Cláudio Bloch: 'Evoé, Evoé, hoje é Carnaval

Claudio Bloch

De Cláudio Bloch, correspondente ROL

No dia 1o de março de 1565, uma expedição composta por portugueses, colonos paulistas (de São Vicente), índios com suas canoas de guerra vindo dos mais diversos lugares, sob o comando de Estácio de Sá, lança os fundamentos da cidade e que em homenagem ao rei de Portugal, viria a ser chamada São Sebastião do Rio de Janeiro.

A expedição desembarcou no istmo situado entre os morros Pão de Açúcar e Cara de Cão, começando logo a construir a trincheira de defesa, as primeiras casas, abrindo um poço e levantando as paredes da igreja consagrada a São Sebastião. José de Anchieta, ainda noviço, acompanhara Estácio nessa expedição por ordem de Nóbrega e oficiou missa nessa igreja. Poucas pessoas conhecem a importância da participação das gentes paulistas na fundação do Rio de Janeiro. Vida que segue.

No carnaval de 1984, foi inaugurado o sambódromo da Sapucaí, oficialmente Passarela Professor Darcy Ribeiro, na zona centro da cidade.

Em 1989, Joãzinho Trinta apresentou no sambódromo a obra-prima do desfile da E. S. Beija-Flor “Ratos e Urubus, Larguem minha Fantasia”, gerando controvérsias com a igreja católica ao tentar levar uma imagem do Cristo Redentor caracterizado como mendigo. A imagem foi censurada e passou coberta pela passarela. Uma das frases lapidares do carnavalesco Joãozinho Trinta era “o povo gosta de luxo e a riqueza na avenida. Quem gosta de miséria é intelectual.”

Em 2019, eu que não sou mangueirense, a Escola de Samba Primeira da Mangueira vem com o enredo História pra Ninar Gente Grande, prestando homenagem às mulheres anônimas que tiveram e tem participação impar na história do Brasil. Querem ouvir? Apenas um trecho:

Mangueira tira a poeira dos porões

Ô, abre alas pros teus heróis dos barracões

Dos brasis que se faz um país de Lecis, Jamelões,

São verde e rosa as multidões.

……

Brasil, meu dengo, a Mangueira chegou com versos que o livro apagou desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento.

… ….

Brasil, o teu nome é Dandara e a tua cara é cariri.

Não veio do céu, nem das mãos de Isabel

A liberdade é um dragão do mar de Aracati.

Salve os caboclos de julho, quem foi de aço nos anos de chumbo

Brasil chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês. (…)

O Cordão da Bola Preta completou 100 anos em dezembro de 2018. É um dos mais antigos do país e último remanescente dos antigos cordões carnavalescos. O Cordão possui uma marchinha famosa pelo verso “quem não chora não mama, segura a chupeta, lugar quente é na cama ou então no Bola Preta…” e se autointitula como o maior bloco de carnaval do mundo, rivalizando-se, saudavelmente com o Galo da Madrugada de Recife. Em 2012, o bloco reuniu cerca de 2 milhões e 500 mil foliões, segundo estimativas do próprio bloco, mas na  realidade o Galo da Madrugada consta no Guiness como o maior bloco do mundo.

 

Skindô, Skindô…




Referendo para aprovaçao da nova Constituiçao em Cuba

Claudio Bloch

Claudio Bloch, correspondente ROL

Hoje, dia 24 de fevereiro de 2019, o povo cubano vai às urnas, em consulta popular, para em referendo aprovar a nova Constituição do país.

Cartazes estão em toda a ilha e o assunto domina a midia oficial que procura atrair os 8 milhões de eleitores em condições da participar dessa consulta popular.

Os principais pontos da nova Carta são os seguintes:

1) Reconhecimento da propriedade privada, com limites. Isso permitirá o enriquecimento pessoal, mas com limites. O Estado mantém o monopólio da posse de terra.

2) cria o cargo de primeiro ministro que cuidará da agenda econômica, enquanto o presidente terá a responsabilidade pelos temas do Estado. O presidente terá mandato de 5 anos e apenas uma reeleição.

3) cria regras do estado do direito, como a presunção de inocência e o habeas corpus em processos criminais, bem como a possibilidade de os cidadãos denunciarem violações de direitos humanos por parte do governo.

