Anseios por uma livre expressão modernista: A Semana de 22

Nesta semana, comemora-se os 99 anos de uma das maiores revoluções artísticas e sociais em nosso país: a Semana de Arte Moderna, que teve início no dia 13 de fevereiro de 1922

Autora do Texto: Danielly Dias Sandy, museóloga e professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Visuais, do Centro Universitário Internacional Uninter.

Há 99 anos sobrevinha no Brasil um evento marcante e com propostas revolucionárias não apenas para a arte, como também para outros segmentos na sociedade. De 13 a 18 de fevereiro de 1922, no Theatro Municipal de São Paulo, abria-se ao público a Semana de Arte Moderna, sendo uma sagaz reunião de artistas brasileiros que apresentavam, além de ideias transformadoras, sua arte por meio da pintura, escultura, arquitetura, poesia, música, dança e mais.

Porém, como nada vem do nada, para o historiador brasileiro Mário da Silva Brito, o ‘estopim’ para a realização da Semana de 22 foi a exposição da artista Anita Malfatti, realizada em 1917, a partir da qual ela sofreu severas críticas de Monteiro Lobato. E no texto crítico Lobato defendia a ideia de uma ‘arte pura’ em detrimento dos ‘ismos’ dos movimentos artísticos europeus modernos que tomavam força naquele período. Mas, se por um lado Malfatti era duramente criticada por Lobato e mal vista pela sociedade conservadora, por outro tornava-se ícone da vanguarda que ansiava transcender o conservadorismo na arte e cultura brasileira.

Dentre os envolvidos na Semana de Arte Moderna, podemos destacar nomes de exímia sensibilidade como Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Menotti Del Picchia, Victor Brecheret, Heitor Villa-Lobos. A proposta era transformadora e tinha como objetivo renovar a visão artística do país a partir de uma estética mais voltada aos aspectos nacionais. E assim evocavam com entusiasmo a brasilidade na arte para substituir o academicismo pela livre expressão modernista. Buscava-se romper com o conservadorismo e a rigorosa formalidade parnasiana que se opunha à liberdade lírica tão desejada pelos modernos e românticos.

E embora o evento tenha ocorrido por apenas alguns dias, foi de grande repercussão as suas propostas, cabendo evidenciar, inclusive, sua relevância no que se refere à preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Isso pois, na Semana de 22 vieram à tona ideias que propulsionaram a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1937. Não obstante, as primeiras políticas públicas para a cultura no Brasil, implementadas sob aos auspícios do Governo de Vargas, também contaram como aporte ideias dos artistas modernistas.

Ou seja, uma revolução artística e social com vistas a criar algo novo sem, no entanto, deixar de preservar o que fora criado no passado. De forma clara, esse cuidado seria essencial por ir de encontro com a ideia que justamente propunha o fortalecimento de uma identidade brasileira. Algo que, sem dúvida, não poderia ser visto de outra forma senão como um grande desafio.

Contudo temos consciência de que vivemos hoje em um contexto distinto daquele da Semana de 22, mas não tão pouco caótico e sedento de transformações. Assim percebemos, além do mais, o valor da arte e cultura para a nossa sociedade e de quanto o trabalho, críticas e ideias dos artistas são necessários e podem contribuir efetivamente com o nosso país.

 

 

 

 

 

 

 

 




Jornadas Europeias do Patrimônio 2020: educação e cultura para a preservação de nosso meio ambiente

É hora de mudarmos a nossa postura, de nos tornarmos mais conscientes e respeitosos com nosso planeta e meio em que vivemos

O Conselho da Europa e União Europeia promovem anualmente, como notável iniciativa social e cultural, o evento Jornadas Europeias do Patrimônio com a participação de mais de 50 países. O objetivo é permitir o acesso gratuito da população a atividades diversas que tangenciam o tema patrimônio em diferentes instâncias. Ou seja, a cada ano muda a proposta a que se pretende trabalhar permitindo que o patrimônio seja abordado a partir de múltiplas possibilidades.

Contudo, se destaca o cuidado com a construção do olhar consciente da população em relação ao seu patrimônio, seu reconhecimento, valoração e preservação. Nesse ano de 2020 o tema é bastante auspicioso: Patrimônio e Educação e, de acordo com o site da Direção Geral do Patrimônio Cultural da República Portuguesa, “pretende-se com este tema sensibilizar para o papel do património na educação e para o papel da educação no património”.

Em decorrência da pandemia caudada pela covid-19, naturalmente as atividades serão ofertadas on line por diferentes plataformas e endereços de internet que podem ser verificados no site do evento de cada país envolvido. Isso traz a possibilidade de profissionais de outros países participarem, pois embora a iniciativa parta de países europeus, o tema patrimônio é pertinente ao mundo todo. E por que não trabalharmos a educação para o nosso patrimônio em uma esfera mundial?

A intenção parece ambiciosa, mas se pararmos para analisar veremos que a educação patrimonial está além das dinâmicas territoriais e nada mais ensina do que valores humanos. E tais valores são inerentes à nossa natureza, acredito, mas precisam de um despertar para que possam efetivamente florescer e dar frutos em nossas almas e nas sociedades.

Dentre as inúmeras classificações para o patrimônio podemos evidenciar, sobretudo nesse momento, o nosso patrimônio ambiental. Seja no Brasil ou em outro país, o patrimônio ambiental precisa ser preservado e isso somente ocorre quando a população passa a conhecer a importância desse bem tão precioso. Infelizmente ainda paira a ideia absurda de que nosso meio não é de nossa responsabilidade ou não enxergamos a gravidade de nossos atos.

É hora de mudarmos a nossa postura, de nos tornarmos mais conscientes e respeitosos com nosso planeta e meio em que vivemos. Para tanto, devemos realmente explorar o tema patrimônio e educação ao máximo dando a oportunidade a todos de conhecerem mais sobre o assunto e sua história. Educar patrimonialmente para a preservação é uma forma de contribuir com a edificação de uma cultura de paz.

Sendo assim, vamos destacar o tema “Educação para o patrimônio ambiental” que será trabalhado em uma live especial, no dia 26 de setembro, às 17h, na página do facebook da área de Linguagens Cultural e Corporal, do Centro Universitário Internacional Uninter. O evento integra o conjunto de atividades das Jornadas Europeias do Patrimônio, de Portugal. Esperamos por você!

Autora: Danielly Dias Sandy é museóloga, mestra em Museologia e professora da área de Linguagens Cultural e Corporal nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Artes Visuais do Centro Universitário Internacional Uninter.