O IMPERATIVO DO INÍCIO IMEDIATO DO PROCESSO DE IMPEACHMENT, NAS VISÕES DE HÉLIO SCHWARTSMAN E CELSO LUNGARETTI

Celso Lungaretti

O IMPERATIVO DO INÍCIO IMEDIATO DO PROCESSO DE IMPEACHMENT, NAS VISÕES DE HÉLIO SCHWARTSMAN E CELSO LUNGARETTI

hélio schwartsman

O DEVER DO IMPEACHMENT

Não sei se um impeachment contra Jair Bolsonaro tem condições de prosperar. Numa avaliação política, eu diria que, hoje, não. 


acredito que temos a obrigação moral de deflagrar o processo, mesmo que não tenha êxito. Os crimes de responsabilidade cometidos pelo atual mandatário são tantos, tão ostensivos e tão graves que deixar de acusá-lo equivaleria a coonestar suas atitudes[todos os grifos em vermelho são meus – CL]

O impeachment tem dupla natureza. Ele é ao mesmo tempo um instituto político e judicial. Se o bom articulador só deve levar sua proposta a votação quando sabe que vai ganhar, o policial é em tese obrigado a entrar em ação sempre que flagra uma ilegalidade.

quando o meliante passa a agir em plena luz do dia, cometendo delitos cada vez mais graves e de forma cada vez mais conspícua, a opção de virar a cara para o outro lado já não se coloca

Os desatinos de Bolsonaro atingiram um grau tal que ignorá-los seria compactuar com o perpetrante.


Mesmo sabendo que não havia a menor chance de o presidente ser afastado —os republicanos têm folgada maioria no Senado— e que havia o risco de a absolvição fortalecê-lo eleitoralmente, a liderança democrata entendeu que tinha a obrigação moral de tentar o impeachment. 

Julgou que as violações eram de tal monta que fingir que elas não ocorreram significaria faltar com o compromisso do partido com a democracia.

(por Hélio Schwartsman)

Uma palavra mais — O posicionamento do Schwartsman é o único aceitável para os melhores seres humanos, aqueles que vivem de acordo com seus princípios e não segundo a famigerada lei de Gérson, querendo apenas levar vantagem pessoal em tudo, pouco importando as consequências de suas escolhas para a coletividade.


Só não concordo com que o início já e agora do processo do impeachment esteja fadado ao fracasso. Pelo contrário, como a cada momento sai mais um esqueleto do armário da Família Miliciana e o Bozo, o Horroroso, além de estuprador serial da Constituição agora subiu de patamar e se tornou genocida, a deflagração do processo terá grande importância para a acumulação de forças, como elemento aglutinador.

 

 

 

 

 

 

 

 




Artigo de Celso Lungaretti: 'O IMPEACHMENT JÁ ESTÁ DECIDIDO. O QUE CONTINUA PENDENTE É: O PT VAI SER RESPONSABILIZADO PELOS TERRÍVEIS ERROS COMETIDOS OU A FÁBULA DO GOLPE LIMPARÁ SUA BARRA?.'

A COMÉDIA DE ERROS CHEGA AO FIM… ATÉ QUE ENFIM!!!

Pompa, circunstância e imperfeições constitucionais.

O que tornou imperativo o impeachment de Dilma Rousseff foi haver conduzido o país a uma terrível recessão econômica e estar, quando do seu afastamento, havia 16 meses sem conseguir governar. Ou seja, como sua permanência no poder faria apenas agravar-se uma situação que já era insustentável, ou ela caía, ou cairia o Brasil (no caos e, possivelmente, numa nova ditadura). Simples assim.

Como nossa imperfeita Constituição não contém dispositivo para o descarte de um(a) presidente incompetente ao extremo, mesmo quando sua extrema incompetência está detonando a economia e esfarelando a nação, o processo de impeachment teve de se restringir formalmente a motivos até irrisórios no quadro geral da devastação, se não causada, certamente maximizada pela gestão destrambelhada de Dilma Rousseff.

P. ex., as manobras contábeis ilícitas não foram casos isolados, mas parte do pior estelionato eleitoral cometido no Brasil em todos os tempos. Ocorre que, espantosamente, estelionato eleitoral não está entre as justificativas legais para o impedimento presidencial.

Pompa, circunstância e lengalenga.

