Celso Ricardo de Almeida entrevista o escritor e motociclista Carlos Márcio autor do livro Guia de um Viajante em Duas Rodas

Atendendo ao convite da “Entrevistas ROLianas” e do colunista Celso Ricardo de Almeida, o escritor e motociclista Carlos Márcio contou um pouco de sua vida e sua expedição sobre rodas, tema do livro lançado por ele.

Carlos Márcio de Souza Macedo, nascido em 1968 em Belo Horizonte-MG, é motociclista desde os 12 anos de idade, tendo adquirido sua primeira motocicleta aos 17 anos. Além de pilotar motocicletas como hobby e ser um grande estudioso deste veículo, também foi motociclista profissional como empregado de uma empresa de médio porte. Já possuiu várias motocicletas de marcas, modelos e cilindradas distintas. Atualmente é proprietário de duas motos.

Juiz de Direito por profissão há mais de duas décadas, dedica o tempo de férias para viagens de moto em companhia de sua esposa, Carla Patrícia, também motociclista habilitada. Pilotando uma moto e tendo sua parceira na garupa, passou por 19 Estados do Brasil e em mais três países da América do Sul, sempre partindo de sua residência na cidade de Esmeraldas-MG. Só na garupa de Carlos Márcio, Carla Patrícia já transcorreu mais de 105.000 km.

 

CRA – Para iniciarmos a nossa conversa gostaria de saber como se deu a sua paixão por motocicleta, ela é algo novo, um simples hobby, ou você se dedica de verdade ao motociclismo?

Carlos Márcio – Sou um apaixonado por motocicletas desde criança, porque em minha casa sempre teve motocicletas, já que meu pai é motociclista desde jovem. Adquiri minha primeira motocicleta aos 17 anos de idade. Sempre tive motocicleta. Também fui motociclista profissional, pois trabalhei como motociclista entregador para uma empresa de pequeno porte, em minha juventude.  Atualmente tenho 02 motocicletas e somente utilizo para hobby.

 

CRA – Quando surgiu o desejo de fazer uma viajem desta magnitude, na realidade uma verdadeira expedição?

Carlos Márcio – A partir de 2013 minha esposa Carla Patrícia e eu, ambos apaixonados por motocicleta, começamos a realizar grandes viagens de moto pelo Brasil e pequena parte da América do Sul. Em 2017 recebemos uma comenda, intitulada “Bodes de Aço”, por termos viajado mais de 18.000 km no ano anterior, além de cumprirmos outros requisitos próprios. Foi durante a entrega de tal comenda, que ocorrera na cidade de Canela-RS, que decidimos realizar esta viagem/expedição.

 

CRA – Para que a viagem se concretizasse, teve alguma preparação antecipada ou simplesmente você acordou um dia subiu na moto e foi?

 

Carlos Márcio – Uma grande preparação foi efetivada. Gastei 01 ano para preparar toda a viagem, considerando o roteiro; preparação da motocicleta; contatos com várias pessoas por onde passaria durante o percurso; aquisição de vestimenta própria; além de documentação adequada para trafegar pelos três países vizinhos.

 

CRA – Durante a viagem percebeu alguma reação junto a motoristas, funcionários de hotéis, restaurantes e outros ao perceberem que você estava em uma exploração sobre rodas?

Carlos Márcio – Por todos os lugares que passamos percebemos as reações positivas, e também de espanto, de todos que ficavam sabendo de nossa Exploração Duas Rodas. Em sua totalidade eram reações de carinho e pensamento positivo, para que conseguíssemos nosso intento sem qualquer intercorrência maior. Era muito legal de se ver e sentir!

 

CRA – Como foi a hospitalidade das pessoas que te recepcionaram durante a viagem? Conseguiu perceber alguma diferença entre a hospitalidade brasileira e a dos países Andinos?

Carlos Márcio – Exceto em parte do Chile, conforme conto no livro, a hospitalidade era de primeira qualidade, conforme já mencionei na pergunta anterior. Claro que pelo Brasil, onde pude contatar vários irmãos do mesmo Moto Clube, o MCBDA (Moto Clube Bodes do Asfalto), a hospitalidade era muito acima da média. Também atesto isso no livro. Faço parte de tal Moto Clube desde 2008.

