Servidão Humana

Teatro Escola Mario Persico apresenta o espetáculo

‘Servidão Humana’

Quais os limites da paixão?

Embora a história de Servidão Humana seja principalmente conhecida pela relação masoquista do casal principal, vide as adaptações cinematográficas e mesmo as adaptações teatrais, a verdade é que a intenção de Sommerset Maugham foi escrever um romance filosófico.

O próprio título veio da Ética de Espinoza. Fortemente influenciado por Maupassant, Zola, Flaubert, Maugham quis lançar um alerta para todos aqueles que se deixam enredar pela armadilha de uma visão romântica da existência, baseando-se nas palavras do próprio Espinosa: “Chamo Servidão à impotência do ser humano para governar ou restringir (às suas) emoções.”

A adaptação de Mario Persico se fundamenta na tese de Étienne de La Boétie e seu discurso da Servidão Voluntária, como forma para se entender como algumas pessoas se submetem a tanto sofrimento em nome do amor, em nome de uma paixão que só os arrasta a ruína.

A Cia Clássica realizou na década de 80 uma primeira adaptação com Mario Persico no personagem central. Se chamava “Tangos” e cumpriu longa temporada na cidade.

Fazem parte da montagem atual, sob a direção de Mario Persico os atores Tiske Reis (Alberto), Giovana Tegani (Miriam), Valéria Nastri (Enfermeira) e Pedro Sales (Guilherme).

Serviço:

Espetáculo: Servidão Humana

Local: Teatro Escola Mario Persico

Endereço: Rua da Penha, 823

Data: 04/06/2023

Horário: 19h00

Ingressos: R$ 20,00 (Preço Único)

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Teatro Escola Mario Persico apresenta o espetáculo As Irmãs Fox

O espetáculo, dirigido por Mario Persico, será apresentado no dia 05 de fevereiro (domingo), às 19h

O Teatro Escola Mario Persico apresenta As Irmãs Fox. O espetáculo é o resultado de intensa pesquisa de Ivone Martins. Apesar disso, a história é transmitida de uma forma leve, inteligente e envolvente. A autora se utiliza de linguagem simples e faz boa descrição dos fatos, que vão muito além de uma simples apresentação burocrática, abordando os mais variados aspectos. Explora o contexto social da época e relaciona-o às ocorrências históricas; desenvolve o perfil psicológico das irmãs Kate, Maggie e Leah e, em menor medida, da sociedade; discute ainda a importância da questão espiritual. Enfim, é um trabalho completo e harmonioso.

O tumultuado relacionamento entre as irmãs, o romance frustrado de Kate, os três casamentos de Leah, as sessões realizadas com cobrança de ingressos são temas abordados pela autora.

As Irmãs Fox foram três mulheres que, nos Estados Unidos da América tiveram um importante papel na gênese do Moderno Espiritualismo Ocidental. As irmãs eram Katherine “Kate” Fox, Leah Fox e Margaret “Maggie”. A importância das irmãs se deve ao fato que elas foram as primeiras a estabelecer algum tipo de contato entre espíritos e encarnados.

Após o dia 31 de março de 1848, em que os fenômenos se mostraram com maior intensidade e chamaram a atenção para a casa da Família Fox, as três meninas padeceram humilhações e situações vexatórias.

O espetáculo descreve o suplício pelo qual passaram, sendo tocadas, atadas, manipuladas e manuseadas. Examinadas por um comitê de mulheres, com total invasão de sua intimidade, somente seus soluços em alto volume permitiram que um fim fosse colocado àquela investigação, que objetivava encontrar instrumentos como bolinhas de chumbo, que pudessem ser as causadoras dos ruídos.

A autora é pródiga em detalhes, narrando como a imprensa da época tratava as questões, tanto quanto apresenta a variedade dos fenômenos mediúnicos das irmãs

A pressão psicológica sobre as três irmãs, sua fraqueza para o álcool e, segundo boatos, por outras drogas, são abordadas. Narra algumas dissensões entre elas, as sessões que Kate realizou sozinha, servindo a determinados interesses.

Contudo, diga-se, é um verdadeiro resgate histórico dessas três médiuns, que movimentaram a opinião pública, que atraíram para si olhares de sábios e pesquisadores sérios, que atestaram da Imortalidade do Espírito, apesar de suas vidas cheias de contradições e idiossincrasias, construindo uma ponte espiritual entre Estados Unidos e Europa e cujas águas vieram desembocar aqui, ao sul do Equador, num Brasil ecumênico, espiritualizado, cheio de manifestações de fé.

