A Doença do Suor – uma Epidemia Esquecida

Embora não fosse tão mortal quanto a Peste Negra, que matou 60% da população européia no século 14, a Doença do Suor era temida pela velocidade com que atacava suas vítimas

A pandemia de Covid-19 fez a humanidade olhar para trás e refletir sobre situações semelhantes do passado, como a Gripe Espanhola de 1918 ou a Peste Negra da Idade Média. Mas há uma epidemia no passado que tende a ser esquecida: a misteriosa Sudor Anglicus, conhecida como Doença do Suor inglesa (ou apenas o Suor).

Houve algumas ondas mortais da Doença do Suor entre 1485 e 1551. Estavam localizadas principalmente na Inglaterra, mas uma onda severa em 1528 viajou para a Alemanha e depois se espalhou pela costa do Báltico, Escandinávia e Rússia. O último surto documentado aconteceu em 1551, e parece que a doença desapareceu tão misteriosamente quanto surgiu. Se até hoje, historiadores e especialistas em saúde não sabem ao certo o que causou essa epidemia, você pode imaginar o nível de perplexidade e preocupação dos pobres médicos renascentistas.

Embora não fosse tão mortal quanto a Peste Negra, que matou 60% da população européia no século 14, a Doença do Suor era temida pela velocidade com que atacava suas vítimas. Muitos pacientes morriam dentro de 18 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas. Somente aqueles que sobreviviam às primeiras 24 horas chegavam à recuperação total.

O grande temor da elite

A doença começava abruptamente com febre, dores extremas no pescoço e ombros, dor abdominal e vômitos. Esse estágio durava de meia hora a três horas. Seguia-se então uma febre intensa. Esse estágio incluía sede e sudorese tão profusos que deram o nome à doença. Os estágios finais eram caracterizados por delírio, falta de ar, culminando com dor no peito e pulso rápido. Finalmente, as vítimas, agonizantes, desmaiavam e adormeciam para nunca mais acordar.

O aspecto interessante da Doença do Suor é que ela era mais comum entre os ricos e a classe alta. Duques, bispos, prefeitos e até a família real foram suas vítimas. Dizem que Ana Bolena, então amante e depois esposa do rei Henrique VIII, contraiu a doença e sobreviveu, e a curiosa morte de Arthur Tudor, filho do rei Henrique VII, também foi atribuída ao Suor. As taxas de mortalidade também foram altas entre os clérigos, pois a doença se espalhou como fogo nos mosteiros.

Essa epidemia deixou um homem particularmente alarmado. Uma das características menos conhecidas do rei Henrique VIII é que ele foi um dos maiores hipocondríacos a sentar-se no trono britânico. Ele ordenou que os médicos da realeza o examinassem minuciosamente diariamente, e quaisquer sinais de doença na corte o deixavam em pânico. Durante o surto de 1528, o rei fugiu de Londres e pulou de um esconderijo para outro, nunca passando mais do que duas noites em cada cama. Quando soube que sua amada Ana estava doente com o suor, o rei em quarentena enviou seu segundo melhor médico, William Butts, com uma carta de amor.

Especulações modernas sobre as origens da doença do suor

Pesquisadores médicos têm comparado os relatórios daquela época sobre a Doença do Suor com a epidemiologia moderna, na tentativa de entender as origens da doença. Em 2013, pesquisadores do Hospital Militar Queen Astrid, em Bruxelas, publicaram sua revisão na revista Viruses.

Uma de suas teorias é que a doença do suor foi causada por um hantavírus desconhecido, um tipo de vírus transmitido por ratos, camundongos e outros roedores. Não apresenta nenhum sinal de doença nos animais, mas pode causar infecção pulmonar fatal em humanos. A manifestação clínica do Suor possui semelhanças significativas com a síndrome pulmonar do hantavírus (HPS), uma doença moderna, cujo último surto foi visto em 2019 no Panamá. No entanto, nem todos os detalhes coincidem. As variedades de hantavírus que causam HPS são das Américas, não da Europa. É tentador imaginar que o Suor era uma doença importada do Novo Mundo, mas a primeira onda ocorreu sete anos antes de Colombo fazer sua descoberta.

