Alunos contrários à ocupação furam bloqueio e conseguem ter aula na Etesp

Ocupantes invadiram direção da unidade, hackearam email do diretor, rasuraram e jogaram documentos pela janela

Ocupantes da Escola Técnica Estadual (Etec) São Paulo, a Etesp, no Bom Retiro, Capital, invadiram nesta manhã a sala da direção da unidade, no edifício principal do campus, hackearam o email institucional do diretor, rasuraram e jogaram documentos pela janela. Nos prédios adjacentes, alunos de sete turmas da escola contrários à ocupação furaram o bloqueio e conseguiram ter aula. Os estudantes entraram acompanhados dos pais, que ficaram na porta para garantir que os ocupantes não impedissem a iniciativa.

Manifestações de pais e estudantes que querem ter aula chegam diariamente ao Centro Paula Souza. Eles temem o atraso no calendário escolar, que impossibilitará o cumprimento do currículo e obrigará as escolas a fazerem reposição de aulas nos períodos de férias. Estão comprometidas a preparação dos alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – acesso a faculdades de todo o País – e a emissão de certificados para que concluintes dos cursos técnicos possam ingressar no mercado de trabalho.

A Etesp está ocupada, assim como outras 12 unidades do Centro Paula Souza. Desde o início do movimento, cinco Etecs já foram desocupadas. Em algumas unidades, como Basilides de Godoy, Pirituba e Zona Sul, têm sido registrados conflitos entre ocupantes e alunos que querem ter aulas.

O Estado já se comprometeu a disponibilizar almoço para todos os alunos de Etecs que estudam em período integral e ainda não recebem a refeição. A medida vai beneficiar 20 mil estudantes. Atualmente, 100% das 219 unidades recebem merenda. Em 70% dessas já é servida refeição completa. As demais estão sendo adaptadas.

O Centro Paula Souza reconhece o direito às reivindicações, mas lamenta a paralisação das atividades nas escolas e ações de vandalismo como a ocorrida hoje na Etesp. Já foram computados R$ 80 mil em prejuízos causados pela ocupação da sede administrativa da instituição, de onde foram furtados 21 laptops e 12 HDs, entre outros equipamentos e objetos pessoais de funcionários, danificados móveis e portas e arrombados armários e gavetas. O Centro Paula Souza reitera seu apoio aos pais, alunos e profissionais contrários aos atos de ocupação e informa que está trabalhando para retomar as aulas o mais breve possível.

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Pais e alunos pedem fim das ocupações das Etecs e volta imediata às aulas

Preocupação com atraso no calendário escolar, expedição de certificações para ingressar no mercado e preparação para o Enem tem motivado protestos contra o fechamento de unidades


Alunos das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e pais estão se mobilizando pela volta imediata das atividades nas unidades ocupadas. Eles temem que o comprometimento do calendário escolar prejudique sua formação acadêmica por conta do atraso na conclusão dos cursos e expedição de certificados para ingressar no mercado de trabalho. A preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), passaporte para o ingresso em faculdades de todo o país, também é motivo de preocupação. Pais e estudantes reclamam ainda de serem impedidos de entrar em suas unidades por grupos pequenos que não os representam.

Em dezenas de e-mails e ligações telefônicas endereçados aos canais de atendimento do Centro Paula Souza nos últimos dias, pais e estudantes declaram-se angustiados com a situação. “Meu filho de 15 anos tentou entrar, mas foi impedido. Aqueles que querem ter aula não conseguem ser representados nas assembleias”, diz Sebastião Carpi Junior. Ele acrescenta que alguma das reinvindicações podem até ser procedentes, mas se queixa do modo como são pleiteadas. “As decisões não estão sendo tomadas de forma democrática.”

A maior indignação vem de alunos de cursos noturnos das Etecs ocupadas. Grande parte já está no mercado de trabalho e não quer ver prejudicada sua formação acadêmica. Eles estão receosos quanto à necessidade de repor aulas, provas e trabalhos e afirmam ter acesso apenas a informações divulgadas pela imprensa, já que em suas unidades os ocupantes não estariam abertos ao diálogo. “Os líderes do movimento fizeram uma assembleia na segunda-feira às 7h30, horário em que o pessoal da noite não pode comparecer”, protesta Camila Alves Barreto, aluna da Etec Zona Sul que faz parte de um grupo que quer retomar as aulas o mais rapidamente possível. “Nós pedimos, argumentamos, mas eles não mudaram o horário da votação. São democráticos só para o que interessa para eles.”

Conflitos entre alunos têm acontecido nas Etecs de Pirituba, São Paulo e Professor Basilides de Godoy, na Capital. Nesta última, um grupo chegou a derrubar o portão de entrada para ter aula na semana passada.

Um grupo de pais e alunos chegou a postar no Avaaz (rede dedicada à mobilização social por meio da internet) a moção de repúdio à ocupação das Etecs “Quero aula já”.