O espetáculo dirigido por Mario Persico, conta com um elenco de mais de 30 atores.

Serviço:

Espetáculo: As Irmãs Fox

Data: 05/02/23

Local: Teatro Escola Mario Persico

Sala Carlos R. Mantovani

Horário: 19h00

Ingressos: R$ 15,00 (Preço Único)

Endereço: Rua da Penha, 823




Teatro Escola Mario Persico apresenta o espetáculo 'Sob o Azul do Céu'

A peça será apresentada nos dias 04/07/2021 (sábado), às 20h e 05/07/2021(domingo), às 19h

 

SOB O AZUL DO CÉU

(Sábado e domingo)

‘SOB O AZUL DO CÉU’, espetáculo que ganhou o Primeiro Lugar no Júri Popular no Prêmio ATS edição 2005.

A montagem que estreou em 1997 está completando 24 anos e já foi vista por mais de 45.000 pessoas.

O texto de Mario Pérsico trata com leveza e bom humor do eterno conflito de gerações, iniciado no momento em que pai e filho retornam do funeral da mãe. O filho que há dez anos não vivia na companhia dos pais, apenas os visitava duas vezes ao ano, no natal e no dia do aniversário da mãe, agora ficará uma semana, até a missa de sétimo dia. É nesta semana que pai e filho se atormentam, se descobrem e se reconciliam, passando a limpo todas as suas diferenças, numa relação de amor e ódio “sob o azul do céu”.

O texto nasceu logo depois de ‘A MULHER ZUMBI’, uma comédia muito bem-sucedida e que já está completando 23 anos e que deu a Cia Clássica de Repertório 27 prêmios além do reconhecimento em festivais, mostras e temporadas no exterior. “SOB O AZUL DO CÉU” nasceu da vontade de, saindo da comédia, exercitar outros gêneros, tanto como autor, ator ou mesmo na direção do espetáculo que é um drama que visa resgatar a emoção, o lirismo, sem perder o humor.

‘SOB O AZUL DO CÉU’, é um trabalho mais rico em vários aspectos, desde o texto mais elaborado dramaturgicamente, até à atuação mais precisa em detalhes e sutilezas, as vezes impossíveis em comédias mais rasgadas como é A MULHER ZUMBI.

Participam do espetáculo os atores Tiske Reis e Mario Pérsico que também responde pela direção da montagem.

 Serviço:

 Espetáculo: Sob o Azul do Céu

Local: Teatro Escola Mario Persico

Endereço: Rua da Penha, 823

Data: 04/07/2021 (Sábado) e 05/07/2021(domingo)

Horário: 20h00 (Sábado) e 19h00 (Domingo)

Ingresso Único: R$ 10,00

 

 

 

 

 

 




Mario Persico: 'Greta Garbo, quem diria, no Hotel São Paulo, em Sorocaba'

Mario Persico

Greta Garbo, quem diria, no Hotel São Paulo, em Sorocaba

Não, não estou delirando. Apenas neste dia de finados resolvi lembrar uma história que poucos sabem. No inicio dos anos 70, dois amigos, dois já conceituados agentes culturais. Carlos Roberto Mantovani e Moises Miastkwosky. Mantovani ainda não tinha estreado como diretor, o que aconteceria em 1976. Um dia Moises surge com a grande novidade. Sabem quem eu vi? Quem? Quem?  E aqui em Sorocaba!!! Adriana Prieto. Não é possível. Aqui? Tem certeza? Resolveram investigar. Sobretudo os hotéis do centro. Aquela época, hotéis bastante respeitáveis e familiares. Outros tempos. Por fim, descobriram. Era ela mesma. Em carne e osso. E hospedada no Hotel São Paulo. Hoje não tem mais esse nome. Mas continua no mesmo local na Rua Souza Pereira.

Pra quem não conheceu Adriana, que afinal se foi cedo demais aos 24 anos, era uma atriz nascida em Buenos Aires, mas naturalizada brasileira. Seu irmão Carlos Prieto, também ator, maquiador e figurinista, projetou para ela todo um estilo próprio. Muito de Marlene Dietrich diga-se de passagem. Ele a construiu. Escolhia suas roupas, maquiagem, gestos, posturas, olhares. Tudo que uma diva precisava. Mas ela, com seu ar misterioso, um quê de impenetrável e uma certa tristeza desafiadora se aproximava mais de outra diva europeia – Greta Garbo.