4) Determina que o Estado é laico e estabelece a liberdade de imprensa, mas a mídia permanece com o governo, atendendo os ideais da revolução socialista.

5) Criminaliza a homofobia, mas não a legalização do casamento gay.

6) A nova Carta reafirma o caráter socialista do sistema político e o protagonismo do Partido Comunista Cubano (PCC).

Opositores e vítimas da repressão cubana veem com ceticismo a proposta.

Essa Constituição é uma mudança para manter tudo igual.

Segundo boa parte dos observadores, as mudanças devem ser ‘cosméticas’.




Claudio Bloch: 10 moleques morreram queimados e nós precisamos falar sobre isso!

Claudio Renato Bloch

10 MOLEQUES MORRERAM QUEIMADOS. E NÓS PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO!

O Flamengo tem um dos times mais caros do Brasil. Neste começo do ano trouxe os maiores reforços do país, investindo alto não só nos jogadores mas no marketing que esses jogadores potencialmente trazem.

Os moleques de 14 a 17 anos moravam em containers. De ferro. No meio do sol do Rio. Os containers eram divididos por uma divisória de madeira e plástico temporária, que faziam os quartos.

A camisa do Gabigol, antes mesmo dele estrear, já é a mais vendida do país. Bonecos do tamanho real exato do atleta foram colocados nas lojas e as vendas atingiram recordes.

Os containers tinham instalações elétricas com tomadas e ar condicionado instalados manualmente, todos conectados à mesma fiação. Pegaram fogo e eram de ferro: viraram um forno! As janelas eram mínimas, os moleques foram assados, literalmente assados.

Os salários do Flamengo estão entre os mais altos do país. O time titular varia com salários de 300 mil a 1,5 milhão. Ou seja, uma pessoa, o Arrascaeta, ganha um salário de um ano como se ganhasse duas vezes na Mega-Sena por ano.
Além de pegar fogo, as divisórias tinham plástico, que derrete e gruda na pele, causando a dor mais intensa das queimaduras. Quando queima, o plástico derretido gera monóxido de carbono (CO – CAS 630-08-0) substância que, quando inalada, asfixia rapidamente e diminui muito o tempo de reação da pessoa.

O Flamengo, em 2019, destinou 200 milhões do orçamento total de 750 milhões de reais em futebol, sendo 100 milhões para contratações; é o clube que mais investiu no time no continente inteiro neste ano.

O alojamento teve o alvará negado pelo Corpo de Bombeiros e estava lacrado pela prefeitura, proibido portanto de ser utilizado. Desde 2012, tendo o clube sido multado 30 vezes e não tendo pago nenhuma das multas. O valor da multa em 2012 era de R$ 399 reais.

O Flamengo continua investindo em contratações, tentando trazer atletas consagrados do futebol europeu, como Daniel Alves, Rafinha, entre outros. O salario mensal desses jogadores atualmente chegam aos 2,5 milhões, o que não é problema para o Flamengo.

Os corpos demoraram mais de 7 horas para serem retirados e reconhecidos em virtude da alta temperatura que carbonizou cada um dos jogadores, dificultando o reconhecimento. Incluindo Athila, esse da foto, de 14 anos que mandou uma mensagem momentos antes, dizendo que ia realizar o sonho de treinar no Maracanã.

Estamos falando do Flamengo. Clube com a maior torcida, e atualmente o mais rico. Já acabou a discussão de futebol moderno. Não estamos falando de pedalada e chuteira colorida. Estamos falando dessa disparidade que mata o futebol.

Como esse é o país do futebol, temos mais de 500 mil jogadores profissionais no Brasil. 82% deles ganham menos de mil reais. Um jogador só ganha um milhão e meio
Outros mais de 3 milhões de empregados são sustentados pelo futebol, direta ou indiretamente.

Alimentar essa disparidade gera um esquema bola de neve onde um jogador meia boca ganha mais do que 500 mil jogadores (que também querem ganhar mais!), que arrebentam os clubes menores,  que são obrigados a ficarem sem pagar os 3 milhões de funcionários,  que não investem na base, que não vendem nem lançam jogadores e não tem mais receita, que fecham as portas ou seguem sub existindo, que abre espaço para clubes grandes na base, que dá chances pra muito poucos jogadores que tem sorte, que os poucos que sobem exigem salários cada vez maiores, que são contratados por outros clubes como reforços com salários absurdos, que gasta o dinheiro desses clubes, que devido a essa importância dada pra esses reforços, ligam menos pra base (que gera cada vez menos talentos!) e não dão prioridade pra estrutura de base.

