Sandra Vasconcelos: 'Nos Tempos do Imperador'

Sandra Vasconcelos

Nos tempos do Imperador

Nos Tempos do Imperador‘, novela da Rede Globo de televisão, mostra Dom Pedro II e a História do Brasil na triste época da escravidão e os visitantes do ‘Museu Major Novaes‘, na cidade de Cruzeiro- SP, evidenciam, através de fotografias, a visita de Dom Pedro II à cidade, e a amizade que unia Dom Pedro II, Imperador do Brasil, com o Major Novaes. Outrossim, embelezam os olhos com as relíquias, como imagens sacras, mobílias, pratarias e fotografias.

UMA EXPOSIÇÃO IMPERDÍVEL!!!!

A Fazenda Boa Vista, encravada em plena área central de Cruzeiro, de porte enorme, é a única relíquia imperial de Cruzeiro que representava a aristocracia rural que o café forjou na área. No fim do século, j[á estava nas mãos do fazendeiro Manuel de Freitas Novaes, hoje Museu HJistó9rico e Pedagógico ‘Major Novaes’.

AS VISITAS DO IMPERADOR D. PEDRO II

O Imperador D. Pedro II visitou Cruzeiro quatro vezes. A primeira vez em 1873, na inauguração da Estação Provisória, junto à Fazenda Boa Vista, onde se hospedou. Existe no Museu uma foto dos Príncipes no pátio da Fazenda. Na segunda visita, por ocasião da abertura do Túnel Grande, em 1882. A terceira, na inauguração do Túnel Grande, em 1883. E a quarta, em 1884 na viagem inaugural da Estrada de Ferro Minas and Rio.

Foto Sérgio Borges: Estação Ferroviária de Cruzeiro.

Cruzeiro é um Município Brasileiro do Estado de São Paulo. Está situado em uma região montanhosa repleta de recursos naturais.

Cruzeiro surgiu ao lado da linha da Central do Brasil, construída em 1890. O núcleo urbano da cidade de Cruzeiro está a 8 km da Rodovia Presidente Dutra (BR – 116). O município fica próxima das divisas com o Estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais e a meio caminho dos principais centros consumidores do país: São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2 de outubro de 1901, houve a emancipação política e administrativa de Cruzeiro. A “cidade menina” como ainda é chamada, tem suas terras emolduradas pelos belos contornos da Serra da Mantiqueira, maciço de rara beleza e rico em recursos naturais.

O Município se situa na região do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul, próximo a serra da Mantiqueira, sua área urbana se encontra aproximadamente 515 metros de altitude acima do nível do mar. A Serra da Mantiqueira, ao norte do Município, apresenta elevações com aproximadamente 2.800 m; ao Sul do Território, região cortada pela Rodovia Presidente Dutra, o relevo assume o aspecto de “Mar de Morros “em formato de meia laranja.

O centro antigo da cidade apresenta um projeto urbano em traçado ortogonal, estruturado sobre uma planície sedimentar de altitude, sendo uma das primeiras cidades planejadas do país, ainda que o processo tenha se limitado basicamente ao traçado de suas ruas.

Cruzeiro possui picos de altitude média a elevada, todos localizados na Serra da Mantiqueira, em áreas de divisa com municípios vizinhos paulistas e de Minas Gerais. As elevadas altitudes de seus picos superam a marca de 2.000 metros, a exemplo temos o Pico dos Marins, com 2422 metros de altitude, na divisa com o Município Paulista de Piquete e por onde encontramos acesso a área; o Pico do Itaguaré, com 2.308 metros, na divisa com o Município mineiro de Passa Quatro, esse com acesso por Cruzeiro e Passa Quatro, com menor facilidade de acesso, conta com o Pico da Gomeira com 2068 metros. O Pico do Itaguaré é famoso na região por seu contorno a compor o nariz de um sugestivo corpo humano deitado, a formação é conhecida como “O Gigante Adormecido” de Cruzeiro. Cruzeiro conta ainda com formações menores, mas pitorescas, como o pico do Focinho do Cão e Seio da Virgem.

Cruzeiro é uma cidade de lindas mulheres e de homens inteligentes. Vários são os pontos turísticos que fascinam e encantam os visitantes da cidade sendo que o “Museu Major Novaes” é um deles.

