Um país sem cultura é um corpo sem alma

Carlos Carvalho Cavalheiro: Entrevista

“Um país sem cultura é um corpo sem alma.” (Walter Franco)

Walter e Diogo Franco, Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro, Fernanda Ikedo e Carlos Carvalho Cavalheiro no camarim da Fundec em 2011. Walter Franco está segurando o exemplar do jornal Sepé-Tiaraju com a sua entrevista.
Walter e Diogo Franco, Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro, Fernanda Ikedo e Carlos Carvalho Cavalheiro no camarim da Fundec em 2011. Walter Franco está segurando o exemplar do jornal Sepé-Tiaraju com a sua entrevista.

O ano era 1994. Walter Franco, ícone da música brasileira, viria a Sorocaba, cidade do interior paulista, para realizar uma apresentação musical num bar. Era o dia 13 de maio e eu acabara de completar 22 anos de idade.

Apreciador da obra de Walter Franco, eu não me contentei apenas em assistir ao show. Eu o entrevistei – quase que de madrugada – após a apresentação. Simpático, o artista recebeu a mim e amigos para a entrevista que foi publicada no jornal cultural Sepé-Tiaraju.

No dia 29 de junho de 2011, dezessete anos depois, Walter Franco retornou à cidade para o show “Raça Humana”, com a participação de seu filho Diogo Franco. Na oportunidade, consegui entregar o exemplar do jornal de 1994, com a entrevista que fiz com ele. Walter Franco, então, pediu para que eu desse um autógrafo!

Claro que eu também pedi o meu. Walter Rosciano Franco nasceu em São Paulo em 6 de janeiro de 1945 (Dia de Reis). Faleceu em 24 de outubro de 2019, aos 74 anos de idade, após sofrer um AVC. Foi um dos grandes nomes da música popular no Brasil. Eis a íntegra da entrevista de 1994:

“Ele subiu ao palco com seu violão. Sentou-se num banquinho. Conversou com o público, apresentou sua banda e orquestra com corais e maestro imaginários. Cantou. E como não poderia deixar de ser, encantou. Pela primeira vez em vinte e poucos anos de carreira artística, Walter Franco se apresentou em Sorocaba no dia 13 de maio pp. no Bar Koisa Nossa. Após o show, ele concedeu a entrevista que vocês irão conferir agora. Agradecimentos especiais ao Cícero, ao pessoal do Koisa Nossa e da Ge-Hum pela colaboração, sem a qual esta entrevista não poderia ser realizada”.

Carlos Carvalho Cavalheiro – Walter, você estava desaparecido nos últimos tempos. Por onde você andava?

Walter Franco – É circunstancial essa minha parada… no disco. Na música, não. Eu tenho feito uma carreira mais sutil, digamos assim. Eu tenho me apresentado ciclicamente, nos espaços em São Paulo, algumas capitais que me atraem muito, e interior também. Tenho procurado não me afastar totalmente.

E acontece comigo um mistério grande: mesmo que eu desapareça por algum tempo, quando eu volto, o público aumenta. Há uma resposta grande para mim. Isso me deu tranquilidade porque eu nunca, na minha carreira toda, sempre me neguei a fazer um disco comum, nunca joguei esse jogo da mídia.

E acredito que, atualmente, seja uma consequência natural disso. As pessoas me chamam, eu estou mais disponível. Fechei para balanço. Continuei trabalhando com música, me aperfeiçoando, buscando compreender esse processo de autoconhecimento, mas não culpo ninguém por isso, não.

Eu sou responsável pelas coisas boas ou não-boas que me acontecem. Mas, não me afasto, não. Eu simplesmente tenho estado presente de uma forma mais sutil. Não tanto pela grande mídia, mas tenho estado presente esse tempo todo.

CCC – Você musicou letras de autoria de seu pai, Cid Franco. Fale um pouco sobre ele e sua influência em seu trabalho.

WF – Foi meu grande amigo, meu mestre na arte de discernir a vida, principalmente a partir dos princípios éticos, morais, enfim, coisas que hoje em dia estão meio postas de lado. Mas foi meu grande amigo e, circunstancialmente, por coincidência, nesta encarnação – nesta “encadernação” – foi, também, meu pai.

Foi um político, o primeiro vereador socialista eleito no Estado de São Paulo, mas, como político, um grande poeta. Uma pessoa que vivenciava, na verdade, os seus achados poéticos. E uma pessoa que deixou, para mim, para meus filhos, enfim, era uma pessoa pública, acredito que um dos maiores exemplos que um ser humano possa deixar, que é do desapego.

Uma pessoa que dedicou a sua vida a estudar Mahatma Gandhi, a vida de Cristo, a pesquisar as linguagens alternativas, já naquela época, desde discos voadores até a dedicação à literatura infanto-juvenil, à poesia, à literatura, prosa, o jornalismo, o radicalismo, enfim… Mas uma pessoa voltada para o crescimento do ser. Uma pessoa que buscava se aperfeiçoar.

Um político que, na verdade, passou para a outra vida em função do sofrimento porque foi cassado pelo Golpe de 64, por razões ideológicas, por ser um homem de esquerda, um socialista democrático, mas que deixou para nós, para mim, para os meus filhos, para minha família, para as pessoas todas que vocês viram aqui presentes,[1] o exemplo do amor fraterno.

Uma pessoa que nos ensinou a não sentir ódio ideológico, a combater o ódio ideológico, a conviver, a se relacionar até mesmo com os contrários ideologicamente. Eu acho isso o maior exemplo que o ser humano nessa vida pode aprender, a se aperfeiçoar na arte de conviver com os opostos, e se reduzir a zero, como diria Mahatma Gandhi, se colocar no último degrau dos seus semelhantes.

E aqui não vai nenhum sentido messiânico, místico- religioso, não. O princípio de fraternidade, de amizade, de humildade, enfim, sem sentido pejorativo nenhum, como diria Mahatma Gandhi: “Não haverá nenhuma salvação para eles”. Eu tive o privilégio de conviver com as artes, com a poesia, com a literatura, com a música desde garoto na minha própria casa. Talvez, por isso, eu tenha saído meio do jeito que sou.

CCC – Nos seus dois primeiros discos (Ou não e Revolver) você desenvolveu um trabalho mais de vanguarda, experimentalista, se é que assim podemos qualificar. Já a partir do terceiro LP (Long Play), Respire Fundo, houve uma mudança de estilo bem perceptível. Como está hoje o seu trabalho? Esse é o prenúncio de uma nova fase?

WF – Acredito que sim. A gente é a soma daquilo que fomos e do que fizemos. Eu sou a soma disso tudo. Busco me aperfeiçoar. Não há segredo nenhum nisso. Não há nem o personagem artista. Eu sou uma pessoa que está buscando se aperfeiçoar nesse caminho.

CCC – Neste show você se apresenta apenas com violão. Por quê?

WF – Isso tem a ver com o momento. Eu tenho várias alternativas. Eu trabalho com banda, tenho uma superbanda com seis músicos… uma banda concreta (risos).[2] São músicos de primeira. Eu tenho a satisfação de ter sempre tocado com grandes músicos, de João Donato a Wagner Tiso, aos meninos dos Mutantes, enfim, a minha trajetória, se você olhar os meus discos, a ficha técnica do “Respire Fundo” tem mais de 150 músicos…

CCC – Até mesmo o Lobão…

WF – Até o Lobão, até o Lulu Santos, enfim, eu tenho essa satisfação. Mas, no momento, histórico que estamos vivendo, o artista tem que ter várias alternativas para trabalhar.