 

CRA – Quais seriam os momentos mais emocionantes durante a viagem? Houve algum trecho que te deixou preocupado?

Carlos Márcio – Toda a viagem foi emocionante! Em todos os km rodado um turbilhão de novos sentimentos surgia em nós. Mas é claro que trafegar por dias pela Cordilheira dos Andes e pelo Deserto do Atacama, além de margear o Oceano Pacífico por centenas de km, são fatos que emocionam por si só.

 

CRA – Quando estava subindo ou descendo a Serra dos Andes, sentiu alguma reação por causa da altitude? Quais foram? E se essas reações chegaram a prejudicar de alguma forma a viagem?

Carlos Márcio – Trafegar pela Cordilheira dos Andes não é tão simples. É preciso estudar previamente por onde passará, o que fiz com afinco. Entretanto, e mesmo assim, tive problema com a altitude quando parti de Cusco para Puno, no Peru. Tive que receber atendimento médico por parte do seguro saúde para viagem. Mas, graças à Deus, não teve maiores consequências e não atrasou a viagem em nada.

 

CRA – Conte-nos, como foi a travessia da Serra dos Andes ou a senhora Majestade?

Carlos Márcio – A travessia pela Cordilheira dos Andes é indescritível! As maravilhas que se encontra quando trafegamos pela Cordilheira são obras divinas que nos encantam a todo instante. Foi durante a travessia que passamos pelos pontos de maior altitude de nossa viagem. A beleza do local, que mescla o verde com o branco, contagia o viajante.

 

CRA – Durante a viajem você atravessou climas extremos, hora muito frio, outras o calor, como foi a sua adaptação a isso tudo?

Carlos Márcio – Como preparamos a viagem durante um ano, sabíamos que encontraríamos temperatura próxima de 40ºc no Brasil (Rondônia e Acre), além de temperatura negativa, cerca de -10ºc na Cordilheira e no Deserto do Atacama, e foi exatamente o que ocorreu. Por causa da preparação e das roupas adquiridas, passamos bem pelas diferenças de temperaturas.

 

CRA – Como você descreveria a emoção quando chegou a Machu Picchu e deu por concretizada a sua missão?

Carlos Márcio – De fato, a realização de um sonho é uma sensação sem igual. Carla Patrícia e eu comemoramos muitíssimo o objetivo alcançado. Na verdade, até custamos a acreditar que estávamos ali! Lembro-me que quando estávamos dentro do Trem a caminho de Machu Picchu deu um friozinho na barriga. Foi muito bom mesmo. Lembro como se fosse hoje!

 

CRA – Durante a expedição houve dias “livres”? E o que você faziam?

Carlos Márcio – Sim, programamos para que tivéssemos alguns dias livres para aproveitarmos ainda mais as belezas de determinados lugares. Deu certo e assim o fizemos. Foi perfeito, inclusive para recarregar as baterias de todos nós, visitando lugares turísticos e nos deliciando com apresentações e comidas típicas da região. Sensacional.

 

CRA – Detalhe como era a sua rotina diária durante a viagem, que horas, normalmente acordavam, quanto tempo viajava, faziam algum exercício, enfim qual era a rotina estabelecida?

Carlos Márcio – Realmente é preciso ter certa rotina para realizar uma viagem desta envergadura. Foram 26 dias viajando de motocicleta. Assim, acordávamos às 06h e partíamos às 07h, após o café e depois de realizarmos vários alongamentos próprios. Em regra, viajávamos por volta de 600km por dia, sendo certo que o menor percurso fora de pouco mais de 300km e o maior fora de 710km.

 

CRA – Para sentirmos um gostinho da viagem, faça, por gentileza, um resumo geral de como foi à viagem, o local do início, onde passou e onde terminou? 

