O leitor participa: Luiz Sampaio homenageia todos os pais, com o poema 'Caminhos'
“Os olhos do meu filho me suplicam/ (grandes silêncios arregalados)/ alguma luz de apontar/ (claro paterno brilho)/ algum bom futuro por onde seguir.”
CAMINHOS
Os olhos do meu filho me suplicam
(grandes silêncios arregalados)
alguma luz de apontar
(claro paterno brilho)
algum bom futuro por onde seguir
Pobres bons olhos do meu claro filho!
o mais que eu posso é arregalar ao futuro
meus pobres olhos paternos (de filho)
buscando (meu pai seguia no escuro)
os brilhos dos bens que eu não vi.
O autor *
Sou as palavras que sou.
São de mim o que restará, além das memórias dos meus gestos a se dissiparem rápida ou lentamente em direção ao sempre.
Cresci entre leitores e livros. Aos nove anos ganhei um diário encadernado em azul, com a palavra “Pensamentos”. Ali copiei poemas e me dediquei a grafar os sentimentos que me afligiam. Nunca mais parei.
Estudei literatura, sonhando-me poeta.
A sobrevivência arremessou-me à deriva, a mares mais que distantes: ao espaço. Trabalhei uma vida implantando planetários e observatórios astronômicos públicos. Hoje me dedico especialmente aos planetários e à criação de centros de ciências para a educação não formal.
Sou perseverante. Cruzei desertos e anos escrevendo apesar do silêncio.
Do francês, traduzi “Esperando Godot” de Samuel Beckett. Do russo, poemas de Púshkin e Liérmontov, além de “Os Banhos – Drama em Seis Atos com Circo e Fogos de Artifício”, de Maiakóvski.
Sigo vivo e ativo na sonora companhia das minhas palavras.
Minha canoa do amor não se espatifou no cotidiano.
* Blog Arca de Palavras (https://www.luizsampaio.com)