Kiko Rebelles: 'Numa noite chuvosa'

“Justo julga quem não julga ninguém/ Indulgentes e cegos aos pecados alheios/ Severos e duros consigo porém/ Mas sem exaltar os seus próprios anseios.”

 

Numa Noite Chuvosa

Se não fosse assim ao invés

Donde estaria a crença?

Se em nada, se em tudo

Qual seria a diferença?

 

Onde indo e vindo me encontro

Assim mais vale a ocasião

Sem mais tendo de propício

Sim de longe um coração

 

Ai de mim que sou o medo

Longe nunca hei de alcançar

Não revelo meu segredo

Se eu não posso mais amar

 

No clarão da certeza, na escuridão da dúvida

Ainda sinto o alvorecer

Nem saudade, nem solidão

Nem o que me faz sofrer

 

Apenas o meu sorriso que por hora já me basta

A angústia vem sem aviso, me consome, me

devasta

 

Onde há perigo, há um herói

Quem me dera fosse eu

Mesmo antes de chorar

Vivo o sonho que é só meu

 

Aquele que ama nada pede

Nem impõe condições

Quem luta conhece seu ideal

Conhece as suas e as alheias razões

 

Me limito a superar meus defeitos

Onde outrora causei desgraça

Sei que jamais serei eleito

Enquanto for uma ameaça

 

Justo julga quem não julga ninguém

Indulgentes e cegos aos pecados alheios

Severos e duros consigo porém

Mas sem exaltar os seus próprios anseios

 

Há quem me condena

Há os que não me suportam

Há os que tenho afeto

E há os que não me importam

 

Se eu pensasse só em mim

Seria eu contra o mundo

Se não te amasse tanto assim

Não morreria a cada segundo

 

Domino minha mente

Mas não meu sentimento

Mesmo sendo inteligente

Ainda tenho meu tormento

 

Nada é tão desprezível que o receio de ser feliz

E nada é tão plausível que fazer o que sempre quis

 

Eis que não há contradição

Nem aparentes dores

Porque onde existem espinhos

Também existem lindas flores

 

Sou louco por pensar assim?

Ou sou assim porque sou louco?

Se sou louco por pensar em mim

Que assim seja mais um pouco

 

Nesse silêncio mortal dessa noite que engana

Que me faz ver real sua saga profana

 

De um coração tira prantos

Em um vai e vem de horrores

Relembrando os encantos

Relembrando os amores

 

A chuva discreta nos pesares dos sonhos

Sonhando acordado pelo medo de adormecer

Não se sabe o que é sonho e o que é realidade

Não se sabe o que é vida antes do amanhecer

 

Não persiga meu ódio porque ele não existe

Não insista em querer me culpar

Quantos ‘nãos’ seriam precisos

Para que não mais me pudesse julgar?

 

O que quer de mim se me faz seu escravo?

Onde antes dissera ser seu tesouro

Fui seu príncipe, fui seu rei

E você foi meu único ouro

 

Que saudade de mim

Que saudade de você

De mim por não ser tão forte

Que de ti não consegue esquecer

 

Se fosse custo não desejaria mais nada

Viveria observando o teatro da vida

Se tudo fosse susto seria uma grande piada

Se entramos nesse mundo é porque há uma

saída

 

Não deseje nada, mas ao mesmo tempo deseje tudo

Não seja cego, mas seja mudo

 

Enquanto rolar uma lágrima e muitas mãos calejadas

Sempre haverá muitas lástimas e muitas almas afetadas

 

Não um que chora sozinho

Mas um pranto em coro universal

O sofrimento coletivo

Que repercute no Astral

 

Para colher felicidade se planta alegria

Para colher só a verdade se planta harmonia

O mistério é relativo pela dúvida que lhe detém

Mas se ainda está vivo que te importa de onde vem?

 

Quão árduo é o trabalho a quem se acovarda

O que mais poderia te maltratar?

Senão a fobia que te retarda

Senão a preguiça a te torturar

 

Por quê vê miséria onde há luxúria?

Por quê vê medo onde há coragem?

Tudo é ilusão, tudo é injúria

Será esse o segredo dessa viagem?

 

Sei que há um Plano sutil e hoje sou mago

Transformo a dor em história

Não sou coerente, não sou relativo

Esse sou eu, essa é minha memória.

 




Kiko Rebelles: 'Ainda me bastará'

“Amo tanto, que me dói perdê-la/ Assim me seduz e vai embora/ Adentra a noite sem zelo por mim/ Com medo do fim me perco na aurora.”

 

Ainda me bastará

Ela é bela e vagueia em meus sonhos

Dançando e entoando canções líricas

De beijos em beijos, singelos momentos

Num sussurro, poesias empíricas

 

Amo tanto, que me dói perdê-la

Assim me seduz e vai embora

Adentra a noite sem zelo por mim

Com medo do fim me perco na aurora

 

Ah, minha amada, que corre tão vã

Não de filosofia, mas de medo

Quando ela chega é magia tão dócil

Brincando no vento se vai tão cedo

 

Me perco no tempo, procuro entender

O vazio tão cheio de esperança

Às vezes choro, às vezes sorrio

Corpo de adulto, alma de criança

 

Ainda me bastará aquele abraço

Tão quente, tão cheio de vida

Não mais sonhar, mas apenas viver

Te chamando para sempre de minha querida…

 

Kiko Rebelles – rebellesgregorio@gmail.com




Um novo colunista brilhante: Kiko Rebelles!

