O cinema no Brasil
Maze Oliver: Artigo ‘O cinema no Brasil’
O Cinema Brasileiro chegou ao pico em qualidade de produção. No entanto, ainda precisa expandir e chegar as massas. Os maiores problemas ainda são as poucas janelas de exibição, a falta de investimento e a ampliação de formações. Essas condições, se fossem articuladas formariam um bom tripé para sua expansão. Vamos conhecer um pouco dessa história notável e genuína?
Em seu desenvolvimento em 125 anos passou por vários ciclos como todo processo de criação. Foi desde a filmagem de cenas cotidianas, a chanchada, a pornochanchada, o cinema marginal, o cinema novo, até chegar aos grandes sucessos, vencedores de Oscar. As pesquisas nos mostram que a primeira filmagem em solo brasileiro foi realizada por um italiano, Afonso Segreto, em 19 de junho de 1898, sendo apenas algumas imagens da chegada de um navio na Baia de Guanabara. No entanto, a película foi extraviada e somente a partir de registros dessa filmagem em jornais, tempos depois, a data acima foi atribuída ao Dia do Cinema Nacional.
Os primeiros sucessos do cinema nacional brotaram por volta da década de 1910, com filmes adaptados da literatura ou de registros de crimes, como por exemplo, o Crime da Mala. Nosso cinema sofreu e ainda sofre influência do cinema estrangeiro. Isso porque no período Vargas, a sétima arte brasileira foi invadida pelas películas americanas, uma vez que não pagavam impostos para rodar seus filmes por aqui. Contudo, o cinema sempre responderá ao que seu público deseja. Sendo o brasileiro um povo genuíno e bem humorado por natureza, o primeiro filme sonoro, contado em Português, foi a Comédia: Acabaram-se os Otários, de Luis de Barros. Em 1933 surgiu a empresa brasileira Vera Cruz, trazendo o crescimento do cinema nacional. Muitas comédias e sátiras foram produzidas, assim como surgiram outros estúdios e produtoras. Tempo de fama para Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves. Porém, o marco dessa época próspera foi com o filme O Cangaceiro que marcou o sucesso e a derrocada da citada empresa, que foi a falência por não conseguir segurar os lucros, já que vendeu o referido filme para os estrangeiros. Todavia, o cinema voltou a crescer novamente a partir de 1969 com a criação da EMBRAFILMES para fomentar a produção e distribuição de filmes no Brasil.
Na era Collor novamente veio uma crise. O cinema passou por um período negro de grande dificuldade. A dívida externa e as novas medidas do governo provocaram uma queda na produção cinematográfica com a extinção do Ministério da Cultura, da Funart e Concine. Morreria o cinema nacional?
Na década de 1960 surge o Cinema Novo e com ele novas ideias de fazer cinema, junto com a desesperança social. Os brasileiros que se aventuraram na sétima arte partem para denunciar as mazelas e as penúrias pelas quais passavam o povo brasileiro. Isso fez o cinema expandir-se para outras áreas do Brasil, fora dos grandes centros, chegando até ao Acre em 1973. Nasce em Rio Branco, o cinema acreano mostrando como é a vida no Norte: os conflitos sociais e o modo de vida do povo, nos primeiros filmes: Fracassou meu casamento, Rosinha, a Rainha do Sertão e outros. No cenário nacional, a ênfase dessa época foi para o filme Deus e o Diabo na terra do Sol.
Mas um filme mudou a cara da arte cinematográfica brasileira, trouxe não só a fama, e sim qualidade, projeção e principalmente respeito da população: Cidade de Deus. Isso porque desde a época das chanchadas o cinema brasileiro era marginalizado. O que piorou mais ainda com as pornochanchadas. O citado filme que mudou a imagem do cinema, foi rodado após a retomada do Ministério da Cultura, quando novos investimentos através de cartas de crédito, foram utilizados. Dessa época, é a lei do áudio visual: Lei Rouanet, Fundo Setorial, também a criação da ANCINE. Mudanças que impulsionaram o mercado com aumento de produção, bilheteria e aceitação. A partir delas, foram também rodados os filmes Carlota Joaquina, Carandiru, Cidade de Deus e Tropa de Elite. Surgiu ainda, a Globo Filmes, outro marco na história do cinema nacional.
Apesar da atual consolidação da empresa do cinema brasileiro, ainda é complicado competir com o mercado internacional que investe muito mais, tendo assim maior quantidade e qualidade de produção. Mesmo com a cobrança de impostos ao mercado cinematográfico estrangeiro, esses filmes ainda dominam as telas brasileiras. Apesar da inovação revolucionária da internet, o acesso aos filmes brasileiros ainda deixa muito a desejar. Poucos chegam à TV aberta. Muitos dos melhores filmes são conhecidos fora do Brasil e desconhecidos para o grande povo. É preciso mostrar o cinema brasileiro. Abrir mais janelas de exibição para os produtores do áudio visual. Investir em mais formações, que também é importante para readequar os produtores ao manuseio das novas tecnologias.
O cinema brasileiro guarda nossa identidade. A maioria da produção não é comercial, ela é histórica, é registro cultural, desnuda a alma brasileira, mostrando a relação do homem com os conflitos do seu tempo. Na frente da tela, ou atualmente na telinha, o cinéfilo se identifica com o personagem e vive com ele grandes emoções. Muitas vezes, isso é catarse! Vale a pena investir na sétima arte, uma das mais lindas formas de mostrar a vida acontecendo. A possibilidade do cinema brasileiro dar certo, já é uma realidade, porém é necessário investimento, apoio ás pequenas produtoras e expansão.
Por Maze Oliver
mazeoliver1@gmail.com
Membra da Associação Acreana de Cinema – ASACINE e da Academia Acreana de Letras – AAL
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