O OUTRO BORGES

Estreia ‘O Outro Borges’, com texto de Samir Yazbek e direção de Marcelo Lazzaratto, no teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros

Cena da peça ‘O Outro Borges’
Fotos de João Caldas

No dia 9 de novembro, quinta-feira, às 21h, no Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, estreia ‘O Outro Borges’, espetáculo inspirado na vida e obra do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), expoente do realismo fantástico latino-americano.

Com texto de Samir Yazbek e direção de Marcelo Lazzaratto‘O Outro Borges’ traz no elenco André GarolliChiara LazzarattoDagoberto FelizHelô Cintra CastilhoLilian BlancLuciana Carnieli e Marcello Airoldi.

A cenografia e os figurinos são de Simone Mina, a iluminação de Guilherme Bonfanti e a trilha sonora de Marcelo Lazzaratto. A direção de produção está a cargo de Edinho Rodrigues, a produção geral da Brancalyone Produções Artísticas e a realização do Sesc-SP.

A temporada de ‘O Outro Borges’ vai até o dia 10 de dezembro, sempre às sextas-feiras e aos sábados às 21h, e domingos às 18h. Haverá uma sessão extra do espetáculo no dia 20 de novembro, segunda-feira, às 18h.

O ESPETÁCULO

A partir da metáfora de o ‘Aleph’, o ponto mágico do universo que Jorge Luis Borges nos apresenta em seu conto homônimo, ‘O Outro Borges’ constrói a sua narrativa.

O enredo traduz os impasses e contradições da poética borgeana em relação à realidade, sobretudo por meio de temas como uma linha do Metrô, que ameaça desapropriar a casa onde se encontra o ‘Aleph’, e a ditadura militar argentina, que Borges apoiou, para depois renegar.  

A relação central da peça se dá entre o Escritor (Marcello Airoldi) e a Jovem (Chiara Lazzaratto), personagem oriunda do Sul da Argentina, filha do Gaúcho (André Garolli), que é o primo da Governanta (Luciana Carnieli) que cuida da casa onde Borges vive seus últimos dias em companhia de sua Mãe (Lilian Blanc).

Os conflitos do Escritor com esta Jovem, para que ela possa herdar e transformar o legado de o ‘Aleph’, são mediados pelo Filósofo (Dagoberto Feliz), personagem do imaginário borgeano, que encarna a presença da magia no cotidiano do escritor.

Outras personagens transformam-se em peças-chave para que a realidade possa se harmonizar com o universo da ficção, tais como a Mulher (Helô Cintra Castilho) e o Engenheiro (André Garolli).

A encenação de Lazzaratto para ‘O Outro Borges’ cria um espetáculo instigante, promovendo um diálogo entre a tradição e a modernidade, por meio de um mergulho na simbologia borgeana. 

Lazzaratto expõe a sua concepção para esta montagem: “Escolhi a Espiral como figura simbólica síntese da peça. Figura sob a qual todo espetáculo se desenrola: espiral como fio do tempo a se desdobrar, espiral como espaço a ser percorrido pelos personagens.

Os famosos labirintos borgeanos aqui se manifestam através dessa espiral que bem pode ser o redemoinho de uma consciência dilatada, um tornado gerando um desequilíbrio no status quo, bem como uma espiral cósmica de uma galáxia convergindo ao seu centro, ao seu buraco negro, local da manifestação do Aleph, que bem pode ser correlacionado com o conceito de singularidade da Física contemporânea”.

Ainda sobre as suas intenções com este trabalho, Lazzaratto diz: “entre o real e o fantástico: que corpo trafega por essas instâncias com naturalidade? Este foi o desafio que lancei às atrizes e aos atores para a composição de suas personagens. Era necessário dar veracidade aos diversos tipos que compõem o texto em um espaço nada real. Um trabalho meticuloso: cuidar daquele pequeno gesto, daquela determinada postura, daquele específico tom de voz para que a existência de tal figura se realize plenamente em um ‘não espaço’. Trabalho fundamental para que a delicadeza poética proposta pela dramaturgia encontrasse corpos sensíveis e densos para bem interpretá-la”.

Yazbek considera ‘O Outro Borges’ um desdobramento de sua pesquisa dramatúrgica, numa direção bem peculiar: “São peças que se utilizam da Literatura como matéria-prima para a criação cênica, como em ‘O Fingidor’, inspirada na vida e obra do poeta português Fernando Pessoa, e ‘A Terra Prometida’, a partir do episódio bíblico do Êxodo”, diz o autor. 

Tais motivos literários servem de base para explorar temas contemporâneos. No caso de ‘O Outro Borges’Yazbek pretende debater “o papel da Literatura e da arte nos dias de hoje, situando seu legado num mundo em transformação, em que questões sociais e culturais mais prementes acabam se impondo, sobretudo em países da América Latina”. 