Mais uma vez, não é questão de futebol moderno x antigo. Não estamos falando de chuteira colorida, de Neymar ou dessa ridícula escola Benjamin Back Tiago Leifert de jornalismo esportivo.

Quando você aplaude e comemora no zap que seu time tem condições de trazer um jogador por um salário de um milhão e meio, você está apoiando um mercado completamente desregulado da realidade. E esse mercado fecha portas de times menores, esse mercado tira chance de meninos, esse mercado tira empregos, esse mercado tira investimento em estrutura e esse mercado mata.

10 moleques morreram queimados por morarem em um container no maior clube do país. O que sentimos não é luto com tristeza.

É ódio com bom senso.

 

Obs.

o Conrado pensa como eu. O Flamengo cometeu um crime inafiançável e as pessoas dizem ‘Força Flamengo!. 31 multas, projetos falsificados, onde tinha o alojamento eles (os diretores) diziam que era um estacionamento e assim por diante. Criminosos os diretores, os fiscais da prefeitura, os bombeiros, a CBF, as instituições que deveriam defender as crianças, alem da imprensa que exaltava o ninho do Urubu. O Flamengo vai dar um cala boca às famílias enlutadas e morre por aí

Pensando pelo outro lado, ainda bem que temos uma imprensa investigadora e livre que vai fundo nos problemas, porque, se assim não fosse, o Flamengo seria agora uma instituição preocupada com o bem estar das crianças, vindas de lares carentes e que oferecia a eles, casa, comida e segurança.

Dizer quanto o Flamengo e outros clubes ganham quando surge um craque e é negociado, isso não faz parte da discussão.




Além de Colunistas, o ROL passa a contar também com 'Correspondentes Culturais'.

Saiba quem é Claudio Bloch, nosso Correspondente Cultural em Niterói/RJ

Além de um ‘respeitabilíssimo time’ de selecionadíssimos Colunistas, o JORNAL CULTURAL ROL passará a contar a partir de agora  com um novo time de colaboradores, todos eles também com excepcionais qualidades pessoais: os CORRESPONDENTES CULTURAIS DO ROL.

Diferentemente do papel dos colunistas, que escrevem o que, quando e sobre o que quiserem, os Correspondentes Culturais  do ROL passarão a desempenhar um papel de fundamental importância para o aprimoramento da linha editorial do nosso jornal: eles serão pesquisadores e selecionadores do que existe de melhor, em termos de eventos culturais gratuitos  em suas cidades e responsáveis pelas matérias que enviarem para publicação.

Para tanto, cada um dos que forem aprovados pelo Conselho Redacional do ROL e se tornar oficialmente um Correspondente Cultural do ROL, receberá uma Credencial de Imprensa, o que o habilitará a participar dos eventos na qualidade de ‘jornalistas culturais’ em nome do nosso jornal. E poderão também, claro, assim como todos os leitores e colaboradores do nosso jornal, enviar para publicação, matérias opinativas envolvendo questões culturais.

Com mais esse apoio voluntário, o nosso JORNAL CULTURAL ROL supera as barreiras regionais e se torna um veículo de alcance nacional, divulgando também os principais e mais importantes eventos culturais do Brasil.

CLÁUDIO  BLOCH é o Correspondente Cultural do ROL na cidade de Niterói/RJ.

Formado e licenciado em História, Cláudio é técnico e professor de cursos de Turismo de níveis superior e médio-técnico. Profissionalmente ocupou as funções de Técnico em Turismo na Secretaria Estadual de Turismo de São Paulo, foi diretor do Departamento de Empresas e Atividades Turísticas da Secretaria de Turismo da Prefeitura de São Paulo e Técnico de Turismo da Embratur, no Rio de Janeiro.

Há anos exerce atividades de comunicador, tendo sido colaborador e articulista dos jornais ‘Nossa Terra’ e ‘O Popular de Itapetininga, Jornal Cultural ROL, Jornal de Turismo e Jornal dos Bairros (Rio de Janeiro).

Seja bem vindo, CLAUDIO BLOCH! É uma honra tê-lo como nosso colaborador!