O Museu é uma instituição cultural pública, sediada em Cruzeiro no Estado de São Paulo. É mantido pelo poder público Estadual e Municipal, tendo sido tombado como patrimônio histórico pelo Governo Estadual, por meio do decreto nº 13.227 de 24 de setembro de 1969. É instalado em um casarão colonial que abriga cerca de 900 peças, as quais incluem mobílias, imagens sacras, pratarias, livros, fotografias, peças em geral, bem como um amplo acervo de documentos públicos históricos referentes a diversas cidades do Vale do Paraíba. No acervo, há também documentos e registros históricos referentes ao período da escravatura brasileira naquela região. Possui exposição de longa duração com diversas peças, fotos e informações. Há no Museu diversas atividades culturais abertas ao público.

História

A arquitetura datada 1841, de acordo com os registros da documentação histórica, quando aparece, pela primeira vez, à alcunha de “Fazenda Boa Vista”. Construída no estilo neoclássico rural, é conhecida pela história cruzeirense como Fazenda Boa Vista, pertencente ao fazendeiro Major Novaes.

A mais ou menos, oito quilômetros do Embaú, situava-se a Fazenda Boa Vista que, segundo consta dos mais velhos documentos encontrados em seu arquivo, tem sua formação localizada já em meados do século XVIII. A princípio as terras da Fazenda Boa Vista eram devolutas, sendo adquiridas em posse por Manuel de Moraes Pinto, que as vendeu aproximadamente em 1778, ao Tenente Cel. Henrique Dias Vasconcelos. A esposa do tenente Vasconcelos, herdeira de seu espólio, troca estas terras com Joaquim Ferreira da Silva. Em 1836, falecendo Joaquim Ferreira, que já havia aumentado o patrimônio da família comprando terras contíguas até as proximidades de Lavrinhas, sua esposa e herdeira, Dona Fortunata casa-se, em 1837, em segundas núpcias, portanto, com o Capitão Antônio Dias Telles de Castro, que patrocina a construção da casa sede da Fazenda Boa Vista, à margem esquerda do Rio Paraíba.

Entretanto, no ano de 1866, Dona Fortunata, novamente viúva, contrai terceiras núpcias, com o Alferes Manoel de Freitas Novaes, que logo viria a se tornar major.

Logo que o Major Novaes assume os negócios da fazenda, faz uma considerável reforma e ampliação. Tinha muitas ideias novas e logo as colocou em prática como a fundação de uma colônia de trabalhadores livres, organizada experimentalmente em três grupos distintos pela origem dos colonos, formados de espanhóis, jagunços e cearenses.

O Major Novaes é uma personalidade ímpar na história cruzeirense, dono de uma personalidade peculiar, era ao mesmo tempo ambicioso e sincero, inteligente e teimoso, bondoso e turbulento, temido e respeitado. Porém, é sua grande amizade com o Imperador D. Pedro II que possibilita oportunidades para o desenvolvimento de Cruzeiro. Com sua dinâmica de administrador e político o Major Novaes consegue trazer para a cidade de Cruzeiro, duas importantes ferrovias, a Estrada de Ferro D. Pedro II e a Estrada de Ferro Rio and Minas. É evidente que goza dos benefícios deste progresso, especialmente quanto ao desenvolvimento de sua fazenda, localizada à beira do caminho do ferro.

O processo de Tombamento do prédio foi solicitado pela última descendente do Major Novaes que residiu no casarão, a Sra. Celestina Novaes, conhecida localmente por Dona Tita, em 1969, sendo concluído em 1971. Há na cidade uma versão oficiosa sobre tal situação, que aponta como sendo uma medida de protesto diante do abandono dos parentes ao qual sofria, conforme publicado na imprensa local nos anos seguintes. De acordo com os recortes encontrados no acervo documental de Cruzeiro, sobre o Museu Major Novaes é possível apontar que, desde 1978, há uma mobilização da imprensa, cruzeirense e vale paraibana, pelo restauro do prédio.

O Ministério Público decidiu que caberia ao Estado restaurar o prédio e a Prefeitura Municipal de Cruzeiro restaurar o acervo mobiliário, após a uma ação civil pública. O restauro foi realizado ao longo de quase dois anos, iniciado em 2012 com término em julho de 2014. O prédio foi restaurado e possui uma estrutura extremamente moderna com sistema de incêndio, monitoramento por câmeras, acessibilidade e um sistema de iluminação próprio para patrimônios históricos.