Outros culpados podem ter sido a inalação de antraz através da lã ou das mudanças climáticas. Os surtos de doença do suor coincidiram com o início de um período de 300 anos de tendências de resfriamento na Europa, desencadeadas por uma série de erupções vulcânicas na Indonésia.

“É difícil dizer se a Doença do Suor inglesa ocorrerá novamente ou não”, disse o Dr. Paul Heyman, um dos pesquisadores. Esperamos, com certeza, que permaneça apenas como mais um capítulo interessante nos livros de história.

 

A Doença do Suor – uma Epidemia Esquecida. Matéria extraída de Tudo Por E-mail – O que há de interessante.  Editor: Anna Davidson. https://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=15665 >.Acesso em: 14 mai. 2020

 

 

 

 

 

 

 




Marcelo Augusto Paiva Pereira: 'Espaço para a quarentena: uma necessidade sanitária'

Marcelo Augusto Paiva Pereira

Espaço para a quarentena: uma necessidade sanitária

Desde que foi decretada pelos governadores dos Estados-membros do nosso país, a quarentena tem surtido efeitos nem sempre correspondentes ao pretendido isolamento para combater a contaminação das pessoas pelo coronavírus (covid-19).

Muitas delas preferiram sair às ruas por mais vezes do que o necessário e para fins estranhos àqueles admitidos na decretação da quarentena. Retornam aos seus lares carreadas com o agente patogênico, que poderá infectar os demais membros das suas famílias, se não fizerem a adequada higienização individual.

Outras, entretanto, tem seguido as orientações das autoridades públicas e profissionais da saúde e permanecem em suas habitações, isoladas do ambiente social e urbano.

Tais habitações nem sempre são aptas ao conforto e segurança adequados aos moradores contra o isolamento reiteradamente divulgado pelas administrações públicas e meios de comunicação. Assim ocorre nas favelas (ou comunidades) com mais ênfase.

Ao redor do mundo milhões de pessoas vivem em favelas, nas quais as habitações são erguidas com diversos materiais, muitos deles precários e impróprios para a construção, ainda que limitadas a um teto de um só cômodo.

São utilizados pedaços de tijolos, restos de madeira, placas de papelão, compensados, aglomerados, plásticos, telhados com folhas de zinco ou de fibrocimento e outros, ao exercício da criatividade desses habitantes. Outras, todavia, são erguidas com tijolos, por vezes de boa qualidade, mas sem orientação profissional e à mercê da experiência pessoal dos moradores.

Ocupam espaços diminutos, menores do que as normas técnicas e as leis determinam para a realização do conforto mínimo às pessoas. Formam um amálgama de construções sobrepostas e comprimidas umas às outras, desprovidas de iluminação, ventilação, acústica e temperatura internas adequadas ao conforto dos moradores, muitas vezes separadas por ruelas, passagens claustrofóbicas, insalubres e amplificadoras dos mais diversos sons e ruídos.

Além do aspecto material, em várias delas convivem famílias constituídas de muitas pessoas, das quais são comuns haver seis, sete, oito ou mais membros, confinados nessas precárias e impróprias habitações, que não tem espaço suficiente para o distanciamento mínimo entre eles e evitar a contaminação pelo covid-19.

Paralelamente, também eles convivem com inadequadas condições de higiene pessoal e de saneamento básico, os quais criam o ambiente propício à proliferação de outras viroses e enfermidades, em concurso com o covid-19, para reduzir ou eliminar a resistência imunológica, emocional e psicológica de vários desses moradores.

Nessas habitações a ausência do conforto previsto em leis e em normas técnicas favorece a contaminação pelo covid-19, na medida da elevada densidade populacional em espaços diminutos, insalubres e sem saneamento básico. É macabra a realidade desses moradores: ao lado deles convivem impiedosamente a peste e a fome (dois dos quatro cavaleiros do apocalipse).

A falta ou inadequada higienização individual ao se retornar às moradias e o ambiente urbano das favelas (ou comunidades) conspiram contra a quarentena. O sucesso do isolamento depende da permanente higienização e de espaços (minimamente) apropriados ao conforto individual e familiar. Não é a realidade sanitária, espacial e material das habitações nas favelas.