Assim, como eu viajo com banda para espaços maiores, com produções maiores, eu viajo também com trabalho experimental, com engenheiros de som, trabalho que venho desenvolvendo há muito tempo, e viajo, também, só com violão solo; voz e violão, dessa maneira que vocês viram porque eu acho que o artista é um trabalhador, ele tem que estar presente. A mim me interessa estar presente fisicamente com as pessoas, com vocês e, profissionalmente, é importante isso porque é daí que a gente vive e sobrevive.

CCC – Você influenciou uma geração de roqueiros nos anos 80: Arnaldo Antunes (ex-Titãs), Camisa de Vênus (que regravou “Canalha”), Olho Seco (que regravou ‘Feito gente”)… Como você vê essa influência numa geração posterior, uma década depois de seu surgimento no cenário brasileiro?

WF – Eu acho que é isso que a gente quer. Quando a gente faz alguma coisa, a gente imagina que chegue a algum lugar. E, de fato, o Arnaldo[3] deu algumas entrevistas falando do resgate dessa linha evolutiva do “Revolver”, do “Araçá Azul”.[4] É meu parceiro também. Tenho uma canção inédita com ele.

O “Camisa de Vênus” me deixou feliz, e tantos outros, o próprio João Gordo do Ratos de Porão deu uma declaração falando do trabalho da gente como precursor dessa coisa punk e tal. Eu sempre atuei em vária faixas. A minha música vem desde o silêncio até o grito primal. Eu sempre trabalho dessa maneira. Talvez por isso eu tenha atingido tantas regiões, digamos assim, da musica.

CCC – É difícil ser um artista autêntico no Brasil? Artista que não se vende aos ditames da mídia e do mercado?

WF – O estar distante da mídia é circunstancial. Eu não parto desse princípio. É óbvio que há fases, a moda conduz a música popular para esse ou para aquele caminho. Mas como artista eu sempre estive na grande mídia. Eu sempre pertenci a grandes gravadoras. Eu nunca fiz um trabalho independente.

Eu sempre tive o apoio das grandes gravadoras para fazer meu trabalho. Se não gravei durante esse tempo todo é circunstancial, tanto quanto Paulinho da Viola que ficou sete ou oito anos sem gravar, e tantos outros. Mas eu acredito que o artista , na verdade, ele tenha mais poder. Não poder a partir da volúpia, a volúpia de poder, mas um poder oriundo de sua própria natureza.

Enquanto um político sobe ao palanque para fazer um discurso em época de eleição, atrás de votos, e essa coisa toda; enquanto um militar impõe o poder a partir de seu próprio status; o artista sobe ao palco e canta um refrão e estimula toda uma multidão, toda uma plateia.

Então, é preciso que os artistas em geral também partam para isso. Não se deixem usar simplesmente em época de eleição para esse ou aquele candidato, enfim, essa coisa toda. Porque o país sem cultura, sem querer ser redundante e cair num lugar comum, é um corpo sem alma.

Tivemos a experiência a pouco de um presidente que foi cassado,[5] que a primeira coisa que fez foi bloquear o estímulo à cultura. Por quê? Porque um povo culturalmente bem informado é um povo atento. Essa é a função dos artistas, de manter, de uma forma ou de outra, esse estímulo.

CCC – Proposta de um novo disco? Você volta a gravar?

WF – Espero que sim. Estou com um trabalho novo, estou compondo, fazendo as coisas. Vai depender do ritmo das coisas. Estou relançando agora dois LP’s em CD pela Warner, Continental-Warner e isso, com certeza, está dando um pique grande para a continuidade do meu trabalho posteriormente.

CCC – Como você define o seu trabalho hoje?

WF – Eu nunca defini o meu trabalho. Ele sempre foi definido pelas pessoas. Eu prefiro permanecer assim.

CCC – E, para encerrar, você gostaria de deixar alguma mensagem?

WF – Eu quero: “Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”.

Carlos Carvalho Cavalheiro

[1] Walter Franco tinha familiares residentes em Sorocaba e que assistiram ao seu show naquele dia.
[2] No show, Walter Franco simulou a existência do acompanhamento de uma banda imaginária.
[3] Arnaldo Antunes
[4] Disco experimental de Caetano Veloso.
[5] Fernando Collor de Mello

Voltar: http://www.jornalrol.com.br




Luiz Ruffato participa de encontro virtual no dia 20/07 às 18h

Um dos mais importantes escritores contemporâneos, Luiz Ruffato participará de um encontro virtual com leitores no dia 20 de julho, às 18h, por meio da plataforma Zoom

Felipe Ruffato
Luiz Ruffato

Um dos mais importantes escritores contemporâneos, Luiz Ruffato participará de um encontro virtual com leitores no próximo dia 20 de julho, às 18h, por meio da plataforma Zoom. O evento gratuito será mediado pelo escritor Eloésio Paulo, autor da obra Um deserto de estranhas veredas, um livro-entrevista que traz reflexões sobre o universo ficcional de Ruffato. O encontro promovido pela Maralto Edições será aberto ao público e promete ser uma oportunidade única para os fãs e admiradores do autor.

Luiz Ruffato é reconhecido internacionalmente por sua contribuição significativa para a literatura contemporânea. Seus romances e contos exploram temas sociais, políticos e econômicos, oferecendo uma perspectiva única sobre a vida no Brasil e no mundo. Com uma escrita marcante e uma visão crítica da realidade, Ruffato cativa os leitores com suas histórias envolventes e provocativas.

Divulgação Maralto
Eloesio Paulo

Eloésio Paulo, renomado escritor e amigo próximo de Ruffato, estabeleceu um diálogo profundo com o universo literário do autor. Em Um deserto de estranhas veredas, ele conduz uma entrevista reveladora, mergulhando nas motivações, inspirações e processos criativos de Ruffato. O livro é um convite para uma jornada pelos meandros da mente do escritor consagrado.

O encontro virtual proporcionará aos participantes a oportunidade de interagir com Luiz Ruffato e Eloésio Paulo, fazendo perguntas, compartilhando experiências e conhecendo mais sobre o trabalho de ambos os autores. Será uma ocasião para desvendar os bastidores da criação literária e entender as influências de Ruffato e os desafios enfrentados pelo autor ao longo de sua carreira brilhante.

Os interessados em participar desse encontro virtual poderão ter acesso ao evento por meio do acesso à sala do Zoom pelo ID: 840 1905 6762.
Ou, se preferir, pelo link: https://us02web.zoom.us/j/84019056762?pwd=MzdJTXgxZEM0N2JQVTFORGpKODEvQT09

Voltar: www.jornalrol.com.br




Ondina

A professora Ondina Seabra comemorou este ano 102 anos. Lúcida e ativa, a primeira professora negra da cidade de Sorocaba é um patrimônio vivo da memória local.” (Carlos Carvalho Cavalheiro)

Crédito da foto: Carlos Cavalheiro

Poucas pessoas têm o privilégio de comemorar 100 anos de vida. A professora Ondina Seabra comemorou este ano 102 anos. Lúcida e ativa, a primeira professora negra da cidade de Sorocaba é um patrimônio vivo da memória local.

Há mais de dez anos o escritor, historiador e pesquisador Carlos Carvalho Cavalheiro filmou uma entrevista com Ondina Seabra, recolhendo informações para o seu livro, lançado em 2013, intitulado “Nossa Gente Negra”.

A fim de comemorar o aniversário de 102 anos de Ondina Seabra e, também, democratizar o acesso às informações contidas nessa entrevista, Carlos Cavalheiro fez uma pequena edição e disponibilizou o vídeo, que leva o nome Ondina, na plataforma do Youtube.

O historiador está prestes a lançar mais um livro de sua autoria: “Sorocabanas – a mulher na História de Sorocaba” que conta a trajetória de mulheres relacionadas à Sorocaba (quer por afinidade, quer por nascimento ou pela atuação local).

