Celso Lungaretti – QUEM VIRÁ DEPOIS DE DILMA?
Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.
Nem de longe estou PROPONDO, DEFENDENDO ou APOIANDO o impeachment presidencial, apenas informo os meus leitores de que, face à deterioração da economia brasileira sob Dilma Rousseff e como ela não tem qualquer possibilidade de reverter o quadro de paralisia do seu governo que já dura 15 meses, inevitavelmente será afastada. Para mim isto não passa de uma obviedade.
A partir do isolamento cada vez maior da Dilma e das perspectivas cada vez mais catastróficas da economia, e levando em conta um sem-número de afastamento de presidentes em circunstâncias semelhantes, não tenho nenhuma dúvida de que os dias dela estão contados.
Se fosse comandante hábil, Dilma perceberia que seu Titanic já passou do ponto em que poderia ser salvo e só lhe resta organizar da melhor forma possível a evacuação. Mas, todos sabemos, ela não o é. Continua acreditando que a vontade do governante prevalece sobre as circunstâncias históricas, exatamente como em 2010, quando se propôs a exumar o nacional-desenvolvimentismo da década de 1950, falecido meio século antes. Quebrou a cara, evidentemente. E milhões de desempregados hoje sofrem as consequências do seu voluntarismo arrogante.
Quanto a base legal, isso é discussão para juristas. A História (que é a minha praia) tem mostrado que, quando um governo está destruindo o país, sempre se desencava ou inventa um motivo qualquer para afastar o governante. O próprio Collor foi absolvido pelo STF, anos depois, dos delitos que justificaram seu impeachment.
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Na verdade, o que primeiramente eu e depois o editoral da Folha de S. Paulo colocamos em discussão é o que sobrevirá à queda de Dilma: a posse de Temer ou uma nova eleição. Trata-se daquilo que realmente resta para decidirmos. A queda é favas contadas.
O que eu PROPONHO, DEFENDO e APOIO são as fórmulas que permitirão, uma vez afastada Dilma, a realização de uma nova eleição presidencial. Torço para que:
- ela renuncie, exortando o Temer a renunciar também, em nome da necessidade de união nacional para superarmos a gravíssima crise atual;
- para que a chapa presidencial seja cassada pela Justiça Eleitoral; ou
- para que o Temer também sofra impeachment.
Isso porque a desmoralização dos políticos hoje é tamanha que só mesmo uma nova eleição poderá dar alguma legitimidade e credibilidade ao sucessor de Dilma.
Mas, o desfecho desejável não é o provável, pelo menos por enquanto:
- sendo Dilma tão teimosa quanto incompetente, prefere ignorar que seu defenestramento é irreversível e que ao espernear para manter-se no cargo só alonga o sofrimento e a penúria dos brasileiros, submetidos a uma recessão terrível;
- o impedimento também de Temer não passa, neste momento, de uma hipótese remota; e
- tudo leva a crer que a decisão sobre o impeachment saia antes do veredicto do TSE.
Então, parecemos marchar mesmo para a posse de Temer, que é uma má opção. A cegueira e falta de grandeza dos atores políticos, começando por Dilma, acabará impedindo novamente o povo de decidir os rumos deste país num momento crítico.
Ou seja, tende a repetir-se o que aconteceu em 1984, quando a rejeição da emenda das diretas-já nos condenou a dois pesadelos, os governos de Sarney e Collor, fazendo o Brasil marcar passo durante muitos anos mais.
É desalentador.
ATÉ A ‘FOLHA’ CONCORDA: NOVA ELEIÇÃO É A MELHOR SOLUÇÃO.
Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.
Não terá sido coincidência o fato de os dois jornais mais influentes de São Paulo (que, ao lado de O Globo, são os maiores do País), terem publicado editoriais extremamente contundentes contra o Governo Dilma neste mesmo domingo, 3. Para quem consegue captar os subtextos da política e da comunicação, é sinal de que o drama brasileiro está chegando ao desfecho.
O da Folha de S. Paulo, Nem Dilma nem Temer, começou acertando já no título: a presidente precisa ser substituída antes que o avanço daquela que já é a nossa pior recessão econômica de todos os tempos engendre a convulsão social, o caos e, talvez, uma nova ditadura; mas o vice não se constitui, nem de longe, no homem certo para unificar o País nestas circunstâncias dramáticas.
Então, tanto quanto a esquerda precisa ser refundada após os fracassos e a lama da era petista, a democracia brasileira precisa ser passada a limpo depois de haver atingido grau tão extremo de degradação. Como o poder político se esfarelou por completo, um novo governo só terá credibilidade se provir da fonte do qual emana, ou deveria emanar: o povo.
É paradoxal que o chamamento a uma nova diretas-já parta de um jornal tão identificado com más causas. Vale, contudo, lembrar que em 1984 a Folha apoiou a emenda Dante de Oliveira e, por ser o jornal mais simpático ao restabelecimento imediato das eleições diretas, teve um ganho imenso de prestígio, que logo se expressaria em termos financeiros (aumento da circulação e das receitas publicitárias). Como atravessa um período de vacas magras, pode estar sonhando com um bis.
Quanto ao editoral de O Estado de S. Paulo (Contra o direito e a razão), constata o óbvio: ao tentar salvar-se do impeachment entregando as joias da coroa a partidecos como como o PHS, PTN, PSL e PT do B, Dilma está transformando o Planalto num “monturo” e, mesmo que por milagre consiga manter seu mandato, “terá de governar com essa equipe de desqualificados” e “não terá nenhuma condição de aprovar o que quer que seja no Congresso”.
Resultado óbvio: “O País ficará paralisado”. E, acrescento eu, como a natureza e a política abominam o vácuo, conflitos armados e quarteladas entrariam no leque das possibilidades. Trata-se do pior cenário, aquele que é simplesmente imperativo afastarmos.
Não passa de um tresloucado desvario a suposição de que ganharíamos agora uma luta que perdemos quando tínhamos quadros infinitamente melhores, éramos respeitados pelo povo e enfrentávamos uma ditadura tão tacanha quanto odiosa e sanguinária. Tudo leva a crer que, pelo contrário, desta vez colheríamos uma derrota ainda mais acachapante. Então, o enfrentamento deve ser evitado a qualquer custo, enquanto não recompusermos nossas fileiras e resgatarmos nossa credibilidade.
É coisa para anos: depois do vexame da capitulação sem luta em 1964, só conseguimos dar a volta por cima em 1968.
Deixar desabar um governo que jamais foi revolucionário e hoje está caindo de podre é um preço barato a pagarmos para que a reconstrução da esquerda possa ser empreendida nas condições mais favoráveis, ou seja, em tempos de (ao menos relativa) calmaria.
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