Célio Pezza: 'O grito dos inocentes' – Parte 2 de 4

Célio Pezza

Crônica#479: O grito dos inocentes – Parte 2 de 4

No artigo anterior falamos sobre o grito dos inocentes que habitam as águas. Agora vamos falar sobre os que moram sobre a terra, bem ao nosso lado. Começaremos pela França, onde encontramos o patê de fígado de ganso, ou “foie gras”. Vocês sabem como é feito esse famoso patê? Imaginem centenas de gansos presos num espaço minúsculo, com suas patas pregadas no chão para evitar que saiam do local, “alimentados” através de um tubo de aproximadamente 30 cm, que é introduzido dentro de sua garganta por onde entra 3,5 kg de ração por dia, diretamente até o estômago. Após essa “refeição” um anel elástico é apertado no pescoço do animal para evitar que vomite. Essa ração é uma mistura de milho cozido e gordura de porco e após cinco semanas desta agonia, seus fígados incham e atingem um tamanho 12 vezes maior que um fígado normal. Neste estágio, os animais são mortos e seus fígados removidos para fazer o famoso patê, vendido a preços altíssimos. Bem, vamos olhar para a China, onde existem mais de 20 mil ursos presos a fim de extrair a bílis de suas vesículas, considerado um elixir afrodisíaco. Existem fazendas onde estes animais são deitados em minúsculas jaulas para impedir qualquer movimento e são colocados pequenos tubos (cateteres) nas barrigas para sugar permanentemente o liquido de suas vesículas. Os ursos urram de dor dia e noite e ficam entre 15 a 20 anos nesse martírio, para produzir o famoso elixir dos asiáticos. Como suas patas são também consideradas uma iguaria na preparação de sopas, é normal que se amputem as patas destes inocentes, que vivem deitados com os tubos dentro de si. Continuando, um estudo conduzido pelo grupo de defesa dos animais, Cruelty Free International, instituição do Reino Unido, aponta que, ainda hoje, a cada ano, mais de 100 milhões de pequenos animais são utilizados em experiências macabras nos laboratórios das indústrias farmacêuticas e de cosméticos do mundo todo. As cobaias vivas sofrem todo tipo de testes na pele e na vista, para que um produto “dermatologicamente testado” chegue ao mercado. Também temos testes psicológicos com animais. Nos EUA, uma experiência consistiu em alimentar cães da raça beagle com pesticidas e expô-los a radioatividade até a morte, sangrando pela boca e pelo ânus. Enquanto isto, os psicólogos analisavam o estado emocional perante a dor e ao medo. Outro teste consistia em colocar uma macaca com seu filhote nos braços sobre uma chapa escaldante, para saber se o animal usaria seu filho para se salvar ou não; invariavelmente a macaca se sacrificava pelo filho, diferentemente de muitas mães que jogam seus filhos pelas janelas dos apartamentos ou em uma lata de lixo. Na Coréia, existem sopas de cães e gatos, com o detalhe de que os bichos devem ser fervidos vivos, para dar o sabor ideal. As panelas costumam ter presilhas para impedir que os desesperados animais fujam durante a fabricação das sopas. Aliás, os asiáticos acreditam que os animais devem sofrer muito antes de morrer, pois assim eles produzem uma quantidade de adrenalina que torna sua carne mais suculenta. Certa vez, vimos na TV, uma especialista em comida japonesa da cidade de Bastos, estado de SP, explicar que para um bom “sashimi” de carpa, o peixe tem que ser cortado vivo em fatias finas por uma questão se sabor. Matar animais destrói gradualmente nosso senso de compaixão, que é um dos mais nobres sentimentos da natureza humanos e observa-se, por exemplo, que durante o abate massivo de animais, trabalhadores de abatedouros passam por transformações psicológicas semelhantes aquelas sofridas por combatentes de guerras e carrascos nazistas. Se você trabalha onde porcos são mortos, existe um impacto emocional que faz com que desenvolva uma atitude que deixa você matar animais, mas que não deixa você ter piedade. Esse mecanismo psicológico é conhecido como “duplicação”. A personalidade natural do trabalhador se identifica com o porco e reconhece nele, um animal digno de afeto e cuidado, mas outra personalidade, aquela transformada pelo trabalho no matadouro, é incapaz de sentir piedade pelos animais. Essas pessoas estão mais propensas ao uso de drogas, estupros e atos violentos, principalmente contra mulheres e crianças. Buda disse certa vez que os seres humanos imploram a misericórdia divina, mas não tem misericórdia dos animais, para os quais são divinos. Encerramos esta segunda parte com uma citação de Pitágoras: “Enquanto o homem continuar a ser o destruidor impiedoso dos animais, não conhecerá nem a saúde nem a paz, pois quem semeia a morte e a dor não pode por efeito, recolher alegria e amor”!