O livro conta com prefácio da historiadora bauruense Cláudia Leonor Guedes de Azevedo Oliveira que escreveu: “Do papel secundário da mulher, vivendo à sombra de seu pai ou marido, para a mulher que se emancipa e assume seu papel como protagonista de sua própria história, o trabalho do historiador Carlos Carvalho Cavalheiro é fundamental para revelar essa evolução em sua cidade. Por meio das histórias das “Sorocabanas”, é possível reconstruir um local de memória e reconhecimento da atuação das mulheres de Sorocaba, contra o apagamento e o esmaecimento dessas vidas que até então seguiam invisibilizadas”.

O livro será publicado a partir de financiamento coletivo pela plataforma Catarse. Os interessados em conhecer mais sobre esse projeto poderão acessar o link:

https://www.catarse.me/publicacao_do_livro_sorocabanas_a_mulher_na_historia_de_sorocaba_bcbc?project_id=166070&project_user_id

Para quem quiser acompanhar a entrevista de Ondina Seabra, o link de acesso é: https://www.youtube.com/watch?v=K7MhC2_KIvA

Carlos Carvalho Cavalheiro

carlosccavalheiro@gmail.com

Natural de São Paulo (SP, e atualmente residindo em Sorocaba, Carlos Cavalheiro é professor de História da rede pública municipal de Porto Feliz (SP). Licenciado em História e em Pedagogia, Bacharel em Teologia e Mestre em Educação (UFSCar, campus Sorocaba). Historiador, escritor, poeta, documentarista e pesquisador de cultura popular paulista. Autor de mais de duas dezenas de livros, dentre os quais se destacam: ‘Folclore em Sorocaba’, ‘Salvadora!’, ‘Scenas da Escravidão, ‘Memória Operária’, ‘André no Céu’, ‘Entre o Sereno e os Teares’ e ‘Vadios e Imorais’. Em fevereiro de 2019, recebeu as seguintes honrarias: Título de Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça e Medalha Notório Saber Cultural, outorgados pela FEBACLA – Federação dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e o Título Defensor Perpétuo do Patrimônio e da Memória de Sorocaba, outorgado pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos.

WhatsApp: 15/99174-6634

Voltar: http://www.jornalrol.com.br




A noite das vampiras: o ressuscitar do cinema fantástico nacional

CINEMA EM TELA

Marcus Hemerly: ‘A noite das vampiras’

Entrevista com o diretor Rubens Mello

Banner sobre o lançamento do filme "A Noite das Vampiras"

Quando se lança um olhar linear sobre a evolução histórica do cinema nacional, inúmeros fenômenos ou movimentos exsurgem evidenciados. De um lado, apontamos o chamado Cinema Novo, com expoentes como Glauber Rocha, Cacá Diegue e Rui Guerra; estilo cinematográfico mais imerso em questões ou provocações sobre problemáticas sociais e existenciais, similar à Nouvelle Vogue francesa.

Aponta-se o Cinema Marginal, de pronunciadas feições experimentais e autorais, que se integrou às produções da Boca do Lixo paulistana, reduto onde se produziu o maior percentual de títulos no Brasil durante mais de duas décadas. Desde as chanchadas da Atlântida, a diversidade da Vera Cruz, e a multitude de temas tratados na também chamada Boca do Cinema (Boca do Lixo), é inolvidável reconhecer a gama criativa e força do cinema brasileiro.

Imprescindível ressaltar a palavra versatilidade, pois, filmou-se bangue bangue, policiais, musicais, seja estilo discoteca ou caipira, e até mesmo, o terror. E, à obviedade, quando se menciona o sinônimo de terror, o primeiro nome que assoma à mente é o do saudoso cineasta José Mojica Marins, mundialmente famoso como “Zé do caixão” ou Coffin Joe, no exterior, personagem por ele imortalizado em sua primeira incursão ao gênero na produção “À meia-noite levarei sua alma”, de 1964. A obra de José Mojica, seu tom fortemente inovador e criativo, quase no sentido visceral instintivo, merece não apenas um artigo, mas livros, ensaios e estudos fílmicos.

Nesse passo, Mojica era também conhecido pelos inúmeros discípulos, um em especial, sobre quem conheceremos um pouco da carreira. Recentemente, o cineasta guarulhense Rubens Mello, ator e autor de excelentes curtas-metragens encerrou as filmagens e processo de edição de seu primeiro longa, o terrir  “A noite das vampiras”.

O projeto conta com participações ilustres como as atrizes Nicole Puzzi e Débora Munhyz, musas do cinema paulista e estrelas de inúmeras produções famosas, além da atriz, roteirista e escritora Liz Marins Vamp, filha do mestre Mojica, falecido em 2020.

É cediço que a popularização e consumo do cinema nacional fortemente identificado nos anos 60, 70 e início dos anos 80, teve um decréscimo produtivo, inclusive concomitante à extinção da Embrafilme, nos anos 90. Desde então, o cinema brasileiro vem enfrentando dois extremos: vislumbrar-se, numa vertente, as produções com super financiamentos de concepção mais comercial, e de outro lado, um sufocamento à realização independente, tornando cada vez mais difícil fazer arte em terras brasileiras.

Digno de nota que o cinema fantástico e de terror, ainda sobrevive pontualmente, mesmo não revestindo-se de feições massificantes no que tange a distribuição ao grande público, mas permanecendo constante e crescendo cada vez mais em número e visibilidade. É o que se percebe pelos festivais e projetos cinematográficos governamentais ou privados daqueles que ainda ousam deixar a fera criativa da sétima arte se sobrepor às dificuldades práticas.

De forma recorrente, pontua-se que ao artista, além da capacidade criativa, agasalham-se as peculiaridades heroicas da ousadia e coragem. Nesse espaço, conheceremos um pouco sobre a carreira do diretor Rubens Mello e o processo de filmagem do longa que estreia no dia 05 de julho na Cinemateca Brasileira, um dos pontos mais celebrados da cultura nacional, o que, novamente, assimila dupla e inspirada congratulação ao cineasta e equipe.

ENTREVISTA: CONHECENDO O CINEASTA RUBENS MELLO

Compartilhe com os leitores um pouco da sua formação e cultivo da paixão pelo cinema. Como nasceu esse amor pela sétima arte, e, principalmente, o gênero de horror?

Desde pequeno sempre fui ligado no audiovisual. Grande parte da minha infância e juventude, ao contrário dos vizinhos, que brincavam empinando pipa, jogando bola e outras brincadeiras tradicionais para a época, eu sempre me vi sentado em frente à televisão. Assistia de tudo, desde os programas infantis a filmes e séries de aventura. 

Mas o cinema fantástico entrou em minha vida, quando, aos cinco anos de idade, assisti ao pé da escada o filme que meus pais assistiam: “O Fantasma da Ópera”, a versão de 1925 – com Lon Chaney. O contraste entre a luz e as sombras me assombrou por tempos, nas imagens oníricas que o filme proporcionou, e que ficarão imersas em meu subconsciente. O amor pelo fantástico se concretizou com “King Kong”, a versão original, de 1933. Imbatível até nos dias de hoje.

Sabemos que além de discípulo do saudoso José Mojica Marins, você foi cotado para ser o substituto do mestre, e com ele desenvolveu uma relação próxima. Conte-nos um pouco a respeito.

Minha avó morava próximo à “sinagoga” do Mojica, localizada no bairro do Brás.  Era inevitável cruzar com o “Zé do Caixão” quando íamos visitá-la. Eu, uma criança de colo com uns três anos de idade, acredito, morria de medo ao ver aquela figura de negro com unhas enormes.

