Eis que o tempo timbrou marcas…
Com melodias letradas,
Bailaram escritores.
Vemos esmero e amores…
Fundado há 29 anos,
Se mantém vívido…
Eis o Jornal Rol!
Transpondo fronteiras,
Tocando o plano internacional.
Oh, agentes da cultura!
Que regam a vida com formosura,
Proferem cânticos de candura.
Erguidos, guerreiros,
Com canetas e papéis
Detêm armaduras.
Formoso és tu!
Empreiteiro da literatura
E das artes plurais.
Visto que a escrita eterniza histórias.
Suas colunas imortalizam talentos.
Oportuniza encorajamentos.
Um salve a seus fundadores,
Um grande salve
Às ideias personificadas.
A vida é sobre distribuir sementes.
No Rol, seus galhos
Agasalham rouxinóis.
Que cantam primaveras pelos continentes,
Soletram amor aos povos e gentes.
Ecoa no tempo sua história.
Salve, salve!
A perseverança lhe trouxe vitória.
Jornal Rol, celebramos sua trajetória.
Gabriela Lopes
Gabriela Lopes: 'Deus estava poeta quando criou as aves'
Deus estava poeta quando criou as aves
Ele criou tanta coisa bela e imponente…
A onça, a águia, o leão, a baleia…
Cada um com sua magnificência.
Penso que quando criou as aves,
com seu colorido lindo,
plumas exuberantes
e cantos extraordinários,
Ele estava poeta.
Na minha pequeneza,
com a devida licença,
desejo me expressar,
penso que Ele sorria…
Ele se alegrava e pensava:
“Essa aqui é linda e delicada.
Olha que coisa lindinha minha…”
E ria a cada cor e canto,
a cada paleta vista das suas criações.
Deus estava poeta quando criou as aves.
Gabriela Lopes
Gabriela Lopes entrevista Carlos Dias, o Poeta do Abba
“Poetizar é espargir luz e amor através das letras. É missão feita com mente e coração. Envolve corpo, alma e espírito. É brisa, sussurro e grito! Começa aqui e vai até o infinito.” (Carlos Dias-Poeta do Abba)
Uma entrevista com Carlos Dias, o Poeta do Abba, diretamente de Feira de Santana (BA).
1- Gostaria que falasse um pouco sobre suas raízes, onde nasceu, como foi sua infância e como descobriu o interesse por poesias?
Em primeiro lugar meus mais sinceros agradecimentos à escritora Gabriela Lopes e ao Jornal Cultural ROL por esta rica oportunidade para falar sobre mim e minha obra literária.
Agora, respondendo a sua pergunta. Nasci na cidade de Jequié, no sertão do interior da Bahia, cidade de altas temperaturas e povo muito acolhedor. Cidade conhecida como Cidade Sol, cercada por montanhas e atravessada pelo Rio de Contas. Minha infância foi maravilhosa, era tratado com muito amor, carinho e respeito pelos amigos, vizinhos, parentes e familiares. E Deus ainda me deu o rico privilégio de ter por perto meus primos queridos filhos de tia Zezé e tio João, com os quais podia brincar em casa e no rio, assistir TV, ir à escola, frequentar a biblioteca municipal.
Minha família era composta por seis filhos, três homens e três mulheres, eu sou o quinto filho, meu pai era comerciante e minha mãe costureira.
Meus pais eram de uma cidade próxima chamada Elísio Medrado, originalmente chamada de Paraíso. E na infância e adolescência íamos passear nesta cidade maravilhosa e de natureza espetacular, e tínhamos um excelente relacionamento com todos os parentes de lá e demais moradores.
Descobri o interesse por poesias aos 12 anos, estimulado por leituras diversas e exercícios escolares na escola pública, que na época era de excelente qualidade e tinha professores excepcionais. A disciplina de Português sempre exerceu em mim uma atração profunda, encantadora e maravilhosa, que me dava muito prazer e satisfação. Desenvolvi o hábito da leitura e descobri o talento e vocação para escrever poesias.
2-Quando descobriu que desejava escrever seu primeiro livro e como se sentiu após essa primeira publicação?
Descobri que desejava escrever meu primeiro livro ainda na adolescência, mas naquela época não era tão fácil como é hoje, e não dispunha de pessoas próximas para me ajudar neste processo e nem dos recursos financeiros necessários. Aí o sonho foi ficando pra mais tarde, mas antes tarde do que nunca, pois um sonho não tem data de validade, devemos perseverar até o mesmo se cumprir. Após esta primeira publicação me senti profundamente realizado e feliz, valeu a pena esperar e publicar a obra com mais maturidade e segurança. Agradeço a Deus todos os dias!