Atualmente o “Museu Major Novaes” está aberto ao público nos finais de semana e feriados das 13h às 18h. Aos historiadores e amantes da cultura, é um recorte fascinante da nossa história. Vale a pena conferir!

Referências Bibliográficas:

‘Cruzeiro em Versos e Prosas’, de Sandra Vasconcelos

Wikipédia – A enciclopédia livre.

 

A autora:

Sandra Vasconcelos é casada, mãe de três filhos e avó de três netos. Nasceu em Cruzeiro Estado de S.P. Formada em Magistério e Cursos Superiores: Estudos Sociais, Pedagogia, Supervisão Escolar e Direito. Pós-Graduada em Gestão Educacional pela UNICAMP. Diretor de Escola Titular de Cargo. Supervisor de Ensino na Diretoria de Ensino de São José dos Campos- SP.  Bacharel em Direito. Membro e fundadora da ALAC. ”Teve suas poesias selecionadas em concursos promovidos pela UNIVAP: “Pausa”- 1995.“Incêndio art. 250, ” – 1998 “Tranqueiras de Vida” – 2000. Em 2002 escreveu juntamente com os alunos da E. E. São Leopoldo em São José dos Campos, o livro: “Nós e o Parque”. Em 2005 publicou com os professores da E.E.” Dr. Mauricio Anisse Cury “o livro: “Conhecendo São José dos Campos” e “Poesia em Braille”“.

Escreveu para crianças, em 2008, o livro: “Estrelinha Azul”, em tinta e Braille; em 2009 escreveu: “O Menino, o Gnomo e a Floresta Destruída” (em tinta e Braille). Em 2010 escreveu: “Carlinhos e o Gnomo no mundo do Circo”.  Em 2011 publicou: “Orgasmo, Orvalho e Orquídeas” (Antologia     Poética) Em abril de 2012, publicou “Histórias de Assombração”. Em 2013 publicou: “Carlinhos, o Gnomo e o Curupira”. Em 2014: “Alfabetizando Brincando”.  Em 2015: “Dicas para uma Docência de Excelência”. Em 2017: “O Cavalinho Alazão, a menina e o Gnomo”. Em 2018: “Orgasmo, Flores e Orvalho”. Em 2019: “Carlinhos e o Gnomo na Casa mal-assombrada”. Em 2019: “Carlinhos, o Gnomo e o Natal”.     Em 2020: “Cruzeiro em Versos e Prosas”.

Seus livros foram selecionados pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo e participaram do Festival da Mantiqueira em São Francisco Xavier – SP:

* 2011- “Orgasmo, Orvalho e Orquídeas” (Antologia Poética),

* 2012 – “O Menino, o Gnomo e a Floresta destruída”,

* 2013 – “Carlinhos e o Gnomo no Mar“,

* 2014- “Carlinhos, o Gnomo e o Curupira”,

* 2015 – “Histórias de Assombração”.

Também publicado, para Teatro: “O menino, o Gnomo e a Floresta Destruída”

Foi Presidente da UDEMO (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo) na Região de São José dos Campos – S.P por dois mandatos.

Em 2010 foi homenageada na Câmara Municipal de São José dos Campos – SP pelos professores, pais e alunos da E.E. “Dr. Maurício Anisse Cury”, pelo livro publicado em Braille: “O menino, o Gnomo e a Floresta Destruída”.

Em 2014 foi homenageada na Câmara Municipal de Cruzeiro, com o diploma “Mérito Mantiqueira” pelos livros publicados e pelo seu relevante trabalho na Educação.

Em 2017 foi homenageada pela Agência Top Class e o Jornal Classe Líder, pelos relevantes serviços prestados no segmento Literário, como escritora, exaltando o papel da Mulher na Sociedade.

Acadêmica titular e uma das Fundadoras da ALAC (Academia de Letras e Artes de Cruzeiro).

Colunista do Jornal Cultural Rol.

Acadêmica Nacional de Grande Honra da Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes- FEBACLA, cadeira nº 88, Patrono Paulo César Santos (Paulinho do Roupa Nova).