Carlos Márcio – Iniciamos a viagem no município de Esmeraldas/MG/Brasil, onde terminamos após 26 dias de aventuras e desafios. Partirmos sentido Triângulo Mineiro em pleno inverno, indo até à divisa entre Brasil-Peru, no Estado do Acre. Já no Peru trafegamos pela Cordilheira dos Andes, indo até Machu Picchu e Vale Sagrado. Após fomos para o Chile, ainda trafegando pela mesma Cordilheira, que nos acompanharia até à divisa com a Argentina. Trafegamos pelo Deserto do Atacama, conhecendo a pitoresca cidade de São Pedro de Atacama, no Chile, além de trafegarmos ao lado do Oceano Pacífico por centenas de km. Entramos na Argentina pelo norte do País, Pela Reserva Nacional Los Flamencos, indo até a Fronteira de Iguazu, na divisa com o Brasil, em Foz do Iguaçu. De lá para casa.

 

CRA – Você notou alguma diferença (sinalização, tamanho, asfalto etc.) entre as estradas do Brasil e a dos outros países que passou? 

Carlos Márcio – Encontramos muita semelhança em tudo. Isso facilitou o tráfego. Percebemos que assim como no nosso Brasil, Peru, Chile e Argentina têm tanto estradas excelentes como péssimas, sendo que aquelas que são pedagiadas são sempre melhores.

 

CRA – Você está lançando um livro que fala justamente sobre a sua experiência durante esta expedição, e no livro você retrata de forma fidedigna a viagem e as aventuras realizadas, qual é o objetivo do livro?

Carlos Márcio – O livro é mesmo um guia para um viajante de motocicleta, bem diferente dos outros já escritos. É que mesclei um guia propriamente dito com romance e crônica, trazendo fielmente a realidade para uma viagem de tal envergadura. O objetivo maior é poder levar algum conhecimento técnico e prático para os praticantes de viagens em motocicleta, sejam grandes ou pequenas.

 

CRA – Descreva por gentileza, como se procedeu ao processo de criação do livro, você já vez a viagem pensando em escrevê-lo ou a ideia apareceu durante o percurso? E como foi o conciliar entre a viagem e o escrever?

Carlos Márcio – Eu sempre tive vontade de escrever sobre minhas viagens de moto. Assim, quando decidimos que realizaríamos tal viagem, já me preparei para escrever o livro. Durante a viagem, e antes de dormir, no quarto do hotel, anotava os principais acontecimentos do dia em um pequeno diário de bordo, para que não deixasse nada para trás. Tudo fluiu muito tranquilamente. Também tive a ajuda incondicional de minha companheira de viagem, Carla Patrícia, para que tudo ficasse registrado. Mas tudo só restou concretizado diante da presença técnica e perfeita do amigo e irmão Celso Ricardo de Almeida, da Almeida Editorial, que comprou a ideia e a transformou em fato concreto, indicando-me e ensinando-me o caminho certo, transformando o projeto em fato concreto.

 

CRA – Como está sendo a venda e a aceitação do livro?

Carlos Márcio – A aceitação do livro está sendo excelente. Os primeiros exemplares acabaram imediatamente. Estou muito feliz com o resultado, porque a pretensão é que chegue para todos aqueles amantes de viagens, sobretudo de motocicleta.

 

CRA – Você está convertendo a venda do livro em um trabalho social, conte-nos um pouco a respeito deste trabalho.

Carlos Márcio – É verdade. Todos os exemplares até o presente momento foram doados ou trocados por cestas básicas e/ou cobertores, que foram doados por nós, Carla Patrícia e eu, para entidades e pessoas necessitadas. Estamos muito felizes por poder realizar tal ato, que nos acalenta muito mais do que aos próprios destinatários.

 

CRA – Para os leitores que se interessarem como eles podem adquirir o livro?

Carlos Márcio – Podem adquirir entrando em contato diretamente comigo, pelo e-mail: carlosmarciojd@yahoo.com.br, que terei imenso prazer em enviar a todos que quiserem.

 

CRA – Deixa uma mensagem para aqueles que a seu exemplo sonham e fazer uma expedição sobre rodas.

Carlos Márcio – A mensagem direta é a de que é perfeitamente possível realizar uma expedição sobre rodas, seja de carro ou de motocicleta, independentemente da cilindrada, bastando que haja um planejamento detalhado de tudo, exatamente como já explicitado. E para facilitar, basta seguir as orientações constantes do livro! Rs rs rs. E mais, tenho dito a todos o seguinte: se gostaram muito do roteiro e se possuem vontade de realizar tal viagem, basta que levem o livro no bagageiro e sigam as instruções, pois não precisarão, sequer, procurar hotel para hospedagem. Tudo está no livro e sem qualquer dificuldade.