Com o passar do tempo, desenvolvi o hábito de acordar de madrugada, para assistir filmes de terror na televisão, cuja programação vinha numa cessão dedicada a filmes de terror, nos jornais distribuídos no bairro, e assim, descobri os filmes do “Zé do Caixão”. 

Em 1998, descobri, por acaso, que  o Mojica procurava um ator que interpretasse o personagem “Zé do Caixão” no filme que encerraria sua trilogia, o “Encarnação do Demônio”, que originalmente, se passaria na época dos outros anteriores, “À meia-noite Levarei sua alma” e “Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver”.

O filme  acabou sendo produzido pela Gullane Filmes e Olhos de Cão, que queriam o Mojica como o personagem, sendo a história alterada para 40 anos depois dos eventos dos dois primeiros filmes.  Mas acabamos por criar uma relação de amizade incrível, e sempre colaboramos um com o outro em diversos projetos. Vivia ao seu lado em momentos cotidianos. Íamos ao mercado, jogávamos na loteria, assistíamos filmes juntos, fazíamos sonhos e planos e por aí vai. Até fui cobaia de seus experimentos culinários (risos).  São momentos que levarei para sempre com muito carinho.

Como você enveredou ao mundo do cinema?

Antes mesmo de conhecer o Mojica, eu já escrevia histórias e gravava os diálogos com amigos e vizinhos. Meu pai havia construído para mim uma caixa que eu chamava de “Lanterna Mágica”, que era uma caixa de madeira com o fundo recortado e uma peça de vidro transparente era colocada no espaço.  Dentro da caixa tinha duas manivelas e três lâmpadas, uma azul (para noite) uma branca/amarelada (para dia) e uma vermelha (para momentos tensos).  Na manivela inferior, eu colocava enrolado um rolo de desenhos colados sequencialmente, contando uma história, como um quadrinho sem balão de texto, pois os diálogos, como disse, eram gravados e sonorizados. 

Aos 16 anos, meu pai ganhou numa rifa um projetor e uma câmera de super 8. A câmera não funcionava, mas o projetor sim. Tenho guardado até hoje uma versão do “Drácula”(a versão de 1979) em película.  Depois, acabei ganhando uma câmera VHS.

Em meados de 2004, se não me falha a memória, a Liz Marins, filha do Mojica, que tinha um estúdio próximo à Paulista.  Nos reuníamos muito lá para assistir filmes, tomar vinho, fumar narguilé e fomentar arte e cultura.

Numa destas ocasiões, tinha exibido meu média metragem ‘Lâmia Vampiro”, e a Liz veio conversar comigo. Ela elogiou o filme, elogiou minha criatividade, mas também disse que eu tinha capacidade de fazer melhor, com enquadramentos etc. etc… ela me contou depois que ficou apreensiva sobre seu comentário, pois eu poderia interpretar mal o conselho dado.

Mas, ao contrário, entendi o que ela havia dito e guardei no coração e agradeço por tudo, pois logo após essa produção, produzi o curta que me deu 4 prêmios- “A História de Lia”. Inclusive, gravamos uma cena no estúdio dela.   Liz é para mim uma irmã e também minha madrinha no audiovisual. Tudo que sei e que faço, aprendi observando o Mojica e ouvindo os conselhos da Liz, minha maior incentivadora e apoiadora.

Minha saúde é muito frágil. Sou transplantado há 30 anos, e constantemente estou em hospitais por conta da baixa imunidade e doenças oportunistas, além de que, em decorrência da medicação que tenho que tomar, trouxe vários efeitos colaterais…e em todos os momentos, bons e ruins, ela esteve e está ao meu lado. 

Em  2002  dediquei parte da vida participando de filmes publicitários, participei de alguns curtas e longas metragens como “Carandiru’, ‘Meninos de Kichute’, “Encarnação do Dêmonio”. Sigo escrevendo e produzindo minhas histórias, tendo minha formação também como ator e locutor.

Quais as dificuldades principais em filmar no Brasil, e como se constrói as etapas de confecção de um longa-metragem?

O Brasil é um país complexo. Produzir arte-cultura não é tarefa fácil. Os instrumentos que possuímos, (editais e leis de incentivo) não são de fácil acesso e, geralmente, sempre ganham as “mesmas cartas marcadas”, mas toda regra tem exceção!

Meus filmes são produzidos de forma independente, ou seja, conto com apoio cultural, e todo o resto sai de meu bolso.  Já tentei duas vezes fazer essas plataformas de apoio e arrecadações virtuais e  por meio de vaquinhas, mas os apoios sempre foram poucos. Desisti!

A solução era: ou põe a mão bolso, ou não faz.   Ai, entra um grande exemplo que é do próprio Mojica, que vendeu até suas coisas pessoais para realizar o “À Meia Noite Levarei sua Alma”. E foi assim que realizei meu primeiro longa – “A Noite das Vampiras”, que tem sua estreia no dia 05/7 na Cinemateca Brasileira.

As etapas de produção  consistem em:

  1. Argumento/roteiro
  2. Pré-Produção
  3. Cronograma/orçamento
  4. Equipe/elenco
  5. Ensaios
  6. Estética
  7. Decupagem
  8. Filmagem/produção
  9. Montagem/Pós-produção
  10. Festivais/distribuição

A despeito de termos no Brasil grandes representantes do “Terrir”, união de horror a “pitadas” cômicas, a exemplo do cineasta Ivan Cardoso, tal vertente do cinema havia sido negligenciado nas últimas décadas, o que lhe inspirou a conceber o longa “A Noite das Vampiras” como uma releitura do gênero?

Antes de nos isolarmos por conta da pandemia, estávamos gravando, em fevereiro de 2020, o que seria meu primeiro longa, o filme “O Aniversário”

Estávamos na sexta diária e tivemos que interromper para ficarmos em quarentena.   No início de 2021, escrevi “A Noite das Vampiras”, inspirado por um curta que editei para a amiga Patty Fang, “Os Crimes da Rua do Arvoredo”. A ideia era fazer algo descontraído, um típico filme B, mas acho que derrubei fermento acidentalmente e o projeto cresceu, (risos).

Não quis retornar ao “O Aniversario”, pois a temática era pesada e cheio de temas tabus. Havia perdido muitos amigos, inclusive meu guitarrista. Então, queria algo leve, queria rir, descontrair, estar perto de pessoas que amo e me fazem bem.  Já tinha pensado em Debora Munhyz e Liz Marins “Liz Vamp”, e, numa conversa com a Debora, especulei sobre a possibilidade da Nicole Puzzi topar.  E que presente foi ela ter dito sim.   Hoje ela mora no meu coração e faz parte da minha vida. Sou só agradecimentos.

É impossível não relacionar o filme ao Ivan Cardoso –  Mestre do Terrir Nacional – até porque a Nicole já tinha trabalhado com ele no longa “As Sete Vampiras”.

Como você vislumbra o cenário atual do cinema brasileiro fantástico, e existe ainda espaço para os amantes da arte se aventurarem no processo de movie making?

Segundo Carlos Primatti, mestre no horror Brasileiro, cenário atual é a época mais prolífica em quantidade, qualidade e diversidade de propostas do horror no cinema brasileiro ao longo de toda a trajetória do gênero nas telas, desde o surgimento de Zé do Caixão, na metade dos anos 1960, passando pelo experimentalismo udigrúdi, o horror existencialista, o Cinema da Boca, de horror e as comédias e paródias de terror dos anos 1970 e 80, bem como o Cinema da Retomada, dos anos 1990 e 2000.

Atualmente, o cinema nacional circula mais que nunca fora do país. A disponibilidade de filmes em diversos formatos – e principalmente formatos digitais – aumentou bastante nos últimos anos, não apenas em festivais e mostras, mas também em locadoras e serviços de streaming.

