta o que deseja de fato com tudo o que escreve e aonde quer chegar, mas não importa o que ele tente responder, seus leitores já possuem tantas respostas, ou não, e tudo se encerra numa constante soma e nova combinação dos elementos.

Mas a árvore da boa comunicação continua lá, frondosa, frutífera e cheia de flores, plantada com raízes tão luminosas e profundas que chegam a se contorcer nas densas camadas do subsolo, em naturais movimentos que desenham imprevisíveis semicírculos, infinitos parênteses e novas poesias… Sem fim, com fins.

 

(Cassiano Ricardo Miranda, 23/09/2017.)