 

Célio Pezza    celiopezza@yahoo.com.br    setembro, 2021

 

 

 

 

 




Célio Pezza: 'Jinn ou Djinn'

Célio Pezza

Jinn ou Djinn

A origem da crença nos Jinn ou Djinn (singular e plural) é do Oriente Médio, onde acreditam que são espíritos feitos do “fogo sem fumaça”, que habitam os desertos. Muitas vezes podem tomar a forma de humanos ou animais, como serpentes, e interagir com os humanos. Cobras negras são consideradas como um Jinn maléfico e cobras brancas como um Jinn bondoso e prestativo. Muitos muçulmanos evitam matar uma cobra, pois temem uma vingança por parte de um Jinn. Existe uma corrente no Islã que acredita que o Jinn, quando foi criado, não era nem bom nem mal e que tem, como os humanos, o livre arbítrio para escolher ir para o caminho do bem ou do mal. O Jinn pode ser encontrado em várias histórias das Mil e Um Noites, como por exemplo, “O Pescador e o Jinn” e “Aladinn e a Lâmpada Maravilhosa”. Jinn são mencionados perto de 30 vezes no Alcorão e o capítulo 72 se intitula Al-Jinn (O Jinn). Também o Alcorão cita casos de árabes pagãos, pedindo ajuda a Jinn ao invés de Deus. De acordo com a fé islâmica, existem os Anjos e os Jinn. Eles se assemelham aos humanos, que comem, bebem, procriam e, quando morrem, são julgados pelos seus atos, sendo enviados para o céu ou para o inferno. Acreditam inclusive que o Jinn pode ter relações sexuais com humanos. O Jinn, na sua forma feminina, é chamado de Jiniri e habitam a Terra desde muito antes dos humanos serem criados. Especialmente no Marrocos, acreditam que uma pessoa pode ficar possessa pela ação de um Jinn e possuem rituais de exorcismo para afastá-lo. Em algumas histórias, um Jinn pode levar uma pessoa de um local para outro instantaneamente, bem como satisfazer seus desejos, sempre por um preço. Diz a lenda que, o próprio Rei Salomão, tinha alguns Jinn ao seu lado, que o ajudaram a erguer o famoso templo de Salomão e eram responsáveis por sua imensa riqueza e poderio militar. Entre os árabes, fenômenos, como a paralisia do sono, são atribuídos aos Jinn e a melhor forma de combater esse mal é recitando sem parar alguns versos do Alcorão. Na Arábia Saudita, existe pena de morte para uma pessoa que diz ter alguma relação de amizade com um Jinn, para evitar a prática da feitiçaria e bruxaria. Uma pesquisa realizada em 2012 pelo Pew Research Institute, revelou que grande parte dos muçulmanos do Marrocos, Turquia, Iraque, Indonésia, etc., acreditam na existência dos Jinn e são respeitados e temidos. Eles também podem aparecer em névoas e tempestades de areia. Praticamente não existem representações visuais de Jinn na arte islâmica, pois, são como uma sombra na parede ou um fogo sem fumaça, na sua forma original.