Alguém pode, como Dilma em sua campanha para a reeleição, impingir ao eleitorado as piores mentiras e até satanizar os adversários atribuindo-lhes intenções sinistras das quais só escaparia elegendo-o (a), para, em seguida, fazer exatamente aquilo que dissera que os malvados fariam. Tudo bem, pois a Constituição não proíbe que vigaristas políticos tratem os eleitores do país inteiro como otários. Goebbels adoraria o Brasil.

Quanto às manobras contábeis em questão, foram também parte do estelionato: a maquilagem ilícita serviu para ocultar do eleitorado o profundo descontrole das contas públicas, que certamente serviria de combustível para uma crise econômica que já provocava muita inquietação. Será que uma vitória por margem tão exígua teria sobrevivido à revelação dos maus feitos administrativos da gerentona e das consequências que deles decorreriam para os brasileiros?

Dilma, no melodrama que encenou para os senadores, o mesmo que martela incessantemente há meses para a opinião pública sem convencer quase ninguém, fugiu destes questionamentos mais gerais (e importantes), reduzindo tudo a uma discussão técnica sobre haver ou não cometido crimes de responsabilidade –embora nem assim saísse totalmente bem na foto, pois os entendidos garantem que os cometeu (só que de um tipo usualmente não punido em nosso país).

A vitimização de Dilma se sustenta nas imperfeições constitucionais. Se estivesse sendo impichada pelas razões corretas e completas, nossa paciência não enfrentaria a dura prova de aguentar tal lengalenga durante meses a fio…

Petistas passaram batidos. Azar nosso.

Quanto à tantas vezes alegada honestidade pessoal, na verdade se restringe apenas a não haver embolsado grana proveniente de maracutaias. Mas, Deus e o mundo sabem que o preço de o beijo do Lula a haver transformado de rã em princesa foi olhar para o outro lado enquanto tais maracutaias grassavam soltas (começando pela inacreditável aquisição da usina de Pasadena por um valor superestimadíssimo). Já fazia vistas grossas quando chefiava a Casa Civil e o conselho administrativo da Petrobrás; continuou fazendo como presidente.

Agora, a Operação Lava-Jato revela que a grana das maracutaias irrigou suas campanhas eleitorais. Quem acreditar que ela ignorava isto também compra até terreno na Lua.

Por que me dou ao trabalho de desconstruir o jus sperniandi da Dilma, quando a confirmação do impeachment é uma certeza e até mesmo os senadores direitistas parecem cumprir seu papel com certo enfado?

Porque à direita basta mandar Dilma para casa; e isto já está assegurado.

Já para a esquerda reconstruir-se após a praga de gafanhotos que a assolou, é preciso ficar bem claro que o período de hegemonia petista não terminou por causa de conspirações mirabolantes, mas sim pelo esgotamento da opção reformista, que substituiu a luta de classes pela conciliação de classes e se limitou a apenas garantir para os explorados algumas migalhas a mais do banquete dos exploradores.

Pior: gerenciar o capitalismo para os capitalistas foi catastrófico para a moral da esquerda, que teve muitos expoentes se beneficiando das boquinhas e se envolvendo em roubalheiras, o que foi explorado ad nauseam pela imprensa burguesa; e provocou incoerências altamente desmoralizantes, como a de Dilma, em desespero de causa, ter tentado utilizar um economista neoliberal como boia, na contramão de todas as críticas que a esquerda fazia ao neoliberalismo desde a década de 1960.

A fábula do golpe não evitou o impeachment, mas poderá evitar que os erros cometidos nos últimos 13 anos sejam questionados pela esquerda com a contundência que se impõe, tamanho foi o descrédito que acarretaram para nossos ideais.

A volta aos trilhos revolucionários ou  a irrelevância
O PCB era a força hegemônica da esquerda até a rendição sem luta de 1964; o processo de crítica e autocrítica subsequente reduziu em muito sua influência e importância.

É o que precisa ocorrer agora com o PT, caso contrário a derrota sofrida, além de acachapante, terá sido inútil.

Ou a esquerda desperta de sua hibernação reformista e volta aos trilhos revolucionários, ou marchará para a irrelevância.

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Artigo de Celso Lungaretti: 'O DIA DEPOIS DE AMANHÃ'

Celso Lungaretti – QUEM VIRÁ DEPOIS DE DILMA? 

