Sandra Albuquerque: 'Você não é bem-vindo'

Sandra Albuquerque

Você não é bem-vindo

Ora , de onde será que você veio?
Que desolação vem deixando em seu rastro!
Quanta tristeza, quanto choro derramado!
Como um ladrão que empurra a porta com os seus pés e entra no recinto, assim você é.
E por onde passa , destrói a tudo que se move e pensa.
De um você dissemina milhares.
Como bolhas de sabão que um ser humano sopra formando uma cadeia delas.
Transformou a vida em dissabores e o tempo em um relógio, tal como a ampulheta em que se vê a areia desvanecer.
Criou uma incansável luta para a descoberta de como o dissipar e as grandes potências se uniram para tentar descobrir a causa de sua presença.
Você não é bem-vindo!
Por que e para quê, então, veio?
Uma coisa é certa !
Você não tem restrições quanto ao tipo de gente, cor, sexo, idade, localização e fator socioeconômico -cultural.
E de repente, você grita:
-Bingo!
E num piscar de olhos, como uma víbora do deserto, em sua sagacidade, abraça a quem quer sem dar o mínimo direito de reação.
Você acabou com toda sorte de lazer a que um ser é dado como direito.
As festas de família, encontros com os com os amigos, escolas, esportes, cinema, praia, Shopping, igreja, viagens de férias, teatro, shows, clubes,, consultas médicas, reunião de trabalho e transformou tudo no virtual.
Com sua chegada, o homem pôde ver que ele não é tão grande assim como pensa ser e por melhor que se sinta é bem menor que você.
O homem descobriu a sua impotência mediante a certas coisas.
Sabe, embora você seja detestável por todos, conseguiu levar o homem a pensar em certos valores que antes deixava para trás por qualquer bobagem, como por exemplo a valorização da família com relação àqueles que os achava distantes.
Foi ,justamente ,na falta de um abraço, de um sorriso, de um contato pessoal é que fez toda a diferença e a valorização da vida tornou-se mais aflorada..
Ah, que saudade de um almoço em família!
Uma tarde com amigos para jogar conversa fora.
Nossa ,há quanto tempo eu não percebia o que eu não tinha em casa e que ,certamente ,me faria falta futuramente!
Minhas plantas, meus guardados, e meus pertences que eu desconhecia a sua existência pelo fato de não ter tempo para dar atenção para eles.
Veja !
Esse álbum de família, quanta recordação gostosa!
Ah ,eu preciso ligar para minha mãe e para meus avós para saber como eles estão!
Eu não via isso!
Pois eu estou sempre sem tempo, voltada para mim e para os meus interesses, onde o tempo não me sobra para um fim de semana ir visitá-los, pois me acostumei com vídeo conferência; muito mais fácil.
Quem me dera agora, sentir o calor daqueles colos aconchegantes, mas não posso porque este visitante indesejável me roubou essa oportunidade!
Acabou o direito de ir e vir.
Preciso ter paciência e esperar para que esta turbulência passe e se vá para sempre para o mar do esquecimento.
E, você, Coronavírus, não se esqueça de uma coisa :
Ninguém quer ser apresentado a você e nem dizer muito prazer porque na realidade…
Você não é bem-vindo aqui!
nem hoje, nem agora e nem nunca.

(Poetisa Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2020.
Direitos Reservados à Autora.

 

INGLÊS
Poem “You are not welcome”

