Grazielle Sabino: 'A sombra das escolhas'

Grazielle Sabino

“A fé é antes um delineador de conduta.”

(Jair de Freitas Junior)

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Todos os dias somos ‘bombardeados’ por acontecimentos e situações diferentes, grandes ou pequenas, que trarão reações variadas e, por vezes, contraditórias. A vida em si é uma trajetória repleta de dificuldades e provações.

Repassando alguns exercícios que fiz durante um curso de Aspirante a Escritora de Ficção, deparei-me com um texto cujo tema é bem pertinente – Fé e Conduta – o qual compartilho com vocês.

Vicent é um homem extremamente religioso, de ilibada moral, de um inquestionável caráter. Desempregado, via na doença do filho grande provação. Sua situação financeira se agravava e os remédios que o filho precisava, muito caros. A fé o tranquilizava. Saiu de casa esperando um ‘sinal’ de Deus para a sua agonia, quando, ao passar pela igreja, entrou. Solitário, fitou o altar e sobre ele, a caixa de ofertas cheia de dinheiro. Um embate de proporções nunca antes vivido rasgava-lhe o peito numa angústia mortificante. Seria perdoável jogar para cima tudo aquilo em que moralmente e espiritualmente acreditava? Seria essa a resposta de Deus para a sua falta de recursos? Acometido por profundo silêncio, ajoelhou-se. Não aceitava tal ‘tentação’. Diante de seus olhos, um flash de seu filho, doente, carecendo de cuidados e medicamentos em caráter emergencial. Mas, e a fé? Não mandaria seu Deus tais provisões de uma forma surpreendente, rompendo todas as impossíveis situações, honrando sua obediência? Pairava dúvidas, lutas e a dor da batalha travada entre a razão e sua esperança. As mãos trêmulas, o suor gélido lhe encharcava o corpo que quase desfalecia. Sua trajetória religiosa sempre foi de grande certeza, de intrepidez em sua fé, mas a carne de sua carne, sangue de seu sangue está enfermo. Pesava sobre ele a responsabilidade de um pai presente e protetor. Lançou mão daquelas ofertas a qual entendia não ter sobre ela direito e se foi. Chegando a casa, chocou-se com a resposta implacável aos seus questionamentos. Embora várias doações houvessem sido recebidas em sua ausência, em seu leito, jazia o filho.

Em meio ao caos deste mundo, será que estamos deliberadamente pondo em prática a nossa fé? Quantas vezes o nosso egoísmo e egocentrismo atropelaram a renúncia das nossas vontades? Por que o medo é tão frenético? De fato, entregamos e confiamos?

Acredito que, quando estamos em oração e ao mesmo tempo temos dúvidas em nosso íntimo, não podemos esperar receber aquilo que desejamos. A hesitação nos impede de ter plena confiança, pois quem tem a verdadeira fé, tem evidência sólida daquilo em que crê. E a fé não está propriamente ligada a religião, é um sentimento. Exercitar a fé requer disciplina para que possamos abrandar os furacões internos perante as adversidades.

Ressalto que a intenção desse compartilhamento não é promover nenhuma forma de debate, mas deixar um convite à reflexão.

Grazielle Sabino

 

 

 

 




Grazielle Sabino: 'Pare de querer dar conta de tudo'

Grazielle Sabino

Pare de querer dar conta de tudo

Qual mulher que hoje em dia não se sente sobrecarregada?

As mulheres foram ensinadas que precisam dar conta de tudo, seja do gerenciamento mental e emocional da casa e de toda família – sendo uma ótima mãe, educar os filhos e ter tempo para eles, uma boa esposa e manter a relação acesa, manter o corpo e a saúde em dia, cuidar dos cabelos, unhas, depilação, ter vida social e por aí vai – seja do trabalho, sendo uma excelente profissional e que gera renda compatível.