 

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

Nem de longe estou PROPONDODEFENDENDO ou APOIANDO o impeachment presidencial, apenas informo os meus leitores de que, face à deterioração da economia brasileira sob Dilma Rousseff e como ela não tem qualquer possibilidade de reverter o quadro de paralisia do seu governo que já dura 15 meses, inevitavelmente será afastada. Para mim isto não passa de uma obviedade.

A partir do isolamento cada vez maior da Dilma e das perspectivas cada vez mais catastróficas da economia, e levando em conta um sem-número de afastamento de presidentes em circunstâncias semelhantes, não tenho nenhuma dúvida de que os dias dela estão contados.

Se fosse comandante hábil, Dilma perceberia que seu Titanic já passou do ponto em que poderia ser salvo e só lhe resta organizar da melhor forma possível a evacuação. Mas, todos sabemos, ela não o é. Continua acreditando que a vontade do governante prevalece sobre as circunstâncias históricas, exatamente como em 2010, quando se propôs a exumar o nacional-desenvolvimentismo da década de 1950, falecido meio século antes. Quebrou a cara, evidentemente. E milhões de desempregados hoje sofrem as consequências do seu voluntarismo arrogante.

Quanto a base legal, isso é discussão para juristas. A História (que é a minha praia) tem mostrado que, quando um governo está destruindo o país, sempre se desencava ou inventa um motivo qualquer para afastar o governante. O próprio Collor foi absolvido pelo STF, anos depois, dos delitos que justificaram seu impeachment.

 
PMDB de novo?! Dá para tomar uma Kaiser antes?

Na verdade, o que primeiramente eu e depois o editoral da Folha de S. Paulo colocamos em discussão é o que sobrevirá à queda de Dilma: a posse de Temer ou uma nova eleição. Trata-se daquilo que realmente resta para decidirmos. A queda é favas contadas.

O que eu PROPONHODEFENDO e APOIO são as fórmulas que permitirão, uma vez afastada Dilma, a realização de uma nova eleição presidencial. Torço para que:

  • ela renuncie, exortando o Temer a renunciar também, em nome da necessidade de união nacional para superarmos a gravíssima crise atual;
  • para que a chapa presidencial seja cassada pela Justiça Eleitoral; ou
  • para que o Temer também sofra impeachment.

Isso porque a desmoralização dos políticos hoje é tamanha que só mesmo uma nova eleição poderá dar alguma legitimidade e credibilidade ao sucessor de Dilma.

Mas, o desfecho desejável não é o provável, pelo menos por enquanto:

  • sendo Dilma tão teimosa quanto incompetente, prefere ignorar que seu defenestramento é irreversível e que ao espernear para manter-se no cargo só alonga o sofrimento e a penúria dos brasileiros, submetidos a uma recessão terrível;
  • o impedimento também de Temer não passa, neste momento, de uma hipótese remota; e
  • tudo leva a crer que a decisão sobre o impeachment saia antes do veredicto do TSE.

Então, parecemos marchar mesmo para a posse de Temer, que é uma má opção. A cegueira e falta de grandeza dos atores políticos, começando por Dilma, acabará impedindo novamente o povo de decidir os rumos deste país num momento crítico.

Ou seja, tende a repetir-se o que aconteceu em 1984, quando a rejeição da emenda das diretas-já nos condenou a dois pesadelos, os governos de Sarney e Collor, fazendo o Brasil marcar passo durante muitos anos mais.

É desalentador.

ATÉ A ‘FOLHA’ CONCORDA: NOVA ELEIÇÃO É A MELHOR SOLUÇÃO.

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

O editorial veio na capa 

Não terá sido coincidência o fato de os dois jornais mais influentes de São Paulo (que, ao lado de O Globo, são os maiores do País), terem publicado editoriais extremamente contundentes contra o Governo Dilma neste mesmo domingo, 3. Para quem consegue captar os subtextos da política e da comunicação, é sinal de que o drama brasileiro está chegando ao desfecho.

O da Folha de S. PauloNem Dilma nem Temer, começou acertando já no título: a presidente precisa ser substituída antes que o avanço daquela que já é a nossa pior recessão econômica de todos os tempos engendre a convulsão social, o caos e, talvez, uma nova ditadura; mas o vice não se constitui, nem de longe, no homem certo para unificar o País nestas circunstâncias dramáticas.

Então, tanto quanto a esquerda precisa ser refundada após os fracassos e a lama da era petista, a democracia brasileira precisa ser passada a limpo depois de haver atingido grau tão extremo de degradação. Como o poder político se esfarelou por completo, um novo governo só terá credibilidade se provir da fonte do qual emana, ou deveria emanar: o povo.