 

CRA – E a próxima viagem, já tem data marcada? E para qual país será a nova aventura?

Carlos Márcio – Se Deus assim o permitir, e após esta pandemia nos largar, estamos pretendendo trafegar por mais Estados do nosso País, no final deste ano e princípio de 2022 e, no final de 2022 início de 2023 estamos querendo ir para o Ushuaia, (Terra do Fogo – fim do mundo), Argentina. Já estamos nos preparando para tal, com a realização de cursos off road. É só esperar!

 

Agora permita-me fazer algumas perguntas a sua companheira de viagem Carla Patrícia:

CRA – Qual foi a sua reação quando o Carlos Márcio te deu a notícia, e te convidou, para fazer essa viagem?

Carla Patrícia – Foi a melhor possível e ao mesmo tempo de preocupação, diante de tamanha viagem. Mas como eu topo tudo com meu marido, acreditei e fiquei radiante com o convite.

 

CRA – Qual foi à emoção em acompanha-lo nessa travessia?

Carla Patrícia – Fiquei maravilhada. Sem palavras, pois a preparação foi feita pelo Carlos Márcio com tanto carinho que fiquei admirada.

 

CRA – Houve algum trecho ou momento em que sentiu medo ou susto?

Carla Patrícia – Sim, quando da passagem pelo desvio, ainda dentro do Brasil, por causa de um acidente, além de outro desvio na entrada para o Peru. Foram momentos tensos.

 

CRA – Você ficou vários dias viajando, como foi à comunicação com os filhos? Ficar tanto tempo longe deles atrapalhou ou prejudicou em algum momento a viajem, a saudade atrapalhou?

Carla Patrícia – Foi a melhor possível. A saudade foi que nos levou a desvendar a viagem o tempo todo, para que pudéssemos voltar e contar a nossa trajetória aos filhos.

 

CRA – O livro foi escrito pelo Carlos Márcio, porém acredito que você também participou da elaboração do mesmo, qual foi o seu papel e atribuições para que o livro fosse escrito?

Carla Patrícia – Meu papel como contribuição foi com as fotos que tirei com meu aparelho celular durante a viagem, além de lembranças de fatos e locais.

 

CRA – Na próxima viagem você vai acompanhar ele?

Carla Patrícia – Claro que sim. Sempre o acompanharei. Já estou preparada para a próxima.

 




Historiadores e fotógrafos sorocabanos realizam expedição à FLONA – Floresta Nacional de Ipanema

Os objetivos da expedição foram promover e conhecer a história da FLONA, Berço da Indústria Siderúrgica Brasileira

Carlos Cavalheiro

Mais de duas décadas se passaram, porém, para os historiadores Carlos Carvalho Cavalheiro e Adofo Frioli e os fotógrafos Edson Toshio Kubo e Jovil Franco Júnior a história e as imagens da expedição à Floresta Nacional de Ipanema se perpetuaram no tempo.

Agora, mister se faz rememorá-la!

Há tempos que esse passeio era planejado. É necessário esclarecer que Edson, Jovil e Carlos eram funcionários do Fórum de Sorocaba. Embora trabalhassem em funções diversas, se conheciam desde há muito tempo. O interesse pela fotografia e por lugares históricos e, ao mesmo tempo, de belas paisagens, era o elemento agregador do grupo.

Adolfo Frioli

Por ser historiador, Carlos Carvalho Cavalheiro conhecia Adolfo Frioli, também pesquisador de história regional e que exerceu a função de diretor do Museu Histórico Sorocabano por quase trinta anos. Então, partiu do Carlos a ideia de convidar o Frioli para o passeio planejado na Fazenda Ipanema.