Now, where did you come from?
What desolation it has left in its wake!
How much sadness, how much crying spilled!
Like a thief who pushes the door with his feet and enters the room, so are you.
And wherever it goes, it destroys everything that moves and thinks.
Of one you spread thousands.
Like soap bubbles that a human being blows forming a chain of them.
He transformed life into annoyances and time into a clock, just like the hourglass in which the sand fades.
It created a relentless struggle to discover how to dissipate it and the great powers came together to try to discover the cause of its presence.
You are not welcome!
Why and why, then, did it come?
One thing is right !
You have no restrictions on the type of people, color, sex, age, location and socio-economic-cultural factor.
And suddenly, you shout:
-Bingo!
And in the blink of an eye, like a desert adder, in its wit, it embraces whoever wants without giving the least right of reaction.
You have ended all sorts of leisure to which a being is entitled.
Family parties, meetings with friends, schools, sports, cinema, beach, shopping, church, holiday trips, theater, concerts, clubs, medical appointments, work meetings and everything turned into virtual.
With his arrival, the man could see that he is not as big as he thinks he is and as good as he feels he is much smaller than you.
Man discovered his impotence through certain things.
You know, although you are detestable by everyone, you managed to get the man to think of certain values ​​that he left behind for any nonsense, such as the appreciation of the family in relation to those who thought they were distant.
It was precisely in the absence of a hug, a smile, a personal contact that it made all the difference and the appreciation of life became more evident.
Ah, how I miss a family lunch!
An afternoon with friends to make small talk.
Wow, how long ago I didn’t realize what I didn’t have at home and that I would certainly miss in the future!
My plants, my storage, and my belongings that I didn’t know existed because I didn’t have time to pay attention to them.
Look !
This family album, what a delicious memory!
Oh, I need to call my mom and grandparents to see how they are doing!
I didn’t see that!
Because I’m always out of time, focused on myself and my interests, where I don’t have time for a weekend to visit them, because I got used to video conferencing; much easier.
I wish now, feel the warmth of those cozy laps, but I can’t because this undesirable visitor has stolen this opportunity!
Right to come and go.
I need to be patient and wait for this turbulence to pass and go forever into the sea of ​​oblivion.
And, you, Coronavirus, don’t forget one thing:
Nobody wants to be introduced to you or say much pleasure because in reality …
You are not welcome here!
neither today nor now nor ever.

(Poetess Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro, September 23, 2020.
Rights Reserved to the Author.

 

ESPANHOL
Poema “No eres bienvenido”

Ahora, ¿de dónde vienes?
¡Qué desolación ha dejado a su paso!
¡Cuánta tristeza, cuánto llanto derramado!
Como un ladrón que empuja la puerta con los pies y entra en la habitación, tú también.
Y por donde va, destruye todo lo que se mueve y piensa.
De uno esparces miles.
Como pompas de jabón que un ser humano sopla formando una cadena de ellas.
Transformó la vida en molestias y el tiempo en un reloj, como el reloj de arena en el que se desvanece la arena.
Creó una lucha implacable para descubrir cómo disiparlo y las grandes potencias se unieron para tratar de descubrir la causa de su presencia.
¡No eres bienvenido!
Entonces, ¿por qué y por qué vino?
¡Una cosa es correcta!
No tiene restricciones sobre el tipo de personas, color, sexo, edad, ubicación y factor socio-económico-cultural.
Y de repente, gritas:
-¡Bingo!
Y en un abrir y cerrar de ojos, como una víbora del desierto, en su ingenio, abraza a quien quiere sin dar el menor derecho de reacción.
Has terminado todo tipo de ocio al que tiene derecho un ser.
Fiestas familiares, reuniones con amigos, colegios, deportes, cine, playa, shopping, iglesia, viajes de vacaciones, teatro, conciertos, discotecas, citas médicas, reuniones de trabajo y todo convertido en virtual.
Con su llegada, el hombre pudo ver que no es tan grande como cree que es y tan bueno como siente que es mucho más pequeño que tú.
El hombre descubrió su impotencia a través de ciertas cosas.
Ya sabes, aunque eres detestable por todos, lograste que el hombre pensara en ciertos valores que dejaba atrás por cualquier tontería, como el aprecio de la familia en relación a quienes los encontraban distantes.
Fue precisamente la ausencia de un abrazo, una sonrisa, un contacto personal que marcó la diferencia y el aprecio por la vida se hizo más evidente.
¡Ah, cómo extraño un almuerzo familiar!
Una tarde con amigos para charlar.
¡Vaya, hace cuánto tiempo no me di cuenta de lo que no tenía en casa y que sin duda extrañaría en el futuro!
Mis plantas, mi almacenamiento y mis pertenencias que no sabía que existían porque no tuve tiempo de prestarles atención.
Vea !
Este álbum familiar, ¡qué delicioso recuerdo!
¡Oh, necesito llamar a mi mamá y a mis abuelos para ver cómo están!
¡Yo no vi eso!
Porque siempre estoy fuera de tiempo, enfocado en mí y mis intereses, donde no tengo tiempo para un fin de semana para visitarlos, porque me acostumbré a las videoconferencias; más fácil.
Ojalá sintiera la calidez de esas vueltas acogedoras, ¡pero no puedo porque este visitante indeseable me ha robado esta oportunidad!
Derecho a ir y venir.
Necesito ser paciente y esperar a que pase esta turbulencia e ir para siempre al mar del olvido.
Y tú, Coronavirus, no olvides una cosa:
Nadie quiere que te presenten o decirte mucho placer porque en realidad …
¡Tu no eres bienvenido aqui!
ni hoy ni ahora ni nunca.