São necessários higienização e espaço para a quarentena, porque ambos são o cerne do conforto (iluminação, ventilação, acústica, temperatura e clima) e da segurança almejada pelas pessoas quando – e enquanto – estiverem recolhidas às suas moradas, no afã de viverem com saúde e bem-estar, tanto individual quanto familiar. Nada a mais.

 

Marcelo Augusto Paiva Pereira

paiva-pereira@bol.com.br

Fonte da ilustração

WWW.BOL.UOL.COM.BR: https://www.bol.uol.com.br/noticias/2020/04/06/em-sp-paraisopolis-ganha-caixas-dagua-mas-nao-tem-agua-em-torneiras.htm. Acessado aos 14.04.2020.

 

 

 

 

 

 

 

 




No Dia Mundial da Saúde, médicos falam sobre o impacto do coronavírus em suas áreas

O Dia Mundial da Saúde é celebrado anualmente em 07 de abril. Essa data coincide com o dia da criação da Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 1948

O Dia Mundial da Saúde é celebrado anualmente em 07 de abril. Essa data coincide com o dia da criação da Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 1948. O objetivo dessa celebração é despertar uma consciência mundial sobre a importância de diversos aspectos da saúde.
Mas, neste ano, a data cai no pico de uma das maiores pandemias da história do mundo. O novo coronavírus Sars-CoV-2 já infectou mais de 1 milhão de pessoas e matou mais de 51 mil em poucos meses. Para comparação, a última pandemia mundial, da gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, matou cerca de 18 mil em um período maior, entre 2009 e 2010, segundo a OMS.
“O cenário atual é de pavor, e até isso precisamos evitar”, afirma o cirurgião plástico Dr. Luís Felipe Maatz, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Maatz, que foi médico emergencista e cirurgião auxiliar na Força Aérea Brasileira, e, como tenente médico, atuou por um ano na Base Aérea de São José dos Campos; compreende o pânico generalizado, mas explica: “o medo intenso pode afetar o sistema imunológico, deixando a pessoa mais vulnerável ao vírus ou mesmo a outras doenças”.
Cirurgia plástica: quais os cuidados neste período

Dr. Luís Felipe Maatz, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, devem ser mantidos os atendimentos de urgência, bem como o acompanhamento de pacientes previamente operados. “Cabe ao especialista determinar quais atendimentos são realmente urgentes e necessários. Assim como em outros países, o cirurgião plástico tem sido realocado para outras áreas de atendimento, suprindo demandas cirúrgicas e clínicas”, diz .

Procedimentos minimamente invasivos podem ser realizados desde que as regras da SBCP sejam seguidas:
– Passar por rigorosa avaliação pré-operatória: investigação sobre possível contato com pessoas em estado gripal ou oriundas de regiões endêmicas
– Criteriosa avaliação clínica e física, ponderando comorbidades e eventuais riscos potenciais (idade, diagnóstico, condição imunológica, entre outros)
– Ser informados sobre a pandemia do coronavírus, seus riscos e sua interação com a cirurgia pretendida
– Obedecer ao rigor na vigilância e informar ao médico qualquer alteração
O Dr. Luís Felipe Maatz reforça ainda a importância dos cuidados no pós-operatório. “Quem passou por uma intervenção cirúrgica recentemente precisa se resguardar para não contrair infecções. Neste período, o organismo passa por um processo chamado ‘resposta endócrino-metabólica ao trauma’. Neste processo, o sistema imunológico está comprometido com a cicatrização da cirurgia. Ou seja, os cuidados devem ser redobrados”, diz Maatz.
Gestação: enfrentando o desconhecido

Dra. Karina Tafner, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução assistida pela FEBRASG

No dia 04 de março, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) publicou um comunicado oficial intitulado “Infecção pelo Coronavírus SARS-CoV-2 em obstetrícia – Enfrentando o desconhecido”. De acordo com a Dra. Karina Tafner, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO; trata-se de um manual com orientações sobre o que fazer no caso de contágio em gestantes e também como se prevenir durante a gravidez.

