No palco feminista

Carlos Carvalho Cavalheiro: Resenha ‘No palco feminista’

Carlos Carvalho Cavalheiro
Carlos Carvalho Cavalheiro
Adriana Rocha
Adriana Rocha Leite

No Palco feminista.

Este é o título do livro recém-publicado pela escritora Adriana Rocha Leite.

Advogada de profissão, especialista em mediação e comunicação não-violenta, Adriana – que já tem em seu ‘cartel’ mais de dez títulos publicados – enveredou pela estrada que leva a um lugar de reflexão do papel da mulher na sociedade e dos desafios diante de uma cultura massivamente patriarcal e machista. Nesse caminho, colheu as mais interessantes palavras com as quais vestiu as histórias contadas nesse livro.

Em ‘No palco feminista’, Adriana narra a trajetória de três personagens femininas, que, aparentemente, refletem a mesma mulher em processo de construção de sua identidade – essa busca de saber quem somos no lugar em que estamos – da infância, passando pela juventude e pela maturidade.

Poeticamente, as personagens de Adriana Rocha Leite possuem em seu nome o mesmo sufixo ‘ina’: Carina, Santina e Justina. Menina, feminina, mas, também, designativo feminino para muitas palavras: maestrina, inquilina, divina, taurina, matutina, bailarina…

Carina é a menina que procura entender o mundo que a rodeia e as regras sociais estabelecidas para a mulher. Não é necessariamente uma pessoa passiva, muito pelo contrário, mas que busca nas brechas as rotas de saída para a sua sobrevivência. Assim, vai entendendo o funcionamento da máquina que move a sociedade e, ao fim, por meio da aquisição do conhecimento, se transforma. Talvez, seja possível imaginar que o nome Carina se refira a caridade em sua etimologia: caritas, amor incondicional, algo caro, que possui valor. A transformação da consciência de Carina é, de fato, uma conquista de grande valor numa sociedade que ainda insiste em separar os seres humanos – por gênero, cor, etnia, religião, pensamento… – para produção da desigualdade.

Santina é a jovem que decide seguir as normas sociais e se tornar coadjuvante na vida de casada. O nome remete, parece, a santa e isso nos leva a diversos referenciais como a de mártir que abre mão de sua vida por algo que aparentemente é um bem maior. No entanto, a sua consciência se desperta no dia do casamento e ela percebe que esse não é a melhor opção. Quando somos jovens, tanto homens quanto mulheres, em geral ainda não desenvolvemos a maturidade suficiente para as nossas melhores escolhas. Mas a narrativa de Adriana Rocha vai um pouco mais a fundo. Ela desvenda o mundo em que a existência da mulher, via de regra, só é permitida quando associada a um homem. “Por trás de um grande homem há uma grande mulher”, diz o adágio. Por que atrás do homem? Por que não pode estar ao seu lado? “E eu os declaro marido e mulher”. Por que o homem é sempre homem, mesmo se não estiver casado, mas a mulher só se torna tal quando se casa? Que força tem essa união com o homem que legitima o reconhecimento da pessoa feminina como mulher?

Justina, por outro lado, é a mulher madura que já se viu em todas as outras situações vivenciadas pelas outras personagens e, também, por situações outras como a de abuso na infância. Porém, guerreira, ela superou todas e, agora, ensina as mulheres a não se sujeitarem mais aos desmandos do machismo. Alcançou a justiça (acho que é daí a inspiração do seu nome) e está num pedestal como a mulher que luta por seus direitos. Refaço a conclusão: ela não está no pedestal (talvez, Santina estivesse). Ela está no palco. Mas, agora, ela é a protagonista!

Ao final do livro, Adriana nos traz a trajetória da atriz Dina Lisboa, que rompeu com os padrões conservadores de sua época.

O livro ‘No palco feminista’, de Adriana Rocha Leite é leitura obrigatória para toda e qualquer pessoa. Para as mulheres, há de servir como inspiração. Para os homens, certamente, como lição a ser aprendida.

Carlos Carvalho Cavalheiro

19.12.2023

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Feminina

Denise Canova: Poema ‘Feminina’

Foto da autora do poema, a colunista do ROL Denise Canova
Denise Canova
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Feminina

Arte do homem

Inspira o homem

Vê a delicadeza feminina

Feliz Dia dos Pais!