Portanto, o espaço para novas produções existe e está acessível à produções que tenham um mínimo de qualidade.

Sabemos que, além de ator e cineasta, também é músico. Quais são seus futuros projetos artísticos, seja no cinema ou em outras veredas criativas?

Penso em retomar “O Aniversário”, também já tenho o argumento para “A Volta das Vampiras” e um sonho que é realizar “O Asema”, meu primeiro roteiro para longa, mas de difícil realização por conta de efeitos e maquiagens. “O Asema – Quando a Noite Chega” é um filme caro.

Também compus algumas canções e estou louco de vontade de entrar um estúdio para tirar do papel.

A Noite das Vampiras (2023)

Estreia: Dia 05/07/2023, na Cinemateca brasileira.

Endereço: Largo Sen. Raul Cardoso, 207 – Vila Clementino, São Paulo – SP, 04021-070

Os ingressos poderão ser retirados com uma hora de antecedência.

Sinopse:
Justine, uma famosa atriz de TV, criada por pais adotivos, é convidada para conhecer sua família biológica. O encontro se dá às vésperas de uma festa, que acontece anualmente, para celebrar o sucesso do açougue gerido pela sua família.  Mas, o que era para ser apenas uma reaproximação com sua verdadeira família, se torna algo sinistro, onde coisas absurdas acontecem, levando Justine a conhecer o verdadeiro segredo do sucesso dos negócios da família.

Elenco:

Debora Munhyz – Lenôra

Nicole Puzzi – Alecsandra

Liz Marins – Caterina

Alice Tarsitano – Justine

Marcio Farias – Eduardo

Petter Baiestorf – Dr. Hellstilingue

Cleiner Micceno – Astolfo Margarino

Dominique Brand – Marcela

Larissa Brito – Camila

Morgana Loren

Asteroides Trio

Equipe Técnica:

Direção e roteiro – Rubens Mello

Assistente Direção – André Okuma/Cleiner Miceno

Direção de Arte -André Okuma

Figurinos – Reiko Otake e Mayumi Otake (OTAKE-UP)

Fotografia – Nelson Simplício e Wesley Gabriel

Produção e produção executiva – Paulo Aros

Coprodução – Rubens Mello

Direção de Produção: Albino Ventura 

Produção DE SET – Filipe Fritos 

Assistente Produção – José Lino Silva

Som Direto – Guilherme Andrade

Gaffer – Filipe Fritos

TRILHA Kalau Franco

Efeitos Práticos – Estúdio Marítimo e Rubens Mello

MAQUIAGEM FX –  Willyam Ferrari, Ales de Lara e Karen Furbino

MAQUIAGEM – Reiko e Mayumi Otake

ANIMAÇÃO –Vinícius Martins

Stopmotion – Moises Pantolfi

Marcus Hemerly
marcushemerly@gmail.com

WhatsApp: 28/99994-1202

Voltar: http://www.jornalrol.com.br




Entrevista com escritor e palestrante Michael Winetzki

Celso Ricardo entrevista o escritor e palestrante Michael Winetzki que está lançando o seu novo livro intitulado “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”

“Michael é um palestrante experiente e exerceu cargos de liderança em empresas de tecnologia, além de ter se dedicado ao estudo da maçonaria e história após sua aposentadoria. Seu livro mais recente, “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”, foi inspirado em técnicas aprendidas durante o curso na USP e tem como objetivo compartilhar sua experiência e ensinamentos para ajudar outros oradores a aprimorarem suas palestras.

Bem-vindos a mais uma entrevista da série “Entrevistas ROLianas”! Hoje, temos o prazer de receber o renomado escritor Michael Winetzki (https://www.michaelwinetzki.com.br), que está lançando seu mais novo livro intitulado “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”. Além de escritor, Michael é historiador e palestrante, trazendo consigo uma vasta experiência como executivo de empresas de alta tecnologia médica, especialmente na área de telemedicina, sendo um dos pioneiros no Brasil.

Atualmente, Michael é diretor comercial da trading Brasil Global Importação e Exportação e também presta consultoria a pequenas e médias empresas. Sua trajetória na Maçonaria iniciou-se em 1981, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na Loja Maçônica “Estrela do Sul” n° 3, alcançando o grau 33° do filosofismo em 1989. Além disso, é membro da Loja Maçônica “Tríplice Aliança” n. 341 de Mongaguá-SP, vinculada à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo. Ele também faz parte do Rotary Club do Distrito 4420.

Ao longo dos últimos 15 anos, Michael tem se dedicado a palestras beneficentes gratuitas em todo o Brasil, arrecadando mais de 200 toneladas de alimentos, 800 cobertores e uma infinidade de agasalhos e material escolar para doação. Como autor, ele já lançou sete livros, sendo coautor de um manual de comércio exterior editado pela USP.

Além de suas realizações profissionais, Michael é um homem de família, tendo cinco filhos, doze netos e três bisnetos espalhados pelo Brasil. Quando não está viajando com sua esposa Alice para realizar palestras, ele desfruta do convívio de seus cinco cachorros em sua casa de praia, localizada em Mongaguá-SP. Vale destacar também sua participação nos volumes II e III da Série Maçons em Reflexão.

Com todas essas conquistas e experiências, estamos ansiosos para mergulhar na mente brilhante de Michael Winetzki e descobrir mais sobre seu novo livro e suas perspectivas únicas. Sejam bem-vindos à entrevista!

Para começarmos nossa conversa, poderia se apresentar e nos contar um pouco sobre você? Quem é o Michael? Conte-nos resumidamente qual é a sua história?

Nasci em Israel em 1950 e meus pais emigraram para o Brasil em 1956. Fui criado em Sorocaba onde me formei em Química Industrial e depois fui cursar Direito na Universidade Católica de Petrópolis. Ainda na Faculdade fui trabalhar na IBM e desde então, por toda a vida, estive na área comercial de empresas de tecnologia até culminar com a presidência da Card Guard Scientific Survival Ltd. de Israel, com a qual implantei telemedicina no Brasil. Também dei consultoria e treinamento de gestão para empresas públicas e privadas. A partir de 2003, aposentado, passei a estudar e escrever sobre vários assuntos, especialmente maçonaria e história.

Como palestrante com um impressionante currículo de centenas de palestras, gostaria de saber onde você adquiriu as técnicas que utiliza em suas oratórias. Qual foi a sua fonte de aprendizado e como você aprimorou suas habilidades ao longo do tempo?

Ainda na Faculdade de Direito fui convidado para ser monitor de turmas de anos anteriores e os estudantes gostavam de minhas aulas. A minha primeira palestra foi 1972 em uma igreja de Juiz de Fora, para um pastor que era colega de Faculdade. Na época o presidente da Casa de Cultura de Petrópolis, Dr. Mário Fonseca, vaticinou que eu viria a ser um bom palestrante. Mas depois de 25 anos de experiencia, achando que sabia tudo sobre falar em público, fiz um curso na USP, que foi um divisor de águas e proporcionou que eu atingisse um novo e elevado patamar.

E falando agora sobre livros, gostaria de saber se este é o seu primeiro trabalho literário ou se você já tem outros livros publicados anteriormente. Se você já tem outros livros, poderia compartilhar um pouco sobre eles, incluindo suas temáticas e onde os leitores podem encontrá-los?

Meu primeiro e segundo livros foram livros técnicos: O guia do Mercosul editado pelo Sebrae de MS e um Manual de Investimentos e transferência de tecnologia editados pelo Sebrae de SP e pela USP.

Meu terceiro livro se intitula “O caminho da felicidade”, uma exegese da Cabalá para o comportamento do homem no dia a dia e já está em 10ª edição com mais de 25.000 livros vendidos. Recebo constantes relatos de leitores que afirmam terem mudado o rumo de sua vida devido aos ensinamentos do livro.