É paradoxal que o chamamento a uma nova diretas-já parta de um jornal tão identificado com más causas. Vale, contudo, lembrar que em 1984 a Folha apoiou a emenda Dante de Oliveira e, por ser o jornal mais simpático ao restabelecimento imediato das eleições diretas, teve um ganho imenso de prestígio, que logo se expressaria  em termos financeiros (aumento da circulação e das receitas publicitárias). Como atravessa um período de vacas magras, pode estar sonhando com um bis.

Quanto ao editoral de O Estado de S. Paulo (Contra o direito e a razão), constata o óbvio: ao tentar salvar-se do impeachment entregando as joias da coroa a partidecos como como o PHS, PTN, PSL e PT do B, Dilma está transformando o Planalto num “monturo” e, mesmo que por milagre consiga manter seu mandato, “terá de governar com essa equipe de desqualificados” e “não terá nenhuma condição de aprovar o que quer que seja no Congresso”.

Resultado óbvio: “O País ficará paralisado”. E, acrescento eu, como a natureza e a política abominam o vácuo, conflitos armados e quarteladas entrariam no leque das possibilidades. Trata-se do pior cenário, aquele que é simplesmente imperativo afastarmos.

Não passa de um tresloucado desvario a suposição de que ganharíamos agora uma luta que perdemos quando tínhamos quadros infinitamente melhores, éramos respeitados pelo povo e enfrentávamos uma ditadura tão tacanha quanto odiosa e sanguinária. Tudo leva a crer que, pelo contrário, desta vez colheríamos uma derrota ainda mais acachapante. Então, o enfrentamento deve ser evitado a qualquer custo, enquanto não recompusermos nossas fileiras e resgatarmos nossa credibilidade.

É coisa para anos: depois do vexame da capitulação sem luta em 1964, só conseguimos dar a volta por cima em 1968.

Deixar desabar um governo que jamais foi revolucionário e hoje está caindo de podre é um preço barato a pagarmos para que a reconstrução da esquerda possa ser empreendida nas condições mais favoráveis, ou seja, em tempos de (ao menos relativa) calmaria.

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NUNCA DIGA NUNCA RENUNCIAREI

23 DIAS DEPOIS DO ‘NÁUFRAGO’, A ‘FOLHA DE S. PAULO’ PEDE FIM DO GOVERNO DILMA, EXCLUSÃO DO TEMER E NOVA ELEIÇÃO.

MINHA MAIS IRRESTRITA SOLIDARIEDADE A LUCIANA GENRO. MEU MAIS INDIGNADO REPÚDIO AO STALINISMO.

ASSIM FALOU ERUNDINA

UM GOVERNO ESTÁ VIVO POR FORA E MORTO POR DENTRO…

DEPOIS DE DESTRUIR NOSSO PRESENTE, O PT QUER ROUBAR-NOS O FUTURO.

CHATO MESMO É TER O MESMO FIM DO COLLOR…

DILMA, ACABOU. NÃO TEM MAIS JEITO.

O REMÉDIO PARA TIRAR O BRASIL DA UTI: ELEIÇÕES LIVRES, GERAIS E LIMPAS!




Artigo de Guaçu Piteri: 'Impeachment'

Guaçu Piteri: ‘Impeachment’ não é golpe” (Geraldo Alckmin)

foto-guacuAntes de tudo, vamos combinar: embora político, o “impeachment” é um processo democrático e constitucional.

A ação de autoria dos advogados Bicudo, Reale Jr e Janaína, em tramitação na Câmara, ganha força e legitimidade em decorrência do parecer do Tribunal de Contas da União que concluiu pela rejeição das contas da presidente do exercício de 2014, por graves irregularidades.

No primeiro momento, Dilma procurou se defender alegando que não tem dólares na Suíça. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, vestiu a carapuça e respondeu que Dilma “mente à nação”.

Qual é a novidade? a maioria dos brasileiros – revela o Datafolha – tem a clara percepção de que Dilma ganhou a eleição porque mentiu, enquanto Cunha, envolvido até o pescoço nas denúncias da Lava Jato, não consegue explicar a origem e movimentações dos dólares em suas contas nos paraísos fiscais.