Mas que faz Adriana aqui? Eles a procuraram. Ficaram amigos. Tomaram cerveja no barzinho próximo ao hotel e ela contou que estava filmando em um sitio próximo a Araçoiaba. O filme O Anjo Mau. Adriana/Greta ficou poucos dias e se foi tão misteriosamente como veio. Sua estadia aqui não se tornou pública. Não saiu na imprensa. E poucos, ou quase ninguém soube disso.  Adriana nos deixaria definitivamente no Natal de 1974, em um acidente de carro.

Numa abreviada carreira foram dezoito filmes, uma novela e três peças de teatro. Tinha acabado de rodar O Casamento do Arnaldo Jabor, baseado na obra de Nelson Rodrigues.

Adriana, Greta, Marlene hoje distribuem mistério em outras esferas. Mas uma delas passou por aqui.

 

Mario Persico

mariopersico@ciaclassicaderepertorio.com.br

 

 

 

 

 




Mario Persico: 'A dama que não comia alface'

Mario Persico

A dama que não comia alface

Conheci Lélia Abramo aos pedaços, ou aos pouquinhos. Sempre aqui em Sorocaba. Não, minto. Uma vez e a primeiríssima vez foi no Cultura Artística. Era uma noite festiva em que o espetáculo As Lagrimas Amargas de Petra Von Kant, com direção do Celso Nunes completava mil apresentações. Fernanda Montenegro convidou o publico para comer um pedaço de bolo com o elenco no foyer do teatro. Eu sempre voraz por doces me coloquei muito perto do bolo e vi num canto mais atrás e sozinha a Lélia em pé. Discretamente vestida. Até que foi vista pela atriz Marcia Real que fazia parte do espetáculo e que a pegou pela mão e trouxe para junto da Fernanda e do restante do elenco. Fiquei com aquela imagem por muito tempo. Uma senhora sozinha e discreta num canto do foyer. Isso foi em meados da década de oitenta. Alguns anos depois e já em Sorocaba torno a reencontra-la em diversas ocasiões. A primeira delas foi como júri do extinto Festival Tropeiro de Teatro, isso já nos anos noventa. Lélia era uma das juradas e como tal deu uma palestra à tarde em um dos dias do festival. Começou a palestra pedindo ajuda a Sebastião Milaré que também participava do festival. Mas não foi preciso. Lélia falou sobre sua carreira e sobre a ditadura militar e sua atuação política no sindicato e o preço que pagou por isso. Lélia foi colocada na geladeira da Globo. Esse jejum só foi quebrado, segundo a própria, para uma belíssima participação em O Tempo e o Vento na própria Globo e mais nada. Um ator naquele tempo entrava para gravar e só ia sair no outro dia. Lélia colocou um fim na festa. E pagou por isso. Contava com certa tristeza, mas feliz por ter colocado ordem na casa. Lembro que numa das noites do festival estou eu em meu bar o “Embriagai-vos” quando de repente chega uma comitiva da prefeitura trazendo todo o corpo de jurados do festival e atores de algumas peças. Sou logo procurado e informado que o debate havia se estendido muito e o restaurante que iria atende-los fechou. E eles precisavam de comida. Informei que não tinha comida e sim lanches e porções e o Roberto Gill que os conduzia respirou aliviado. Foi um alivio também para mim. O bar estava praticamente vazio àquela hora e eu mesmo fui tomando os pedidos e explicando o que era cada lanche. Num determinado momento chego à Lélia, Gil me pediu de canto que trouxesse o pedido dela antes por que ela estava cansada e ele iria leva-la para o hotel assim que comesse. Ela pediu o Casablanca, um lanche de frango no pão sírio que era um dos sucessos da casa. No cardápio dizia ir alface e lembro dela questionar aquele alface ali naquele lanche, pois alface e frango não cai bem. Expliquei que o alface era apenas um montinho devidamente picado e colocado sobre o pão sírio que era cortado em quatro pedaços e no meio para decorar ia aquela bolinha de alface picado com cenoura ralada. Era mais um ponto decorativo, um contraste de cores que propriamente para serem comidos. Ela pareceu entender, mas pediu que fosse suprimido assim mesmo. E Assim foi feito. E eu que não gostava muito de alterar os pratos da casa, até porque todos tinham um toque artístico tive que ceder ao desejo da velha senhora. Ela saiu logo após comer e não a vi sair. Apenas notei que não estava mais ali. Era uma turma grande e todos falando muito alto. Atores enfim. Mais uma vez ela estava discreta à mesa. Como no dia que a vi no Cultura Artística. Depois disso a veria novamente em uma montagem sobre a vida de Rosa de Luxemburgo que acabei fazendo frente e vendendo duas sessões para escolas. Lélia fazia uma participação afetiva. Entrava em cena e ficava pouco mais que cinco minutos e saia. Ao final no agradecimento lembro que alguém do elenco quis trazê-la à frente e ela murmurou que aquele lugar era da atriz Dulce Muniz que protagonizava o espetáculo. Mais uma vez ela se reservava junto ao coro. Depois disso eu a veria em uma entrevista na TV que também me marcaria fundo. Ela era entrevistada em seu apartamento em São Paulo e ao final ela dizia que ninguém naquele prédio falava com ela, nem ao menos um bom dia e sentenciava: Burguesia burra. Soube muitos anos depois de sua morte que ela veio muitas vezes pra Sorocaba e ficava hospedada na casa da atriz Ligia de Paula, atual presidente do Sated. Foi assim pelas beiradas ou de passagem que a conheci. Mas sempre sabendo quem ela era e tendo memória de muitos trabalhos principalmente na TV. Lélia Abramo foi também militante e fundadora do Partido dos Trabalhadores, tendo assinado a ata de fundação com Mário Pedrosa. Por mais discreta e sóbria que ela fosse eu sabia que estava ali com ela e nela, toda sua história como atriz e líder sindical. Nada de grande diva. Nem nas roupas. A atriz que foi a primeira Romana no Black Tie, Mãe Coragem de Brecht, Pozzo em Esperando Godot, e tantos outros personagens e textos importantes e dirigida por Antunes filho, Alberto D´Aversa, Abujamra, Jose Renato, Walmor, Vaneau, Boal para citar apenas alguns, sai de cena discretamente em 9 de abril de 2004, aos 93 anos, vitima de uma embolia pulmonar. Muitos hoje vitimas da memória ou falta de uma memória que preserve nossas tradições não sabem quem ela foi ou sua importância histórica e artística. Burguesia burra.