“Nosso dever é orientar as gestantes de acordo com as evidências científicas disponíveis até este momento”, afirma Karina Tafner. São elas:
– Gestantes não parecem ter maior risco de adquirir a infecção que a população geral. O curso da infecção do novo coronavírus não tem se mostrado mais grave em gestantes. A grande maioria dos casos desta infecção evolui de forma leve (80 a 85%), devendo iniciar as medidas de suporte que consistem em repouso, hidratação via oral, medicação para alívio dos sintomas, conforme cada caso – e isolamento em domicílio
– Devem entrar em contato com seu obstetra de confiança (inicialmente por telefone) caso apresente sintomas como febre, tosse, dificuldade para respirar, congestão nasal ou conjuntival, dificuldade para deglutir, dor de garganta, dores musculares. O profissional irá orientar se há necessidade ou não de buscar o pronto atendimento hospitalar nesses casos. Se a gestante estiver gripada, não deve ir ao consultório sem ligar previamente para o profissional de saúde.
– Gestantes devem buscar atendimento hospitalar para investigação, diagnóstico, isolamento e tratamento apenas em caso de piora do quadro clínico ou sinais de alerta de complicações: febre persistente, queda do estado geral, taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos) ou sinais respiratórios como dor pleurítica (dor no peito), fadiga (cansaço) e dispneia (falta de ar)
“Caso a gestante se configure como caso suspeito ou provável de contaminação pelo coronavírus, seguindo as medidas determinadas pelo Ministério da Saúde, o médico deverá atestar sua condição (CID 10 – B34.2 Infecção por coronavírus de localização não especificada) e indicar seu isolamento domiciliar ou hospitalar por até 14 dias”, informa Karina Tafner.
Meditação: acalma a mente e ajuda a lidar com o momento atual

Vivian Wolff, coach de vida e carreira pelo Integrated Coaching Institute (ICI) e formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC

“Como prática contemplativa e de aquietamento da mente, a meditação oferece tempo para relaxamento e conscientização de nosso estado de maneira focada, oferecendo um maior recurso interno para lidar com o momento em que estamos vivendo, cujos sentidos são muitas vezes alterados e influenciados negativamente. Com a prática, a meditação tem o potencial não somente de proporcionar um alívio temporário do estresse, mas de transformar nossa maneira de interagir com o mundo”, pondera Vivian Wolff, coach de vida e carreira pelo Integrated Coaching Institute (ICI) e formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC.

Pesquisadores do mundo todo e experts em Inteligência Emocional, como Daniel Goleman, defendem a prática do mindfulness como um grande recurso para autogerenciamento, consciência das emoções, redução de estresse, desenvolvimento de empatia e aumento de foco. “O ideal é realizar em aulas, cursos presenciais, onde há troca de experiência, sensações e energia”, diz Vivian.
Mas a coach afirma que a meditação, nesse momento de quarentena, pode ser praticada em casa, inclusive com a ajuda de diversos aplicativos disponíveis atualmente. “O primeiro passo é introduzir minutos de meditação curtos ao longo do dia. Você precisará apenas de um relógio e instalar-se uma posição confortável para este exercício. A posição pode ser sentada em uma almofada com as pernas cruzadas, deitada ou até em pé. A recomendação é tentar meditar no mesmo horário todos os dias, para que comece a se tornar um hábito fácil de incorporar à vida diária”.

Segundo Vivian Wolff, comece devagar, com 5 minutos diários, e vá aumentando gradativamente. “Durante esse tempo, sua tarefa é concentrar toda a sua atenção na sua respiração e nada mais. Repare o ar entrando e saindo. Se você perder o contato com a respiração e se perder no pensamento durante esse tempo, simplesmente perceba a distração e, gentilmente, traga a atenção de volta para a respiração. Repita quantas vezes precisar”, orienta a especialista.

Para finalizar, a orientação dos especialistas é unânime: mantenha a calma, a racionalidade e siga à risca as recomendações das autoridades de saúde. Essas ainda são as maneiras mais efetivas de evitar o contágio e a transmissão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Marcelo Augusto Paiva Pereira: 'Confinamento compulsório'

Marcelo Augusto Paiva Pereira

Confinamento compulsório

A pandemia do coronavírus (covid-19), declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), modificou as condutas individuais e sociais da população, tanto da brasileira quanto da dos outros países.

