‘As Olívias’ faz nova temporada da comédia MULHER, IMAGINA!

Com dramaturgia e direção de Michelle Ferreira, espetáculo metalinguístico retrata grupo de comediantes mulheres que estão criando uma série sobre o universo feminino

Cena do espetáculo 'Mulher, imagina!'
Cena do espetáculo ‘Mulher, Imagina!’ – Crédito: Vitor Vieira

Baixe aqui imagens de divulgação

Em comemoração a seus 18 anos de trajetória, o grupo de humor As Olívias repete mais uma vez a parceria com a autora e diretora Michelle Ferreira na comédia Mulher, Imagina!, que estreou em julho deste ano. Agora, a peça faz nova temporada no Espaço Parlapatões, de 7 a 22 de outubro.

Sobre esse encontro, a atriz e cofundadora do grupo Renata Augusto, comenta: “A Michelle esteve conosco desde sempre. Durante o processo de criação de nosso primeiro trabalho, As Olívias Palitam, convidamos ela e outros amigos da EAD-USP para assistir aos ensaios e opinar.

Ela também escreveu nosso segundo espetáculo, Riso Nervoso, em 2013, que foi dirigido por Hugo Possolo. Somos apaixonadas por ela e por seu trabalho. E ela nos conhece super bem e se conecta com o que queremos dizer”. 

O espetáculo, que traz no elenco Marianna Armellini, Renata Augusto, Sheila Friedhofer e Victor Bittow, é uma paródia da própria trajetória d’As Olívias. Na trama, um grupo de mulheres roteiristas, que já trabalham juntas há muitos anos, tem a missão de, em muito pouco tempo, criar uma série para uma famosa plataforma de streaming sobre o universo feminino. Elas carregam consigo os sucessos, fracassos, alegrias e desgastes de uma longa história.

Para não perder essa grande chance, as Olívias se encontram em uma sala de roteiro e enfrentam um processo caótico, estressante e engraçado de ter uma ideia original para a série, o que traz à tona os conflitos e desejos do próprio grupo. Enquanto isso, elas ainda têm que encaixar nessa história o único homem do coletivo, que vira um objeto de experimentação, se revezando em diversos personagens na imaginação delas.

“Mulher, Imagina! é uma brincadeira de metalinguagem. O que vemos no palco é um espaço de criação. A plateia é convidada a participar do processo desde o ‘brainstorm’ e testemunha as ideias desses artistas se materializarem em cena. Surgem os dilemas: como abordar o dito ‘universo feminino’? Onde está a graça? Qual o limite do humor, ou melhor, como diz a Laerte: qual o seu horizonte?”, revela Marianna Armellini.

A atriz ainda conta que a encenação dialoga com outros elementos visuais o tempo todo. “Esses elementos não só ajudam a plateia a visualizar o que está sendo criado pelas roteiristas, mas também traz referências a séries de TV e à história do próprio grupo (que já teve seu próprio programa de TV). Nos perguntamos: será que tudo já foi feito? É possível ter uma ideia original quando tratamos do “universo feminino”?”, indaga.

Entre as referências pesquisadas pelo grupo durante o processo criativo, estão séries clássicas estrangeiras e brasileiras, como Seinfeld, Friends, The Rehearsal, A Grande Família e Armação Ilimitada, além de outras produções que fizeram sucesso recentemente nos streamings.

A ideia de criar um trabalho que revisitasse a trajetória das Olívias é uma forma de refletir sobre como o fazer humorístico evoluiu dentro do próprio grupo ao longo do tempo. “No começo, nós produzimos inúmeros conteúdos para teatro, internet ou TV, com piadas que hoje consideramos machistas, gordofóbicas etc.

Não achamos que exista tema proibido para se fazer piada, mas a questão é: qual piada queremos fazer? Vamos contribuir para a perpetuação de preconceitos e violências, ou vamos fazer piada sobre quem ainda oprime todo mundo em pleno 2023?”, diz Sheila Friedhofer.

“Essas questões aparecem no espetáculo, inclusive com o reconhecimento de que nós também já fomos machistas. O que mudou é que hoje temos consciência de como as mulheres são tratadas em todos os campos profissionais, e no humor não seria diferente.