(Poeta Sandra Albuquerque)
Río de Janeiro, 23 de septiembre de 2020.
Derechos reservados al autor.

 

FRANCÊS

Poème “Vous n’êtes pas les bienvenus”

Maintenant, d’où viens-tu?
Quelle désolation il a laissé dans son sillage!
Que de tristesse, de pleurs renversés!
Comme un voleur qui pousse la porte avec ses pieds et entre dans la pièce, vous aussi.
Et où qu’il aille, il détruit tout ce qui bouge et pense.
De l’un, vous répandez des milliers.
Comme des bulles de savon qu’un être humain souffle en formant une chaîne.
Il a transformé la vie en ennuis et le temps en horloge, tout comme le sablier dans lequel le sable s’estompe.
Il a créé une lutte acharnée pour découvrir comment le dissiper et les grandes puissances se sont réunies pour essayer de découvrir la cause de sa présence.
Tu n’es pas le bienvenu!
Pourquoi et pourquoi, alors, est-il venu?
Une chose est juste!
Vous n’avez aucune restriction sur le type de personnes, la couleur, le sexe, l’âge, l’emplacement et le facteur socio-économique et culturel.
Et soudain, vous criez:
-Bingo!
Et en un clin d’œil, comme une vipère du désert, dans son esprit, elle embrasse qui veut sans donner le moindre droit de réaction.
Vous avez terminé toutes sortes de loisirs auxquels un être a droit.
Fêtes de famille, rencontres entre amis, écoles, sports, cinéma, plage, shopping, église, voyages de vacances, théâtre, concerts, clubs, rendez-vous médicaux, réunions de travail et tout est devenu virtuel.
Avec son arrivée, l’homme a pu voir qu’il n’est pas aussi grand qu’il le pense et aussi bon qu’il le pense, il est beaucoup plus petit que vous.
L’homme a découvert son impuissance à travers certaines choses.
Vous savez, bien que vous soyez détestable de tout le monde, vous avez réussi à amener l’homme à penser à certaines valeurs qu’il a laissées pour n’importe quel non-sens, comme l’appréciation de la famille par rapport à ceux qui pensaient être distants.
C’est précisément en l’absence d’un câlin, d’un sourire, d’un contact personnel que cela a fait toute la différence et l’appréciation de la vie est devenue plus évidente.
Ah, comme je rate un déjeuner en famille!
Un après-midi entre amis pour bavarder.
Wow, il y a combien de temps je n’avais pas réalisé ce que je n’avais pas chez moi et que je manquerais certainement à l’avenir!
Mes plantes, mon entrepôt et mes biens dont je ne savais pas l’existence parce que je n’avais pas le temps de m’y intéresser.
Regardez!
Cet album de famille, quel délicieux souvenir!
Oh, je dois appeler ma mère et mes grands-parents pour voir comment ils vont!
Je n’ai pas vu ça!
Parce que je suis toujours à court de temps, concentré sur moi-même et mes intérêts, là où je n’ai pas le temps un week-end pour leur rendre visite, parce que je me suis habitué à la visioconférence; beaucoup plus facile.
Je souhaite maintenant, sentir la chaleur de ces tours douillets, mais je ne peux pas car ce visiteur indésirable a volé cette opportunité!
Droit d’aller et venir.
J’ai besoin d’être patient et d’attendre que cette turbulence passe et d’aller pour toujours dans la mer de l’oubli.
Et vous, Coronavirus, n’oubliez pas une chose:
Personne ne veut être présenté ou vous dire beaucoup de plaisir car en réalité …
Vous n’êtes pas les bienvenus ici!
ni aujourd’hui ni maintenant ni jamais.

(Poétesse Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro, 23 septembre 2020.
Droits réservés à l’auteur.