Meu quarto livro, em 4ª edição, foi “O caminho da felicidade nos negócios” onde apresento de maneira leve e bem humorada técnicas de gestão para pequenas e médias empresas, com base na minha própria experiência de mais de quatro décadas de atividade e de 25 anos como diretor de associações comerciais.

O quinto livro “As lições da Arca de Noé, os preceitos para um relacionamento feliz” que apresenta as técnicas melhorar os relacionamentos entre casais, com base nas lições bíblicas da viagem de Noé, metáfora de um casamento, onde os casais embarcam em uma longa viagem sem saber o destino ou o tempo do trajeto na expectativa de um final feliz. Também está em 4ª edição.

Publiquei depois “Uma breve história da maçonaria” em três edições e então “Falando e Convencendo – um manual de oratória e persuasão”

Ainda tenho participação em diversos outros livros editados pelo Grupo Maçons em Reflexão, pela Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, pela Fundação Ubaldino do Amaral, e agora pela CMSB.

Seu novo livro leva o título “Falando e Convencendo – Um manual de oratória e persuasão”. Quais foram as principais motivações e inspirações por trás da criação deste livro?

Como eu disse acima o curso de extensão que fiz na USP me apresentou a técnicas e exercícios que foram determinantes para uma grande melhoria na minha capacidade de expressar ideias e persuadir os ouvintes. Como a professora que me orientou já não está entre nós, decidi, em sua homenagem, compartilhar a minha experiência e os seus ensinamentos para que muitos outros oradores possam elevar o nível de suas palestras.

Qual é a importância da oratória e da persuasão nos dias de hoje? Por que as habilidades de comunicação são tão cruciais?

Falar bem é arte e ciência. Arte quando dom natural das pessoas que nascem com o carisma e extrema facilidade de comunicação. Ciência no sentido de que qualquer pessoa, utilizando as técnicas certas pode apresentar um expressivo desempenho.

Aristóteles ensina que a retórica (a arte da oratória) tem por finalidade convencer, persuadir. Levar o interlocutor a aderir às ideias de que fala através de argumentos plausíveis e verossímeis, embalados numa linda mensagem (eloquência).

José de Alencar, em sua Carta sobre a Confederação dos Tamoios define a palavras como “esse dom celestial que Deus deu ao homem e recusou ao animal, é a mais sublime expressão da natureza: ela revela o poder do Criador e reflete toda a grandeza de sua obra divina…mensageira indivisível da ideia, íris celeste de nosso espírito, ela agita suas asas douradas, murmura no nosso espírito docemente, brinca ligeira e travessa na imaginação, embala-nos em sonhos fagueiros ou nas suaves recordações do passado.”

Quais são os principais elementos que um orador eficaz deve dominar para persuadir e influenciar seu público?

São muitos: o domínio do tema, a extensão do vocabulário, a postura corporal, as técnicas de respiração e impostação vocal, a flexibilidade articulatória, a modulação e entonação e muita coisa mais. Parece complicado, mas não é. O livro ensina tudo isso.

Quais são os principais desafios que as pessoas enfrentam ao tentar melhorar suas habilidades de oratória? Como você aborda esses desafios em seu livro?

Talvez o mais difícil de todos seja redigir o discurso dentro das técnicos e padrões necessárias para uma perfeita transmissão da ideia e para o convencimento (persuasão) dos ouvintes. Outra dificuldade muito comum é a respiração inadequada, sôfrega, que torna incomoda para o ouvinte a audição da palestra.

Você poderia compartilhar algumas técnicas ou estratégias práticas que os leitores podem utilizar para aprimorar sua capacidade de persuadir e convencer os outros?

São muitas, mas alguns exercícios de dicção são divertidos:

O prestidigitador prestativo está prestes a prestar a prestidigitação prodigiosa e prestigiosa.

Outro:

As pedras da pedreira de Pedro Pedreiras são os pedregulhos com que Pedro apedrejou três pobres pretas.

O livro traz muito mais exemplos que favorecem o desenvolvimento da dicção do orador.

Existem diferenças culturais que devemos levar em consideração ao aplicar técnicas de oratória e persuasão? Se sim, como podemos adaptar nossas abordagens para diferentes audiências?

Conhecer a audiência, ou seja, para que se fala, é fundamental no discurso. Não adianta fazer a melhor palestra do mundo em alemão perfeito se a plateia só fala português. Não apenas a linguagem deve ser comum, mas é necessário que os códigos de linguagem entre quem fala e quem ouve sejam iguais para ambos, por exemplo: “Galo massacra o Diabo Rubro no Brinco da Princesa,” só é entendida por um fanático por futebol enquanto “precisamos efetuar um nefrectomia radical” não é entendida por quem não é médico.

Você poderia fornecer alguns exemplos de discursos famosos ou momentos históricos em que a oratória e a persuasão tiveram um impacto significativo?

O Discurso de Gettysburg, de Abraham Lincoln, que foi proferido na cerimônia dedicação do Cemitério Nacional de Gettysburg, na Pensilvânia, em 19 de novembro de 1863.

Provando que, para quem tem o que dizer, dois minutos é tempo suficiente, em apenas 269 palavras, Lincoln invocou os princípios da Declaração de independência e definiu a Guerra Civil como um renascimento da Liberdade criando uma nação igualitária e unificada, em que os poderes dos estados não se sobrepusessem ao “governo do povo, pelo povo, para o povo”.

Estas poucas e inspiradas palavras tornaram-se o mais importante discurso da história dos Estados Unidos e até hoje inspiram os ideais de liberdade e democracia daquele país.

Há 87 anos, os nossos pais deram origem neste continente a uma nova Nação, concebida na Liberdade e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem iguais.

E n c o n t r a m o – n o s a t u a l m e n t e empenhados numa grande guerra civil, pondo à prova se essa Nação, ou qualquer outra Nação assim concebida e consagrada, poderá perdurar. Eis-nos num grande campo de batalha dessa guerra. Eis-nos reunidos para dedicar uma parte desse campo ao derradeiro repouso daqueles que, aqui, deram a sua vida para que essa Nação possa sobreviver. É perfeitamente conveniente e justo que o façamos.

Mas, numa visão mais ampla, não podemos dedicar, não podemos consagrar, não podemos santificar este local. Os valentes homens, vivos e mortos, que aqui combateram já o consagraram, muito além do que nós jamais poderíamos acrescentar ou diminuir com os nossos fracos poderes. O mundo muito pouco atentará, e muito pouco recordará o que aqui dissermos, mas não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram.

Cumpre-nos antes, a nós, os vivos, dedicarmo-nos hoje à obra inacabada até este ponto tão nobremente adiantada pelos que aqui combateram. Antes, cumpre-nos, a nós, os presentes, dedicarmo-nos à importante tarefa que temos pela frente.

Que estes mortos veneráveis nos inspirem maior devoção à causa pela qual deram a última medida transbordante de devoção, que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão, que esta Nação com a graça de Deus venha gerar uma nova Liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desaparecerá da face da terra

Além da prática regular, quais outras atividades ou recursos você recomendaria para aqueles que desejam aprimorar suas habilidades de oratória e persuasão?

Luciano Pavarotti, cujo lindíssimo registro de tenor marcou as últimas décadas, disse em entrevista que, pelo menos dois meses antes de realizar um recital, cuidava de quatro coisas básicas, alimentação, sono, exercícios físicos e cuidados com a voz. Se pretendemos fazer da voz o nosso instrumento de trabalho, temos de tomar os mesmos cuidados.

