Antônio Fernandes do Rêgo: 'Velho ipê'

Antônio Fernandes do Rêgo

Velho ipê

Velho ipê que se tomba curva ao vento

Tua fronde ainda teima em florir

Em frente o rio e acenas ao povir,

Indômito a driblar o desalento.

 

Também reclino a minha fronte calva

Frente a uma criança e o seu sorrir,

E através dela fico eu a refletir

Nos espelhos do lago de minha alma.

 

Para ti tua seiva é o teu vigor,

Para mim é esperança e o amor

Que efervesce em meu peito a minha fé.

 

E sem saber que isto é um sonho acordado,

Um dia o corpo verga-me alquebrado,

Que tombe ao chão, mas morrerei de pé!

 

 Antônio Fernandes do Rêgo

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