No dia 20 de maio de 1998, após prévio agendamento, os historiadores Adolfo Frioli e Carlos Cavalheiro e os fotógrafos Edson Toshio Kubo e Jovil Franco realizaram uma expedição à FLONA – Floresta Nacional de Ipanema, que teve como guia acompanhante o senhor João Mateiro. O senhor João era um dos principais guias autorizados a percorrer com grupos agendados as matas da Floresta Nacional de Ipanema. Nascido na área rural, João tornou-se “Mateiro”, ou seja, alguém com habilidades especiais para caminhar por dentre a mata. Hoje, com tantos programas de sobrevivência nas TVs, João Mateiro seria alguém conhecido como Bear Grylls, Ed Stafford, Coronel Leite, Léo Rocha, Les Stroud, Karina Oliani, Cat Bibney ou qualquer outros desses realities-shows de sobrevivência que abarrotam os canais de TV pagos.

Jovenil Franco Júnior. Ao seu lado, a esposa, Silene

Além do profundo conhecimento de como deslocar-se pela mata, João Mateiro especializou-se nos vestígios históricos presentes na Floresta de Ipanema, desde aqueles mais evidentes, como as construções da antiga Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, até outras mais escondidas como as ruínas dos fornos de Afonso Sardinha e a gruta do Monge do Ipanema.

Segundo depoimento do fotógrafo Edson Toshio Kubo, “foi uma verdadeira aula de História ao vivo!”

Edson, visivelmente emocionado, não obstante o tempo passado, continua a narrativa:

“Partimos do Centro Administrativo da Fazenda Ipanema, no município de Iperó/SP. Antes do início da trilha houve explanação do guia João Mateiro, que passou algumas orientações de como se portar na mata, não descartando resíduos alimentares, lixo, passar repelentes de insetos, fazer silêncio e, no caso de cruzar com algum animal silvestre, permanecer imóvel”.

Edson Toshio Kubo

No horário marcado, iniciarmos aquela ‘viagem histórica’, sempre com os preciosos conhecimentos do Sr. Adolfo Frioli. Visitamos os prédios históricos como a casa das máquinas, os fornos, o Portal da Maioridade de Dom Pedro II, a represa que foi formada pelo rio Ipanema, para gerar energia ao complexo siderúrgico.

Começamos, então, a subida ao Morro do Araçoiaba, buscando-o por uma estrada de terra que o ladeia. Ao final da estrada, João nos mostrou as ruínas dos fornos de Sardinha. Entre 1589 e 1599, esse português esteve no Morro a procura de prata. Encontrou ferro a partir da magnetita e sua descoberta ajudou na fundação da primeira Vila da região, a de Nossa Senhora de Montserrat.

A vila não prosperou, mas marcou o início de uma povoação. As terras que englobavam a atual Floresta Nacional de Ipanema só serão povoadas novamente no século XVII, com Baltazar Fernandes que funda o povoamento de Sorocaba.

Em 1811, surge a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, por ordem do príncipe Regente Dom João. Alguns anos antes, em 1808, a família real portuguesa aportara no Brasil, afugentados pela invasão napoleônica na Península Ibérica. Com a construção da Fábrica de Ferro, tocada por técnicos estrangeiros, suecos e alemães, a história daquele local toma outro rumo.

Visitamos o Cemitério Protestante, que em 2017 serviu como locação  para o filme ‘A Fera na Selva’, tendo por roteiristas  Paulo Betti, Eliane Giardini, Rafael Romão e Luiz Arthur Nunes. Esse cemitério surgiu por ordem real, já que parte dos funcionários da Fábrica de Ferro eram protestantes e não poderiam ser enterrados, no caso de falecimento, em cemitérios que eram, na época, administrados pela Igreja Católica.

Encontramos a ‘Casa do Índio’ que, segundo algumas pessoas, seria um “monge” que habitava o pé do morro de Ipanema.

Registramos também as três cruzes no alto do Morro de Ipanema, de onde se tem uma bela vista de parte de Araçoiaba da Serra e também de Sorocaba.”

A expedição de tal forma marcou a memória de seus participantes que, após essa viagem, o historiador Adolfo Frioli adquiriu uma propriedade nos pés do Morro de Ipanema, onde reside atualmente. Segundo conta o próprio Adolfo Frioli, no alto do Morro ele recebeu o “chamado” para viver ali, tão perto do início de toda a história do povoamento branco – e também indígena – de Sorocaba.

 

Abaixo, a expedição por meio de imagens: