Em sua 38ª obra, ‘Correianos – A corrida das correias‘, editado pela Crearte Editora, o escritor e colunista do ROL Élcio Mário Pinto presta uma homenagem à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT.
Ao mesmo tempo, comemora o 16º aniversário de seu afilhado, Caique Ferraz, ilustrador do livro e que, no ano passado, foi vencedor da enquete promovida pelo ROL ‘Melhores do Ano 2017 em Sorocaba’, na categoria ‘Melhor Ilustrador de Livros’.
O lançamento – aberto ao público em geral – será no dia 19 de janeiro (sábado), às 19h, na R. Sebastião Pires Pinto, residência do casal de amigos do autor, Milla e Andreia, esta, uma correiana (funcionária dos Correios).
O livro será oferecido ao preço de R$20,00 (vinte reais).
O Jornal Cultural ROL conversa com Élcio Mário Pinto – um dos mais atuantes colunistas – sobre sua mais nova obra. As ilustrações, em preto e branco, fazem parte do livro
Jornal Cultural ROL: Élcio, os seus leitores já perceberam que você, pela variedade de temas que aborda em seus livros, é, também, um ‘autor de homenagens’, distinguindo pessoas, cidades e entidades. O que o levou, por meio de os ‘Correianos – A corrida das correias’, a homenagear os Correios?
Élcio Mário Pinto: Olá, Sergio Diniz! É um prazer conversar com você, editor do ROL e com os leitores do Brasil e de outros 38 países alcançados por este Jornal, que é global! Você tem toda razão quando me chama de ‘autor de homenagens’. A razão para ser assim é esta: quem pesquisa e escreve está sempre buscando dados e comprovações em pessoas renomadas, algumas do passado distante ou próximo, outras do presente, ainda que os citados, como gente famosa, sejam de difícil acesso ou contato. Digo que citar pessoas do passado é importantíssimo, mas temos que nos lembrar de citar e destacar os que nos são próximos e que são do nosso tempo. Por exemplo, valorizar uma pessoa amiga, um vizinho, colega de trabalho, de estudo e de passeios!
Em relação ao livro ‘Correianos’, quis homenagear os funcionários da empresa que gosto de chamar assim: Correios do Brasil. A explicação também é simples: desde a minha adolescência em Angatuba, toda vez que passava em frente à agência local, olhava para aquele luminoso – que ainda está lá – e me sentia olhando para o país todo, para o Brasil. Depois, conheci o Romir, pai do Caique, meu afilhado e ilustrador, que é funcionário ‘correiano’ há décadas; Adriana Rocha, minha esposa, trabalhou na ECT, hoje Correios. Enfim, tenho orgulho por aquilo que nos pertence como Nação! E, como somos criaturas que existem graças às comunicações, contatos e vínculos, então, sinto-me à vontade para prestar essa homenagem pela Literatura.
JCR: Você inicia o livro com um pensamento de sua autoria: “… e as Correias da comunicação venceram as correntes de todas as prisões!” Explique o pensamento.
EMP: As prisões, sejam do corpo ou do espírito, da alma, da mente ou como se queira definir e explicar, criam correntes de isolamento. Estar preso é estar isolado, sem contato e sem relações. E assim, entendo que a comunicação consegue romper com as correntes que aprisionam, que segregam, separam, distanciam e matam por falta de convivência saudável.
Então, você me perguntaria se alguém pode sentir-se isolado ou preso mesmo numa cidade grande, rodeado por multidão de pessoas? Sem dúvida alguma, pode! Eu mesmo, em meu primeiro ano na faculdade de Teologia em São Paulo, quando seminarista, era assim que me sentia: com medo da cidade, das pessoas, isolado e ‘preso’ numa metrópole como é a capital paulista.
O povo Correianos, que se define a partir do conjunto, não do indivíduo, ensina que as correias da comunicação, dos contatos e dos vínculos conseguem ‘quebrar’ as correntes de todos os tipos de prisão. Não somos criaturas para as prisões e para o isolamento. Somos criaturas para a comunicação e todas as suas expressões de contatos: fala, dança, desenhos, gestos… Sem contar a nossa enorme força pelas energias que temos e que nos acompanham. Também somos seres energeticamente carregados. Precisamos escolher boas ‘cargas’ para a vida e para a convivência e nos afastarmos das cangas. Boas cargas sim, cangas não!
JCR: Pela leitura do livro, que traz pesquisas históricas, depoimentos e entrevista, percebe-se que ele demandou um bom tempo para a sua consecução. Como se deu o processo de criação do livro e quanto tempo demandou o trabalho?