 

ITALIANO
Poesia “Non sei il benvenuto”

Allora, da dove vieni?
Quale desolazione ha lasciato sulla sua scia!
Quanta tristezza, quanto pianto versato!
Come un ladro che spinge la porta con i piedi ed entra nella stanza, lo sei anche tu.
E ovunque vada, distrugge tutto ciò che si muove e pensa.
Di uno spargi migliaia.
Come bolle di sapone che un essere umano soffia formandone una catena.
Ha trasformato la vita in fastidi e il tempo in un orologio, proprio come la clessidra in cui la sabbia sfuma.
Ha creato una lotta implacabile per scoprire come dissiparlo e le grandi potenze si sono riunite per cercare di scoprire la causa della sua presenza.
Non sei il benvenuto!
Perché e perché, allora, è arrivato?
Una cosa è giusta!
Non hai restrizioni sul tipo di persone, colore, sesso, età, posizione e fattore socio-economico-culturale.
E all’improvviso, gridi:
-Bingo!
E in un batter d’occhio, come una vipera del deserto, nel suo ingegno, abbraccia chi vuole senza dare il minimo diritto di reazione.
Hai posto fine a tutti i tipi di svago a cui un essere ha diritto.
Feste di famiglia, incontri con amici, scuole, sport, cinema, spiaggia, shopping, chiesa, viaggi di vacanza, teatro, concerti, locali, visite mediche, incontri di lavoro e tutto si trasforma in virtuale.
Con il suo arrivo, l’uomo ha potuto vedere che non è così grande come pensa di essere e bravo come si sente molto più piccolo di te.
L’uomo ha scoperto la sua impotenza attraverso certe cose.
Sai, anche se sei detestabile da tutti, sei riuscito a far pensare all’uomo alcuni valori che si è lasciato alle spalle per ogni sciocchezza, come l’apprezzamento della famiglia nei confronti di chi li trovava lontani.
Fu proprio in assenza di un abbraccio, di un sorriso, di un contatto personale che fece la differenza e l’apprezzamento della vita divenne più evidente.
Ah, come mi manca un pranzo in famiglia!
Un pomeriggio con gli amici per fare due chiacchiere.
Wow, quanto tempo fa non mi rendevo conto di cosa non avevo a casa e che sicuramente mi mancherà in futuro!
Le mie piante, il mio magazzino e le mie cose che non sapevo esistessero perché non avevo il tempo di prestarvi attenzione.
Guarda !
Questo album di famiglia, che delizioso ricordo!
Oh, devo chiamare mia madre e i miei nonni per vedere come stanno!
Non l’ho visto!
Perché sono sempre fuori dal tempo, concentrato su me stesso e sui miei interessi, dove non ho tempo per un fine settimana per visitarli, perché mi sono abituato alla videoconferenza; molto più facile.
Vorrei ora sentire il calore di quei piacevoli giri, ma non posso perché questo visitatore indesiderato ha rubato questa opportunità!
Diritto di andare e venire.
Devo essere paziente e aspettare che questa turbolenza passi e vada per sempre nel mare dell’oblio.
E tu, Coronavirus, non dimenticare una cosa:
Nessuno vuole essere presentato a te o dire molto piacere perché in realtà …
Non sei benvenuto qui!
né oggi né ora né mai.

(Poetessa Sandra Albuquerque)
Rio de Janeiro, 23 settembre 2020.
Diritti riservati all’autore.

 

 

 

 




Mari Moraes: 'Coronavírus'

Mari Moraes

Coronavírus

Oi,

Talvez você não me conheça,

Mas eu farei parte da sua vida por um longo tempo,

Seja diretamente ou indiretamente.

Sou aquele que chega como um rio avassalador,

Que entra nos lares mesmo com as portas fechadas,

Que viaja por vários países sem precisar de passaporte,

Que entra na vida das pessoas sem ser convidado

E permanece por um longo período,

Muitas vezes até eternamente.

Eu não faço distinção de pessoas,

Gosto de todos gêneros, cores e idades,

Mas tem um grupo que eu gosto mais,

Um grupo que a sociedade chama de “alto risco”,

Esse me fascina, me domina e me faz sentir mais potente,

Porque eu entro neles e consigo obter um controle maior,

Deixando-os mais debilitados e mais propensos ao seu fim.

No entanto, tem um grupo denominado de “assintomáticos”,

Pelo qual eu participo de uma forma mais tímida, mais escondida…

E eu gosto disso, pois posso passear por vários lugares sem ser identificado,

Inclusive tendo uma chance maior de disseminação.

O único problema dessa categoria é que a maioria consegue se livrar de mim.

Eu gosto de chegar causando na vida das pessoas,

Mexer com o interior delas, mudar seu humor, sua rotina,

Sua maneira de respirar, de se concentrar e até de se movimentar,

Porque nada melhor que uma cama né? Principalmente se for de hospital,

Daí eu me fascino!