O leitor participa: Arvelos Vieira: 'A importância da ferrovia no contexto geral: Cruzeiro foi terra de abate bovino e feminino'

Arvelos Vieira

‘A importância da ferrovia no contexto geral: Cruzeiro foi terra de abate bovino e feminino’

Nas décadas de 40, 50, 60 e … 70, o Frigorífico Cruzeiro, da cidade de Cruzeiro/SP, foi um dos maiores da região, do estado e acredito, até mesmo do país. A empresa recebia bovinos de todo o Sul das Minas Gerais e Vale do Paraíba para o abate, comercialização e distribuição de suas carnes.

Nessa época tivemos também, em proporção igual a zona de meretrício”, outro destaque nacional, instalado no local que ficou conhecido como “Bairro do Norte” pelo fato das prostitutas pioneiras terem chegadas em Cruzeiro, a maioria, do “norte do país”, muitas, jovens viúvas ou abandonadas pelos maridos, convocados para servir fileiras na Guerra do Paraguai, ocorrido por volta de 1860.

O transporte de gado vivo era feito em grande escala pelas ferrovias que serviam e servem a cidade. A carga do Sul de Minas chegava em gaiolas de longas composições, e até mesmo em “trens mistos” (Compostos de vagões de carga e carros de passageiros!), pela Rede Mineira de Viação (bitola de 1 metro). Essas gaiolas tinham como destino final uma pequenina estação rural conhecida por Rufino de Almeida, há dez km antes de chegar no centro de Cruzeiro, onde havia rampa para o transbordo do gado, formando-se naquela localidade as famosas “boiadas” conduzidas por habilidosos cavaleiros, que vinham por dentro da cidade levantando uma nuvem de poeira infernal, passando pela hoje conhecida Lagoa Dourada, a Vila Paulo Romeu, adentrando pela famosa “Rua da Boiada”, nome dado por essa fato, antes da chegada no pasto do Frigorífico (onde hoje estão instalados todo o I e III Retiro da Mantiqueira e bairros adjacentes).

Já o transporte de gado vindo do Vale do Paraíba “fluminense” e “paulista”, chegava em vagões gaiolas pela ferrovia Central do Brasil (bitola de 1,60 m), e eram baldeados para dentro do Frigorífico, vez que existia um desvio apropriado para essa finalidade.

Nossas ferrovias foram também de grande importância para servir a “zona de meretrício” que tinha grande movimentação na época, pois, para quem não conhece, a nossa extinta e famosa “zona”, surgiu na cidade antes mesmo de Cruzeiro receber a sua certidão de nascimento, registro esse ocorrido no ano de 1901 (2 de Outubro). A zona se estabeleceu em Cruzeiro, salvo engano por volta de 1850, passando a servir os trabalhadores que por aqui se instalaram para trabalharem na construção das ferrovias do Rio de Janeiro/São Paulo (Central do Brasil) e em seguida a do Sul de Minas (Ferrovia Minas e Rio, nome inicial).

Vale ressaltar que haviam dois trens, ambos conhecidos por “noturno” e também “trem baiano”, da Central do Brasil, que estacionavam nas linhas secundárias da estação de Cruzeiro, um vindo do Rio de Janeiro, o outro, de São Paulo, que cruzavam e pernoitavam em nossa cidade, bem defronte a zona. A rapaziada do Vale do Paraíba Fluminense (Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Itatiaia e outros), vinha para a zona de meretrício de Cruzeiro, utilizando o trem noturno oriundo do Rio de Janeiro e que passava por suas cidades, com destino a São Paulo já a rapaziada que vinha do Vale do Paraíba paulista, utilizavam o “trem noturno” oriundo de São Paulo, da mesma forma, com destino ao Rio de Janeiro.

Ambos os trens chegavam em Cruzeiro por volta das 23 e “zero hora” e aqui pernoitavam até as 5h30 da manhã, quando cada uma das composições seguia o seu destino.

Após se esbaldarem na esbórnia cruzeirense, a rapaziada retornava para suas cidades de origem, trocando de composições. Isso aconteceu todos os dias e por anos a fio. Muitas vezes embarcamos, minha família e eu, ainda criança ou meninote, fosse para São Paulo ou para o Rio de Janeiro, nesses trens conhecidos por “baiano” e a algazarra predominava por igual, algumas vezes se tornando desagradável, com jovens “zoneiros” bêbados, rindo, falando alto e até mesmo besteiras, isso quando não provocavam discussões que tornavam o clima tenso, mas graças ao bom Deus nunca soube de gravidade maior. Era comum esses baderneiros terem a atenção chamada por passageiros.