No começo de tudo, por exemplo, aceitávamos sem questionar a fatídica pergunta ‘como é que é fazer humor feminino?’, como se o padrão do humor fosse masculino e nós fôssemos um subgênero do humor”, acrescenta.

SOBRE AS OLÍVIAS

Formado nos corredores da Escola de Arte Dramática (EAD / USP) pelas atrizes Marianna Armellini, Renata Augusto, Sheila Friedhofer e pelo ator e diretor Victor Bittow – As Olívias são um grupo de comédia que resolveu transformar em humor seu jeito inusitado de ver o mundo. 

A estreia aconteceu em 2005, com o espetáculo As Olívias Palitam, que fez milhares de espectadores por todo o país ao longo de nove anos em cartaz. O humor do grupo também ganhou espaço na internet e, em 2011, As Olívias estrearam na televisão com um programa semanal no canal Multishow – Olívias na TV – com 4 temporadas exibidas até 2013. 

Em 2013, As Olívias estreiam seu segundo espetáculo teatral, Riso Nervoso, com texto de Michelle Ferreira e direção de Hugo Possolo. Em 2015, em comemoração aos 10 anos do grupo, o texto foi remontado, com direção da autora. Desde 2022, dentro do projeto “Rindo com Elas”, o grupo vem ministrando oficinas de humor gratuitas para mulheres, além de um ciclo de debates sobre a presença feminina no humor brasileiro.

SINOPSE

Depois da saída de uma das integrantes, um grupo de humor composto por três mulheres precisa criar uma série para uma plataforma de streaming sobre o universo feminino. Em conflito com o tema, com a existência do grupo e com a própria comédia, elas têm pouco tempo para ter uma ideia genial. Dentro de uma sala de roteiro onde tudo é permitido, elas dividem com o público as alegrias e as angústias de um processo de criação.

FICHA TÉCNICA

Criação: As Olívias

Dramaturgia e direção: Michelle Ferreira

Elenco: Marianna Armellini, Renata Augusto, Sheila Friedhofer e Victor Bittow

Produção: Gustavo Sanna

Assistente de direção: Maíra de Grandi

Cenário e adereços: Michelle Ferreira

Figurino: Theodoro Cochrane

Iluminação: Laiza Menegassi

Design de som: Eric Budney

Direção audiovisual: Laerte Késsimos

Assistente de produção: Raphael Carvalho

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Projeto contemplado pela 15ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a Cidade de São Paulo.

SERVIÇO

Mulher, Imagina!

Espaço Parlapatões (Praça Franklin Roosevelt, 158 – Consolação)

07 a 22 de outubro: sábados às 20h30 e domingos às 19h. 

* Dia 21/10 haverá uma sessão extra às 17h.

Inteira R$ 40  / Meia R$ 20

Classificação: 14 anos 

Duração: 70 minutos 

Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. 

Voltar: http://www.jornalrol.com.br

Facebook: https://facebook.com/JCulturalRol/




Laia do Teatro estreia peça A Morte e a Donzela, de Ariel Dorfman, uma reflexão sobre as ditaduras militares na América Latina

Com direção de Laerte Mello, espetáculo fica em cartaz no Espaço Parlapatões, de 21 de maio a 26 de junho. Elenco traz Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto

Questionamentos sobre as consequências das ditaduras civil-militares na América Latina são levados à cena pela Laia do Teatro em A Morte e a Donzela, do autor argentino-chileno Ariel Dorfman. O espetáculo, dirigido por Laerte Mello e estrelado por Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto, estreia no dia 21 de maio no Espaço Parlapatões, onde segue em cartaz até 26 de junho.

Escrita em 1990, durante o período de transição para a democracia, logo após o fim da ditadura de Augusto Pinochet, a peça de Dorfman já foi traduzida para mais de 40 idiomas e ganhou uma adaptação cinematográfica bem-sucedida do diretor Roman Polanski em 1994. O autor também é conhecido por denunciar os crimes cometidos nos regimes autoritários latino-americanos em outras obras, como no livro “O Longo Adeus a Pinochet”.