 

Mario Persico

mariopersico@ciaclassicaderepertorio.com.br

 

 

 

 

 




Dois espetáculos serão apresentados nesta semana pelo teatro-escola Mario Persico

O Teatro-Escola Mário Persico na Semana Santa apresenta dois espetáculos distintos

 

SOB O AZUL DO CÉU 

(Sábado) 

Depois de 22 anos ainda não sei muito bem definir SOB O AZUL DO CÉU, enquanto gênero. Seria uma comédia pra chorar, ou um drama para se rir? Pode muito bem ser as duas coisas ao mesmo tempo. Pois as fronteiras do que é drama e do que é comédia são derrubadas o tempo todo em cena. Num instante estamos gargalhando e no instante seguinte estamos em lágrimas, ou suspensos na emoção, aguardando o instante seguinte. O que virá agora? Como seguirá a história com todas as reviravoltas? Acho que esse também é segredo do sucesso e permanência em cena por mais de duas décadas.

 “SOB O AZUL DO CÉU”, espetáculo que ganhou o Primeiro Lugar no Júri Popular no Prêmio ATS edição 2005. A montagem que estreou em 1997 está completando 22 anos e já foi vista por mais de 45.000 pessoas. O texto de Mario Pérsico trata com leveza e bom humor do eterno conflito de gerações, iniciado no momento em que pai e filho retornam do funeral da mãe. O filho que há dez anos não vivia na companhia dos pais, apenas os visitava duas vezes ao ano, no natal e no dia do aniversário da mãe, agora ficará uma semana, até a missa de sétimo dia. É nesta semana que pai e filho se atormentam, se descobrem e se reconciliam, passando a limpo todas as suas diferenças, numa relação de amor e ódio “sob o azul do céu”.

Participam do espetáculo os atores Tiske Reis e Mario Pérsico que também responde pela direção da montagem.