 

Célio Pezza

celiopezza@yahoo.com.br




Célio Pezza: 'Vodu'

Célio Pezza

Crônica # 440: ‘Vodu’

A origem da religião Vodu é africana e foi levada através dos escravos pelo mundo afora. Uma vez que seus senhores tinham proibido a prática de sua religião, eles misturaram suas divindades com os santos católicos numa tentativa de praticarem disfarçadamente seus ritos. Mais tarde, tornou-se a religião oficial do Haiti e espalhou-se por vários cantos do mundo como New Orleans nos Estados Unidos, Cuba e muitos outros. No Brasil o vodu misturou-se com o catolicismo e na Bahia foi chamado de candomblé jeje. A maioria dos escravos levados para o Haiti eram da Costa da Guiné, na África Ocidental, onde praticavam o vodu haitiano. O praticante do vodu acredita em um deus único, chamado de Bondye (Bom Deus), mas todo o culto é através de espíritos intermediários, os Loas, sendo que essas entidades tem relação com as forças da natureza. Ao contrário do que muita gente pensa, o vodu não está focado na magia negra e nos feitiços e sim em fazer o bem para sua comunidade. Por outro lado, existem os feitiços ou wangas, feitos pelos sacerdotes, chamados de Mambos ou Hougans. Eles buscam uma relação com os Loas e fazem um feitiço para o bem ou para o mal. Muitas vezes eles constroem os famosos bonecos vodu com algo da pessoas que será enfeitiçada e, dependendo do tipo de feitiço, terá um custo, às vezes não em dinheiro, mas em um trabalho a ser realizado para o Mambo. O feitiço cria uma mudança na vida do cliente através de sua psique e é normal o cliente ficar dependente do feiticeiro. No vodu, a magia é feita sob medida para cada pessoa e muitas vezes consiste em atacar um desafeto. Também existem trabalhos para cura de doenças físicas ou mentais, amuletos para proteção, conquistas amorosas e muitos outros. Existe muito medo entre a população mais ignorante e isso aumenta a crença no feitiço e no feiticeiro. Como sempre, é de boa prática deixar a vítima saber que foi feito um feitiço contra ela, pois, dessa forma, a sua mente vai trabalhar a favor do feitiço. É comum uma pessoa que tem muito medo, saber que um Mambo fez um wanga contra ela e em seguida essa pessoa adoecer ou mesmo morrer. Isso alimenta o medo dos outros e assim o poder do Mambo aumenta. Um dos mais famosos Loas do vodu é o Baron Samedi, já retratado em filmes de terror. Ele é um Loa muito temido, que preside o mundo dos mortos e aparece nas encruzilhadas, quando invocado da forma correta. Ele é descrito usando uma cartola, terno preto e a cara parecida com uma caveira branca, que fala com uma voz cavernosa. A sua mulher é a Loa Mama Brigitte, que protege as lápides nos cemitérios, desde que tenham cruzes. Esse casal de Loas gosta de beber rum com pimenta vermelha amassada e falam muitas obscenidades. Em 14 de agosto de 1791, o Hougan Dutty Boukman, em Bois Caiman, iniciou a revolução haitiana contra o governo francês. Um porco, que simbolizava o poder livre da floresta, foi sacrificado e todos fizeram um juramento de morte aos franceses dominantes e liberdade para os escravos de Saint Dominique. Uma semana depois, perto de duas mil plantações foram destruídas e mais de mil senhores de escravos foram mortos. Estava iniciada a sangrenta Revolução Haitiana, através de uma cerimônia vodu. Após sua morte pelos franceses, alguns meses depois, os escravos haitianos louvaram Boukman, e ele passou a ser um Loa, no panteão vodu, dando mais força à revolução. Em 1804, aconteceu a libertação dos povos do Haiti da França e foi estabelecida a primeira república de povos negros na história do mundo.

Célio Pezza     celiopezza@yahoo.com.br    outubro, 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Celio Pezza: 'Sacrifício de animais em rituais religiosos'

Celio Pezza

Crônica # 399 – Sacrifício de animais em rituais religiosos

 

Os animais têm seus direitos garantidos em nossa Constituição Federal e os maus tratos e crueldades constituem crimes ambientais de acordo com a Lei 9.605/98.