Mas, volto ao “impeachment”: Na vertente política, a principal ameaça ao mandato de Dilma decorre da posição do PMDB que, monitorado pelo vice presidente, Michel Temer, pretenso sucessor do trono, dá sinais de que pode abandonar o barco. A posição do partido, majoritário no Congresso, tem tudo para causar uma reviravolta no precário equilíbrio de forças do desgastado e corrupto presidencialismo de coalizão vigente.

Segundo os entendidos, o processo político é dinâmico e imprevisível. Magalhães Pinto, senador mineiro de meados do século passado, costumava dizer que a política é como as nuvens que se movem no céu. Em poucos segundos, mudam de forma e de posição. É ingenuidade descartar a possibilidade de alteração do panorama atual. Ademais, a grande batalha vai ser travada nas ruas. O governo tem tudo para sair na frente. Conta com o apoio incondicional dos pelegos da CUT e dos “militantes” especialistas em campanhas eleitorais, cooptados aos milhares em cargos de confiança, além da maioria dos governadores que, de pires na mão, são reféns do poder central. Basta um estalo de dedos, e zaz, a disciplinada e submissa brigada está a postos.

Mas será que isso é tudo? A experiência mostra que não… Não é.

A queda da ditadura foi impulsionada pela histórica campanha das “diretas já”, que começou timidamente, com uma concentração de 25 mil pessoas na Praça da Sé. Pouco tempo depois, arrastou 1,5 milhão de entusiastas ao Vale do Anhangabaú.

O que dizer, então, da performance dos “caras pintadas?

Lembro-me de Collor, na televisão pedindo à população que vestisse luto, em protesto contra os que o queriam fora do governo. O tiro saiu pela culatra. No dia seguinte, o Brasil amanheceu vestindo as cores da pátria. O verde e amarelo da bandeira, numa peça da roupa, ou em duas fitas atadas à antena do automóvel, ou num prosaico par de aspas pintadas na face dos jovens, derrubaram o presidente. O grito das ruas venceu… Collor foi destituído por 441 votos a 38.

A pergunta que está na rede, segue reverberando em todos os cantos e tira o sono de muita gente em Brasília, não quer calar:
– Será que a História vai se repetir?
– Bem, agora há uma diferença fundamental;
– Sim?!…
– À época, Lula e o Petismo entendiam que “impeachment” não é golpe.

Guaçu Piteri |



Artigo de Celso Lungaretti: 'Dilma na hora da verdade renúncia é o menor do males'

O DRAMA SE APROXIMA DO PREVISÍVEL DESFECHO E EU REPITO O APELO: DILMA, RENUNCIE ANTES DE SER AFASTADA!!!

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

É tão deprimente o desenrolar dos acontecimentos que eu nem os esmiuçarei, limitando-me às conclusões genéricas.

As investigações da Operação Lava-Jato chegaram nesta semana ao centro do poder e, pelo andar da carruagem, não está longe o dia em que os pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff se lastrearão no conhecimento (que, tudo leva a crer, realmente tinha) da roubalheira na Petrobrás e em sua omissão face a ela, deixando de tomar as providências que lhe cabiam como presidente do Conselho de Administração, ministra e depois presidente da República.

Mesmo não tendo se beneficiado pessoalmente do esquema de corrupção, Dilma deverá ser acusada de conivência e pagar por isto. Assim como José Genoíno, igualmente sem que ninguém lhe pudesse imputar ganhos ilícitos, pagou um preço terrível por ter assinado um papelucho em confiança.

Enquanto isto, o cerco ao ex-presidente Lula, parentes e amigos também começa a produzir resultados e ninguém pode mais prever se ele passará o Natal em família ou na prisão.

Já escrevi isto antes, não fui levado em consideração, mas insisto: bem mais digno do que espernear até o mais amargo fim será Dilma renunciar de imediato.

Assim, a imprensa passará a ter assuntos mais relevantes de que se ocupar, com o revolver da lama da corrupção ficando em segundo plano e a esquerda deixando de sofrer um desgaste tão acentuado quanto o dos últimos tempos.

Essa agonia lenta sob holofotes é terrível para todos que lutamos por uma sociedade mais justa (pois o cidadão comum tende a considerar-nos farinha do mesmo saco, sem levar em conta se participamos dos governos petistas ou deles mantivemos distância), para o País que decai a olhos vistos e para o povo que é cada vez mais sacrificado pela recessão.

A saída de Dilma da Presidência é mera questão de tempo. Cabe a ela decidir se é melhor sair caminhando pela porta da frente ou escorraçada pela porta de trás.

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