HISTÓRICO DO PROJETO

O texto de ‘O Outro Borges’ nasceu no CPT-Sesc, na década de 90, sob o incentivo do diretor Antunes Filho, e amadureceu durante a realização de um projeto on-line realizado em 2021, no próprio CPT-Sesc, junto com dramaturgo Samir Yazbek, o diretor Marcelo Lazzaratto e o produtor Edinho Rodrigues, além de parte do elenco da montagem atual. Tal projeto caracterizou-se por palestras e debates com especialistas na obra de Borges, além de uma oficina coordenada por Yazbek. 

A parceria de Yazbek com o diretor Marcelo Lazzaratto remonta ao ano de 2004, quando ambos realizaram ‘A Entrevista’, peça em que Lígia Cortez foi indicada ao Prêmio Shell de melhor atriz. Depois disso, reencontraram-se em ‘Tectônicas’, junto com o produtor Edinho Rodrigues. Com este texto, o autor venceu o Prêmio Bibi Ferreira 2022 de melhor dramaturgia. 

SOBRE JORGE LUIS BORGES

Jorge Luis Borges (1899-1986) é considerado um dos expoentes da Literatura latino-americana, e costuma ser lembrado como um dos grandes escritores da modernidade, representante do realismo fantástico latino-americano. Harold Bloom, um dos principais críticos literários mundiais, considerava Borges um dos maiores autores do cânone ocidental.

A Literatura de Borges, com seus jogos poéticos e metafísicos, além de seus temas recorrentes (o ‘espelho’, o ‘labirinto’, o ‘tigre’, entre outros), marcou a Literatura global, especialmente por dois livros de contos que foram escritos na primeira metade do século XX: “Ficções” e “O Aleph”.

O escritor ajudou a criar, com a sua cegueira precoce, uma aura mítica de quem vivia num mundo fantástico, presente não apenas em sua obra, mas também em suas palestras e entrevistas dadas ao longo dos anos.

Figura controversa por meio de seus posicionamentos políticos, sobretudo por seu apoio, posteriormente retirado, à ditadura militar argentina, Borges encarnou o amor aos livros e à Literatura como poucos.

SINOPSE

Prestes a fazer sua última viagem, Jorge Luis Borges recebe a visita de uma jovem. Poesia, tradição e modernidade entram em jogo num instigante rito de passagem.

FICHA TÉCNICA 

Texto: Samir Yazbek

Direção e Trilha Sonora: Marcelo Lazzaratto

Assistência de Direção: Carolina Fabri

Cenografia e Figurinos: Simone Mina

Iluminação: Guilherme Bonfanti

Elenco: André Garolli, Chiara Lazzaratto, Dagoberto Feliz, Helô Cintra Castilho, Lilian Blanc, Luciana Carnieli e Marcello Airoldi 

Fotografia: João Caldas Fº

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Produção Executiva: Fabrício Síndice

Direção de Produção: Edinho Rodrigues

Produção Geral: Brancalyone Produções Artísticas

Realização: Sesc-SP

SERVIÇO
O Outro Borges – Texto de Samir Yazbek, com direção de Marcelo Lazzaratto

Estreia dia 9 de novembro, quinta-feira, às 21h

De 9 de novembro a 10 de dezembro de 2023. Sexta e sábado, às 21h. Domingo e feriado 20/11, às 18h

Duração: 90 minutos 

Local: Teatro Paulo Autran

Classificação: recomendação 12 anos

Ingressos: R$ 50 (inteira); R$ 25 (meia) e R$ 15 (credencial plena).

Sesc Pinheiros
Rua Pais Leme, 195 – Pinheiros, São Paulo – SP
TEL.: 11 3095 9400 

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Teatro do SESI-SP retoma estreias de espetáculos inéditos, em setembro, com direção de Marcelo Lazzaratto

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Com temporada presencial de 10 de setembro a 5 de dezembro, peça também poderá ser vista no YouTube do Sesi-SP, de 15 de setembro a 20 de dezembro

Produção prevista para estrear no primeiro semestre de 2020, finalmente chega aos palcos, após pausa de 15 meses por conta da pandemia. Essa será a primeira estreia de espetáculo inédito no Teatro do Sesi-SP, desde que o espaço fechou como medida de protocolo preventivo.

Tectônicas parte da obsessão de Jorge (André Garolli), um usineiro paulista, por punir Marcelo (Sidney Santiago Kuanza), que teria agredido sua filha, Fabíola (Maria Laura Nogueira). 

A peça investiga como essa obsessão, que ignora os ritos da justiça institucional, contamina as relações mais íntimas do usineiro (Emílio – Heitor Goldflus, Marli – Luciana Carnieli, Luna – Patricia Gasppar, Antenor – Alexandre Borges, e Nicão – Ademir Emboava, os dois últimos participações em vídeo) e estrutura a nossa sociedade, provocando uma espiral de violência que revela a face mais opressiva do patriarcado brasileiro.

A peça estreia presencialmente no dia 10 de setembro e segue em temporada de sexta a domingo até 5 de dezembro.