Serviço:

 Espetáculo: Sob o Azul do Céu

Local: Teatro Municipal Teotônio Vilela

Endereço: Avenida Eng. Carlos Reinaldo Mendes

Data: 20/04/2019 (Sábado)

Horário: 20h00

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VEREDA DA SALVAÇÃO

 (Domingo)

A nova montagem da Cia Clássica de Repertório foi agraciada com o Edital de Formação da Prefeitura Municipal de Sorocaba – Secretaria de Cultura e Turismo, que premiou o Projeto Ator em Construção que durante todo o ano de 2018 aconteceu no Teatro Escola Mario Persico, sede da Cia Clássica de Repertório e que termina com três montagens distintas dirigidas por Mario Persico, Tiske Reis e Marcos Sanson. Veredas da Salvação, com base no texto potente de Jorge Andrade é o primeiro que vem a cena com direção de Mario Persico.

Vereda da Salvação foi escrita entre os anos de 1957 e 1963, e estreou em 1964 pelas mãos de Antunes Filhos. Considerada um marco da dramaturgia nacional, ela representa uma virada na dramaturgia de Jorge Andrade que se volta para a classe brasileira mais desfavorecida. Inspirado em um episódio verídico ocorrido na cidade de Malacacheta, no sertão de Minas Gerais, Vereda da Salvação é o símbolo do desamparo, do descaso e da crendice dessa parte excluída da sociedade brasileira. Árida como o sertão euclidiano de Canudos; miserável como os posseiros que perderam suas terras tornando-se agregados; mergulhada em um lamaçal de infertilidade, doença e misticismo, a peça retrata um Brasil vítima do isolamento e da ignorância. São as agruras da miséria e a total impossibilidade de melhora de vida no plano social que adubam o solo tornando-o fértil, não para o alimento que mata a fome, mas sim para o messianismo e o fanatismo religioso que tomam conta da alma. Jorge Andrade consegue, em Vereda da Salvação, reproduzir com maestria essa combinação da degradação humana com a promessa da salvação divina que, repetidas vezes na história do Brasil, resultou em verdadeiras catástrofes sociais. Vereda infelizmente parece ter sido escrita para o Brasil atual. Tanta coisa se mostra como realidade nos dias de hoje. Até mesmo a opção estética dos atores com o corpo coberto de lama ganhou novos contornos com a tragédia recente de Brumadinho. Enfim, um espetáculo necessário e urgente.

Serviço:

Espetáculo: Veredas da Salvação

Local: Teatro Escola Mario Persico

Horário: 19h00

Data: 21/04/2019 (Domingo)

Endereço: Rua da Penha, 823, Sala C. R. Mantovani

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00

Indicação Etária: 14 anos




No Time de Colunistas do ROL, uma 'fera' do Teatro Sorocabano: Mario Persico!

Há 42 anos no teatro, Mario Persico tem mais de 100 trabalhos encenados, como autor/ator ou diretor e, às vezes, exercendo as três funções

O Time de Colunistas do ROL não para de crescer. Em quantidade e, sobretudo, qualidade!

Ingressando na Família ROLiana, um ícone do Teatro Sorocabano: Mario Rafael Persico, ou, como é mais conhecido artisticamente, Mario Persico!

Mario Persico começou a fazer teatro em Sorocaba em 1976, portanto, há 42 anos, motivado por uma paixão incondicional ao cinema. Nunca tinha assistido uma peça de teatro até então. Começou e a paixão foi instantânea. Nunca mais parou.

Em 1983, estreou na direção teatral com o espetáculo “A Bolsinha Mágica de Marly Emboaba”, de Carlos Queiroz Telles. Seu trabalho como ator e diretor de teatro adulto e infantil propiciou uma larga experiência como Coordenador de Oficinas de Iniciação Teatral através da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo em cidades como Sorocaba e região.

Em 1994, já com 20 anos de atividade, profissionalizou-se, fato que veio com o espetáculo A Mulher Zumbi, que está em cartaz há 24 anos. Com o espetáculo, excursionou para Portugal e Chile e ganhou 27 prêmios. E 8 prêmios de Melhor Ator, só com essa peça.

Representou o Brasil no XII Entepola – Encontro de Teatro Popular Latino Americano em Santiago do Chile em 1998. Em 1999, excursionou para Portugal com os espetáculos “A Mulher Zumbi” e o infanto-juvenil “Meu amigo, Dom Pedro II”, onde realizou uma turnê por algumas das principais cidades da Região do Porto (Porto, Vila Nova de Gaia, Vila Nova Famalicão, entre outras).

