Mais uma importante colaboradora do ROL: Mara Branco
Artigo: ‘A FEMINIZAÇÃO DA VELHICE’, por Mara Branco
A nossa nova colaboradora é gaucha, mora em Sorocaba e integra os principais grupos culturais da Região. Estará presente na 5a. Noite Lítero-Musical, dia 19, no salão do Lions, em Itapetininga.
Mara Branco, cinquenta e oito anos, três filhas e quatro netos. Diretora de Escola da Prefeitura Municipal de Sorocaba (SP). Professora, nos cursos de Pós-Graduação na Faculdade de Conchas (SP). Pedagoga, Mestranda em Educação, Master of Business Administration em Gestão Escolar, Psicopedagoga, Especialista em Direito Educacional e Alfabetização. Trabalhos publicados: “Memorial da caminhada epistemológica na construção do meu ideário enquanto gestora escolar”; “Alfabetização através da Arte”; Programa Nacional do Livro Didático – Aspectos Positivos e Negativos”; “Distúrbios de Aprendizagem – Hiperatividade: Como identificar se nosso aluno está realmente no mundo da lua?” e “Letramento”. Na poesia ensaiando alguns rabiscos no mundo da paixão, dos sonhos, num mundo bucólico, delicioso, encantador e emocionante, um brincar com palavras num bailado de sílabas. Como cita nosso querido Augusto Cury: – “… ser educador é ser poeta do amor…”.
Nessa semana, que comemoramos o Dia Internacional das Mulheres, vários assuntos são abordados, principalmente a luta por um lugar ao sol.
Nossa história foi escrita principalmente por homens e sobre as atividades dos homens na esfera pública — guerra, política, diplomacia e administração.
Nós mulheres somos geralmente excluídas e, quando indicadas, somos geralmente retratadas em papéis de gênero estereotipados, como esposas, mães, filhas e amantes.
E o que falar da mulher da terceira idade? Mulheres que nasceram na metade do século XX. Mulheres sofridas e marcadas pela discriminação, pelo sexismo. Estatisticamente sabemos que existe uma maior proporção de mulheres do que homens com idade avançada.
Os problemas e mudanças que acompanham essa etapa de vida são predominantemente femininos, pelo que se pode dizer que a velhice se feminizou.
As mulheres são discriminadas por preconceitos sexistas e gerofóbicos: não só por serem mulheres, mas também por serem velhas e nos trazem além de discriminações como gerofobia, pobreza e solidão, mudanças e perdas físicas e sociais.
A gerofobia é o termo que se usa para descrever os preconceitos e estereótipos, em relação às pessoas idosas, fundados unicamente em sua idade.
O termo sexismo é usado de maneira geral, é usado como exclusão ou rebaixamento do gênero feminino.
12, segundo o IBGE a terceira idade era constituída de 23 milhões de idosos, onde as mulheres representavam 55% e sabemos que esse crescimento e verticalizado. Ainda segundo estatísticas, as mulheres vivemos 9 anos a mais que os homens. O sexismo torna-se um fator predominante num mundo que valoriza a beleza física, a sexualidade, a juventude e a produtividade nos colocam numa posição de fragilidade e vulnerabilidade, principalmente no mercado de trabalho, onde homens e jovens são mais valorizados, tendo como consequência a pauperização da velhice, problemas de saúde e consequentemente o abandono.
A etapa do ninho vazio, quando os filhos ou filhas saem de casa, é um período em que muitas mulheres experimentam sentimentos de depressão e de perda, relacionados ao crescimento de seus. Para a mulher, que dedicou sua vida e suas energias para sua família e na criação dos filhos, necessitar redirecioná-la torna-se ameaçador. Quando sua tarefa principal de mãe e provedora desaparece, isso pode representar, para muitas mulheres, um sentimento de perda, particularmente quando a criação dos filhos foi a tarefa principal e não foi planejado o que fazer depois.
A mesma sociedade que cultua o jovem e enfatiza a importância do homem faz com que se preste pouca atenção à mulher idosa. Tendo em vista que a velhice é um assunto de mulheres.
Não resta dúvida de que a sociedade atual se depara com um segmento populacional que está aumentando e que, por sua vez, é vulnerável. Isso tem sérias implicações para os profissionais de ajuda e para os formuladores de política pública. As políticas sociais devem voltar-se para garantir uma renda mínima para a subsistência econômica das mulheres de idade avançada. O recebimento de um rendimento nessa idade deve ser um direito e não uma recompensa por ter trabalhado fora de casa e ter contribuído para um sistema de aposentadoria. Deve-se criar um sistema de saúde universal que garanta serviços médicos a todas as mulheres idosas independente de seus rendimentos. Deve-se oportunizar emprego, em particular a estas donas de casa que têm sido marginalizadas, e programas educacionais para viúvas.
Sugere-se a criação de programas destinados a prevenir a dependência. Nesse sentido, cabe lembrar que a família tem suprido o vazio que os programas de governo não atendem. Mas nem sempre existe uma família disponível, pois muitas mulheres idosas nunca tiveram filhos ou nunca se casaram e seu sistema de apoio familiar é quase inexistente.
Resumindo, os assuntos como solidão, pobreza, mudanças sociais e saúde dentre outros, são realidades e mitos na vidas de muitas mulheres idosas que vivem em uma sociedade sexista e gerofóbica.
É responsabilidade dos profissionais da saúde e da gerontologia estarem alertas às situações dessas mulheres na sociedade atual, de forma que possam estar preparados para escutar seus pedidos e legitimar e corrigir a realidade das injustiças e tensões na vida das mesmas
Aqui, deixo muito claro que a terceira idade não precisa de bolsa velhice, mas sim de políticas púbicas que façam cumprir a legislação vigente.
Quero ainda citar um termo recente, chamado “envelhescência”. É a fase situada entre a maturidade e a velhice, situa-se na faixa etária dos 55 aos 70 anos.
A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade.
Deixo aqui um poema de reflexão…
ENVELHESCENCIA
Terceira idade
Melhor idade
Última idade
O tempo passou
E aqui chegamos
Sofridos
Calejados
Amados ou
Desprezados
Alguns sozinhos
Outros acompanhados
A juventude foi ficando a distância
Deixando a lembrança
Deixando a saudade
Saudade da vida
Saudade de outra idade
Por: Mara Branco