Dama da Poesia

CONTATO COM A AUTORA

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Eliana Hoenhe Pereira: 'Feminismo'

Eliana Hoenhe Pereira

Feminismo

Brinda a liberdade

Luta pelo que acredita

Clama por justiça

Por uma sociedade com mais acolhimento

Menos silenciamento

Quebrar padrões e ter mais ações

Não ao preconceito, machismo e violência

O machismo não tem vez

é preciso lucidez

Mesmo contra os ventos

Bate as asas

canta e abre portas

o amor transborda

sonha com os pés no chão

e não importa o gênero, a idade ou religião

o momento é de inclusão

se preciso for

atravessa o mar

para a justiça não calar.

 

Eliana Hoenhe Pereira

eliana.hoenhe1@hotmail.com

 

Assista abaixo ao vídeo de ‘Feminismo’, de autoria de Eliana Hoenhe Pereira:

 




Celso Lungaretti: 'A desinformação de Temer e a má formação das feministas'

A EMANCIPAÇÃO DA MULHER EM QUESTÃO


TEMER E O FEMINISMO

 HÉLIO SCHWARTSMAN

O pior é que o presidente Michel Temer queria elogiar o sexo oposto ao dizer as impropriedades que disse quando fez seu discurso em homenagem às mulheres na 4ª feira (8).

Não chega, porém, a ser uma surpresa constatar que ainda há pessoas que pensam dessa forma. Se não houvesse, o machismo não existiria, e as feministas já não teriam muito a dizer.

O que me incomoda no discurso de algumas alas do movimento feminista não é a constatação de que ainda não atingimos a igualdade de gênero, mas as soluções propostas para tentar resolver o problema.

Não consigo ver muita lógica na ideia de que mulheres, porque representam 50% da população, devem necessariamente ocupar 50% dos cargos de chefia nas empresas ou a metade das vagas no Parlamento, p. ex.

Defender esse tipo de meta ou mesmo cota, como fazem as mais radicais, aliás, me parece uma atitude profundamente machista, já que tira das mulheres o direito de não querer as mesmas coisas que os homens.

Tomemos o caso das chefias. Uma das explicações para o fato de não haver tantas diretoras quanto diretores é que elas, ao contrário deles, não apostam todas as suas fichas na carreira profissional, dedicando menos horas e menos energias ao trabalho para investir também em outras dimensões da vida.

Se essa é uma decisão razoavelmente livre, não vejo como possa ser criticada. Eu até diria que existe sabedoria aí.

O bom combate ao machismo se faz não com a busca por resultados que nem sequer sabemos se são os desejados, mas com a remoção dos obstáculos que restam à emancipação da mulher, sejam eles jurídicos (que já se foram quase todos), materiais (como a falta de boas creches) ou culturais (processo que já está em curso, mas que é mais demorado).

Seria profundamente lamentável se o preço a pagar pelo triunfo do feminismo for o sacrifício da autonomia individual de cada mulher.


AS FEMINISTAS E O CAPITALISMO

 CELSO LUNGARETTI

Michel Temer não passa de um político profissional de poucas luzes e voos curtos, que tirou a sorte grande ao se tornar vice de uma presidente tão desastrada quanto desastrosa.

Então, decerto desconhece o conceito marxista de falsa consciência. Sucintamente, trata-se da introjeção pelo dominado dos valores da classe dominante, levando-o a agir em sentido contrário aos seus verdadeiros interesses.

Quando ele louvou as virtudes da mulher na administração do lar, mostrou um espantoso alheamento com relação à forma como hoje se veem as mulheres da classe média para cima. E um mundo de críticas despencou sobre sua cabeça.

Temer não merece, claro, ser defendido. Paga o preço de haver dedicado a sua vida inteira à politicalha tacanha e sórdida, daí sua dificuldade em falar sobre a vida fora dos palácios dos podres Poderes.

Mas, sua gafe me dá oportunidade de levantar uma discussão que, esta sim, é importante.

Nos tempos em que os seres humanos estavam submetidos ao tacão da necessidade e a jornada de trabalho dos homens era extenuante ao extremo, cabia às mulheres assegurar que os lares fossem seus castelos, o repouso do guerreiro: um ambiente que lhes trouxesse alívio após o excesso de esforço físico despendido, revigorando-os e tornando-os aptos para, no dia seguinte, continuarem cumprindo sua amarga sina de explorados.