Todavia, preciso desabafar que tem uma coisa que me deixa irritado,

O chamado “isolamento social”… Esse eu detesto,

Porque não me permite andar livremente por aí e conhecer mais pessoas

Esse negócio me proíbe de continuar vivendo

E pode até acabar comigo por definitivo.

Ainda bem que tem bastante pessoas que não cumprem,

Assim eu posso continuar sobrevivendo por aí,

Conhecer mais pessoas e até sofrer mutações ao longo da vida,

O que me permite ficar cada vez mais forte e sem remédio contra mim.

Por falar nisso, tem uma classe chamada de médicos e cientistas,

Que querem descobrir uma morte para mim, a chamada “cura”

Eles ficam estudando para tentar acabar comigo,

Achar medicamentos e vacinas para pôr um fim a mim

E isso não é legal… Por que senão como conseguirei continuar vivo?

Como conhecerei mais países?

Como levarei mais pessoas ao sofrimento e até mesmo ao seu fim eterno?

Quero continuar vivendo livremente por aí

E continuar afetando as pessoas na saúde, no trabalho, na educação e no financeiro.

Mas e então?… Já sabem quem sou eu?

Eu possuo vários nomes, como Coronavírus  ou Sars-Cov-2,

Pode me chamar do que quiser, do que preferir,

Só me deixe continuar vivo e quem sabe até te conhecer pessoalmente,

Fazer um contato mais íntimo com seu interior

Conhecer familiares, amigos e até desconhecidos.

Continue a brigar pelo fim da ciência, da medicina

E faça uso da aglomeração, pois quanto mais fizer, melhor será pra mim.

Com carinho,

Coronavírus

 

Mari Moraes

 

 

 

 

 

 

 




Marcelo Augusto Paiva Pereira: 'O dia seguinte'

Marcelo Augusto Paiva Pereira

O dia seguinte

A pandemia do coronavírus (covid-19) causou a decretação de quarentena pelos governos de muitos dos países ao redor do mundo, muitas delas compulsórias enquanto outras não. Elas ainda permanecem em execução e tem produzido modificações no comportamento comercial, industrial e social da população.

O comércio de bens não essenciais está fechado. Para não falirem, os donos de seus negócios continuam as vendas através da ‘internet’, com vendas ‘on line’. Vários restaurantes, lanchonetes e bares fecharam as portas para a clientela e oferecem as refeições e lanches pela ‘internet’, com entregas a domicílio (‘delivery’). Aumentou, daí, o número de entregas por correspondências e ‘motoboys’.

A indústria também se reinventou. Várias delas passaram a produzir máscaras de papel e de outros materiais para atender aos profissionais da saúde, pacientes e outras pessoas que delas necessitem e evitar a contaminação em razão da proximidade entre elas.

Outras indústrias e empresas decidiram por realizar as tarefas via ‘internet’ (‘on line’), com os empregados nas próprias casas e em frente ao “laptop”, no exercício das tarefas que costumeiramente realizavam quando nelas se reuniam nos dias de trabalho.

Outras mais, porém, continuam com as portas fechadas, sem atividades alternativas… Delas vários empregados tem sido demitidos, enquanto outros negociam seus salários para garantir a permanência no emprego.

Os índices de poluição caíram em muito e várias cidades, conhecidas pelo elevado índice de poluição, adquiriram ar limpo, céu azul de dia e estrelado à noite e águas limpas, por vezes transparentes. Como exemplo, a cidade de Veneza, na Itália. Nosso planeta Terra voltou a ter ar limpo novamente (a última vez foi antes da Revolução Industrial de meados de século XVIII)…

Pessoas desempregadas e outras sem emprego formal descobriram outras habilidades e passaram a cozinhar para vender as refeições, ou a costurar máscaras de pano, roupas de nenê, bordados e outros afazeres aos vizinhos e moradores próximos.

Os fiéis tem assistido às missas e cultos de suas Igrejas através da ‘internet’ ou da televisão, em ‘links’ ou canais específicos. A proximidade com Deus aumentou a intimidade aconselhada por Jesus, no Evangelho de São Matheus, 6, 6: ‘Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.’. Assim, nenhum servo ou temente a Deus d’Ele se afastou; ao contrário, reafirmou sua proximidade com Ele.

As pessoas tem repensado as próprias vidas e valores. Muitos destes se tornaram insignificantes enquanto outros, ignorados ou inexistentes antes da experiência da quarentena, vieram à tona e são, hoje, elementares de cada indivíduo.