3-Fale um pouco sobre seu livro…
O meu livro é um e-book de poemas com 129 páginas, com ilustrações coloridas e digitais. O título do livro é Letrúsicas-Poemas Sonoros. O ritmo e a musicalidade compõem a poesia presente nos poemas que apresentam versos regulares com rimas diversificadas, responsáveis pela musicalidade dos textos poéticos.
A obra segue o gênero lírico da poesia e tem por foco despertar sentimentos positivos que proporcionem prazer e bem-estar ao leitor, bem como o seu enriquecimento cultural. O livro fala de amor, enaltece os tocadores de violão, discorre acerca do solista e da tocadora de carron, brinca com a música e o mar de maneira alegre, romântica e divertida. Traz também reflexões sobre a vida e fala sobre realidades como fome e desemprego, dentre outras coisas.
São poemas sonoros, repletos de poesia que ecoam profundamente na alma humana. Poemas que alimentam a alma e o coração com uma poesia singular, verdadeiro bálsamo que ensina; faz refletir, alegra, cura e ilumina com sua arte encantadora.
O livro está disponível para aquisição na plataforma da Amazon.
4-O que você almeja para o seu futuro como autor literário?
Eu almejo continuar escrevendo e publicando livros de poesias, mas também pretendo me aventurar publicando contos e posteriormente publicar um ou mais romances. Pretendo desta forma contribuir significativamente com a arte e cultura brasileira através de uma literatura de qualidade, que venha contribuir com o enriquecimento de nossa cultura e promover a arte brasileira, que já é riquíssima, em diversos países do mundo.
5-Qual frase seria a frase da sua vida?
Poetizar é espargir luz e amor através das letras. É missão feita com mente e coração. Envolve corpo, alma e espírito. É brisa, sussurro e grito!
Começa aqui e vai até o infinito.
(Carlos Dias-Poeta do Abba)
6-Que mensagem de esperança você deixaria para todos neste novo ano de 2023?
Haja o que houver a nossa esperança deve estar firme em Deus! Pois mesmo diante de uma grande perda, de qualquer natureza, com grande dor, Deus renova as nossas vidas e nos faz seguir em frente para outras realizações preciosas e necessárias.
Convidar a Deus de forma sincera e amorosa para entrar em nossas vidas e conduzir nossos passos como um Pai amoroso e pleno de sabedoria e graça, que estará presente conosco em nossos sofrimentos ou alegrias, é uma atitude muito sábia, pois desta maneira nunca estaremos sozinhos.
A esperança não pode e não deve estar atrelada às circunstâncias, mas deve estar fundamentada em Deus.
7-Deixe um trecho de um poema de seu livro aqui para os leitores apreciarem.
Vida Plena
“Eternize-se no coração de alguém
Fuja da indiferença e do desdém
Desenhe o mapa de suas trilhas
Não fure a fila
Aguarde sua vez
Com esperança e sensatez.
Vale a pena tentar
Vale a pena ficar
No vale do amor
Vale a pena passar
Pelo vale da dor
Para aprender
Vale a pena focar
Somente naquilo que é bom.”
Instagram de Carlos Dias-Poeta do Abba:
@motivivados
A obra: Letrúsicas-Poemas Sonoros está disponível pra aquisição na plataforma da Amazon. Abaixo o link para compra.
Orlando Rafael Ukuakukula: “O distanciamento afectivo na relação humana descrito na música 'Ngana Zambi', do grupo Clássico Infinito, e um olhar sugestivo para o poema ‘solidariedade’, de Gabriela Lopes”
“A vida é um eco. Não importa a distância e o tempo, tudo que lançar terá retorno para si” (Ukuakukula, 2022)
Dois textos de ritmo, arte e poesia (a música e o poema) fizeram nascer este outro texto, de análise, quando cruzamos a música da staff Clássico Infinito, jovens do bairro Vidrul, uma das periferias de Cauaco, Lunda, Angola; e o poema da estimada escritora Gabriela Lopes, de Brasil, para nos servir de apoio, propósito para o qual a nossa mente estava virada, quando decidimos convocar um texto de uma escritora da diáspora.
Ao procuramos saber do significado de “UBUNTU”, termo usado pelos africanos, Tomé Ângelo (2022, Facebook) respondeu-nos: “É uma filosofia da vida africana, que significa <<eu existo porque tu existes>>”. A interpretação deste termo, da língua nacional angolana kimbundu, remete para o caso em que a pessoa quer fazer perceber que o outro pode contar com ela e vice-versa, ou seja, “eu sou você, e você sou eu”; uma expressão que indica, portanto, um acto de solidariedade, de afecto.