Já a rapaziada do Sul de Minas que queria se divertir na “noitada eletrizante” de Cruzeiro, utilizada o TREM MISTO, que chegava em nossa estação entre 22 e 24 horas, e retornava impreterivelmente para os solos mineiros às 5h20 da madrugada.

E a nossa ferrovia não se fez importante apenas pelo fato de servir o Frigorífico e a “zona de meretrício”, teve participação efetiva na Revolução Constitucionalista de 1932, e também na Revolução de 1964, sendo Cruzeiro o ponto de transbordo de soldados e de material bélico, por ser o eixo de inªtegração do Rio de Janeiro/São Paulo/Minas Gerais.

Lembro-me que quando deflagrou a revolução de 64, eu completaria 9 anos de idade no final desse ano. Papai que era ferroviário, exercendo nessa época a função de Agente de Estação, me levou com ele e eu assisti, tanques de guerra, caminhões, metralhadoras sobre rodas, caixas e mais caixas de “tudo um pouco”, sendo baldeadas de vagões pranchas da Estrada de Ferro Central do Brasil para a Rede Mineira de Viação (Sul de Minas). Lembro-me ainda de inúmeros soldados em cima do telhado da estação, com metralhadoras em riste, vivendo eu todo aquele clima de apreensão pois, para onde seu nariz apontava havia soldados do Exército armados até os dentes.

Arrisco a dizer que a ferrovia mineira, surgida com o nome “Estrada de Ferro Minas e Rio”, passando a “Rede de Viação Sul Mineira”, depois “Rede Mineira de Viação” e ainda “Viação Férrea Centro Oeste” e encerrando suas atividades como “5ª Divisão Centro Oeste”, foi mais importante ainda, pois atendeu a Revolução de 32 durante todo o período de conflito, transportando soldados, alforges e material bélico para os “fronts de combates”, no alto da serra (tendo o grande tunel como pivô) e da mesma forma retornava a Cruzeiro trazendo os soldados feridos e mortos vitimados pelo confronto..

Mas não podemos esquecer que a cidade de Cruzeiro foi conhecida e admirada nacionalmente pelas suas carnes de primeiríssima qualidade, BOVINAS e …, FEMININAS, defumadas pelas brancas e densas fumaças das nossas sempre saudosas e queridas locomotivas a vapor, nossas singelas e belas MARIAS FUMAÇAS!




Eduardo César Werneck: "Algumas 'marcas' da Revolução Constitucionalista de 1932 em Cruzeiro…"

“A memória da Revolução Constitucionalista de 1932 ainda inspira muitos cuidados…  Hoje, serão destacados quatro pontos ‘turísticos’ de Cruzeiro… esquecidos, pouco cuidados, desfigurados, ou subutilizados…”

 

A memória da Revolução Constitucionalista de 1932 ainda inspira muitos cuidados…

Hoje, serão destacados quatro pontos “turísticos” de Cruzeiro… esquecidos, pouco cuidados, desfigurados, ou subutilizados…

Pobre Estação Ferroviária… no passado viva e pujante, hoje suas “faces” mostram inequivocamente, o abandono completo…

A Estação Ferroviária dispensa maiores comentários. Era o único meio mais relevante, de acesso e locomoção de passageiros (e cargas), na primeira metade do século XX, no Brasil (mormente em Cruzeiro), inclusive a razão para o surgimento de nossa cidade.

Depois vieram os anos JK… Brasil de 50 anos em 5… e nossa ferrovia… esquecida… azar o nosso ! Caminhamos na contramão…

 

Quem poderia dizer que ai, então sede da Prefeitura Militar em Cruzeiro, ocorreram entendimentos importantes da Revolução de 1932…

A segunda “instituição” foi a sede da Prefeitura Militar na Revolução, instalada em um prédio – o “Palacete Azul” (“uma moradia elegante, toda pintada e à praça…”), na (hoje) avenida Nesralla Rubez, local onde agora se localiza um restaurante (foto ao lado).