A Morte e a Donzela conta a história de um casal que sofreu na própria pele a repressão no Chile e ainda convive com os fantasmas da tortura, das perdas e do medo. Paulina Salas é uma ex-ativista que foi sequestrada e brutalmente torturada durante o regime militar. E Gerardo é um proeminente advogado e militante dos Direitos Humanos.

Por uma sequência de acasos, Paulina se depara com Roberto Miranda, o homem que ela acredita ser o mais cruel de seus torturadores, dormindo em sua sala de estar. As ações e reações violentas do casal levantam questionamentos profundos sobre a elasticidade dos limites éticos em situações extremas.

O texto ainda trata de questões como a preservação da memória e a reparação de crimes cometidos contra a humanidade e os efeitos provocados pelo regime opressivo para o tecido social. “O grito de Paulina é por respeito às famílias que tiveram parentes desaparecidos, é por uma punição exemplar que desencoraje postulantes a ditadores nos tempos atuais”, reflete o diretor Laerte Mello.

“Infelizmente, a peça dialoga profundamente com o Brasil de hoje. É possível ver a olhos nus nuvens totalitárias no horizonte do povo brasileiro. Basta deslizar o feed de notícias e ler sobre o desejo de parcela da sociedade em ver o retorno do AI-5, ou o fechamento do congresso e do STF, o esforço do Executivo e a celeridade do Legislativo na aprovação de leis que facilitem o acesso às armas, o anseio pela militarização do Estado, o desejo do chefe do executivo e seus apoiadores em celebrar o golpe de 64”, acrescenta.

A encenação se passa toda na casa de Paulina e Gerardo, sobretudo no quarto e na sala de estar, onde dorme o ex-torturador. Esses espaços são retratados de forma minimalista, com poucas peças imprescindíveis para a ação, como uma mesa de jantar para duas pessoas, um aparador e duas cadeiras. As paredes que dividem os ambientes são representadas com armações de madeira como se fossem molduras de quadros.

A trilha sonora conta com músicas do compositor austríaco Franz Schubert, sobretudo o quarteto de cordas nº 14 em ré menor, mais conhecido como “Death and the Maiden”, nome escolhido por Ariel Dorfman como o título original da peça.

Sobre a Laia do Teatro

A Laia do Teatro iniciou sua trajetória em 2020. Diante da necessidade de buscar novas formas de expressão artística que pudessem minimizar distâncias, o grupo partiu para a experimentação em “Só os Pássaros São Livres”, propondo um espetáculo provocativo que convidava o público a (re)pensar o alcance das interações humanas nas redes sociais. O trabalho foi escrito e coordenado por Victor Barreto e inspirado na obra de Eduardo Galeano.

Em novembro de 2021, o grupo realizou a pré-temporada de “A Morte e a Donzela”, de Ariel Dorfman, com quatro apresentações no Teatro Pequeno Ato.

Sinopse

Escrita em 1990, “A Morte e a Donzela” ambienta-se no Chile, durante o período de transição para a democracia, logo após o fim da ditadura de Pinochet.  O texto conta a história de Paulina Salas, uma ex-ativista que foi sequestrada e torturada durante o regime militar, e de Gerardo, advogado proeminente e militante dos Direitos Humanos. Eles são um casal que, alguns anos após o fim da ditadura, ainda convive com os fantasmas da tortura, das perdas e do medo. Por uma sucessão de acasos, Paulina se depara com Roberto Miranda, o homem que ela acredita ser o mais cruel de seus torturadores, dormindo em sua sala de estar. A partir deste ponto as ações e reações violentas de Paulina e Gerardo levantam questionamentos profundos sobre a elasticidade dos limites éticos em situações extremas.

Ficha Técnica

Texto: Ariel Dorfman

Tradução: Laia do Teatro

Direção: Laerte Mello

Assistente de direção: Fernanda Versolato

Elenco: Aline Pimentel, André Barreiros e Victor Barreto

Cenário e iluminação: Laerte Mello

Produção de som: David Bessler

Fotos: Artur Kraimmer

Assistente de produção: Mariana Guerrero e Gabriel Salvino

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Designer/projeto gráfico: Guilherme Cruz