Tiranizados por amos e patrões, eles sentiam-se impotentes para reagir e acabavam descarregando suas frustrações em cima das esposas, salvo nos raros momentos da História em que ousaram confrontar seus opressores.

Ou seja, o tal do machismo nunca se deveu a uma malignidade intrínseca dos homens, sendo, isto sim, a forma como a sociedade de então definia os papéis, para poder arrancar deles até a última gota de suor na faina massacrante.

O processo produtivo evoluiu, veio a automação e, cada vez mais, a jornada de trabalho foi deixando de exigir muita força física. Então, passou a ser conveniente para o capitalismo permitir o ingresso em massa das mulheres na vida profissional, o que inchou o mercado de trabalho, fazendo diminuir a remuneração de ambos os sexos e servindo como dissuasor contra movimentos grevistas (quanto mais aspirantes às suas vagas existem, menos os trabalhadores que estão empregados se dispõem a peitar patrões e chefetes).

Poucos se deram conta de que antes bastava o homem para sustentar sua família e depois passaram a ser ambos trabalhando fora, mas, mesmo assim, continuou sobrando mês no fim dos dois salários. E os filhos, coitados, passaram a conviver muito mais com profissionais contratados(as) das creches e escolinhas do que com os que têm verdadeiro interesse e amor por eles.

Embora o movimento feminista possua ideólogas do porte de Germaine Greer, capazes de distinguir entre a verdadeira liberdade para todos os seres humanos e a mera igualação de homens e mulheres como escravos do capitalismo (além de obnubilados pelo consumismo), exercendo as mesmas funções que visam ao lucro e não à satisfação das necessidades humanas e sofrendo o mesmo estresse de uma vida pessimamente vivida, o que passa por feminismo nos meios de comunicação de massa e nas redes sociais é pura falsa consciência: as mulheres buscando apenas uma inserção mais próspera na sociedade capitalista, que nunca as tornará plenamente felizes e realizadas.

Quando feministas, negros, militantes ecológicos, o pessoal do LGBT, etc., se derem conta de que suas bandeiras específicas são parte de uma luta maior que teremos de travar nas próximas décadas, quando vai se decidir inclusive a sobrevivência ou não da espécie humana, aí sim começaremos a avançar.

Por enquanto, a dispersão de esforços apenas ajuda a perpetuar o que é sumamente nefasto para todos.

RECADO PARA O TRUMP: O APOCALÍPSE NÃO É UM REALITY SHOW!




Celso Lungaretti: 'Besteirol feminista'

CELSO LUNGARETTI: ‘BESTEIROL FEMINISTA: O SEXO SIMULADO DO CINEMA VIROU ESTUPRO…’

Eblogue de cinema inflamada discussão sobre o incrível, fantástico e extraordinário estupro que a atriz Maria Schneider teria sofrido durante as filmagens de O último tango em Paris (1972), a obra-prima de Bernardo Bertolucci.


Comecemos pelo que realmente importa no filme, a história (pois as controvérsias que ele desde o início despertou se ativeram a um trecho ínfimo no contexto da obra).


Logo após o suicídio da esposa, viúvo (Marlon Brando) procura onde ficar por uns tempos, pois no antigo domicílio do casal as lembranças dolorosas o deprimem ainda mais. Ao visitar um apartamento disponível, cruza com uma jovem (Maria Schneider) que também o está avaliando. Depois de trocarem umas poucas palavras, fazem amor furiosamente.

Brando: no auge da depressão.

Paul (Brando) aluga o apê e Jeanne (Schneider) passa a frequentá-lo para transarem e curtirem suas fantasias. Ele lhe impõe a regra de não revelarem seus nomes, nem falarem sobre suas vidas.

Ela, portanto, não tem consciência do quanto a relação entre ambos está sendo determinada pelos remorsos e tormentos de Paul. Ser viúvo(a) de suicida é atroz para qualquer ser humano sensível. 

Como na época ainda havia muita hipocrisia com relação ao sexo, produziu-se um sucesso de escândalo. E quem fez de tudo para surfar nessa onda foi Maria, atriz francesa que estava com 20 anos e nada fizera de importante na carreira.

Ela passou, nas entrevistas que concedia e nas frases enviadas à imprensa por seus divulgadores, a dar declarações próprias de uma piranhinha, ou seja, nelas havia sempre uma intenção evidente de chocar leitores e espectadores com espalhafato sexual . 