Ali se alojou o capitão Affonso de Carvalho, representante da ditadura de Vargas; embora, nenhuma placa alusiva a esta questão foi instalada, quer seja, pelo poder público, quer seja, por aqueles que defendem o “sonho” de 1932. Um dia, ainda derrubam este prédio, pois ninguém se deu conta…

Armistício… rendição… não importa…
Hoje poucos sabem que ai nesta Escola –
“Arnolfo Azevedo” – em 2 de outubro,
aniversário da cidade, foi assinado o fim
da Guerra de 1932…

A terceira, a escola “Arnolfo Azevedo”, onde supostamente foi assinado o armistício… deveria haver outra placa, ai explicitando dados sobre o fato… deveria…

A escola, bem na praça central de Cruzeiro, hoje denominada “9 de Julho”, e que um dia, pasme, foi denominada “João Pessoa”, o falso herói paraibano que deu início (com sua morte) à Revolução de 1930 !

Esta, cá para nós, nunca trouxe nada de bom para o Brasil, e menos ainda para São Paulo. Ah… trouxe para a eternidade a “augusta” figura do “Pai dos Pobres”… o controvertido ditador Getúlio Vargas…

O antigo instalação “provisória” da Caixa Militar do destacamento do Exército do Leste, anteriormente da família Cossermelli, hoje ninguém imagina quantas histórias ai estão guardadas…

Finalmente, bem em frente à referida escola, há um edifício construído ao início do século XX, e dos primeiros de nossa cidade.

Foi sede da agência do Banco Comercial de São Paulo, com o mesmo requisitado para instalação “provisória” da Caixa Militar do destacamento do Exército do Leste, na revolução, em 24/9/1932.

Posteriormente, por muitos anos, abrigou a Caixa Econômica do Estado de São Paulo, e hoje, quase ninguém sabe disto…

Tenho visitado inúmeras regiões com a sincera intenção de pesquisar nossa história e, ao mesmo tempo, aferir o quanto nos importamos com ela…

Confesso que o resultado é desolador, pois nossa memória, salvo por alguns poucos que realmente se importam; diria, em um linguajar médico, que ela está na UTI… em coma profundo… e muito dificilmente serão restaurados e/ou recuperados documentos, obras, ou estruturas de nossa rica história.

Pelo jeito vamos continuar “comemorando” o “14 de julho”, o “23 de novembro”, ou o “4 de julho”, alguns, até o “23 de outubro”, porém, o “9 de julho” e, mesmo o “7 de setembro”, estão me preocupando seriamente…

 

Eduardo César Werneck – drwerneck@uol.com.br

 




IHGGI recebe visita do presidente da Academia Cruzeirense de Letras

A visita ao IHGGI foi dia 23 de agosto

O escritor, historiador e acadêmico Eduardo Cesar Werneck, presidente da Academia Cruzeirense de Letras, fez uma visita no ultimo dia 23 ao IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga.

O ilustre visitante foi recepcionado no salão do Museu Carlos Ayres, localizado na Casa Kennedy, pelos confrades Afrânio Franco de Oliveira Mello, Helio Rubens de Arruda e Miranda e José Luiz Nogueira. Participou da recepção o artista plástico Newton Noronha e o presidente da Casa Kennedy, Antonio Andrade.

O visitante ouviu do confrade Afrânio Mello, principalmente, e de Helio Rubens, fatos e ocorrências sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 em Itapetininga, tema que será objeto de estudo para elaboração de um livro de Wermeck a respeito dessa epopeia paulista.

Após a reunião, o confrade Helio Rubens levou o escritor para visitar os principais locais que fizeram parte da Revolução Constitucionalista de 1932, os quais o visitante fotografou para que essa fotos possam servir de referencia para o livro sobre esse assunto que ele está escrevendo. Foram visitados a Santa Casa de Itapetininga, o Instituto Peixoto Gomide, o Colégio das Madres, o prédio do DER, o Largo dos Amores, o Clube Venâncio Ayres e outros locais históricos de Itapetininga.

Werneck foi saudado com livros de autoria dos confrades e, em troca, retribuiu com livros de sua autoria:

  • o magistral ‘O Marquês de Paraná – A vida pública e privada de ‘El Rei’ Honório Hermeto Carneiro Leão’, com prefácio de Cândido Mendes de Almeida, 782 páginas, edição do autor
  • o interessantíssimo livro ‘Foot Ball & Dreams – allegoack e os encantos de sempre”, 189 páginas, edição do autor

    Nas fotos abaixo, cenas da reunião