Além de sofrermos essa cobrança pela sociedade, pela família e por qualquer pessoa que faça parte do nosso círculo de relações por sermos consideradas ‘mulher moderna’, também nos tornamos o nosso próprio tirano quando falhamos, nos culpabilizamos e nos sentimos fracassadas porque não cumprimos com nossas ‘obrigações’, mesmo tendo consciência de empenharmos nelas todo o nosso esforço.

É assim que você também se sente? Como se tivesse que dar conta de dezenas de coisas por minuto e tudo tem que sair perfeito?

Estamos cada vez mais dispersas, emocionalmente esgotadas, com uma forte tendência à ansiedade, síndrome do pensamento acelerado, do pânico, stress e até mesmo, depressão.

E tudo isso porque estamos tentando ser a ‘Mulher Maravilha’.

A grande questão é: Você não precisa dar conta de tudo ao mesmo tempo!

Já é hora de termos mais compaixão por nós mesmas, de nos olharmos com mais gentileza, sem martírios porque os resultados não foram os esperados, lembrando que o seu valor não está em sua produtividade.

E quando conseguir entender isso, e assumir como uma verdade para a sua vida, irá se fortalecer em todos os sentidos.

Você pode desempenhar todos os papéis, porém dentro da sua realidade e possibilidades, sem perder a alegria e o prazer de experimentar o agora, de viver o momento presente.

Não esquecer jamais: Somos Mulheres Reais!

Equilíbrio é a chave.

 

Grazielle Sabino

 

 

 

 

 

 

 




Grazielle Sabino: 'Tormentas'

Grazielle Sabino

Tormentas 

Estupendas manifestações

Interatuam intensas e fortes

Correntes ascendentes e descendentes

Saraiva e granizo

Despertando tempestades

Gritam os raios e trovões.

 

Fascinados, temerosos

Somos frágeis e limitados

Nessa tremenda fúria

De um planeta em prantos

Revelações profundas.

 

Temporais de lições

De força e poder

Nublados valores

Nessa cortina de ventos

Naufragam aflições.

Perturbação atmosférica

Tornados, ciclones

Negligenciam os clamores

Transformam paisagens

Martírio global.

 

Temporais de lições

De vida e fé

Usurpadores de ganhos

Arrancam raízes

Somos vítimas e vilões.

 

Grazielle Sabino

graziellesabino@yahoo.com.br

 

 




Grazielle Sabino: 'Mulheres e os desafios de empreender'

Grazielle Sabino

Mulheres e os desafios de empreender

O Empreendedorismo Feminino é uma tendência em pleno crescimento. Uma espécie de movimento que reúne negócios idealizados e comandado por uma ou mais mulheres. Num sentido mais amplo, pode também ser entendido como as inciativas de liderança feminina, incluindo a atuação das mulheres em altos cargos dentro de empresas.

Por mais que as mulheres tenham começado a ganhar espaço no mercado de trabalho e sempre tenha existido mulheres empreendedoras, é somente agora, no século XXI, que elas estão tendo a oportunidade de criar e planejar suas carreiras.

É importante destacar que, dentre as principais motivações para elas empreenderem, estão a necessidade de ter outra renda ou mesmo, para adquirir independência financeira.

É uma busca por um estilo de vida que usa como parâmetro o aprendizado constante e a capacidade de inovar e, que vai muito além do lucro. Está relacionado com acolhimento, reconhecimento, empoderamento, visibilidade e compartilhamento de informações.

Os empreendimentos geridos por mulheres têm características específicas que os tornam únicos e diferenciados, a citar:

*Atenção aos detalhes (visão sistêmica);

*Mais empatia (consegue antecipar reações a diferentes ideias, conceitos e estratégias);

*Preparo maior (investe mais tempo em seu aprimoramento);

*Sensibilidade (faz uma leitura melhor dos acontecimentos);

*Multifoco (capacidade de fazer muitas coisas ao mesmo tempo).

O empreendedorismo feminino pode ser uma forma de apropriação de conhecimento e também, de uma combinação de habilidades e aptidões que podem ser usadas como instrumento de transformação social.