Que, p. ex., trombeteasse toda hora haver transado com mulheres, vá lá, embora  fosse oportunismo utilizar relações homoeróticas (verdadeiras ou inventadas) como um trunfo para seu marketing artístico. 

Bertolucci dirigindo o par central

O tempo passou, a moeda que caiu em pé não se repetiu na carreira de Maria (depois do Tango, só foi atriz principal de mais um filme importante, o Profissão: repórter de Michelangelo Antonioni, o qual, contudo, obteve sucesso artístico mas não comercial) e ela foi ficando cada vez mais esquecida.

Em 2007, quando só lhe restavam esporádicos papéis secundários em produções de segunda linha, foi entrevistada pelo jornal britânico Daily Mail e saiu-se com esta:

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Trocando em miúdos, propuseram-lhe que filmasse uma cena inicialmente não prevista, na hora ela aceitou, não passou de sexo simulado como tantos que atores e atrizes rotineiramente interpretam, mas, 35 anos depois, veio lamuriar-se de haver sido humilhada. 

As pessoas vão estranhar? É o que queremos!

Por que não disse isto antes? Porque, naquele tempo, a imagem que o público tinha dela ( e seus agentes se esforçavam ao máximo para projetar) era de uma moça sem pudor, desbocada a ponto de fazer comentários grosseiros sobre o pênis do ator famoso com o qual contracenara. Seu chororô de humilhada, naquela época, teria sido recebido com gargalhadas.

Maria morreu de câncer em 2011. Dois anos depois, Bertolucci comentou o episódio na Cinemateca Francesa, com a franqueza de quem falava com outros artistas, não adivinhando que sua declaração impactaria fortemente nos patetas do inferno pamonha, se dela tomassem conhecimento.

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Mas, nestes tempos bicudos, a indústria cultural está sempre atenta às oportunidades para fazer com que seus produtos bombem entre os patetas, alavancando o faturamento. Então, coube à revista Elle dar enorme quilometragem a tal besteirinha. 

Mas que, confundidas pela picaretagem e desonestidade intelectual, muitas pessoas crédulas acabaram tomando como real.

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clique aqui para ver o filme com legendas em inglês; 

aqui para baixá-lo com legendas em português..




Mais uma importante colaboradora do ROL: Mara Branco

Artigo: ‘A FEMINIZAÇÃO DA VELHICE’, por Mara Branco

Mara BrancoA nossa nova colaboradora é gaucha, mora em Sorocaba e integra os principais grupos culturais da Região.  Estará presente na 5a. Noite Lítero-Musical, dia 19, no salão do Lions, em Itapetininga.

Mara Branco, cinquenta e oito anos, três filhas e quatro netos. Diretora de Escola da Prefeitura Municipal de Sorocaba (SP). Professora, nos cursos de Pós-Graduação na Faculdade de Conchas (SP). Pedagoga, Mestranda em Educação, Master of Business Administration em Gestão Escolar, Psicopedagoga, Especialista em Direito Educacional e Alfabetização. Trabalhos publicados: “Memorial da caminhada epistemológica na construção do meu ideário enquanto gestora escolar”; “Alfabetização através da Arte”; Programa Nacional do Livro Didático – Aspectos Positivos e Negativos”; “Distúrbios de Aprendizagem – Hiperatividade: Como identificar se nosso aluno está realmente no mundo da lua?” e “Letramento”. Na poesia ensaiando alguns rabiscos no mundo da paixão, dos sonhos, num mundo bucólico, delicioso, encantador e emocionante, um brincar com palavras num bailado de sílabas. Como cita nosso querido Augusto Cury: – “… ser educador é ser poeta do amor…”.

 

Nessa semana, que comemoramos o Dia Internacional das Mulheres, vários assuntos são abordados, principalmente a luta por um lugar ao sol.

Nossa história foi escrita principalmente por homens e sobre as atividades dos homens na esfera pública — guerra, política, diplomacia e administração.

Nós mulheres somos geralmente excluídas e, quando indicadas, somos geralmente retratadas em papéis de gênero estereotipados, como esposas, mães, filhas e amantes.

E o que falar da mulher da terceira idade? Mulheres que nasceram na metade do século XX. Mulheres sofridas e marcadas pela discriminação, pelo sexismo. Estatisticamente sabemos que existe uma maior proporção de mulheres do que homens com idade avançada.