Efeitos psicológicos gravosos também são previsíveis: depressão e TOC (transtorno obsessivo e compulsivo) surgiram e surgirão em muitas pessoas por alguma comorbidade que dê causa a eles. A solidão é angustiante para quem sempre esteve junto a outras pessoas, ou muito próximas a elas.

A ‘internet’ e o ‘WhatsApp’ servem de ‘válvula de escape’ para atenuar sentimentos nocivos à saúde psicológica. Mas, tem um custo por vezes elevado, que é a conta de luz a ser paga em cada mês de quarentena. Quem tiver condição econômica de suportá-las terá, a qualquer tempo e pelo tempo que quiser, uma janela aberta, ainda que não seja para o céu…

Quando as pessoas saem às compras de alimentos ou medicamentos tem elas se distanciado umas das outras, além de muitas cobrirem os rostos com as máscaras que compraram, ganharam ou fizeram, e assim criaram um ambiente social assemelhado aos filmes de ficção científica de temas apocalípticos. Surreal!!! Mas, contraditoriamente, real!!!!

A redução da produção, do comércio e das atividades profissionais deram causa à diminuição do dinheiro circulante no mercado e da arrecadação tributária das pessoas políticas dos países (no Brasil são os municípios, Estados-membros, o Distrito Federal e a União). Poupar, guardar o troco, tornou-se um dever cívico, patriótico, para ajudar a si mesmo e o país a superar as adversidades da economia devastada pelos efeitos da pandemia do covid-19.

Após esses efeitos, modificativos das nossas vidas e das expectativas para o futuro, acreditamos que o mundo existente antes da pandemia não mais voltará. Com o fim da referida e do ‘degelo’ da quarentena, a vida ressurge e se renova, carregada de novas energias. Então fica a dúvida: como será o mundo a partir do dia seguinte?

Marcelo Augusto Paiva Pereira

(o autor é colunista do Jornal ROL)

Fontes das imagens

EXAME.ABRIL.COM.BR: https://exame.abril.com.br/brasil/estas-fotos-mostram-sao-paulo-vazia-apos-doria-prorrogar-a-quarentena/

 

 

 

 

 

 




Grupo Viva Historia Viva / Narração Oral Tradicional de Porto Feliz lança a ação cultural 'Fique em casa , Salve vidas'

A diretora Lourdes Kerche e a produtora cultural  profª Sonia Jaqueline Oliveira iniciaram  uma campanha pelas redes sociais via facebook, no final de março

A diretora Lourdes Kerche e a produtora cultural  profª Sonia Jaqueline Oliveira do grupo Viva Historia Viva / Narração Oral Tradicional de Porto Feliz, iniciaram  uma campanha pelas redes sociais via facebook , no final de março.
Os artistas porto-felicenses crianças,  jovens e adultos são convidados a narrar histórias em suas casas gravando um vídeo  ,  causos lendas dos nossos ancestrais os quais enviam para produtora e  são editados, postados todos os dias na página do grupo, no final da história o ouvinte recebe a mensagem sobre prevenção do  coronavírus a qual ficou conhecida como COVID-19.
“Foi uma maneira que encontramos de reinventar o jeito de narramos nossas histórias ocupando o tempo das pessoas para ficar em casa,  colaborando com a prevenção desta doença chamando atenção no final do vídeo para os cuidados necessários , está doença  tão triste que vem assustando a todos … o mundo”, finalizou as organizadoras.
Para conferir as histórias já postadas é só entrar na página do grupo:
https://www.facebook.com/narracaooraltradicionalportofeliz2017/
Sobre a doença:
O que é coronavírus?
É um vírus que tem causado doença respiratória —a covid-19— pelo agente coronavírus, recentemente identificado na China.
Os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados de 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Alguns coronavírus podem causar doenças graves com impacto importante em termos de saúde pública, como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave), identificada em 2002 e a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), identificada em 2012.
Por que a doença foi batizada de covid-19? “Co” significa corona, “vi” vem de vírus, e “d” representa “doença”. O número 19 indica o ano de sua aparição, 2019. Esse nome substitui o de 2019-nCoV, decidido provisoriamente após o surgimento da doença respiratória. O novo nome foi escolhido por ser fácil de pronunciar e não ter referência estigmatizante a um país ou a uma população em particular…” Veja mais em https://www.uol.com.br/vivabem

 

 

 

 

 

 

 

 

 




TV Cultura exibe documentário inédito: Wuhan, uma cidade em quarentena

Produção da rede chinesa CGTN vai ao ar neste sábado (4/4), às 22h

Neste sábado (4/4), às 22h, a TV Cultura apresenta o documentário inédito Wuhan, Uma Cidade em Quarentena, produzido pela rede chinesa CGTN.Na guerra contra o coronavírus, moradores de Wuhan, cidade chinesa de origem da pandemia de covid-19, permanecem confinados em suas casas, esperando pelo fim da quarentena. Mas eles não estão sozinhos, como bem mostra o documentário.