Beijos e abraços, gestos próximos de carinho ou afeto, afagos e “cafuné”… Todas as manifestações de agrado, afeto ou de maior intimidade ou proximidade foram temporariamente excluídas do contato entre pessoas, inclusive no ambiente familiar.

Os ambientes sociais e de trabalho foram esvaziados pelo temor da contaminação aérea, em que a mera proximidade entre pessoas pode dar causa à proliferação do mencionado agente patogênico.

Somente podem continuar na labuta diária os profissionais de hospitais, postos de saúde, farmácias, supermercados, padarias, postos de combustíveis, casas lotéricas e transportadores de cargas de alimentos, bens farmacêuticos e os de uso hospitalar.

Tais profissionais e estabelecimentos atendem à preservação da saúde pública, fundada no artigo 196 da Constituição Federal. Antes do elemento econômico, fazem parte do espectro da política social de garantir a saúde de todos.

Permanecer em casa por vários dias e semanas seguidas, sem sair ou apenas para ir ao supermercado, à padaria e – de vez em quando – ir ao posto de combustível para abastecer o veículo, é um exercício de temperança assemelhado à paciência de Jó.

A Bíblia Sagrada é fonte de uma ótima leitura, instrui e faz meditar sobre nós, nossas vidas e as circunstâncias que nos acomete ao longo da pandemia e da quarentena (leva-nos ao exercício de introspecção, de exame de nossas almas)…

Ler livros, estudar alguma matéria do curso preparatório pré-vestibular ou da faculdade por ensino à distância são atividades muito proveitosas durante a quarentena. Ajudam a passar o tempo e reduz o tédio causado pela permanência prolongada nas nossas casas, ainda que sejam muito aconchegantes os lares domésticos…

Exercitar os dotes culinários é uma opção inteligente. Reduz as despesas e permite preparar as refeições conforme as preferências de cada pessoa, casal ou família. Quem não sabe cozinhar tem a oportunidade de aprender a fritar bifes, batatas, ovos, cozinhar verduras, legumes, ovos, fazer assados e etc.

Praticar exercícios físicos é, em muitos casos, difícil de ser realizado. Em regra o ambiente doméstico não nos convida a praticá-los porque nele inexistem os equipamentos das academias de ginástica nem o espaço necessário para a realização dos exercícios. É preciso fazer adaptações que nem sempre são proveitosas para o deslinde esportivo. Às vezes teria sido melhor ficar sem exercitar-se do que faze-los inadequadamente…

Para muitos pagar as contas que estão para vencer se tornou um desafio à ciência econômica. É preciso muito malabarismo financeiro, controle extremo das despesas e do consumo e, talvez em alguns casos extremos, jejuar durante à noite e se alimentar apenas no horário do almoço seja uma alternativa necessária…

Viajar se tornou uma expectativa a ser realizada num futuro incerto… Os terminais rodoviários e aeroviários não tem mais circulação de passageiros, não há ônibus nem voos marcados para partir nem para chegar. Pelo redor do mundo vários deles estão fechados e não tem previsão de abrir tão cedo quanto se imagina.

Sair de casa para passear? Não há lugares para ir. Os locais de lazer estão fechados (como os jardins zoológicos, parques de diversão, cinemas, casas noturnas e “shoppins centers”) e as praças públicas tem tão poucas pessoas que ir a elas é uma odisseia, uma aventura por vezes solitária ou, então, arriscada a enfrentar situações periclitantes (algum estuprador, assaltante ou “trombadinha” de plantão, no aguardo de alguma eventual vítima solitária).

Em alguns países, como na Argentina e no Paraguai, quem descumprir a quarentena e sair às ruas comete crime e é autuado em flagrante delito pela polícia. Na Indonésia a situação é mais grave: quem a descumprir e sair às ruas será sumariamente executado pela polícia ou pelo exército.

No Brasil a gravidade da quarentena não atingiu essas medidas. Aqui a quarentena não é compulsória (obrigatória), mas a falta de opções de lazer e a prolongada permanência nas nossas casas são causa da sensação de estarmos em confinamento compulsório. Daí o título deste artigo. Tenhamos todos um paciente confinamento compulsório!!! Nada a mais.

 

Marcelo Augusto Paiva Pereira

paiva-pereira@bol.com.br