Pondo a música em linha estreita com a literatura, cuja escrita é uma forma de expressão, que nos remete, parafrasendo Maria Miguel e Maria Alvez (2011), à transmissão das emoções, dos sentimentos e pensamentos mais íntimos do artista, torna-se claro todo acto emotivo expresso na música “Ngana Zambi”, dos Clássico Infinito, para evidenciar um desafastamento familiar e até social, portanto, ausência do amor, da afectividade, e, enfim, para mostrar o desprezo que as pessoas vivem quando estão diante dos problemas. Verifiquemos nalguns versos da música:
Arranjei diculo no cubico.
Mano, fui barrado por eu ter feito dois cassules
E não ter emprego.
Entendo por ser expulso porque um gajo falhou
Que atira a primeira pedra aquele que nunca pecou.
Eu pausei com bué de wys
Que um gajo pensava que eram irmãos
Na frente tá tudo bem
Mas nas costas falam mal
Eu Já fui borrado, humilhado, desprezado
Na rua já dormi, nem sequer tive um teto
Tudo que eu passei, passei sozinho
Agradeço a Deus por iluminar o meu caminho
Estes são os versos que consideramos serem o centro da música. Aqui, está expresso todo conjunto de situações que nos fazem confirmar o adágio segundo o qual o escritor (artista) é fruto das suas vivências. Ainda que não das suas, o que se retrata na música é passível de ser situação de outrem, já que a literatura, embora tenha a subjectividade como grande recurso, parte do real. O que significa que o artista se inspirou numa situação real, que, como dissemos, pode ser dele ou não. Encontramos, portanto, no teor da mensagem dessa música, uma queixa, uma denúncia, um pedido de socorro; um apelo ao socialismo, ao amor ao próximo, à solidariedade, que tem se visto distante cada vez mais no seio da sociedade angolana, e não só, no mundo em geral.
Agora, pondo em diálogo os textos, no seu poema “Solidariedade”, Gabriela Lopes nos escreve:
A cada dia que vivo
Mais tenho certeza que o amor cura
Desconcerto bruto
Joga luz no oculto
Traceja estrada que antes não existiam
Cada vez que o ser vivo
Olha de forma empática o outro
E age com maior atenção
De respeito e acolhimento
Correntes do bem são construídas
Reverberam fertilidade
Multiplicam esperanças na natureza humana
Assim, está expresso a preocupação dos textos em análise. Se, por um lado, na música se evidencia uma queixa do distanciamento afectivo entre as pessoas, por outro lado, no poema, temos um conselho e, sobretudo, o que tal atitude, se seguido o conselho, pode gerar, como se verifica nos três últimos versos do poema “Correntes do bem são construídas”, “Reverberam fertilidade” “Multiplicam esperanças na natureza humana”. A beleza desses dois textos, por tratarem de questão social, no que relação humana diz respeito, foi o que nos fez escrever esta análise para deixar como subsídio de reflexão aos homens, já que de Deus foram feitos imagem e semelhança, assim como é o título da música “Ngana Zambi”, do Kimbundu, “Senhor Deus”, que é refrão da música, uma invocação; cruzando-se com “Solidariedade”, uma característica intrínseca a este Ser Supremo.
GLOSSÁRIO: A gíria e o calão são, nos músicos das periferias, os registros de linguagem mais usados. Daí a necessidade de criar um glossário para melhor explicitação dos termos usados na música em análise: Diculo> problema; Cubico> casa; Barrado> negado; Wys> amigo Gajo> usado para substituir pronomes pessoas rectos (eu/ele), para o contexto, significa “Eu”.
AUTOR: Orlando Ukuakukula
Gabriela Lopes: 'O Natal em 2021'
O Natal em 2021
Falar com o coração
é o dialeto da poesia.
Sentimos intensamente
E, assim, o papel recebe
cascatas poéticas.
O Natal também é poesia.
Nele cabe o mundo.
Em uma só consumação,
em um só nascimento.
Eis o Cristo vindo ao mundo.
O sentimento deste Natal
é de esperança em dias melhores.
De novos amanhãs para cada nação.
A fé esteve presente em anos anteriores
mas neste Natal há motivos especiais.
O mundo parou no último ano.
Muitas vidas foram ceifadas.
Uma doença nos paralisou.
Todos frágeis e vulneráveis.
Experimentamos céus e infernos.
Natal é tempo de reflexões
mas que elas não fiquem somente nessa data.
A humanidade passa por turbulências
que exigem responsabilização coletiva.
Onde ações predominem sobre discursos.
Que a data seja de irmandade,
Que se reduza vitrines e consumos.
Que se aumente o altruísmo.
Os milênios da humanidade
ainda não geraram evolução?
Que o Cristo seja refletido
em atos sólidos e sinceros de amor.
Com a humanidade sedenta por afagos,
neste tempo, festejar é ter quem abraçar
É emanar luz e tocar o máximo de pessoas.
É saber que fortuna é a saúde e a vida.
É contagiar ao seu redor positivamente
com sua curta passagem no mundo.
Embora breve e complexa,
é uma grande dádiva.