Profissionais como Lao Ji cruzam a cidade durante as 24 horas, comprando gêneros de primeira necessidade, medicamentos e comida, para cada cidadão que – isolado – pede ajuda. Senhor Ji se torna mais do que um entregador, e faz da luta de cada um também a sua.

Enquanto isso, nos hospitais lotados de Wuhan, equipes médicas inteiras trabalham por horas em áreas infectadas, para tratar e salvar os milhares de cidadãos que contraíram o coronavírus.

Wuhan, Uma Cidade em Quarentena é uma produção da rede chinesa CGTN, e dá sequência ao documentário EPICENTRO – 24 Horas em Wuhan, exibido pela TV Cultura há duas semanas.

 

 

 

 

 

 

 

 




Carlos Carvalho Cavalheiro: 'Isolamento social'

Carlos Cavalheiro

Isolamento social

A pandemia de coronavírus (Covid-19) tem obrigado a mudança de hábitos e, ainda, a reflexão sobre como temos agido enquanto seres humanos. O historiador Sidney Chalhoub escreveu há alguns anos o livro “Cidade Febril”, em que faz uma análise dos surtos de febre amarela e o processo de “higienização” promovido, especialmente no Rio de Janeiro, como combate à doença.

Interessante é que dentre os relatos pinçados por Chalhoub em sua pesquisa, temas que são recorrentes hoje já circulavam entre os debates acerca das doenças que grassavam o Brasil em meados do século XIX até começo do século XX. Por exemplo, não faltou aquela época quem atribuísse a um castigo de Deus a epidemia de febre-amarela de 1850. Da mesma forma, mensagens de whatsapp hoje tentam convencer de que há uma espécie de “praga divina” que se utiliza do coronavírus para castigar uma parcela da humanidade.

Do mesmo jeito, tanto naquela como nesta época em que vivemos os boatos (atualmente chamados de “fake News”) também fazem parte desse momento em que as pessoas estão receosas do porvir. Por exemplo, várias pessoas foram identificadas e estão respondendo a processos no Brasil por difundirem notícias falsas pelos meios de comunicação, sobretudo o Whatsapp. Uma dessas fake News foi espalhada por uma médica, já identificada (https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2020/03/23/audios-fake-sobre-combate-ao-coronavirus-se-espalham-por-aplicativos-de-mensagem.ghtml).

Além do desserviço, as fake News ajudam a piorar o quadro de tensão e ansiedade pelo qual passa a população mundial, já que se trata de uma pandemia. Um brasileiro, morador em Londres, em conversa hoje pelo Skype mostrou que as preocupações dos britânicos são as mesmas que as nossas, brasileiros. Londres, hoje, está com as ruas desertas e a polícia aborda cada cidadão encontrado fora de casa.

Outra pessoa conhecida, residente em Cusco, no Peru, também está passando pela mesma situação. Todos nós estamos cumprindo a quarentena e pode-se verificar que a ansiedade e o receio de cada um de nós três é o mesmo. Aparentemente, não importa onde você viva neste planeta. O coronavírus já afetou cada canto.

Por isso, o momento não deve ser de pânico, mas sim de serenidade. Evitar o contágio por meio do isolamento social é, neste momento, primordial para garantir o sucesso na guerra contra o covid-19. Um esclarecedor vídeo tem também circulado pelas redes sociais e demonstra que o isolamento social se não impede totalmente o contágio, ao menos retarda o tempo de contaminação. Com isso, ou seja, com menos pessoas necessitando dos hospitais e cuidados médicos, o sistema de saúde consegue, a longo prazo, atender a toda a demanda.