Porém, dentro dessa ‘nova’ cultura que vem se formando é possível identificar alguns dos desafios enfrentados pelas mulheres:

-Jornada múltipla;

-Lidar com preconceitos;

-Falta de incentivo;

-Maternidade;

-Desenvolvimento contínuo;

-Sexismo;

-Liderança feminina;

-Igualdade e inclusão;

-Gestão do tempo.

Empreender é cheio de altos e baixos. A maioria das empresas falham e as melhores lições são aprendidas com o fracasso que ajudam a refinar as estratégias. O sucesso é um longo e difícil jogo e requer visão, foco e tremendo sacrifício.

A própria vida já é uma aventura cheia de riscos, obstáculos, incertezas e apostas. Acreditar naquilo que ninguém mais acredita já é, por si só, um grande desafio de quem empreende. Contudo, ainda assim, é possível manter a motivação e adotar uma postura positiva sejam quais forem as circunstâncias.

A dica é concentrar-se mais no processo e inspirar-se em experiências de outras mulheres, que já alcançaram seus objetivos, para guiá-la e moldá-la. A paciência é fundamental para permanecer otimista, principalmente quando se entende que não é possível ter controle sobre tudo.

E por fim, não desanime!

A realidade é que empreender não é cargo, é o estado mental de alguém que deseja mudar seu futuro.

Se for preciso, volte ao início e se reconecte. Tente outra vez!

Sigo aprendendo…

 

Grazielle Sabino

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Grazielle Sabino: 'Você sabe o que são memórias afetivas?'

Grazielle Sabino

Você sabe o que são memórias afetivas?

A memória afetiva é aquela lembrança que surge por meio de elementos sensoriais e emocionais. Assim, ela aparece a partir de gatilhos específicos, como sons, cheiros, sabores e cores que remetem a algum momento importante que aconteceu no passado.

Como por exemplo, aquele ‘cheiro de vó’ ou aquele ‘gostinho de infância”, sensações que experimentei enquanto fazia a leitura do texto “Quando a casa dos avós fecha” (autoria desconhecida), o qual tenho a alegria de aqui compartilhar.

Como essas memórias são especiais para nós!

Fica o convite a essa viagem ao saudosismo.

Quando a casa dos avós se fecha

Acho que um dos momentos mais tristes da nossa vida é quando a porta da casa dos avós se fecha para sempre… pois, quando essa porta se fecha, encerramos os encontros com todos os membros da família, que em ocasiões especiais, quando se reúnem, exaltam os sobrenomes como se fosse uma família real e, sempre carregados pelo amor dos avós, como uma bandeira, eles (os avós) são culpados e cúmplices de tudo.

Quando fechamos a porta da casa dos avós, também terminamos as tardes felizes com tios, primos, netos, sobrinhos, pais, irmãos e até recém-casados que se apaixonam pelo ambiente que ali respiram.

Não precisa nem sair de casa, estar na casa dos avós é o que toda família precisa para ser feliz.

Nas reuniões de Natal, a cada ano que chega, pensamos: “…e se essa for a última vez? ” É difícil aceitar que isso tenha um prazo, que um dia tudo ficará coberto de poeira e o riso será uma lembrança longínqua de tempos talvez melhores.

O ano passa enquanto você espera por esses momentos e, sem perceber, passamos de crianças abrindo presentes a sentarmos ao lado dos adultos na mesma mesa, brincando do almoço e do aperitivo do jantar, porque o tempo da família não passa e o aperitivo é sagrado.

A casa dos avós está sempre cheia de cadeiras, nunca se sabe se um primo vai trazer a namorada, porque aqui todos são bem-vindos.

Sempre haverá uma garrafa térmica com café ou alguém disposto a fazê-lo.

Você cumprimenta as pessoas que passam pela porta, mesmo que sejam estranhas, porque as pessoas na rua dos seus avós são seu povo, eles são sua cidade.