Também ressaltamos que o Brasil é  signatário da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, assinado em Bruxelas, em 1978.

Em 2.003, foi aprovado no Rio Grande do Sul, o Código Estadual de Proteção aos Animais, que proibiu o sacrifício de animais em rituais religiosos.

Em 2.004, devido a pressões das religiões afro-brasileiras, mudaram esse código e o sacrifício voltou a ser liberado.

Em 2.015, a deputada estadual Regina Becker (PDT) apresentou projeto de lei para novamente proibir essa prática abominável.

Agora, nesse último 28 de março de 2.019 o STF considerou por unanimidade, ser constitucional o sacrifício de animais em rituais de religiões de origem afro-brasileiras, baseado no princípio da liberdade religiosa e em razão do histórico de discriminação.

De acordo com os ministros do STF, a oferenda dos animais faz parte indispensável da ritualística de certas religiões de matrizes africanas, apesar do Fórum Nacional de Proteção de Defesa Animal sustentar que nenhum dogma pode se legitimar pela crueldade.

Se, por um lado, a cultura afro é importante para o Brasil, torna-e arcaico tratar os animais como meros objetos, somente para satisfazer as necessidades de crenças humanas.

Sabemos que os animais possuem consciência, emoções e dividem com os seres humanos alguns anseios básicos como fome, medo e vontade de viver.

O ser humano está em evolução, da mesma forma em que as crenças e cultos também evoluiram, mas religiões que submetem animais ao sacrifício, extrapolam a liberdade de culto e não condizem com o projeto de civilização moderno.

Países como Bélgica, Suécia, Noruega, Holanda, Áustria, Estônia, Índia, Suiça e muitos outros já proibiram tais práticas, enquanto aqui no Brasil, vemos esse retrocesso autorizado pelo STF.

Isso prova que, infelizmente, em nosso país, os animais ainda possuem status de coisa ou objeto.

No passado, os antigos rituais Maias, Incas, Astecas, Hebreus, Egípcios, Romanos, Gregos, Indus, Africanos, etc., incluiam sacrificios de seres humanos e se continuarmos com essa mentalidade, talvez vamos discutir no futuro, a permissão para sacrificios humanos, em nome da liberdade de cultos religiosos.

Alice Walker, líder ativista negra e escritora dos EUA,  disse que os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para os humanos, assim como negros não foram feitos para brancos ou mulheres  para os homens. O pacifista Gandhi disse que a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.  

 

Célio Pezza
celiopezza@yahoo.com.br
abril, 2019




Célio Pezza: 'Lilith, a primeira mulher'

Célio Pezza: # Crônica 396: ‘Lilith, a primeira mulher’

“Um dos mitos mais conhecidos da humanidade é o da criação dos primeiros humanos e os episódios do Jardim do Éden.”

Um dos mitos mais conhecidos da humanidade é o da criação dos primeiros humanos e os episódios do Jardim do Éden. Por muitos anos, temos escutado que Adão e Eva foram nossos primeiros pais, viviam no Jardim do Éden, comeram uma maçã da árvore proibida por Deus e, através desse ato de desobediência, o mundo inteiro mergulhou em pecado.

Bem, vejamos outra versão dessa história: No primeiro capítulo do Gênesis está escrito “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem; homem e mulher os criou”.  Já no segundo capítulo, versículo 18, está escrito: “E disse o senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: farei uma auxiliadora, que lhe seja idônea”.

Segundo o Zohar, livro sobre a cabala e conhecimento místico judaico, o Talmud, um dos livros da sabedoria hebraica e alguns evangelhos apócrifos, a primeira mulher, Lilith, é criada por Deus ao mesmo tempo que Adão e, juntos, viviam no Jardim do ‘Éden.

Antigos textos babilônicos relatam que, com o tempo, Lilith se rebela por não se conformar em estar em uma condição inferior à Adão, já que ambos foram criados juntos. Ela não aceita ficar sempre por baixo do homem, até nas relações sexuais. Adão disse que ficaria sempre por cima, porque era superior. Lilith argumentou sobre a igualdade, considerando que ambos foram criados do  pó da terra, mas não foi ouvida.