Em 2007, foi Aluno Especial de Mestrado pela Universidade de São Paulo ECA – USP . Na disciplina :Teoria e Prática da Peça Didática de Bertold Brecht- Profª Ingrid Dormien Koudela.

Em 2010 foi um dos cinco membros da Comissão do Proac da Secretaria do Estado de Cultura na Modalidade Teatro – Edital de Circulação de Espetáculos.

Também em 2010 concluiu pós graduação latu sensu em Pedagogia do Teatro pela UNISO – Universidade de Sorocaba. Coordena, também, o TEATRO ESCOLA MARIO PERSICO, espaço criado em 2013 para formação de atores.

Em 2016 foi membro da Comissão do Prêmio Zé Renato de Fomento à Cultura.

Atualmente, é coordenador do Núcleo de Artes Cênicas da Fundec – Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba, onde também atua como professor desde 2001, tendo sob sua orientação 150 pessoas, das mais variadas idades.

Em 2018, Mario Persico foi uma das personalidades sorocabanas mais votadas na enquete Melhores do Ano 2017 em Sorocaba, promovida pelo Jornal Cultural ROL, nas seguintes modalidades: Melhor Ator, Melhor Diretor de Teatro, Melhor Companhia Teatral e Melhor Escola de Teatro.

Como autor/ator ou diretor e, às vezes, exercendo as três funções, Persico atuou em mais de 90 trabalhos encenados, dentre os quais: Romeu e Julieta, O Noviço, Antígona, O Rei da Vela, Tomates Verdes Crus, A Farsa de Inês Pereira, O Crime do Padre Amaro, Bodas de Sangue e O Beijo no Asfalto.

Iniciando sua colaboração no ROL, Mario Persico descreve esse ser humano que, com sua arte, com sua alma, interpreta uma infinidade de outros seres humanos: o ator!

O ATOR

Um ser frágil, multifacetado, sensível, capaz de sentir e reproduzir as dores mais profundas, mais ocultas, um ser que ouve o âmago do outro quando ele se permite esse exercício de empatia que somente seu ofício proporciona. Por outro lado, também é um ser que flerta incondicionalmente com a esquizofrenia o tempo inteiro. Isso já traz algumas consequências. Afinal, quem, como ele, tem tal desassossego? Ele não consegue ser um só. Sua fome é de ser vários, muitos.

Seu trabalho vai tecendo energias sutis que, na maioria das vezes, nem ele mesmo se dá conta. Afinal, ele trabalha com energias, sejam elas boas ou não. Alegres ou não. Atormentadas ou não. Às vezes conflitadas, às vezes serenas. Essas energias são atraídas pelas personagens às quais ele, inocentemente, dá vida no palco. Ele cria e entrega seu corpo vivo a personagens diversas que, por uma hora ou duas, ganham vida através dele.

Muitos atores apenas acham que sobem ao palco com um texto decorado e bem ou mal interpretam alguém que o autor/dramaturgo escreveu. Apenas isso. Mas representar transcende tudo isso. Por essa razão, acontece ali, por mais domínio e controle que um ator possa ter de suas emoções, algo que é maior do que ele. Quando Medeia mata os filhos para ferir Jasão, estamos na melhor das hipóteses brincando num faz de conta frenético, mas também estamos caminhando numa energia trágica que, aliada ao nosso talento de interprete, também se manifesta em nosso corpo, voz, respiração. Estou falando talvez de física quântica.

A definição de Camus sobre o ator: “… Nessas duas ou três horas que dura o espetáculo ele vai até o fim do caminho sem saída que o homem da plateia gasta a vida toda para percorrer”. Então, o ator é o cronista de seu tempo. É através dele que o homem se vê, se analisa e se permite, se quiser, mudar.

Então, não há espaço neste oficio para ego, satisfação individual, pois tudo que ele, ator, constrói através de seu trabalho, não é para si.

É preciso uma grande dose de altruísmo e amor universal para se permanecer nesse oficio.

E o mais absurdo de tudo: seu trabalho não deixa registro! Ele atua no domínio do efêmero. É um milagre que acontece ali, seja entre quatro paredes, seja um espaço aberto. Ele começa e termina em pouco mais de uma hora ou duas. Portanto, não é possível se aproximar de tudo isso irresponsavelmente. Sem saber os perigos e as maravilhas que atuar pode proporcionar.

Mario Persico – mariopersico@ciaclassicaderepertorio.com.br