O espetáculo será encenado seguindo todos os protocolos de segurança e com capacidade reduzida para manter o distanciamento social necessário.

Para quem não puder ir ao teatro a peça estará disponível em vídeo, com estreia on-line pelo Zoom no dia 15 de setembro, às 20h. Após a veiculação, o elenco e o diretor conversarão com os convidados. Depois disso, a apresentação filmada ficará on-line até o dia 20 de dezembro, no YouTube do Sesi-SP.

 “Tectônicas pretende estimular uma reflexão sobre o nosso momento histórico, em que a violência tem preponderado tanto nas relações pessoais quanto nas sociais. Um convite à percepção de que não somos apenas as vítimas de um sistema que condenamos, mas os seus agentes e muitas vezes os seus algozes.”, explica Samir Yazbek.

A narrativa é conduzida de forma épica por Dolores e Alfredo, familiares já mortos do usineiro (Dolores – Sandra Corveloni e Alfredo – Mauro Schames), metaforizadas nas “tectônicas” (título da peça), palavra de origem grega (“tektoniké”) que significa “a arte de construir”, remetendo às placas que vivem recriando a paisagem da Terra.

“Por meio da dialética criada entre passado e presente, pretende-se investigar não apenas como o primeiro determina o segundo, mas como o segundo pode redimensionar o significado do primeiro – daí o sentido da personagem Dolores (mãe de Jorge), que, embora já morta, pretende comunicar-se com o público, utilizando-se da metáfora das tectônicas, inspirada no universo da geologia”, completa o autor.

Sobre a encenação

Um organismo metálico e tubular livremente inspirado nas usinas de cana de açúcar é o cenário principal da peça, criado pelo diretor Marcelo Lazzaratto. “É o espaço em que todas as personagens, de certa forma, estão inseridas, podemos até dizer reféns, com maior ou menor consciência disso. Presas ao poder imposto por um patriarcado atávico que remonta aos primeiros passos de nossa colonização com as capitanias hereditárias e que até os dias de hoje regem, oprimem, determinam vidas e destinos, as personagens relacionam-se revelando sua insatisfação e desejo de mudança, mas também sua impotência.”, observa Lazzaratto.

No centro desse organismo uma chaminé, síntese desse poder que queima e espalha com sua fumaça sua verdade e ambição, é o lugar, o escritório, o altar, a plataforma de Jorge, o grande senhor, que dali rege tudo.

Sobre essa estrutura, imagens e vídeos são projetados revelando o absoluto controle de Jorge sobre o que acontece à sua volta, como se ali também fosse uma sala de operação e vigilância; mas também anteparo para vídeos com imagens críticas a esse poderio.

Ao redor desse organismo metálico e tubular existe um espaço vazio, ermo, quase outra dimensão em que personagens misteriosas transitam buscando entender como interferir nas veias e artérias do organismo, visando sua transformação, cura, ou mesmo, fim.

Completam a equipe criativa desta encenação o iluminador Wagner Freire, Marichilene Artsevskis, que assina os figurinos, Dan Maia, que faz a música original, e vídeo de André Guerreiro Lopes.

FICHA TÉCNICA

Texto: Samir Yazbek 

Direção: Marcelo Lazzaratto

Elenco: André Garolli, Heitor Goldflus, Luciana Carnieli, Maria Laura Nogueira, Mauro Schames, Patricia Gasppar, Sandra Corveloni e Sidney Santiago Kuanza.

Participações em Vídeo: Ademir Emboava e Alexandre Borges.

Iluminação: Wagner Freire

Cenografia: Marcelo Lazzaratto

Figurinos: Marichilene Artsevskis

Música original: Dan Maia

Direção e criação dos vídeos projeções: André Guerreiro Lopes

Fotografia: João Caldas Fº

Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Produção Executiva: Fabrício Síndice e Vanessa Campanari

Direção de Produção: Edinho Rodrigues

Realização: SESI-SP e Brancalyone Produções Artísticas

SERVIÇO:

Tectônicas

Temporada no Teatro do SESI-SP, no Centro Cultural Fiesp: de 10 de setembro a 5 de dezembro de 2021.

Horários: sexta e sábado, às 20h | Domingo, às 19h

Local: Teatro do SESI-SP – Av. Paulista, 1.313 (Metrô Trianon-Masp)

Duração: 80 minutos

Gênero: drama

Classificação indicativa: 12 anos

Entrada gratuita. Reservas de ingressos online disponíveis em www.sesisp.org.br/meu-sesi. Novas reservas são abertas toda segunda-feira, às 8h, para as sessões daquela semana.

Temporada no YouTube do Sesi-SP: Estreia no 15 de setembro de 2021, às 20h, na plataforma Zoom. A partir desta data, a peça fica disponível no YouTube do Sesi-SP até 20 de dezembro.

Mais informações: www.centroculturalfiesp.com.br

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