Pietro Costa: 'Elogio à transitoriedade'

Pietro Costa

Elogio à transitoriedade

Exímio e divinal compasso da Natureza:

Nada opera aos saltos, mas em gradação.

E a cada palmo, desenha-se a civilização,

De labor e de suplícios, o amor e a beleza.

 

De sementes ínfimas, o exuberante arvoredo,

Estupendas laudas, na mineração da palavra.

Da labuta infatigável, os prazeres do vinhedo,

Da pá, pé e pó, a dor redimida, sublime lavra.

 

Da viscosidade da lagarta, a maviosa crisálida,

Do mármore primitivo, a impecável escultura,

Da busca do aperfeiçoamento, a desenvoltura,

Da comprometida pesquisa, a solução válida.

 

Nos braços estendidos, porto seguro da amizade,

Na semeadura obstinada, a colheita se faz farta,

Na harmonia corporal, a doença pouco maltrata,

Na escuta da consciência, a paz e a serenidade.

 

O tempo é matéria do artista, aliado da criação,

O tempo cura, revela, elucida, amorosa ciência.

Nos ponteiros do suor inglório e tenaz solidão,

Pérolas da humanidade lapidadas na paciência.

 

Na montanha mágica do tempo,

Escalamos contratempos,

Visando à perfeição.

 

Pietro Costa

pietro_costa22@hotmail.com