Quais são suas principais mensagens ou conselhos para os leitores que desejam se tornar comunicadores mais influentes e persuasivos?

Estudar, aprender as técnicas e praticar, praticar, praticar……

Por fim, gostaria de saber onde os leitores podem adquirir o seu livro. Ele está disponível em alguma livraria específica ou pode ser adquirido online?

O livro pode ser adquirido diretamente do autor, com dedicatória, pela e-mail michaelwinetzki@yahoo.com.br ou pelo WhatsApp (61) 98199.5133 pelo valor de R$ 50,00 + correio. O valor do livro, exceto dos custos de sua produção, são destinados à beneficência.

Agradeço imensamente a oportunidade de poder apresentar mais este trabalho aos seus leitores. Gratidão. Paz e benção.

Celso Ricardo de Almeida
celso.ricarto@gmail.com
https://www.facebook.com/celsoricardo.dealmeida
https://www.instagram.com/celsoricardo.dealmeida/

Voltar: https://www.jornalrol.com.br/




Entrevista com a Escritora Verônica Moreira que fala sobre seu novo livro

‘Vekinha em: O Mistério do Coco’ – Uma Aventura Encantadora que Desperta a Curiosidade das Crianças e dos Adultos

Verônica Moreira, escritora e colunista do Jornal Cultural Rol, está prestes a lançar seu mais novo livro intitulado “Vekinha em: O Mistério do Coco”, pela Editora Littera. Diferente de sua obra anterior, “Jardim das Amoreiras”, que é voltada para um público mais amplo, desta vez Verônica aposta no público infantil com as aventuras e indagações da personagem Vekinha que é uma menina muito curiosa e perspicaz que está sempre em busca de respostas lógicas para tudo o que desperta sua curiosidade, fazendo perguntas e desvendando mistérios ao longo da história. Este novo livro promete ser uma leitura envolvente e estimulante para as crianças.

O Jornal Cultural Rol conversou com a autora sobre seu mais novo livro, mas antes de ler sobre o livro tenha um gostinho, uma pequena release de que será o mais novo livro de Verônica Moreira.

“Vekinha em: O Mistério do Coco” é um livro voltado para o público infantil que fala sobre as aventuras da personagem Vekinha na Rua do Sapo. Vekinha é uma menina curiosa que está sempre em busca de descobrir os mistérios da natureza e do mundo ao seu redor. No livro, Vekinha e suas amigas ficam intrigadas com um coco, elas decidem investigar e descobrem segredos surpreendentes sobre o coco e sobre a própria rua. Além do mistério central, o livro também apresenta outras brincadeiras e atividades das crianças da Rua do Sapo, mostrando a importância da amizade, da criatividade e da imaginação na infância. Apesar de ser voltado para o público infantil, “Vekinha Em… O Mistério do Coco” pode ser uma leitura divertida e envolvente para adultos que desejam se reconectar com a inocência e a curiosidade da infância.

Agora que você conheceu um pouco sobre “Vekinha em: O Mistério do Coco”, não perca a oportunidade de mergulhar em uma entrevista exclusiva conduzida pelo colunista do Entrevistas ROLianas, Celso Ricardo de Almeida. Prepare-se para uma leitura envolvente e reveladora, na qual você descobrirá todos os segredos por trás de “Vekinha em: O Mistério do Coco”.

Qual foi a inspiração por trás deste livro?     

O Livro foi inspirado em fatos que ocorreram na minha infância vivida na antiga Rua do Sapo, hoje conhecida como Rua Paulina Miranda. Ali, eu cresci e vivi maior parte da minha vida com minha família. Éramos uma família de sete irmãos, sendo três meninas e quatro meninos. Como eu era uma menina muito curiosa, eu vivia fazendo perguntas a todos, e quem sofria para me dar explicações, na maioria das vezes era minha irmã mais velha, que no meu livro recebeu o nome de Cicinha. Vekinha é a minha personagem e o mistério a ser desvendado é “Como à água foi parar dentro do coco?”. Vekinha quer a todo custo encontrar uma explicação e eu gostaria de ajudá-la contando essa história a todas às crianças, para que me ajudem a encontrar uma resposta mais racional.

Como foi o processo de escrita? Quais foram os maiores desafios?

Por ser um livro para o público infantil, eu decidi, com o auxílio da Editora Littera na pessoa de Beatriz Roffmann, a fazer um livro que às crianças, ao lerem, sintam-se tocadas e que aguce a curiosidade delas, quanto aos mistérios da natureza. Com isso quero que elas se divirtam com a leitura. Por isso usei uma linguagem mais simples que seja de fácil compreensão para nossas crianças. O livro conta com a Historinha do coco e em seguida uma crônica que também remete aos acontecimentos na casa da personagem, na rua do sapo. A ideia da crônica é fazer com que as crianças aprendam sobre respeito, amor e valorização.

Qual é a mensagem principal que você espera transmitir com este livro?

O intuito desse livro é trazer de volta os valores familiares, a importância do contato das crianças com a natureza e com as outras pessoas ao redor. Trazendo a reflexão a importância das brincadeiras, que hoje em dia foram trocadas por uma tela de celular, como amarelinha, pique-esconde e bandeirinha, ciranda e principalmente, o calor humano que está cada dia mais distante do nosso cotidiano e dos nossos filhos.

Como você escolheu os personagens? Eles são baseados em pessoas reais ou completamente fictícios?

Todas as personagens do livro são pessoas reais, que fizeram parte da minha infância na Rua do Sapo. Sr. Zé da vendinha, Ernestina à vizinha, Chiquinho o padeiro e Miraldo leiteiro, bem como os personagens que compõem toda família da Vekinha. Não foi difícil escolher os personagens. Apenas o nome da personagem principal Vekinha, que sou eu, porque eu queria um nome ou apelido que mais se aproximasse do meu nome Verônica.

Como você espera que os leitores se conectem com a história e os personagens?

Eu acredito que todos nós, em algum momento da infância, conviveu ou tem lembranças de pessoas e fatos que marcaram a infância; uma vizinha que era mais ligada à família; uma vendinha perto de casa, o homem que entregava o pão e os amiguinhos de infância que hoje se tornaram um adultos. Eu creio que o livro não irá aguçar apenas a curiosidade e incentivar a leitura das crianças, mas muitos adultos irão divertir-se lendo essas histórias.

Quais foram as suas maiores influências literárias ao escrever este livro?

Minha maior influência literária em se tratando de livros infantojuvenil, sempre foi, e é, a escritora caratinguense Marilene Godinho e o amado por todos, Ziraldo Alves Pinto, o criador do personagem mais amado da história; “O Menino Maluquinho”.

Como foi o processo de edição e revisão do livro?

Foi um momento bem tranquilo, por ter confiança no trabalho da Editora Littera. Gostei bastante da ilustração, da capa, da diagramação e tudo que compôs esse novo livro, que só foi possível publicar esse ano porque recebi uma proposta da Editora na pessoa de Beatriz Hoffmann a quem devo muita gratidão por seu empenho e carinho com o meu trabalho.

O que você espera que os leitores sintam ao ler este livro?

Espero que todos que lerem, revivam o melhor da infância, que é sem dúvidas, a fase da vida que deixa saudades e belas recordações.

Quais são seus planos para a carreira literária? Há outros projetos em andamento?

No momento, estou me dedicando ao livro Vekinha, mas pretendo continuar a escrever poesias, participar de coletâneas e organizar outros projetos com os amigos parceiros. E para os leitores da Vekinha; saibam que a história não para por aqui, teremos muitos outros livros com histórias reais da personagem Vekinha, afinal, eu ainda tenho muita história para contar pra vocês, e tem novidades vindo por aí! A Vekinha já foi convidada para participar de desenho animado. Aguardem!