EMP: Olha, Sergio! O livro de 116 páginas demandou quase um ano de tempo, considerando: pesquisa, escolha de conteúdos, escrita (produção), ilustrações, entrevistas e revisão. Some-se aqui, o trabalho da editora Miriam Rangel, da Crearte, nossa amiga e parceira. O conteúdo principal, isto é, o conto que explica as ações do povo ‘Correianos’, foi “gestado” aos poucos: num momento apareciam personagens, noutro, ambientes e assim por diante. Nem tudo aconteceu ao mesmo tempo.
A escolha de conteúdos já escritos também nos trouxe a difícil tarefa de selecionar e cortar algumas coisas. Eu queria acrescentar tal conteúdo, mas a apoiadora cultural, Adriana Rocha, me dizia que não cabia e que aquele deveria ser guardado para outra publicação. Nisto, conversamos diversas vezes, sempre a partir da proposta original que era homenagear os funcionários dos Correios e a empresa como um todo.
Para mim, como autor, todos os que trabalham na empresa Correios são CORREIANOS. Falo com orgulho e solenemente! Destaco que os conteúdos históricos do site da empresa – informações públicas – foram primorosos! Sua organização facilita à leitura e parte de momentos históricos. Tudo está didaticamente posto! Então, trouxe para o livro aqueles dados que comprovam o quão importante a empresa Correios é para cada brasileiro e para todo o nosso país. Para além do Brasil, nosso Correios alcança o planeta!
JCR: No conto (e também título do livro) ‘Correianos – A corrida das correias’, você fala, em relação ao ‘povo correiano’, que, “Vincular-se, para eles, era a sua razão de viver, por isso, qualquer um dos seus não resistia por muito tempo quando se sentia isolado”. E sua esposa e apoiadora cultural, a escritora Adriana Rocha, costuma dizer que você é, justamente, uma pessoa ‘de vínculos’. Afinal de contas, o que é ser uma pessoa ‘de vínculos’?
EMP: O povo ‘Correianos’ entende-se como plural, não como singular. Nossa dificuldade em relação à cultura daquele povo é que, enquanto dizemos ‘eu’, aquelas pessoas dizem ‘nós’. Trata-se de uma gente que se pensa como grupo. Sua linguagem é plural, suas ideias são coletivas e as definições do que são, assim como a própria vida, só acontecem enquanto povo, não enquanto indivíduo. É uma outra Cultura, outra lógica, outra forma de pensar, viver e existir. Assim, só se pode entender o povo ‘correiano’ para nós e ‘Correianos’ para aquela gente, a partir dos vínculos. Eles só existem por causa dos elos que criam. São correias que se unem e formam cada pessoa para formar todo o povo.
É a ilustração da capa, como se fosse um DNA formando cada um, que só existe como povo. Ser uma pessoa de vínculos, Sergio, é alimentar contatos, dialogar sobre igualdades e diferenças, respeitar opções e buscar novos modos para se viver melhor naquilo que nos une. Diferentemente desta época de consumo e descarte, de relações líquidas – conforme o sociólogo e filósofo polônes Zygmunt Bauman (1925-2017) – os vínculos são duradouros, crescem e se desenvolvem em contatos, igualdades e diferenças respeitadas, mas que alimentam uma vida de conjunto, não de indivíduo isolado e egoísta. Quem não pensa o planeta, não deixará planeta a ninguém!
JCR: Diante da importância da homenagem, você apresentou ou vai apresentar o livro para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, até mesmo para ampliar o apoio cultural?
EMP: Fiz contato com a empresa, que me respondeu ter repassado as informações para o setor de Comunicação. Então, aguardo pelo contato oficial. Creio que, agora, com a presença de muitos ‘correianos’ no lançamento do livro, a Administração da empresa fique sabendo e ciente, tenha interesse na homenagem literária que estamos oferecendo.
JCR: Que mensagem final você gostaria de deixar para todos os ‘correianos’?
EMP: Que participem do lançamento literário! Que divulguem, o belíssimo trabalho que realizam, pelas letras, pelo conto e pela história da qual participam. Que acreditem na importância da ECT – hoje Correios, e no orgulho que por ela temos, todos nós brasileiros. Não é sem razão que existem nações interessadas no trabalho que aqui realizamos como país. É tão verdade que, quando o carteiro chega – e com ele toda a empresa e seus funcionários também chegam – o sorriso é sempre por aquele contato escrito, pela notícia, pela lembrança ali vinculada à amizade, ao carinho e ao respeito que existe entre: Remetente – CORREIOS – Destinatário.
Deixo aos ‘Correianos’, o povo das Correias, toda minha admiração, todo meu respeito, meu carinho e valorização que faço questão de registrar. Escrever homenageando os Correios e seus funcionários – todo o povo Correianos – é um privilégio para mim! Por isso, aceitem estas palavras de vínculos: MUITÍSSIMO OBRIGADO, CORREIANOS!!!