Em busca da igualdade, ela se revolta e contesta o Criador, tendo que escolher entre permanecer no Éden e ser submissa a Adão, ou deixar o jardim. Ela decide ir embora e parte para o Mar Vermelho, onde viviam os demônios. Deus manda três anjos para convencê-la a voltar mas ela prefere viver fora do Éden a ser submissa. Adão então pede a Deus uma outra mulher, para que não vivesse sem uma companheira, já que a primeira tinha ido embora. Deus mergulha Adão em um sono profundo e cria Eva, a partir de uma costela de Adão.

Em Gênesis 2:23, Adão diz: “Esta é agora osso de meus ossos e carne de minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi formada”.  Vemos claramente que houve uma primeira mulher, feita do mesmo barro de Adão, que foi Lilith e não Eva. Mais tarde, Lilith volta ao jardim, assume a forma de uma serpente, seduz Eva a comer do fruto proibido e esta convence Adão a também comer deste fruto. Deus questiona Adão, que diz ter sido induzido por Eva; esta diz ter sido enganada pela serpente e todos são expulsos do jardim.

Eva é estereotipada como aquela que dá ouvidos ao demônio. Essa crença perseguiu as mulheres por muitos séculos. Durante a Inquisição, só o fato de ser mulher já dava motivos para uma acusação de pactos demoníacos, bruxarias e feitiçarias, com consequente morte nas fogueiras santas.

Lilith, por sua vez, desde o início, se recusou ser inferior e representa a mulher independente, insubmissa, intelectual, guerreira, sensual, orgulhosa, que preferiu deixar o paraíso a viver na submissão. Pagou por isso, sendo transformada em um demônio pelos textos machistas da época.

Lilith, na verdade, pode ser considerada um exemplo de coragem do espírito feminino, ao desafiar Adão e o Criador. Lilith, por ter sido a primeira mulher da Terra, teria o direito de ter sido a mãe de toda a humanidade. Talvez, dessa forma, a História das primeiras mulheres fosse menos hipócrita e cheia de pecados, complexos e submissão.

 

Célio Pezza  –  Fevereiro, 2019 –  celiopezza@yahoo.com.br

  




Célio Pezza: 'Ciência e tecnologia'

Célio Pezza: Crônica # 390: ‘Ciência e tecnologia’

Existe uma máxima que diz que a ciência faz as descobertas, a tecnologia nos ensina como aplicá-las, a indústria as utiliza e o homem se conforma.”

A nossa sociedade vive, atualmente, sob os domínios da ciência e da tecnologia e, isto ocorre de forma tão intensa, que muitos confiam nela como quem confia em uma divindade.

Fomos levados a pensar desta maneira e a aceitar esse novo Deus. Os cientistas são considerados super-homens, que descobrem novidades e fazem melhorias contínuas para nossa felicidade e melhor padrão de vida.

Existe uma máxima que diz que a ciência faz as descobertas, a tecnologia nos ensina como aplicá-las, a indústria as utiliza e o homem se conforma. Nessa conformação, fica embutida a ideia de melhor qualidade de vida.

A técnica é a reforma da Natureza; em parte, é o contrário da adaptação do homem ao meio, posto que é a adaptação do meio ao homem. Dentro desse conceito, um homem sem tecnologia e sem reação ao meio, praticamente deixa de ser um homem.

Por outro lado, vemos projetos de alta tecnologia, de custos faraônicos, em países que não têm saneamento básico, processamento de lixo, transportes de massa e assim por diante. Nessa hora, nos questionamos para que tanta tecnologia, para que levarmos o homem ao espaço, se não temos rede de esgotos decentes aqui embaixo. Sobra dinheiro para projetos de alta tecnologia, mas falta para o básico. E é esse básico que significa melhor qualidade de vida. Não é o grande projeto com acesso restrito e sim o que é desfrutado pela maioria. Não é o grandioso e dificílimo feito que nos eleva o padrão de vida e sim o mais simples e de fácil aplicação. O problema, evidente, não é restringir a tecnologia, mas, sim, estendê-la ao maior número de pessoas.