Fechar a porta da casa dos avós é dizer adeus às canções com a avó e aos conselhos do avô, ao dinheirinho que te dão secretamente dos teus pais como se fosse uma ilegalidade, é chorar de rir por qualquer bobagem, ou chorar a dor daqueles que partiram cedo demais. É dizer adeus à emoção de chegar na cozinha e descobrir as latas fartas de biscoitos e guloseimas, e destampar as panelas, e saborear a ‘comida de vó’.”

(A.D.)

As memórias afetivas ficam para sempre, é um pouco do que somos, parte da nossa identidade.

É tempo de olhar para trás com amor e viver o hoje com gratidão. Honrar a vida que fluiu naturalmente através deles (avós) para nossos pais até chegar a nós.

Sempre há tempo de renovar as suas histórias. Aproveite os momentos em família e guarde apenas o que precisa ser guardado.

Até a próxima.

Grazielle Sabino




Grazielle Sabino: 'Versões de mim'

Grazielle Sabino

Versões de mim

 

Vira e mexe esbarro nos meus EU’s

Aquele reencontro meio inesperado

Fragmentos perdidos no caminho

Versões que já nem recordava

Projetos inacabados, equívocos

Alegrias perdidas

Conquistas não celebradas

Laços rompidos

Decepções, frustrações, perdas

Aquele pedaço escuro de mim

Guardado na caixa da superação

Avistei a versão Sorriso Frouxo

Aquele despretensioso

Que, por vezes, emudece em mim

Encarei a versão Autenticidade

Aquela espontaneidade, naturalidade

Que, por vezes, foge de mim

Trombei na versão Coragem

Aquela destemida, determinada

Que, por vezes, suprime em mim

Topei com a versão Silêncio

Aquele da reflexão

Que, por vezes, exila em mim

Esbarrei na versão Gratidão

Aquela do reconhecimento

Que, por vezes, desbota em mim

Tropiquei na versão Solidária

Aquela da empatia

Que, por vezes, cala em mim

Disparei na versão Criança

Aquela ingênua, inexperiente

Que, por vezes, esquece de mim

Tropecei na versão Jovem

Aquele dos sonhos, descobertas

Que, por vezes, machuca em mim

Travei na versão Adulta

Aquela da responsabilidade e escolhas

Que, por vezes, penaliza em mim

Colidi com a versão Espiritualizada

Aquela da harmonia, da fé

Que, por vezes, apaga em mim

Encontrei a versão Amor

Aquele que acolhe, perdoa

Que, por vezes, mascara em mim

Versões que se completam

Algumas já não cabem remendos

Outras são necessárias carregar

E tem as que requerem leitura

Versões lapidadas pelo tempo

Vinculadas nas lembranças

Equilibradas na essência.

 

Grazielle S. S. Sabino

 

 




Grazielle Sabino: 'O silêncio e seus contraditórios: às vezes alivia, outras vezes sufoca'

 

Grazielle Sabino

O silêncio e seus contraditórios: às vezes alivia, outras vezes sufoca

Os conceitos são formulações fáceis, o silêncio não.

O silêncio pode acalmar, ferir, amparar, violentar.

Em algumas ocasiões pode trazer paz em outras tempestades.

O silêncio também pode corresponder à reflexão, há um turbilhão de pensamentos pulsando dentro de nós.

Às vezes, silêncio é solidão, vazio, dor e tristeza.

O silêncio também é sinal de devoção, contemplação.

O silêncio é um convite a ter ‘espaço mental’, ou seja, a revelação de que temos um espaço interno que, na maioria das vezes, não é acessado.

Estamos tão desconectados com esse espaço interno que ficamos desconfortáveis com a ausência de barulho.

Temos medo de descobrir emoções, impulsos, desejos e insatisfações que o barulho do cotidiano esconde de nós.

Descobrir o que o silêncio quer dizer requer uma minuciosa observação.

O silêncio é um instrumento de autoconhecimento. Ele nos obriga a ser continente das coisas que estão dentro de nós.

É preciso reservar um tempo para desacelerar e se conectar a você mesmo.

Faz sentido pra você?

 

 Grazielle Sabino

graziellesabino@yahoo.com.br