Os problemas e mudanças que acompanham essa etapa de vida são predominantemente femininos, pelo que se pode dizer que a velhice se feminizou.

As mulheres são discriminadas por preconceitos sexistas e gerofóbicos: não só por serem mulheres, mas também por serem velhas e nos trazem além de discriminações como gerofobia, pobreza e solidão, mudanças e perdas físicas e sociais.

A gerofobia é o termo que se usa para descrever os preconceitos e estereótipos, em relação às pessoas idosas, fundados unicamente em sua idade.

O termo sexismo é usado de maneira geral, é usado como exclusão ou rebaixamento do gênero feminino.

12, segundo o IBGE a terceira idade era constituída de 23 milhões de idosos, onde as mulheres representavam 55% e sabemos que esse crescimento e verticalizado. Ainda segundo estatísticas, as mulheres vivemos 9 anos a mais que os homens. O sexismo torna-se um fator predominante num mundo que valoriza a beleza física, a sexualidade, a juventude e a produtividade nos colocam numa posição de fragilidade e vulnerabilidade, principalmente no mercado de trabalho, onde homens e jovens são mais valorizados, tendo como consequência a pauperização da velhice, problemas de saúde e consequentemente o abandono.

A etapa do ninho vazio, quando os filhos ou filhas saem de casa, é um período em que muitas mulheres experimentam sentimentos de depressão e de perda, relacionados ao crescimento de seus. Para a mulher, que dedicou sua vida e suas energias para sua família e na criação dos filhos, necessitar redirecioná-la torna-se ameaçador. Quando sua tarefa principal de mãe e provedora desaparece, isso pode representar, para muitas mulheres, um sentimento de perda, particularmente quando a criação dos filhos foi a tarefa principal e não foi planejado o que fazer depois.

A mesma sociedade que cultua o jovem e enfatiza a importância do homem faz com que se preste pouca atenção à mulher idosa. Tendo em vista que a velhice é um assunto de mulheres.

Não resta dúvida de que a sociedade atual se depara com um segmento populacional que está aumentando e que, por sua vez, é vulnerável. Isso tem sérias implicações para os profissionais de ajuda e para os formuladores de política pública. As políticas sociais devem voltar-se para garantir uma renda mínima para a subsistência econômica das mulheres de idade avançada. O recebimento de um rendimento nessa idade deve ser um direito e não uma recompensa por ter trabalhado fora de casa e ter contribuído para um sistema de aposentadoria. Deve-se criar um sistema de saúde universal que garanta serviços médicos a todas as mulheres idosas independente de seus rendimentos. Deve-se oportunizar emprego, em particular a estas donas de casa que têm sido marginalizadas, e programas educacionais para viúvas.

Sugere-se a criação de programas destinados a prevenir a dependência. Nesse sentido, cabe lembrar que a família tem suprido o vazio que os programas de governo não atendem. Mas nem sempre existe uma família disponível, pois muitas mulheres idosas nunca tiveram filhos ou nunca se casaram e seu sistema de apoio familiar é quase inexistente.

Resumindo, os assuntos como solidão, pobreza, mudanças sociais e saúde dentre outros, são realidades e mitos na vidas de muitas mulheres idosas que vivem em uma sociedade sexista e gerofóbica.

É responsabilidade dos profissionais da saúde e da gerontologia estarem alertas às situações dessas mulheres na sociedade atual, de forma que possam estar preparados para escutar seus pedidos e legitimar e corrigir a realidade das injustiças e tensões na vida das mesmas

Aqui, deixo muito claro que a terceira idade não precisa de bolsa velhice, mas sim de políticas púbicas que façam cumprir a legislação vigente.

Quero ainda citar um termo recente, chamado “envelhescência”. É a fase situada entre a maturidade e a velhice, situa-se na faixa etária dos 55 aos 70 anos.

A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade.

Deixo aqui um poema de reflexão…

ENVELHESCENCIA

Terceira idade

Melhor idade

Última idade

O tempo passou

E aqui chegamos

Sofridos

Calejados

Amados ou

Desprezados

Alguns sozinhos

Outros acompanhados

A juventude foi ficando a distância

Deixando a lembrança

Deixando a saudade

Saudade da vida

Saudade de outra idade

 

Por: Mara Branco