Lilith

Com Isabél Zuaa e Renato Góes, LILITH estreia nesta quinta-feira, 14 de março

Lilith
Cena do filme LILITH
Materiais: https://drive.google.com/drive/folders/1NYUw5-y_oj4efAB0qhtQ2Zx0RmRKwX4P?usp=sharing
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=3BWBKyEvZNY


Dirigido por Bruno Safadi, o longa ressignifica o mito de Lilith para discutir questões de gênero e patriarcado

Partindo da mitologia da primeira mulher na Terra, em LILITH, o cineasta Bruno Safadi lida com questões bastante contemporâneas da sociedade ao trabalhar os arquétipos de Adão e Eva. Protagonizado por Isabél Zuaa, Renato Góes e Nash Laila, o longa chega aos cinemas brasileiros em 14 de março, com distribuição da Pandora Filmes. 

Entre as praças confirmadas, estão: São PauloRio de JaneiroAracaju, Belo HorizonteBrasíliaCuritiba, Porto Alegre e Salvador. A classificação indicativa do filme é de 16 anos.

Clique na thumbnail e assista ao trailer:

“Era claro para mim, desde o início do projeto, que me interessava contar a história da Lilith ressignificada, a Lilith das artes, a Lilith da poesia, e contar esta história a partir do recorte da passagem de Lilith com Adão para pensar o lugar do masculino e do feminino nos dias de hoje”, explica o cineasta, que assina o roteiro com Vera Egito e Fabio Andrade.

No filme, Isabél interpreta Lilith, a primeira mulher do mundo, que se rebela contra a dominação de Adão, interpretado por Renato Góes. Após de se isolar no deserto, ela reaparece como um duplo, Eva (Nash Laila), que realiza sua vingança comendo o fruto proibido, se vingando de Adão e se levantando contra o patriarcado.

“Uma vez definido o recorte, reuni todas as características de Lilith e apliquei à linguagem cinematográfica. Filmei o Sol e a Lua, filmei a união dos astros no eclipse total, filmei os elementos da natureza, pensei a ideia de união dos polos realizando o filme em película e em digital.”

Filmado em uma cadeia de montanhas entre Nova Friburgo e Teresópolis (RJ), além de cenas em Saquarema, na Argentina e em Israel, LILITH é um filme que dialoga com nossa própria época ao abordar um mito atemporal, levando o público a pensar em questões de gênero no presente.

O filme é uma ode ao feminino e uma busca pessoal de aprendizado enquanto homem branco. Estruturalmente nós homens temos muito que aprender e não estou fora deste esquadro. Fazer um filme para mim é aprender com a própria obra.” Safadi explica que a escolha do elenco foi muito bem pensada e para a protagonista Lilith era importante encontrar uma atriz que estivesse à altura da força da personagem.

Era igualmente importante escolher uma Lilith que apontasse para uma nova era da humanidade e esta nova era deveria ser protagonizada por uma mulher preta. Há alguns anos, eu acompanhava com grande admiração o trabalho da atriz Isabél Zuaa. E por tudo isso, eu a convidei. Já para Adão, eu quis encontrar um ator que tivesse um tipo judaico-árabe para localizar o mito à sua origem geográfica.

”Em sua equipe artística, o longa conta com nomes como Luísa Horta, na direção de arte; Daniela Aparecida Gavaldão, no figurino; Karen Akerman assina a montagem; e Edson Secco, a edição de som e a música original. A fotografia é de Lucas Barbi, com quem Safadi já havia trabalhado antes.

 “Em LILITH, eu precisava filmar em uma locação que ilustrasse o Éden, o paraíso, com 360 graus de natureza e abundância. Esta paisagem, eu a encontrei no alto de uma cadeia de montanhas de difícil acesso. O filme tem metade de suas cenas passadas à noite e eu não teria orçamento para levar um parque de luz para o alto dessas montanhas. Com isso, eu convidei o Lucas, pois precisava de um fotógrafo talentoso, corajoso, com cabeça aberta e muita liberdade criativa. Decidimos filmar todas as cenas noturnas em noite americana, que é a feitura da noite durante o dia. Com isso, filmamos o longa-metragem inteiro sem usar um refletor”, explica o diretor.LILITH será lançado no Brasil pela Pandora Filmes.