Por exemplo, se durante uma semana muita gente apresentar sintomas sérios da contaminação por covid-19, não haverá leitos e máquinas suficientes para todos. Porém, se esse mesmo número de infectados for distribuído ao longo dos meses, a chance de haver condições de atenção médica é muito maior. Suponha que o número de casos graves seja de 1200 (mil e duzentas) pessoas. Se todas elas recorrerem ao atendimento de saúde no mesmo momento, não há como serem atendidas. Porém, se esse número for distribuído por um período maior, serão grupos menores necessitando de hospitais e cuidados médicos. Hipoteticamente, se forem distribuídos em dez grupos, um a cada momento, teremos 120 casos para serem atendidos e não os 1200 de uma só vez.

Portanto, o isolamento social, mesmo parecendo uma atitude radical, ainda é a melhor forma de se prevenir o colapso do sistema de saúde e reduzir a velocidade de transmissão do vírus.

Alguns empresários e comerciantes, como Luciano Hang da Havan e Junior Durski da rede de Restaurantes Madero estão criticando o isolamento, pois isso afeta diretamente seus negócios (https://paranaportal.uol.com.br/gente/dono-madero-brasil-parar-mortes-corona/?fbclid=IwAR0CbM4iJQgM60CtyKJ1VKwCBxq2PnnblCTA4-kzU9mbh-KCNbiZe64sF4Q).  Claro que a questão econômica preocupa muito. Porém, de nada adianta pensar na economia se o país for arrasado por uma epidemia sem precedentes.

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

24.03.2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Carlos Carvalho Cavalheiro: 'Coronavírus'

Carlos Cavalheiro

Coronavírus

O assunto tomou conta das atenções do país esta semana. A preocupação das autoridades tem fundamento. Não se pode alegar que o Brasil não estava preparado para enfrentar a situação da entrada do coronavírus (Covid 19) no país. Era apenas questão de tempo para que isso ocorresse.

Dentro da lógica da globalização, a facilidade de comunicação gera bônus e ônus. Atualmente é impossível conter o trânsito de pessoas que viajam de um lado ao outro do globo, bem como é inevitável a circulação de mercadorias entre os países. Ao que tudo indica, os primeiros casos da presença de pessoas contaminadas no Brasil pelo novo coronavírus foram de viajantes vindos da Itália. Esse é o país mais atingido pela pandemia hoje e amarga uma triste quarentena que obriga pessoas a ficarem em casa para minimizar o contato com o vírus.

A despeito da irresponsabilidade de alguma autoridade local, o fato é que as medidas tomadas para evitar o contágio são importantes e merecem ser levadas à sério. Não se pode mais viver num mundo que insiste em retroceder aos tempos medievais, atribuindo a castigos divinos ou ações demoníacas as pragas e doenças que nos atingem. Precisamos de medidas sérias e pautadas na racionalidade.

Uma pessoa infectada com o vírus é transmissora ainda que não apresente os sintomas da doença. Por isso os cuidados para evitar as aglomerações, o hábito de lavar as mãos constantemente com sabão, manter a distância entre pessoas entre outras são ações simples que podem fazer uma enorme diferença daqui a alguns dias.

Nenhum sistema de saúde do mundo está preparado para tratar de um número excessivo de pessoas contaminadas por algum vírus. Sem a Covid 19 os leitos hospitalares já nos são insuficientes. Com uma demanda maior, uma explosão do número de contaminados, isso seria uma tragédia. Desse modo, as ações preventivas deverão minimizar os efeitos desastrosos do coronavírus.

O mesmo não deve acontecer com a economia dos países. É provável que, a depender do tempo em que durar essa crise, que as economias mundiais sofram um colapso. No caso do Brasil, que ainda não se recuperou da crise política e econômica (que se arrasta pelo menos desde 2015), o dano pode ser maior ainda.

Talvez seja a hora dos países repensarem não apenas as atitudes e hábitos do cotidiano – como a higienização das mãos – mas o modelo econômico que procura privilegiar uma minoria em detrimento da maioria. Afinal, a sobrevivência do mundo globalizado dependerá, em grande parte, da solidariedade e não da competição entre os povos.

Se a crise de saúde gerada pelo novo coronavírus ainda tiver fôlego para alguns meses, será preciso, de fato, rever as políticas e o modelo econômico, para salvaguardar um bem maior: a existência da vida humana no planeta.

Oxalá os governantes dos diversos países tenham consciência disso e se proponham a deixar seus interesses pessoais (ou os exclusivos de suas nações) e percebam que não existe maneira de sair salvo sozinho dessa situação. A salvação exige a cooperação e a solidariedade de todos.

Que continuem lavando as mãos para conter o avanço do covid 19, mas que não imitem nesse ato a Pilatos.

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

17.03.2020