Por outro lado, somos levados a pensar que a única solução para os problemas está na ciência; nos fazem esquecer que nem todos os problemas são de caráter científico-tecnológico. Dessa forma, precisamos trabalhar o fato de que mais ciência, mais técnica, não significa necessariamente uma melhor vida para todos.

Também nos chama a atenção os exemplos reais da impotência do homem com toda sua ciência e tecnologia, frente aos fenômenos naturais, como, por exemplo, grandes incêndios, como o que atualmente acontece na Califórnia, que não consegue ser controlado, mesmo com toda ciência e tecnologia existente. Também   temos grandes terremotos, enchentes, tufões, tornados, etc., onde a soberba científica é colocada em xeque-mate pelas forças naturais. Temos alta tecnologia para colocar uma base espacial no espaço, mas não conseguimos achar um avião que caiu em nossa própria Terra. Percebem, quanta incoerência em nossa ciência e tecnologia atual?

 

Célio Pezza – escritor@celiopezza.com




Célio Pezza: 'Registros Akáshicos'

Célio Pezza: Crônica # 389: ‘Registros Akáshicos’

Akáshico é um plano de consciência cósmico, como um grande arquivo, que contém tudo que ocorreu e vai ocorrer no Universo.”

 

Akasha é uma palavra da língua sânscrita, ancestral do Nepal e da Índia. Esse idioma tem o poder de dizer uma frase com um mínimo de palavras, mais do que qualquer outro.

Os EUA possuem setores de universidades dedicadas a essa língua. A NASA possui departamentos de pesquisas para manuscritos em sânscrito e consideram o sânscrito muito adequado para a compreensão da linguagem dos computadores avançados.

Akasha significa céu, espaço, éter e é considerada a substância energética da qual a própria alma é formada. De acordo com H. P. Blavatski, é a Alma Universal, a Matriz do Universo, a causa da existência e o espaço infinito. Akáshico é um plano de consciência cósmico, como um grande arquivo, que contém tudo que ocorreu e vai ocorrer no Universo. É mencionado na bíblia como o Livro da Vida, e nos textos budistas como as Memórias da Natureza.

Já os Registros Akáshicos são como uma grande biblioteca energética que contém todas esses acontecimentos à medida em que vão acontecendo e todas as possibilidades futuras. Cada um de nós tem seu livro e seus registros de suas ações, emoções, aprendizados e sabedoria acumulada em várias vidas passadas.

Já sabemos que o tempo é uma ilusão e estamos vivendo eternamente no agora, mas este agora é uma ilusão causada pelas limitações de nossa mente. Podemos acessar o passado através de nossas lembranças e também podemos em raros momentos, ter acesso a lampejos de um possível futuro, por meio de precognições, sincronicidades ou coincidências significativas, pois o futuro é baseado em nossas tendências e nossas probabilidades de executarmos diversas ações. Nesse momento, entramos no campo das teorias dos universos paralelos, onde cada evento pode dar origem a outros e isso é uma possibilidade científica.

Nesse contexto, os Registros Akáshicos são as matrizes de nossas vidas passadas, presente e futuras. Seria uma existência multidimensional, onde tempo e espaço não existem e todas as partes de nós estão migrando para o que somos agora.

Também existe a possibilidade de fazermos uma leitura desses registros, quando entramos em um plano vibracional sutil e atingimos uma conexão com esses registros.  O objetivo dessa leitura não é de prever alternativas para o futuro e sim, uma oportunidade de crescimento pessoal, de expansão da consciência e recebimento de instruções e conhecimento, para termos uma vida mais harmoniosa. É um processo de autoconhecimento para ajudar na evolução interior. Isso pode acontecer durante uma meditação ou uma canalização mediúnica.

 

Célio Pezza – escritor @celiopezza.com        

Outubro, 2018