Um novo colaborador do ROL: Kiko Rabelles

Tenho o prazer de apresentar aos amigos e leitores do nosso ROL, mais uma brilhante participação em nosso time de colunistas, descoberto pelo editor Sérgio Diniz da Costa:  Kiko Rebelles. 39 anos, é um escritor, compositor e cantor sorocabano, autor de dois livros: um de ficção, ‘Carrossel de Horrores, O Vai e Vem da Vida’ e um de poemas ‘Poemas Alternativos e Frases para Meditação’´. Segundo ele próprio se auto-define, “desde quando aprendeu a ler, com seis anos de idade, já se interessava por literatura”. Começou com gibis, mas, aos sete anos, ganhou e leu o primeiro livro! Kiko se considera uma pessoa reservada e o que gosta de dizer está em seus textos e em seus livros e sabe escrever muito bem. Abaixo sua primeira matéria publicada no nosso jornal, agora como colunista. Curta e aproveite o que existe de bom na nossa literatura! (Helio Rubens, editor)

 

Ainda me Bastará

Ela é bela e vagueia em meus sonhos

Dançando e entoando canções líricas

De beijos em beijos, singelos momentos

Num sussurro, poesias empíricas

Amo tanto, que me dói perdê-la

Assim me seduz e vai embora

Adentra a noite sem zelo por mim

Com medo do fim me perco na aurora

Ah, minha amada, que corre tão vã

Não de filosofia, mas de medo

Quando ela chega é magia tão dócil

Brincando no vento se vai tão cedo

Me perco no tempo, procuro entender

O vazio tão cheio de esperança

Às vezes choro, às vezes sorrio

Corpo de adulto, alma de criança

Ainda me bastará aquele abraço

Tão quente, tão cheio de vida

Não mais sonhar, mas apenas viver

Te chamando pra sempre de minha querida…

 

Kiko Rebelles  – rebellesgregorio@gmail.com

 




O leitor participa: o sorocabano Kiko Rebelles, com o poema 'Um dia de sol no recanto da lua'

 “O límpido céu me arraigava à essência/ Me dissolvendo no Todo sutil/ Me embriagava com sua cadência/ Ora verde, ora azul, ora anil…”

 

Um dia de sol no recanto da lua

Acordei relutante naquela manhã de primavera

Pois que havia visitado o paraíso

Encontrei o equilíbrio que ainda me espera

E que indubitavelmente eu preciso…

 

Estendi as mãos almejando a aurora

Num arco-íris de sonhos encantados

Num mundo místico que em mim aflora

Onde não tenho mais pecados…

 

O cheiro das flores inebriantes

Cingiam um sonho a cada minuto

A relva de cores cintilantes

No unívoco, sublime e absoluto…

 

O límpido céu me arraigava à essência

Me dissolvendo no Todo sutil

Me embriagava com sua cadência

Ora verde, ora azul, ora anil…

 

Num torpor aprazível de raios renovadores

Me transmuto em deus-homem, senhor de si

Columbiformes divinos entoam louvores

Anjos dançantes aqui e ali…

 

Onde pouso a mente assimilo a perfeição

Meus olhos argutos penetram além

Capto o fluxo da evolução

A marcha inexorável que nunca se detém…

 

Sou sonho, sou vida, sou mistério revelado

Sou portal da razão, magistrado aprendiz

Angariando pétalas no sonho arborizado

Louco, poeta, sensível e feliz…

 

Ouço a voz do meu amor ecoando contra os ventos

Me perco no lírico indescritível

Meus fios condutores tão alentos

Minha alegria tão visível…

 

Febre de luz, de paz e alegrias

Motivam luxuriosas comoções

Espíritos afins, nobres simpatias

Uma vida em dois corações…

 

Volvendo lúdicas simetrias

No templo da resolução

Matando ansiedades e agonias

Criando o véu da solução…

 

Fecho lentamente meus olhos almejantes

E busco a profusão de um sonho idealizado

Dentro de meus ideais fumegantes

O sonho lícito jamais sonhado…

 

Busque a pureza na simplicidade divina

Descobrindo a verdade que é sua

Assim sou, pensando em minha menina

Um dia de Sol no recanto da lua…

 

Kiko Rebelles – rebellesgregorio@gmail.com




O leitor participa: o poeta sorocabano Kiko Rebelles, com o poema 'Numa noite de luar'

“Suave como a brisa de uma noite de luar/ O silêncio sereno da tua paixão/ No sonho da dúvida que te faz calar/ Na alegria remota que roubou tua razão.”

 

Numa noite de luar

Suave como a brisa de uma noite de luar

O silêncio sereno da tua paixão

No sonho da dúvida que te faz calar

Na alegria remota que roubou tua razão

 

Outrora as flores foram inspirações

Enquanto viveste um grande amor

Instantes, porém, de tribulações

Não oscilaram em trazer tua dor

 

Nas passadas sutis que destes

Não outorgastes o que é teu

Mas se talvez não fizestes

Não maltratasse teu eu

 

Ó que dias amargos aqueles

Postando injúrias em teu coração

Todavia teus medos estão neles

Todo segredo da tua emoção

 

Recomeçar é teu lema

Sinal que tens ainda coragem

Não farás da ilusão teu grande problema

Não provarás mais tua imagem

 

A angústia que te consome a alma

A solidão que perturba teu sono

A decepção que nunca te acalma

O inimigo sentado em teu trono

 

Suave como a brisa de uma noite de luar

A verdade te invade e te faz compreender

No sonho da certeza que te faz falar:

Se esperei até agora, foi para vencer.