Sinopse
“Lilith” conta a história mitológica da primeira mulher na Terra, que veio antes de Eva. Ela é criada por Deus para ser a mulher de Adão. Entretanto, Lilith não aceita posição de inferioridade em relação ao homem, rebela-se e vai para o deserto. Lilith reaparece como um duplo de Eva, come o fruto proibido, se vinga de Adão, de Deus, e torna-se a primeira mulher a se levantar contra o sistema patriarcal dominante. 
FICHA TÉCNICA
Direção: 
Bruno Safadi
Roteiro: Bruno Safadi, Vera Egito, Fabio Andrade 
Produção: Tande Bressane, Bruno Safadi 
Coprodução: Globo Filmes 
Produção Associada: Carlos Diegues; Reicine
Fotografia: Lucas Barbi
Montagem: Karen Akerman
Direção de Arte: Luísa Horta
Figurino: Daniela Aparecida Gavaldão
Edição de som: Edson Secco
Música Original: Edson Secco
Elenco: Isabél Zuaa, Renato Góes, Nash Laila 
Ano: 2022
Duração: 80 min
País: Brasil
Sobre Bruno Safadi
Bruno Safadi, carioca, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Como diretor de cinema, realizou 8 longas-metragens selecionados para festivais como Locarno, Roterdã, Rio, Gramado e Brasília. Como sócio da TB Produções, produziu 25 longas-metragens. Nos últimos 5 anos, Safadi tem também dirigido séries para streaming como A Vida pela frente, Aruanas, Verdades Secretas 2 e a inédita Reencarne.
Sobre a Pandora Filmes 
A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes “The Square: A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho.Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro Serrano e Gabriela Amaral Almeida.

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Célio Pezza: 'Lilith, a primeira mulher'

Célio Pezza: # Crônica 396: ‘Lilith, a primeira mulher’

“Um dos mitos mais conhecidos da humanidade é o da criação dos primeiros humanos e os episódios do Jardim do Éden.”

Um dos mitos mais conhecidos da humanidade é o da criação dos primeiros humanos e os episódios do Jardim do Éden. Por muitos anos, temos escutado que Adão e Eva foram nossos primeiros pais, viviam no Jardim do Éden, comeram uma maçã da árvore proibida por Deus e, através desse ato de desobediência, o mundo inteiro mergulhou em pecado.

Bem, vejamos outra versão dessa história: No primeiro capítulo do Gênesis está escrito “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem; homem e mulher os criou”.  Já no segundo capítulo, versículo 18, está escrito: “E disse o senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: farei uma auxiliadora, que lhe seja idônea”.

Segundo o Zohar, livro sobre a cabala e conhecimento místico judaico, o Talmud, um dos livros da sabedoria hebraica e alguns evangelhos apócrifos, a primeira mulher, Lilith, é criada por Deus ao mesmo tempo que Adão e, juntos, viviam no Jardim do ‘Éden.

Antigos textos babilônicos relatam que, com o tempo, Lilith se rebela por não se conformar em estar em uma condição inferior à Adão, já que ambos foram criados juntos. Ela não aceita ficar sempre por baixo do homem, até nas relações sexuais. Adão disse que ficaria sempre por cima, porque era superior. Lilith argumentou sobre a igualdade, considerando que ambos foram criados do  pó da terra, mas não foi ouvida.

Em busca da igualdade, ela se revolta e contesta o Criador, tendo que escolher entre permanecer no Éden e ser submissa a Adão, ou deixar o jardim. Ela decide ir embora e parte para o Mar Vermelho, onde viviam os demônios. Deus manda três anjos para convencê-la a voltar mas ela prefere viver fora do Éden a ser submissa. Adão então pede a Deus uma outra mulher, para que não vivesse sem uma companheira, já que a primeira tinha ido embora. Deus mergulha Adão em um sono profundo e cria Eva, a partir de uma costela de Adão.

Em Gênesis 2:23, Adão diz: “Esta é agora osso de meus ossos e carne de minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi formada”.  Vemos claramente que houve uma primeira mulher, feita do mesmo barro de Adão, que foi Lilith e não Eva. Mais tarde, Lilith volta ao jardim, assume a forma de uma serpente, seduz Eva a comer do fruto proibido e esta convence Adão a também comer deste fruto. Deus questiona Adão, que diz ter sido induzido por Eva; esta diz ter sido enganada pela serpente e todos são expulsos do jardim.

Eva é estereotipada como aquela que dá ouvidos ao demônio. Essa crença perseguiu as mulheres por muitos séculos. Durante a Inquisição, só o fato de ser mulher já dava motivos para uma acusação de pactos demoníacos, bruxarias e feitiçarias, com consequente morte nas fogueiras santas.

Lilith, por sua vez, desde o início, se recusou ser inferior e representa a mulher independente, insubmissa, intelectual, guerreira, sensual, orgulhosa, que preferiu deixar o paraíso a viver na submissão. Pagou por isso, sendo transformada em um demônio pelos textos machistas da época.

Lilith, na verdade, pode ser considerada um exemplo de coragem do espírito feminino, ao desafiar Adão e o Criador. Lilith, por ter sido a primeira mulher da Terra, teria o direito de ter sido a mãe de toda a humanidade. Talvez, dessa forma, a História das primeiras mulheres fosse menos hipócrita e cheia de pecados, complexos e submissão.

 

Célio Pezza  –  Fevereiro, 2019 –  celiopezza@yahoo.com.br