Adaptação do romance de Mário de Andrade, Amar, Verbo Intransitivo ganha novas apresentações em teatros municipais em agosto
Dirigida por Dagoberto Feliz, a peça coloca em pauta o papel de subordinação da mulher na sociedade patriarcal. Elenco traz Luciana Carnieli e Pedro Daher
Escrito em 1927 e considerado o primeiro romance do escritor modernista Mário de Andrade (1893-1945), Amar, Verbo Intransitivo ganhou em 2019 uma adaptação teatral com dramaturgia de Luciana Carnieli e direção de Dagoberto Feliz. Após circular por 6 cidades do interior de São Paulo no primeiro semestre, agora, em agosto, o trabalho ganha novas apresentações gratuitas nos teatros municipais Paulo Eiró (no dia 12, às 21h), Alfredo Mesquita (dia 19, às 21h) e Arthur Azevedo (dia 26, às 21h).
O espetáculo estreou na Oficina Cultural Oswald de Andrade e ficou em cartaz em 2019 e 2020 no Teatro Eva Herz, com temporadas prorrogadas. Também participou do Festival Mário de Andrade, com apresentações na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, e realizou apresentações no Sesc Campinas. Por interpretar a personagem Fräulein Elza, Luciana Carnieli foi indicada como Melhor Atriz nos prêmios APCA e Aplauso Brasil.
A trama narra a história da governanta Fräulein Elza, que é contratada por uma família tradicional paulista nos anos de 1920 para fazer a iniciação amorosa e sexual de Carlos (vivido por Pedro Daher), o primogênito herdeiro. A partir desse encontro, os personagens vivem uma relação amorosa, revelando críticas sociais e comportamentais.
Leitor da alma feminina, Mário de Andrade constrói uma protagonista que se destaca por sua multiplicidade. A governanta, professora de línguas, de piano e de amor deixa a terra onde nasceu, a Alemanha, e torna-se sujeito de seu próprio destino em território brasileiro. Uma prostituta alemã inserida na sociedade aristocrática de disfarces. A protagonista, apesar de estar colocada no contexto histórico do início do século XX, é ideal para discutir o constante papel de subordinação da mulher na sociedade burguesa e patriarcal.
“Escolhi esse romance porque gosto muito da literatura de Mário de Andrade. Ele construiu uma personagem muito complexa, fascinante, redonda e vertical e eu tive muita curiosidade de me lançar nesse trabalho. Apesar de se passar nos anos de 1920, o romance espelha muito a nossa sociedade atual, na qual a mulher é subordinada ao homem o tempo todo. Por mais que Fräulein tenha sua dignidade e seja intelectualmente e culturalmente superior àquela família, é tratada como um ser inferior – não só pelo fato de ela ser prostituta, mas por ser mulher. Na história, vemos claramente que a sociedade paulistana, a aristocracia e a burguesia não mudaram nada”, revela a atriz Luciana Carnieli, que idealizou a montagem.
A encenação tem como foco central o jogo cênico entre os dois atores, que narram a história e simultaneamente interpretam os personagens. Assim, a linguagem cênica se alterna entre narração e dramatização.
A ação transcorre em um cenário que simula um estúdio cinematográfico. As partes dramatizadas acontecem como se estivessem sendo filmadas, acrescentando mais um degrau à história e à linguagem do espetáculo. Literatura, teatro e cinema se intercalam nessa transposição do romance para o palco.
A criação dos figurinos conta com elementos essenciais e necessários para a construção desse universo. A música e a iluminação também darão suporte para retratar o ambiente de aparências e a sociedade patriarcal em que estão inseridos os personagens.