Você tem algum conselho para escritores aspirantes que estão tentando publicar seu primeiro livro?

A primeira coisa a fazer realmente é procurar uma boa editora e jamais desistir daquilo que sonha em fazer. Um trecho do texto de Augusto Cury que se encontra na orelha do meu primeiro livro que é: “Jardim das Amoreiras”, diz o seguinte:

“Desejo que você

Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la.

Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.

Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo.

Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la.

Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência.

Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina,

Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas.

Seja um debatedor de ideias. Lute pelo que você ama.”

Descubra o fascinante mundo de “Vekinha em: O Mistério do Coco” com apenas um clique! Garanta agora mesmo o seu exemplar através do link abaixo e mergulhe nessa envolvente aventura cheia de mistério e diversão. Não perca tempo, aproveite essa oportunidade e adquira o livro que vai encantar pessoas de todas as idades!

Adquira aqui o livro “Vekinha em: O Mistério do Coco” https://shopee.com.br/product/925803649/23839586129/

Voltar: http://www.jornalrol.com.br




Celso Ricardo de Almeida entrevista o colunista do ROL Marcelo Augusto Paiva Pereira

“Escrever faz parte de qualquer atividade profissional. Em umas influi mais, noutras menos, mas há sempre algum vínculo entre escrever e a outra atividade. Muitas vezes fazemos uso da escrita para abordarmos correntes artísticas ou arquitetônicas com o escopo de desenvolver o conhecimento na mencionada carreira profissional”.



Marcelo Augusto Paiva Pereira, natural de São Paulo/SP e residente em Votorantim/SP, é arquiteto, urbanista,  autor  do livro de poesias ‘Tinta & Papel’ (Editora Dialética) e colunista do  Jornal Cultural ROL desde 2014, tendo participado em abril desde ano da laive comemorativa dos  29 anos do ROL, na condição de colunista mais antigo do jornal.

1) Como você começou sua carreira como escritor e poeta?

Aos 19 anos escrevi minha primeira poesia, intitulada ‘Intimamente’, na forma de soneto. A carreira de escritor é mais recente, aconteceu por acaso, após ter reunido várias poesias, crônicas e contos que escrevi há alguns anos e estavam espalhados nos arquivos do meu laptop.

2) Qual foi a inspiração por trás do seu livro de poesias ‘Tinta & Papel’?

Foi o conjunto de poesias, poemas, contos e crônicas que reuni há algum tempo. Verifiquei que a quantidade era suficiente para publicar um livro de bolso, pequeno, de rápida leitura a qualquer pessoa.

3) Como é ser um colunista do Jornal Cultural ROL? Quais são os principais temas que você aborda em sua coluna?

É estar compromissado com o propósito do jornal, que é divulgar a cultura a qualquer pessoa. Deve atravessar todas as barreiras, reais e virtuais, porque a cultura não tem limites. Os principais temas são sobre arquitetura e urbanismo, além de outros.

4) Como foi participar da laive de 29 anos do Jornal Cultural ROL? Poderia compartilhar alguma experiência memorável desse evento?

Foi ótimo, reuniu vários membros do jornal os quais formaram uma ‘grande família virtual’, ocasião em que expusemos nossas opiniões, sentimentos e perspectivas para a continuidade do jornal. Fomos unânimes em acolher a cultura como objeto de nossos temas, tanto na forma de crônicas, entrevistas, reportagens, artigos, poemas e poesias.

5) Além de escrever, você também trabalha como arquiteto e urbanista. Como você concilia essas duas paixões? Elas se influenciam mutuamente?

Escrever faz parte de qualquer atividade profissional. Em umas influi mais, noutras menos, mas há sempre algum vínculo entre escrever e a outra atividade. Muitas vezes fazemos uso da escrita para abordarmos correntes artísticas ou arquitetônicas com o escopo de desenvolver o conhecimento na mencionada carreira profissional.

6) Quais são seus planos futuros como escritor? Você está trabalhando em algum novo projeto literário?

Pretendo desenvolver esse viés literário, mesmo com publicações modestas. É uma atividade que me agrada porque é um meio de difundir a cultura e o conhecimento a muitas pessoas. Sim, terminei recentemente mais uma obra, no estilo da anterior, com poesias, poemas, crônicas e contos.

7) Como você começou sua trajetória como colunista do Jornal Cultural ROL? O que o motivou a se juntar à equipe?

Foi ao acaso. Em novembro de 2014 encontrei-me com o Hélio Rubens no shopping center de Itapetininga e ele me convidou para escrever no jornal dele – o ROL – o qual somente publicava matérias de cunho cultural. Meu primeiro artigo chamava-se ‘Megacidades: desafio para o futuro’ e foi  publicado em janeiro de 2015. Motivou-me o espaço de liberdade dado para a publicação de textos que concorram para a difusão da cultura. Fundamental.

8) Quais são os principais temas que você aborda em sua coluna no jornal? Existe algum assunto que seja particularmente importante para você?

Os temas que mais abordo são de arquitetura e urbanismo, mas também fatos históricos, os quais devem sempre ser lembrados para que nunca esqueçamos que existimos como somos porque nossa espécie passou pelos mais diversos percalços que a História registrou. A História é importante para mim.

9) Quais são os desafios e as recompensas de ser um colunista? Existe alguma experiência ou artigo específica que tenha sido especialmente marcante para você?

Os desafios são estar sempre conectado com o passado e o presente, com vistas para o futuro. Apesar de não se ter bola de cristal, podemos presumir como serão os anos (ou séculos) vindouros. Difícil responder, por serem muitas as colunas interessantes, devido à diversidade de autores e assuntos. De qualquer modo minha experiência como membro e colunista do aludido jornal tem sido gratificante.

10) Como você vê o papel do jornalismo cultural na sociedade contemporânea? Qual a importância desse tipo de mídia para promover a cultura e as artes?

O papel do jornalismo cultural ainda é tratado de seletivo, ‘nicho’ destinado aos intelectuais, ainda que não seja esse o papel do referido jornalismo. Ele é muito mais, tem o escopo de atingir toda a sociedade. É fundamental para promover a cultura e as artes, por ser o meio mais rápido de transmissão de informações, inclusive visuais, sejam elas culturais ou não.

11) Além de escrever para o Jornal Cultural ROL, você está envolvido em outros projetos relacionados à divulgação cultural? Se sim, poderia compartilhar um pouco sobre eles?

Por enquanto não. Tenho limitado minha vida cultural aos meus artigos, ao livro que publiquei e ao próximo a ser lançado, ainda sem previsão de data.

12) Como é o feedback dos leitores em relação seus textos? Você recebe muitas interações e comentários dos leitores?

Não tenho recebido respostas dos leitores. Mas, independentemente de qualquer opinião, melhor é a divulgação do conhecimento para qualquer pessoa. É salutar essa expansão, na medida do alcance da internet e na razão de cada publicação, seja minha ou de outrem.

13) Que conselhos você daria para aqueles que desejam se tornar colunistas ou jornalistas culturais? Quais habilidades e conhecimentos são essenciais nessa área?

Tem que estudar muito, inclusive sobre fatos históricos e ter muito conhecimento de redação e regras gramaticais. Quem se propõem a difundir a cultura tem que dar o exemplo aos leitores e leitoras e deverá ter escrita muito bem elaborada, sem erros nem palavras ‘chulas’ ou impróprias para a finalidade a que destinam o jornal e as matérias (a serem) publicadas. Ler obras de Machado de Assis, Eça de Queiroz e José de Alencar são apropriadas ao conhecimento do nosso idioma, além de aguçar a criatividade. Quem propõe – ou escreve – sobre cultura tem a obrigação de tê-la. Não pode fingir que a tem.