Sobre Dagoberto Feliz – direção
Diretor, ator e diretor musical. Entre seus trabalhos como Diretor Teatral, estão “Godspell”, “Single Singers Bar”, “Chiquita Bacana no Reino das Bananas”, “Avental Todo Sujo de Ovo”, “Folias D’Arc”, “The Pillowman”, “Folias Galileu” e “Hamlet ao Molho Picante”. Como ator, esteve em espetáculos como “Cantando na Chuva”, “Roque Santeiro, o Musical”, “Peer Gynt”, “Palhaços”, “L’Ilustre Molière”, “El Dia Que Me Quieras” e “Otelo”. É vencedor de dois Prêmios APCA com os espetáculos “Chiquita Bacana no Reino das Bananas” (melhor espetáculo infantil) e “Folias Galileu” (melhor direção) e de um Prêmio Shell de Melhor Direção Musical pelo espetáculo “El Dia Que Me Quieras”.
Sobre Luciana Carnieli – dramaturgia
Atriz formada pela Escola de Arte Dramática/ ECA/ USP. Em teatro, atuou em espetáculos como “Tectônicas”, direção de Marcelo Lazzaratto, “Roque Santeiro, o Musical”, dirigido por Débora Dubois; “Rainhas do Orinoco”, por Gabriel Villela; “Lampião e Lancelote”, por Débora Dubois (vencedora do Prêmio Femsa de Melhor Atriz Coadjuvante por seu trabalho neste espetáculo); “O Libertino”, por Jô Soares; “Absinto”, por Cássio Scapin; “Estranho Casal”, por Celso Nunes; e “Simpatia”, por Renata Melo.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Luciana Carnieli
Direção: Dagoberto Feliz
Elenco: Luciana Carnieli e Pedro Daher
Música: Dan Maia
Figurino: Kleber Montanheiro
Cenário: Marcela Donato
Iluminação: Túlio Pezzoni
Assessoria de imprensa:
Produção Executiva: William Gibson
Produção: Luminária Produções Artísticas
Serviço
Amar, Verbo Intransitivo, de Luciana Carnieli
Classificação Indicativa: 12 anos
Duração: 75 minutos
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada sessão
Teatro Paulo Eiró – Avenida Adolfo Pinheiro, 765, Santo Amaro
Quando: 12 de agosto, às 21h
Teatro Alfredo Mesquita – Avenida Santos Dumont, 1.770, Santana
Quando: 19 de agosto, às 21h
Teatro Arthur Azevedo – Avenida Paes de Barros, 955, Mooca
Quando: 26 de agosto, às 21h
Preguiça primordial é tema do Café Filosófico Expresso desta terça-feira (23/6)
O livro Macunaíma, de Mário de Andrade, é o fio condutor das reflexões da edição
Nesta terça-feira (23/6), o terceiro episódio do Café Filosófico Expresso reflete acerca da preguiça primordial através do livro Macunaíma, de Mário de Andrade. Parte da série 7 pecados na literatura, a edição inédita vai ao ar às 23h, na TV Cultura.
Se Macunaíma parece ter uma preguiça primordial, que é aquela que ocorre antes mesmo do esforço, não é por que sua preguiça é a de quem nunca trabalhou? Não seria uma preguiça positiva, que abre longas vias ao ócio como antagonista do negócio, desconhecido pela nossa personagem?. Essas são algumas questões debatidas na exibição. Eneida Maria de Souza e Frederico Barbosa percorrerem um trajeto na cidade de São Paulo entre a Casa Mário de Andrade e o Café Vila Di Vó. No caminho, conversam também sobre o prazer da preguiça, as ideias que Mário de Andrade buscava trazer ao construir o personagem Macunaíma e a necessidade do ativismo constante. Sobre o Café Filosófico Expresso 7 pecados na literatura. Um encontro entre duas pessoas que se deslocam em uma metrópole. E dialogam sobre o mundo. E tomam café. Ou chá. Ou cachaça. Uma bebida curta. Expresso é uma série do Café Filosófico CPFL, programa de TV produzido pelo Instituto CPFL e exibido na TV Cultura. Cada episódio do Expresso tem cerca de 25 minutos. A série de lançamento é baseada na lista dos 7 pecados. Cada episódio trata de um dos vícios da lista e usa a literatura como procedimento de problematização. Quais são os repertórios narrativos que organizam as compreensões de pecado e de paixão? |